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Chapter 7 - Viajem e Filhote (Parte 1)

Após uma breve discussão, escolheram o caminho mais adequado: afastar-se pelas imensas florestas de Lestira até chegar ao sul, onde Arthur conhecia alguém de confiança devido a seu antigo trabalho.

Arthur estava preparado para lidar com predadores ou animais de grande porte que encontrassem pelo caminho. No entanto, o verdadeiro perigo residia nos seres mágicos. Se cruzassem com dragões ou lobos fantasmas, estariam realmente em perigo. Felizmente, esta área era território dos Dracóvenas.

Os Dracóvenas são dragões de pequeno porte, pacíficos e totalmente cobertos de penas. Parecidos com pássaros, possuem apenas quatro membros e não produzem fogo. Seria uma sorte encontrar um filhote ou um ovo, pois Lucian ou Elara poderiam tentar domar um, já que são uma espécie dócil e leal. No entanto, não encontraram nenhum Dracóvena, mas a boa notícia é que também não encontraram lobos fantasmas.

O caminho foi estranhamente pacífico, exceto pelo fato de estarem caminhando muito. Elara vinha reclamando desde que saíram da pousada, enquanto Lucian permanecia em silêncio absoluto, sem emitir nenhum som.

Elara continuava reclamando, até que finalmente falou em um tom audível:

— Arthur.

— Sim?

— No mapa que você e Alaric estavam observando, havia dois territórios do Reino Lestira. O que eles representam? — perguntou Elara, enquanto tentava inutilmente abanar o rosto com as mãos, aparentemente sentindo calor por ter escolhido uma roupa quente, apesar de já serem cerca de três horas da tarde.

— São as casas que declararam apoio a vocês.

— Isso é ótimo, então estamos indo para lá, certo? — perguntou novamente, agora abrindo um sorriso.

— Não, lá tem exércitos. Não é sábio ir de encontro a um exército sem ter o seu próprio — respondeu Arthur, enquanto observava os arredores.

— Mas são nossos apoiadores, certo?

— Na teoria, sim. Entretanto, como pode comprovar na prática? Quem lhe garante que seu tio não sequestrou pessoas importantes de seus apoiadores e os obrigou a declarar apoio a você e Lucian, para atraí-los em uma armadilha e serem facilmente capturados? — argumentou Arthur.

— Caramba... Você não está pensando demais? Talvez seja apenas insegurança sua — retorquiu Elara.

Arthur suspirou, mantendo seu olhar atento ao redor.

Continuaram a caminhada até chegarem às grandes árvores cor de safira. Eram imensas, facilmente alcançando quarenta metros de altura. Seus troncos eram grossos e apresentavam um leve tom azulado, enquanto as folhas variavam de tons claros a profundamente escuros de azul.

Essas árvores eram o habitat principal dos Dracóvenas. Eles viviam no topo das árvores e se alimentavam principalmente dos frutos delas, conhecidos como safrinos. Embora o gosto fosse extremamente azedo, dizia-se que esses frutos podiam fortalecer habilidades mágicas. Arthur, ao encontrar alguns safrinos em bom estado no chão, decidiu pegá-los. Sua intenção era fortalecer as chamas de Elara ou, pelo menos, tentar despertar algum poder em Lucian.

Infelizmente, não encontraram nenhum filhote ou ovo de Dracóvena. Arthur entregou os frutos para os gêmeos. Elara fechou a cara e voltou a reclamar, enquanto Lucian pegou o fruto sem protestar. Se a superstição fosse verdadeira, talvez ele também pudesse manifestar algum poder.

— Safrinos? Sério? Eu já era obrigada a comer isso todos os dias depois do jantar — Elara cruzou os braços e fez uma careta, continuando sua queixa. — Safrinos são literalmente a pior fruta existente. Até limões são melhores.

Arthur, tentando ignorar a reclamação constante de Elara, olhou ao redor, mantendo-se atento a qualquer sinal de perigo. O ambiente ao redor estava repleto de vida, com o som de pequenos animais e o farfalhar das folhas ao vento. O céu, visível através das copas das árvores, começava a se tingir de tons alaranjados com a aproximação do entardecer.

— Vamos, Elara. Coma a fruta. Pode ser desagradável, mas de qualquer forma é um alimento — insistiu Arthur, com um tom firme, mas compreensivo.

Elara bufou, mas cedeu, mordendo o safrino com uma expressão de puro desgosto. Lucian, por sua vez, mordeu a fruta sem hesitação, esperando que, de alguma forma, aquilo pudesse despertar algo dentro dele.