Alexandre entrou em sua tenda, encontrando Matias esperando por ele com uma expressão nervosa que estava lá desde que Matias voltou na noite passada. "Você perdeu a reunião com o comandante, então ele não está feliz com você agora. Você precisará levar uma bebida para ele e se desculpar."
"Certo," Matias respondeu.
Matias tinha muito em que pensar para se preocupar com o comandante estar zangado com ele. O que ele sabia no momento era que Rosa tinha fugido do bordel. E se ela viesse para cá esperando ver Alexandre e então revelasse o que aconteceu?
Era evidente que Rosa finalmente teve o senso de perceber que ele não queria mais nada com ela, já que ela fugiu quando o viu. Se ela contasse a Alexandre o que ele fez, então Alexandre poderia nunca mais perdoá-lo, embora Matias pensasse que tinha se aproximado mais de Alexandre do que Rosa jamais chegou.
Alexandre já estava cansado de esperar que Matias falasse e compartilhasse o que o estava incomodando. "O que fez você esquecer seu dever de falar com o comandante? É porque estamos de volta aqui? Você foi o que pareceu mais confortável em retornar."
"Estou bem. Estava apenas pensando em algo da noite passada. Farei como você disse para colocar o comandante de bom humor. Quando vamos ao palácio? Estou pronto para deixar esta cidade," disse Matias.
Esperançosamente, eles poderiam partir antes de Rosa chegar aqui ou ela seria capturada e levada de volta ao bordel antes disso.
Alexandre não acreditava em Matias, mas tinha que deixar para lá por agora. "Se você tivesse ido à reunião hoje, poderia ter compartilhado seus pensamentos sobre quão cedo partiríamos daqui. Vamos ficar neste acampamento por um mês, mas devemos visitar o rei quando os estrangeiros forem lá para a trégua."
Alexandre notou como Matias suava. "Você, me diga que não gastou a maior parte do seu dinheiro jogando ontem à noite e agora você deve para alguém."
Matias cometeu o erro de gastar dinheiro destinado à comida deles quando eram jovens, fazendo-os passar fome por algumas noites e ter que fugir novamente.
"Tenha fé em mim que eu não sou mais aquele garoto tolo," Matia disse, forçando um sorriso para tirar Alexandre do seu encalço. Ele tinha esquecido como Alexandre notava tudo. Preocupar-se com Rosa não ajudaria seu caso se ela acabasse aqui. "Você deveria sair para beber conosco esta noite e não ficar aqui."
Alexandre começou a tirar seu uniforme. "Não acho uma boa ideia estar bebendo quando nosso inimigo tem um acampamento em nossa terra. Até que a trégua esteja completamente concluída, devemos permanecer sóbrios para ficar de olho neles. E eu não fiquei aqui ontem à noite. Fui procurar pistas sobre Rosa."
Matias cerrou os punhos. Ele avisou Alexandre para não fazer isso. "Por que você sairia procurando por ela? Você vai chamar atenção para nós. Eu disse que ela se foi. Ela tem que estar. Você lembra o quanto aquele homem era obcecado por ela. Você precisa deixar o passado para trás."
Alexandre ia arruinar tudo o que eles tinham se continuasse dessa maneira.
"Não consegui dormir sabendo que estávamos na mesma cidade que a deixamos. Tive que procurar por ela como prometemos," disse Alexandre.
Ele sabia que Rosa ia ser vendida para um bordel naquela época, mas não sabia onde. A memória de Alexandre desta cidade estava uma bagunça, já que fazia oito anos que ele estava aqui. Como escravo, não lhe era permitido andar por aí, então ele não sabia muito sobre a cidade.
Ele não conseguia lembrar o nome do bastardo que gostava dela, mas jamais esqueceria o rosto. Parecia que Rosa não existia nesta cidade, já que quando ele mencionava o nome e a descrição dela, ninguém podia indicá-lo em sua direção.
"Bem, você fez sua parte na promessa, então deixe isso pra lá agora--"
"Matias," Alexandre disse em um tom baixo e ameaçador. "Entendo suas preocupações, mas observe seu tom quando fala dela. Eu cumprirei minhas promessas. Se não fosse por ela, você teria sido vendido naquela época. Não me importo se meu passado for revelado. Nossas posições não são importantes."
Matias queria rir de Alexandre estar agindo assim agora. Como suas posições não eram importantes? Eles começaram do nada e agora havia uma mulher no alto do palácio que estava de olho em Alexandre. Alexandre estava sendo ingrato agora.
'Por que ele ainda está preso a ela?' Matias não conseguia entender. Talvez se Alexandre soubesse que ela acabou se tornando uma prostituta como eles sabiam que ela se tornaria, ele finalmente seguiria em frente.
Se Alexandre tivesse algum juízo, ele não iria querer correr atrás de uma mulher que tinha se deitado com muitos outros homens.
Matias mais uma vez teve que tentar falar algum senso em Alexandre. "Escuta--"
"Matias!" Um soldado chamou de fora da tenda. "Você tem uma visita."
Matias estava confuso por ter um visitante, já que ele não conhecia ninguém na cidade, mas então ele rapidamente se lembrou de Rosa. "Com licença," ele disse a Alexandre.
Alexandre achou o comportamento de Matias estranho. "Você trouxe um amante da noite passada?" Ele brincou.
"Ha," Matias riu. Ele ouviu como sua voz estava trêmula e sabia que Alexandre continuaria desconfiado. "É uma mulher?" Ele perguntou ao soldado, olhando para trás para a tenda para verificar que Alexandre não estava por perto.
"É um homem e ele diz que é urgente. Ele está esperando por você nos portões."
Matias se aliviou ao ouvir que não era uma mulher, mas agora ele estava confuso, pois não deveria ter um homem vindo vê-lo. "Quem? Esse bastardo," ele murmurou, pensando no homem que o impediu de ir atrás de Rosa.
O soldado não mencionou o fato de ser um estrangeiro, então ele pode ter adivinhado errado, mas essa era a única pessoa que ele conseguia pensar que queria vê-lo.
Matias se moveu rapidamente para alcançar os portões do acampamento para acabar logo com isso, mas diminuiu a velocidade depois de reconhecer o rosto familiar de um guarda que viu no bordel na noite passada. Por que um guarda estaria aqui por ele? Como eles até sabiam seu nome?
'Essa prostituta,' ele amaldiçoou Rosa em sua cabeça. Ela tinha falado dele. Ele deveria ter sabido que ela tentaria arrastá-lo de volta para aquele mundo sujo.
Tanto quanto Matias quisesse se virar e se esconder, eles já sabiam que ele estava aqui, então ele não tinha escolha a não ser ir. Ele tinha que limpar a bagunça que Rosa fez para ele e Alexandre. Felizmente, ele tinha dinheiro para comprar sua saída disso.
Matias queria socar o guarda do bordel por sorrir quando o viu. Eram bastardos como esse que o caçaram quando ele tentou fugir de ser vendido. Ele gostaria de ver os homens que o perseguiram naquela época e matá-los.
"Você é o homem chamado Matias que chutou uma mulher chamada quando você cavalgou pela cidade, certo? Mestre Graham quer sua propriedade de volta."
"Eu não tenho ela," Matias respondeu.
"Ah, ele não estava falando apenas dela. Ele quer dizer você, escravo."