O mundo não é piedoso ou sequer minimamente benevolente, é um lugar cruel em que apenas os mais astutos conseguem sobreviver. Arthur sabia disso, já que sofreu tanto em sua vida, mesmo com tão pouca idade.
Ali estava ele, em pé empunhando uma espada de aço já quebrada e coberto de sangue, o jovem já havia perdido praticamente tudo que lhe era importante... Entretanto algo o mantinha de pé.
Vários e vários guerreiros marchavam em sua direção, mesmo já estando exausto e com várias flechas cravadas em seu corpo, o suficiente para qualquer adulto desmaiar ou até mesmo morrer, sua mão não fraquejava, nem por nenhum segundo.
Arthur se colocava em posição de defesa, realmente planejando lutar até seu último suspiro, os guerreiros estavam a apenas alguns metros, e os arqueiros renomados do reino Lestira, que são conhecidos por nunca errarem o alvo, já estavam a postos para alvejaram o jovem com uma chuva de flechas novamente.
Um homem alto, com uma armadura vermelha se destacando completamente se comparado as armaduras cor de alumínio dos demais, levantou a mão direita lentamente, imediatamente, todos pararam de avançar e abaixaram as armas. O estranho cavaleiro começa a falar:
— Jovem Arthur... Eu não faço ideia de como ainda está vivo, porém você realmente planeja morrer por aqueles traidores? — disse o homem, enquanto avançava lentamente.
Arthur sorriu com desdém, levantando a lâmina quebrada.
— Traidores..? Um tanto irônico um usurpador dizer tais palavras — respondeu Arthur, sua voz carregada de desprezo.
— Usurpador? Eles não são mais herdeiros das chamas, eles não conseguem mais a controlar seres Dracônicos ou invocar e manipular seu próprio fogo.
— E você consegue? — provocou Arthur, seu tom sarcástico — Quero ver se suas palavras valem tanto quanto minha lâmina, mesmo quebrada.
Arthur sabia que sua irmã mais nova conseguia conjurar chamas, porém que diferença faria falar? Tal informção era restrita a poucas pessoas, de qualquer forma o homem ia anunciar publicamente que tal fato não passava de calúnias e continuar os caçando até ter suas cabeças em estacas
General Igneus não respondeu com palavras, mas sim com ações. Instantaneamente sua espada foi imbuída em chamas tão fortes que cegaram os despreparados, tão brilhante que chegava a rivalizar com o sol.
Arthur avançou em direção ao general, utilizando o pouco de força que lhe restava. Ele não fechou os olhos; a cegueira para alguém que vai morrer não é nada. Em um movimento rápido o mesmo avança com fervor para ao menos matar o general.
Empunhando a espada quebrada em duas mãos, Arthur prepara para cravar a lâmina no pescoço do seu alvo, porém ao olhar o mesmo, ele está rindo...?
Sem conseguir compreender, seu ponto de vista está mudando drasticamente, Arthur continua confuso, com muita dor e uma sensação extrema de queimação abaixo de onde estaria seu peito, ele finalmente percebeu... Foi partido ao meio.
E para piorar, o jovem nem ao menos conseguiu dizer suas últimas palavras, já que após cair no chão, todo seu corpo foi tomado por chamas, que rapidamente consumiram seu corpo ao ponto de ser reduzido a pó.
Nesse dia, Arthur, o filho mais velho do Rei, na verdade um mero bastardo, morreu defendendo seus irmãos que são herdeiros legítimos. O jovem foi um grande prodígio, morreu aos quinze anos.
— Muito bem rapazes, alguém ainda dúvida do meu direito ao trono? Sou o homem da profecia, aquele que é dito conseguir empunhar o próprio sol! — gritou Igneus, todas as chamas se apagaram imediatamente.