Era o final do expediente, e Sophia terminava de arrumar suas coisas, aliviada por finalmente poder ir para casa. Jae Hyun havia saído algumas horas antes, informando que iria ao hospital. O escritório, antes repleto de pessoas falando ao telefone e teclados digitando sem parar, agora estava em silêncio, restando apenas alguns poucos funcionários dispersos, finalizando seus próprios compromissos. Ji Woo estava ali, encostada em uma mesa próxima, esperando pacientemente pela amiga, seu rosto exibindo um cansaço visível.
— Finalmente vamos embora. – disse Ji Woo, um sorriso cansado mas feliz surgindo em seu rosto enquanto observava Sophia colocar a última pasta em sua bolsa.
— A melhor hora do dia. – concordou Sophia, deixando escapar um suspiro aliviado, como se estivesse deixando para trás o peso do dia.
Ji Woo, sempre pronta para provocar, se inclinou ligeiramente em direção a Sophia, um sorriso travesso brincando em seus lábios enquanto ela sussurrava:
— Acho que não tanto para você, já que mora com o próprio chefe.
Sophia sentiu o calor subir até suas bochechas, seu rosto ficando corado imediatamente. Ela abaixou o olhar por um momento, tentando esconder o constrangimento. Desde que havia contado a verdade para Ji Woo sobre seu casamento secreto com o presidente, sabia que estava dando a amiga uma nova fonte de provocações. No entanto, a sensação de alívio que veio junto por compartilhar isso com alguém era inegável. Havia algo libertador em poder dividir seu segredo com alguém presente em seu dia a dia, alguém que entendia suas lutas e podia ser um apoio constante.
— Por sorte, ele não leva trabalho para casa. – admitiu Sophia, arqueando uma sobrancelha e sorrindo de forma travessa — Caso contrário, eu estaria acabada.
Ji Woo soltou uma risada divertida enquanto apertava o botão do elevador. Seu sorriso era contagiante, e Sophia não pôde evitar rir junto, sentindo a tensão do dia começar a se dissipar.
— Poderíamos sair para comemorar o seu casamento, já que não fomos convidadas. – sugeriu Ji Woo, seu tom de voz cheio de animação e expectativa.
— Já te disse, foi algo muito reservado, apenas nós dois. – explicou Sophia, tentando se defender, embora soubesse que não havia muito a ser feito quando Ji Woo estava determinada.
— Eu sei, eu sei... – Ji Woo fez um beicinho teatral, cruzando os braços e logo desfazendo a expressão, rindo suavemente — Mas imagine só: você, eu e as meninas em um barzinho cheio de gente bonita, música leve... Não seria perfeito?
Sophia não pôde deixar de sorrir. Era engraçado como Ji Woo sempre sabia o que dizer para animá-la. A ideia de uma noite tranquila, em um lugar cheio de vida e risos, parecia um alívio bem-vindo após a loucura dos últimos dias.
— Parece uma boa ideia. – ela admitiu, enquanto as portas do elevador finalmente se abriam com um leve som metálico.
— Prometo que será algo bem tranquilo, apenas uma noite entre garotas. – continuou Ji Woo, tentando enfatizar que respeitaria a nova condição de Sophia como uma mulher casada, mesmo que o casamento ainda fosse um segredo para o mundo.
Sophia riu da expressão exagerada de Ji Woo, que a olhava como se estivesse propondo algo muito sério.
— Fique tranquila, Ji Woo. Podemos ir para onde você quiser, desde que não seja uma balada cheia de gente. – Sophia piscou para a amiga, mantendo o tom descontraído.
Ambas entraram no elevador, o ar frio do aparelho aliviando um pouco o calor que havia ficado impregnado no escritório durante o dia. Ji Woo, repentinamente, lembrou-se de algo importante e seus olhos brilharam com uma alegria infantil que Sophia conhecia tão bem.
— Ah! E aproveitamos para comemorar que agora sou efetiva aqui! – Ji Woo exclamou, seu sorriso se alargando ao dizer as palavras. Ela mal podia conter a excitação.
Sophia arregalou os olhos, surpresa e encantada com a notícia.
— Não acredito! Sério mesmo?! – perguntou, e sem pensar duas vezes, envolveu Ji Woo em um abraço apertado, o sorriso no rosto refletindo sua própria felicidade pela amiga. — Parabéns, Ji Woo! Você merece isso demais!
— Obrigada. – Ji Woo respondeu, radiante, os olhos um pouco marejados pela emoção. — Eu ainda mal posso acreditar... Parece um sonho.
O elevador parou de repente em um andar intermediário, e as portas se abriram suavemente. Duas mulheres entraram, ocupando o espaço à frente de Sophia e Ji Woo. As duas amigas trocaram um olhar, e Sophia se preparava para seguir a viagem em silêncio, mas logo percebeu o sussurro das novas ocupantes.
— Você ficou sabendo que o presidente é casado? – disse uma das mulheres, a voz carregada de surpresa e um leve tom de tristeza.
Ji Woo levantou uma sobrancelha, lançando um olhar malicioso para Sophia, que agora observava atentamente as portas fecharem.
— Ah, fiquei tão decepcionada... – admitiu a outra mulher, suspirando como se tivesse perdido uma grande oportunidade — Nunca pensei que ele se casaria um dia. Isso parecia algo tão distante e impossível.
— Quem será que conseguiu seduzi-lo? – ponderou a primeira, a voz transbordando curiosidade e talvez um pouco de inveja.
— Dói meu coração... Desde que vi a aliança na mão dele, não consigo parar de notar toda vez que olho para ele. – lamentou, suspirando novamente, como se realmente sentisse a perda de algo precioso.
— É realmente uma situação lamentável... Nosso presidente lindo, casado com alguém. – a primeira balançou a cabeça, parecendo pesarosa.
— Dizem que ela trabalha aqui na empresa. – a outra continuou, os olhos brilhando de curiosidade — Aposto que é a diretora de vendas. Quem mais poderia ser?
Sophia conteve o impulso de rir, mordendo o lábio enquanto observava a expressão de Ji Woo, que parecia estar segurando uma gargalhada. Sophia sabia que o momento seria épico se essas duas mulheres descobrissem que a esposa do presidente estava ali, logo atrás delas. Ji Woo lhe deu uma leve cotovelada, seus olhos expressando toda a diversão que aquelas fofocas estavam proporcionando.
Enquanto o elevador continuava descendo, Sophia tentou manter a compostura. Ela sabia que precisava ser discreta e não reagir, mas uma sensação de euforia silenciosa tomava conta de si. Era estranho e divertido, ao mesmo tempo, ver como as pessoas especulavam sobre ela e Jae Hyun sem ter a menor ideia da verdade. Ao seu lado, Ji Woo sorriu de canto, um sorriso cúmplice que dizia tudo sem precisar de palavras.
As portas do elevador se abriram novamente, desta vez no térreo. As duas mulheres da frente foram as primeiras a sair, ainda mergulhadas nas fofocas sobre o casamento do presidente — sem notar ou saber a verdadeira protagonista logo atrás delas. Ji Woo saiu em seguida, segurando a risada que teimava em querer escapar.
— Isso foi surreal. – comentou Ji Woo, sua voz um pouco baixa, mas cheia de diversão — Sério que acreditam que a esposa do presidente seja a diretora de vendas?
— Para mim, isso parece ótimo. – respondeu Sophia com um sorriso discreto — Assim, não voltam a atenção para mim.
Embora suas palavras sugerissem cautela, uma parte de Sophia ansiava pelo contrário. Havia um desejo latente em seu coração de que o mundo soubesse a verdade, de que todos pudessem ver que Kim Jae Hyun, o poderoso e respeitado presidente, era dela. O pensamento de ter esse segredo só entre eles a aquecia por dentro, mas o peso da responsabilidade fazia-a hesitar. Mas, então, algo se acendeu em sua mente. Quando, afinal, esse casamento foi um segredo? Jae Hyun nunca pediu que mantivessem o relacionamento em sigilo. Pelo contrário, ele falava abertamente quando necessário, sem hesitar. A única pessoa que insistia em manter as aparências era ela.
Ela suspirou ao perceber o quanto havia subestimado a si mesma, como se estivesse tentando se esconder por trás de um medo que Jae Hyun nunca demonstrou ter. Ele não parecia se preocupar com as fofocas ou as consequências. Na verdade, ele nunca hesitou em agir como se seu casamento fosse parte natural de sua vida. Sophia, por outro lado, mantinha a fachada, evitando que as pessoas soubessem, talvez por insegurança, talvez por medo do que a verdade sobre a gravidez pudesse causar.
No fundo, ela sabia que estava apenas complicando algo que Jae Hyun já havia resolvido, de qualquer forma, ela tinha um plano para o futuro e não poderia ficar se apegando a detalhes que deixam seu coração balançado e tentando a continuar a vida de casada.
— Eu quero que todos saibam. – Ji Woo disse com um sorriso travesso, seus olhos brilhando de malícia — Quero ver a cara das líderes Choi e Han quando descobrirem!
A simples menção do nome fez Sophia lembrar do que havia acontecido mais cedo no departamento de marketing. Sua expressão mudou levemente, o desconforto surgindo.
— Bom... a líder Choi já sabe. – admitiu Sophia, de repente lembrando da situação que passou — Foi algo estressante.
Ji Woo parou abruptamente ao passar o crachá para sair pela catraca, sua expressão surpresa e cheia de curiosidade.
— O quê? Como assim? – Seus olhos estavam cheios de expectativa, quase saltando de ansiedade para saber mais detalhes — Preciso saber de tudo!
Sophia suspirou, passando o crachá logo em seguida.
— Foi uma situação complicada – começou, sem muita empolgação —, muito chata.
— Não fale pela metade. – Ji Woo fez uma careta, praticamente choramingando enquanto seguia a amiga para fora do prédio. Mas antes que Sophia pudesse entrar nos detalhes, avistou a líder Choi logo mais a frente, caminhando com passos rápidos, como se estivesse com pressa.
— Amanhã eu te conto tudo, agora não seria apropriado. – decidiu Sophia, mantendo a expressão calma.
Ji Woo lançou um olhar em direção à líder Choi e rapidamente entendeu o motivo para a interrupção. Com um suspiro resignado, ela respondeu:
— Vou esperar ansiosamente, mas você vai me contar tudo mesmo, sem deixar nada de fora!
Sophia sorriu levemente e as duas saíram juntas do prédio. O ar frio da noite às envolveu quase instantaneamente, um vento cortante que fez Sophia estremecer sob a jaqueta que usava. Ela se encolheu um pouco, tentando buscar calor.
— Sophia, precisamos comprar roupas mais quentes para você. – disse Ji Woo, preocupada com o desconforto da amiga — Tem que cuidar da sua saúde, especialmente agora.
O olhar que Ji Woo lançou para Sophia foi cheio de cuidado e significado, evitando mencionar diretamente o segredo da amiga em público.
— Só preciso encontrar tempo para isso. – Sophia respondeu com um suspiro, reconhecendo a necessidade, mas sentindo a correria da rotina sufocante.
— Veja pelo lado bom, vai esfriar bastante daqui para frente. Assim você pode usar mais roupas para... – Ji Woo olhou rapidamente ao redor, certificando-se de que ninguém estava por perto antes de completar — guardar seu segredo.
Sophia assentiu, apreciando o cuidado da amiga.
— Vamos fazer isso assim que eu puder. – prometeu Sophia, determinada a seguir o conselho.
— Certo, mas não demore. – advertiu Ji Woo com seu tom meigo e protetor. De repente, ela parou, seus olhos captando algo à frente — Olha só quem está te esperando.
Sophia seguiu o olhar da amiga e sentiu o coração disparar. Lá estava Jae Hyun, parado ao lado de seu carro, encostado na porta do passageiro. Ele usava um sobretudo elegante, os braços cruzados sobre o peito — junto a uma blusa de frio extra —, seu olhar intenso estava fixo em Sophia, como se a esperasse há tempos.
— Você está vermelha. – observou Ji Woo, com um sorriso sugestivo no rosto, claramente se divertindo com a situação.
— É o frio. – argumentou Sophia tentando parecer natural. O nervosismo tomou conta dela ao imaginar que outras pessoas do escritório poderiam ver a cena.
— Uhum. – Ji Woo sorriu humorada.
Jae Hyun, com sua postura relaxada, exalava autoridade e charme. Sua simples presença ali, tão casual, fez com que Sophia desejasse que ninguém o visse. Ela estava torcendo para que aquele momento passasse despercebido por qualquer um que ainda estivesse por perto. Porém a ideia de Jae Hyun, esperando por ela tão abertamente, fez seu coração acelerar. Mesmo que muitas vezes parecesse querer manter discrição, havia algo inegavelmente atraente e reconfortante na forma como ele parecia tão disposto a estar ali, à vista de todos, por ela.
Sophia olhou para ele à distância, sentindo o coração bater acelerado e uma mistura de emoções que a deixava sem saber o que fazer. Ele estava lá, no final de seu caminho, segurando uma blusa extra, esperando por ela. Algo contraditório ficou em sua mente, o desejo de que todos vissem, e soubessem que Kim Jae Hyun era seu marido, que ele se preocupava com ela.
— Ele trouxe uma blusa pra você? – perguntou Ji Woo, surpresa — Nossa, ele é mesmo atencioso, quem diria, hein?
Sophia corou ainda mais, tentando controlar o nervosismo.
— Está ficando tarde, vou indo primeiro. – disse Ji Woo, olhando rapidamente para Sophia.
— Eu também antes que alguém o veja. – Sophia parecia preocupada.
— Ninguém vai desconfiar. – Ji Woo sorriu e logo mostrou certa malicia — Divirta-se com o chefe... quer dizer, o marido.
— Para de falar besteira. – Sophia sorriu de volta, dando um pequeno empurrão na amiga — Amanhã falamos mais, ok?
— Amanhã, então. – Ji Woo respondeu, piscando para a amiga — E não esqueça do que prometeu!
Sophia assentiu, despedindo-se com um rápido aceno antes de caminhar em direção a Jae Hyun. À medida que se aproximava, o frio parecia intensificar-se, mas ela sabia que o frio que sentia não era apenas pela temperatura. Jae Hyun observava seus passos com a atenção de sempre, e cada vez que seu olhar recaía sobre ela, Sophia sentia uma mistura de conforto e vulnerabilidade.
Ao chegar perto, ela tentou manter a postura, mas o nervosismo não a deixava em paz.
— O que está fazendo aqui? — Sophia perguntou, tentando adotar um tom de despreocupação, embora por dentro sentisse seu coração acelerado.
Jae Hyun deu alguns passos em direção a ela, com aquele olhar firme e irresistível que sempre a desarmava. Sem dizer nada de imediato, ele segurou delicadamente a blusa que trazia e a colocou sobre os ombros dela, com o mesmo cuidado que ele demonstrava em todos os gestos quando estavam juntos.
— Vim buscar minha esposa. – ele finalmente respondeu, a voz baixa e grave, carregada de uma familiaridade que fazia o peito de Sophia se apertar.
A proximidade dele era avassaladora, e o tecido da blusa sobre seus ombros fez a mente de Sophia viajar. Ela não conseguia evitar. A lembrança do beijo que a invadiu como uma onda, os dedos dele firmes em sua cintura, os lábios macios e intensos, o calor que a envolveu por completo. Seu corpo reagia de maneira traiçoeira, e antes que pudesse controlar, seus olhos foram, como se tivessem vida própria, para os lábios dele.
Havia algo irresistível naquela expressão séria e ao mesmo tempo protetora. O desejo de sentir de novo o toque daqueles lábios começou a borbulhar dentro dela, e Sophia se viu quase perdida, tentando afastar a ideia. O frio que sentia agora era completamente insignificante comparado ao calor que tomava conta de seu corpo com a proximidade de Jae Hyun.
— Está frio hoje. – Jae Hyun comentou com a voz grave e baixa, como se sua presença e preocupação fossem a resposta óbvia para a pergunta dela. A forma como ele falava, tão direta, tirou Sophia rapidamente de seus devaneios — Você não está vestida adequadamente.
Ele se inclinou ligeiramente, ajeitando a blusa que acabara de colocar sobre seus ombros, os dedos roçando a pele dela de maneira quase imperceptível. No entanto, esse toque mínimo foi o suficiente para que uma onda de calor percorresse o corpo de Sophia, contrastando com o frio que dominava a noite. Não era apenas a blusa que a aquecia, mas algo mais intenso, mais íntimo.
Tentando recuperar o controle sobre si mesma, ela desviou o olhar, baixando a cabeça na tentativa de não se perder naqueles olhos penetrantes. Mas ao fazer isso, seus próprios olhos caíram sobre a curva sutil de sua barriga. O nervosismo tomou conta, e em um movimento rápido, Sophia ajustou a roupa sobre o corpo, como se pudesse esconder algo que ela sabia que logo seria impossível de ocultar.
Por um breve segundo, os olhos de Jae Hyun seguiram o movimento das mãos dela, descendo até a área que ela tentava disfarçar. Seu olhar era analítico, mas, ao mesmo tempo indecifrável. Contudo, ele não disse nada. Nem uma palavra. Ao invés de questionar, os olhos dele subiram de volta para o rosto de Sophia, mas agora havia algo diferente no olhar dele. Parecia mais profundo, como se ele estivesse vendo além do que estava à vista, como se tentasse ler algo que ela não estava pronta para revelar.
Sophia sentiu o peso daquela observação, uma mistura de apreensão e desejo. Ele não precisava dizer nada para que ela soubesse que notava cada detalhe, mesmo que ficasse em silêncio.
— Obrigada pela blusa. – murmurou Sophia, com a voz quase abafada pelo nervosismo. Ela desviou o olhar para o chão por um instante, como se buscasse conforto, antes de erguer os olhos novamente, tentando recobrar a naturalidade que sabia ser impossível agora.
Jae Hyun não respondeu. Ele se aproximou sem dizer nada, abrindo a porta do passageiro com a mesma calma característica. Com um gesto para que ela entrasse, e como se fosse algo automático, colocou a mão na parte superior da porta para garantir que ela não batesse a cabeça ao se acomodar. Era um gesto simples, mas o cuidado em sua ação fazia o coração de Sophia descompassar, uma lembrança sutil do quanto ele poderia ser protetor mesmo em pequenos momentos.
Ela entrou no carro sem dizer mais nada, sentindo um nó na garganta que parecia difícil de engolir. Logo em seguida, Jae Hyun ocupou o assento do motorista, fechando a porta com firmeza. O silêncio entre eles era denso, carregado de pensamentos e emoções não expressas, mas que ambos sentiam intensamente. Enquanto Jae Hyun dirigia, ele parecia absorvido em sua própria mente, processando o dia e, talvez, os mistérios que cercavam sua esposa. Ele queria perguntar, queria entender, mas algo o impedia. Talvez fosse a distância emocional que ainda havia entre eles, ou o fato de que ele estava esperando que ela falasse primeiro.
Do lado de Sophia, ela estava imóvel, o olhar fixo na paisagem do lado de fora, com a janela sendo seu refúgio silencioso. Ela evitava ao máximo olhar para ele, quase certa de que ele tinha visto sua barriga e a qualquer momento, iria questioná-la. O simples pensamento a fazia sentir como se estivesse prestes a ser encurralada. O medo de ter que confessar a verdade sobre sua gravidez crescia a cada minuto.
Ela sabia que precisava tomar uma atitude. O divórcio já não podia mais ser adiado. A ideia de Jae Hyun descobrindo antes que ela pudesse se preparar para o impacto era aterrorizante. "Preciso resolver isso", pensou, apertando as mãos sobre o colo. Cada vez que o silêncio no carro se estendia, ela sentia que o tempo estava se esgotando.