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O sol já começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e lançando sombras longas sobre o galpão abandonado onde a Nuke State realizava sua busca. O local estava em ruínas: paredes descascadas, tetos desmoronados, e um cheiro forte de ferrugem misturado ao pó que pairava no ar. Pilhas de entulho e equipamentos velhos se espalhavam por todo o chão, criando um labirinto de escombros.
Rita estava sentada em uma empilhadeira quebrada, balançando os pés impacientemente. Com uma expressão de puro tédio, ela olhou para seus companheiros e soltou, irritada:
— Já estamos aqui há horas... Não vamos encontrar nada que preste.
Crasher, que remexia furiosamente em uma pilha de peças enferrujadas, jogou uma engrenagem velha para trás, bufando de frustração.
— Só tem tralha quebrada aqui! — gritou ele, furioso.
Luca, sem perder a oportunidade, comentou com um sorriso de lado:
— Inclusive seu cérebro, né, Crasher?
A provocação foi suficiente para acender a fúria de Crasher. Ele se virou bruscamente, lançando um olhar ameaçador para Luca.
— Tá me tirando? Quebrado tá o seu psicológico, seu depressivo do carai!
Antes que a situação pudesse escalar, Mark interveio, levantando as mãos em um gesto pacificador.
— Vai com calma, Crasher. Se não, ele vai ficar ainda mais triste.
Crasher, que já estava prestes a soltar mais um xingamento, foi pego de surpresa quando Luca, com precisão, desferiu um chute certeiro em seu saco. Crasher caiu no chão, gemendo de dor.
— Ai, porra... Eu não queria omelete! — murmurou Crasher, contorcendo-se de dor, enquanto os outros tentavam segurar o riso.
Becker surgiu de trás de uma pilha de caixas, segurando um objeto pequeno e retangular.
— Olha o que eu achei! — disse ele, mostrando um velho MP3 dos anos 90.
Mark olhou para o aparelho, visivelmente decepcionado.
— Ow, coisa de velho...
Antes que Becker pudesse responder, um barulho de caixas caindo ecoou no fundo do galpão. Todos se viraram instantaneamente, seus sentidos aguçados pela adrenalina. Mark foi o primeiro a correr em direção ao som, sua mão já indo em direção à arma na cintura. Quando chegou lá, encontrou um homem de meia-idade, ofegante e com os olhos arregalados de medo.
— Por favor, não atire! — suplicou o homem, levantando as mãos em sinal de rendição. — Eu vim pedir ajuda da Nuke State.
Os outros membros da equipe se aproximaram lentamente, mantendo a guarda alta. Becker foi o primeiro a quebrar o silêncio, cruzando os braços.
— O que um homem aleatório quer com a gente?
O homem engoliu em seco, tentando recuperar o fôlego antes de responder.
— É o comando do morro do Ferrugem... Eles capturaram meu filho. Por favor, me ajudem a salvá-lo. Eu pago 750 nadas!
Crasher se intrometeu, um sorriso cínico surgindo em seu rosto.
— É uma oferta tentadora, mas isso com certeza é golpe.
Rita, claramente indignada, deu um passo à frente, seu olhar furioso alternando entre Crasher e o homem.
— Vocês estão realmente pensando no dinheiro? Estamos falando de uma criança nas mãos do comando!
Becker, no entanto, não parecia afetado pelas palavras de Rita. Ele olhou fixamente para o homem, seus olhos calculistas.
— Eu faço por 1000.
O homem, desesperado, assentiu freneticamente.
— Claro, claro! A vida do meu filho não tem preço!
***
Algumas horas depois, o céu já estava completamente escuro quando a Nuke State se preparou para invadir a antiga delegacia, agora ocupada pelo comando. A tensão era palpável, cada membro do grupo afundado em seus próprios pensamentos. Com um estrondo, explodiram o muro e invadiram o local, mas logo perceberam algo estranho. Havia poucos soldados defendendo a base.
Crasher, sempre desconfiado, franziu o cenho.
— Isso aqui tá me fedendo a golpe, armadilha ou arapuca.
O homem, suando frio, começou a tremer.
— Não é! Meu filho está preso, eu juro!
Quando chegaram à sala das celas, o vazio do local foi uma resposta brutal. Não havia ninguém. Becker, sem esboçar surpresa, soltou um suspiro resignado.
— Era uma armadilha.
O homem abaixou a cabeça, a culpa transparecendo em cada linha de seu rosto.
— Foi mal... Mas a vida do meu filho não tem preço.
Antes que alguém pudesse reagir, passos ecoaram pelo corredor. Um homem alto, vestindo um sobretudo marrom avermelhado e óculos Juliete, surgiu acompanhado por quatro seguranças armados até os dentes.
— É porque vida de gente morta não vale nada — disse ele, com um sorriso frio nos lábios.
Mark reconheceu o homem de imediato: era Ferrugem, o líder do comando. O traidor entrou em choque ao perceber que havia sido enganado, e antes que pudesse implorar por sua vida, Ferrugem o abateu com um tiro certeiro, sem nenhuma hesitação.
— Seu monstro, filho da puta! — gritou Mark, cheio de ódio.
Becker, mantendo a calma habitual, dirigiu-se a Ferrugem com uma pergunta direta:
— Se você nos capturou, o que nos impede de fugir?
Ferrugem riu, uma risada sombria que ecoou nas paredes da antiga delegacia.
— Vocês não terão tempo pra isso.
Luca, confuso e tentando entender o plano, perguntou:
— Você vai nos matar?
— Não — respondeu Ferrugem, ainda sorrindo. — Seria muito sem graça. Vocês serão mandados para o Maracanã.
Rita arqueou uma sobrancelha, debochando:
— Pra jogar futebol?
Mark, com um nó no estômago, respondeu com uma voz incrédula:
— O Maracanã não é mais usado pra isso. Agora, ao invés da bola, rolam cabeças.
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