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Chapter 2 - 2. A primeira vítima

O choque da perda de Jax ainda estava fresco na mente de todos enquanto a equipe recuava para a superfície de Xerath. O ambiente lá fora, por mais inóspito que fosse, agora parecia uma bênção em comparação à escuridão opressiva da caverna. No entanto, a sensação de segurança era ilusória. A criatura estava lá, em algum lugar, à espreita.

A noite eterna de Xerath, que cobria o planeta como um véu, deixava tudo envolto em um manto de sombras. A fraca luz emitida pela nave pousada ao longe era a única âncora da equipe com a sanidade, um farol de esperança em meio ao desespero crescente.

Talia, agora com um olhar endurecido, sabia que precisava tomar decisões rápidas e firmes. "Precisamos entender o que estamos enfrentando. Algo sobre essa criatura não faz sentido. Lira, quero uma análise completa da substância nas paredes da caverna. Keth, você e Zara estabeleçam um perímetro defensivo. Temos que nos preparar para outro ataque."

Lira assentiu, embora a tragédia ainda estivesse estampada em seu rosto. Jax tinha sido mais do que um colega; ele era um amigo de longa data, alguém com quem ela compartilhara muitas missões. Contudo, a urgência da situação a forçou a focar no trabalho. Ela retirou um pequeno tubo de amostra de seu kit e se aproximou da entrada da caverna, onde o líquido viscoso ainda gotejava lentamente das paredes.

Ao coletar a substância, Lira notou algo estranho. A viscosidade era diferente de qualquer coisa que ela já havia visto, como se tivesse uma vida própria, pulsando ligeiramente sob a luz. "Isso não é só um fluido qualquer", murmurou para si mesma, sentindo uma mistura de fascínio e terror. "Parece... biológico, mas ao mesmo tempo, sintético."

Enquanto Lira trabalhava, Keth e Zara montavam um perímetro defensivo ao redor da entrada da caverna. Keth, um soldado veterano, estava com seus instintos de sobrevivência à flor da pele. Ele sabia que a criatura estava observando-os, estudando-os. "Isso não é um simples predador. É uma máquina de matar inteligente", disse ele, verificando o suprimento de munição.

Zara, ainda abalada pela perda de Jax, tentava manter a compostura. Ela configurou uma série de sensores de movimento e armadilhas de proximidade ao redor do perímetro. "Precisamos de mais tempo", disse ela, ajustando um detonador. "Se essa coisa nos atacar de novo, temos que estar prontos para contra-atacar imediatamente."

O silêncio que se seguiu era opressor. Cada membro da equipe estava imerso em seu próprio trabalho, mas a consciência constante da presença da criatura tornava impossível relaxar. Até mesmo o vento, que antes sibilava sinistramente, parecia ter desaparecido, deixando apenas um vazio inquietante.

De repente, um dos sensores de movimento começou a piscar. Zara, a mais próxima, olhou para Keth com urgência. "Algo está se movendo, e está vindo em nossa direção."

Talia se aproximou rapidamente, pegando seu rifle de plasma e se posicionando ao lado dos outros. "Lira, como está a análise?"

"Quase terminando", respondeu Lira, enquanto seus olhos corriam freneticamente pelos dados em sua tela. "O que quer que seja essa substância, ela reage à presença de energia biológica. Parece que... amplifica ou atrai sinais de vida."

"Isso explicaria por que a criatura atacou Jax primeiro", disse Keth, a mente dele processando rapidamente a informação. "Ela pode estar rastreando nosso calor corporal ou alguma outra assinatura vital."

Nesse momento, o sensor de movimento disparou, alertando todos de que a criatura estava a apenas metros de distância. "Está vindo!" gritou Zara, preparando-se para o impacto.

A criatura, que antes havia atacado com rapidez brutal, agora parecia estar testando as defesas deles. De dentro da escuridão, um ruído surdo e reverberante ecoava, como se algo colossal estivesse se movendo cuidadosamente. As luzes do perímetro piscavam, capturando breves vislumbres de uma figura monstruosa que se espreitava nas sombras.

"Todos em posição!" gritou Talia, apontando sua arma para o ponto de maior movimentação. "Não atirem até eu dar o sinal."

O som dos passos da criatura parecia ecoar em todas as direções, tornando impossível determinar sua posição exata. O terror psicológico estava começando a afetar a equipe, deixando todos à beira do pânico. Mas Talia sabia que não podiam ceder ao medo. Se perdessem a calma, estavam condenados.

A criatura finalmente se revelou, saindo da escuridão com um rugido ensurdecedor. Agora que estavam preparados, puderam ver toda a extensão de seu horror. Ela parecia maior do que antes, sua carapaça brilhando com uma luz interna pulsante, como se estivesse carregando alguma forma de energia.

"Droga... é mais forte do que antes," murmurou Keth, ajustando a mira de sua arma. "Preparem-se!"

Talia deu o sinal, e uma barragem de tiros de plasma foi disparada contra a criatura. As balas energizadas ricochetearam em sua carapaça, mas desta vez, algumas conseguiram penetrar, provocando faíscas e um rugido de dor da criatura. Mesmo assim, ela avançou, como se a dor apenas a enfurecesse ainda mais.

Zara ativou as armadilhas de proximidade, e uma série de explosões menores sacudiu o terreno ao redor da criatura. Embora não a matassem, as explosões a desorientaram, fazendo-a recuar temporariamente. "Está funcionando!" exclamou Lira, enquanto continuava a analisar os dados freneticamente. "Mas precisamos de algo mais forte, algo que possa penetrar completamente sua armadura."

Enquanto a equipe lutava para manter a criatura à distância, Talia sabia que o tempo estava se esgotando. Eles estavam usando todos os recursos que tinham, mas a criatura parecia imparável. "Lira, precisamos de uma solução agora!"

Lira olhou para sua tela e então para a substância que havia coletado. Uma ideia começou a tomar forma em sua mente, uma ideia tão arriscada quanto desesperada. "A única maneira de parar essa coisa pode ser usar sua própria biologia contra ela. Se pudermos injetar essa substância diretamente em seu corpo, talvez possamos sobrecarregar seu sistema e matá-la."

"Como vamos fazer isso?" perguntou Keth, mantendo a criatura na mira.

"Precisamos aproximá-la, e alguém terá que se arriscar para injetar a substância diretamente", respondeu Lira, sua voz tensa. "É uma loucura, mas pode ser nossa única chance."

Talia fez uma pausa, avaliando rapidamente a situação. "Keth, você e Zara mantenham a criatura ocupada. Lira, prepare a injeção. Eu vou me aproximar o suficiente para aplicar."

"Comandante, isso é suicídio!" protestou Zara.

"Não temos outra escolha", respondeu Talia com firmeza. "Vamos acabar com isso."

Enquanto a criatura se recuperava e preparava um novo ataque, Talia pegou o pequeno dispositivo de injeção que Lira havia montado. "Zara, Keth, cobram-me."

Ela avançou em direção à criatura, desviando dos ataques brutais que vinham em sua direção. A adrenalina corria por suas veias, mas ela manteve o foco, ignorando o medo que ameaçava dominá-la. Quando estava perto o suficiente, ativou o dispositivo e o lançou diretamente na junta entre os segmentos da carapaça da criatura.

O líquido penetrou e, por um momento, nada aconteceu. Mas então, a criatura começou a se contorcer, soltando um grito agonizante que reverberou por toda a caverna. Sua carapaça começou a brilhar intensamente, rachando em vários pontos enquanto uma luz forte emergia de dentro de seu corpo.

"Recuem!" gritou Talia, correndo de volta para seus companheiros.

A criatura explodiu em uma luz cegante, e então, tudo ficou em silêncio.