A câmara reverberou com um estrondo quando Durin em seu Flame Arcanum, com um salto poderoso, investiu contra Moloch. A anã, com sua armadura impregnada de fulgor elemental, ergueu seu bastão adornado com runas incandescentes, canalizando uma torrente de fogo e vento na direção do demônio.
- Durin: "Keldor, liberte os prisioneiros restantes! Há mais um no subterrâneo..." - Ela bradou, sua voz cortando o ar denso da prisão subterrânea.
Moloch sorriu, um sorriso amplo e predador.
- Moloch: "Tolos. Vocês entram na minha área de domínio e esperam sair ilesos?"
Sua presença era esmagadora, o ar ao seu redor se distorcia como se a própria realidade estivesse fatigada pela sua existência. O Reino da Exaustão entrava em efeito, e Durin sentiu um peso invisível se instalar sobre seus ombros, cada movimento exigindo um esforço maior do que deveria.
Sem hesitar, ela entrou em seu Ground Arcanum. O chão sob Moloch explodiu em colunas de pedra e magma, engolfando-o em uma tempestade de chamas e rochas afiadas. Mas o demônio, com um simples gesto de sua garra, absorveu parte da essência da terra fervente e dissipou o ataque.
- Moloch: "Você me alimenta, pequena criatura." - Ele murmurou, e com um movimento rápido, avançou sobre ela, suas garras emitindo um brilho sombrio.
Durin saltou para trás, mas sentiu um torpor crescente.
- Durin (pensando): "Isso é, Devorador de Vigor..." - Ela pensou, percebendo que cada ataque que ele atingia drenava sua energia. Sua mente trabalhava rápido, não podia se permitir um confronto prolongado.
Enquanto isso, Keldor corria pelos corredores frios do subterrâneo. O fedor de ferrugem e carne queimada o atingiu antes mesmo de entrar na sala de tortura. Ali, entre grilhetas e instrumentos de tormento, um único prisioneiro jazia encolhido sob um manto rasgado. O ar ao redor dele parecia vibrar com uma escuridão pulsante.
Ao puxar o manto, Keldor viu um elfo sombrio, sua pele pálida manchada de sangue seco. Ele faltava um dos braços, e seu olhar, ao se abrir, era de pura intensidade.
- Keldor: "Meu nome é Keldor, vou tirar você daqui." - Disse ele, firme.
Mas o elfo grunhiu e, com uma voz rouca, replicou:
- Elfo: "Não temos tempo pra nos apresentar. Me tire daqui, rápido!"
Keldor não hesitou. Com um golpe de sua lâmina, quebrou as correntes, mas, no exato instante em que o fez, o teto estremeceu. O prédio, instável devido à batalha acima, ruiu. Uma avalanche de entulhos desabou sobre ambos, engolindo a cena na escuridão do colapso.
O silêncio que se seguiu foi absoluto.
De volta há 7 mil anos atrás, Midoki havia derrotado todos os trolls presentes naquele bosque e agora estava diante de uma caverna, a penumbra úmida da caverna se dissolvia conforme Midoki caminhava, suas pegadas ecoando contra as paredes de pedra. O ar carregava um cheiro de umidade e energia antiga, como se aquele lugar guardasse segredos que não deveriam ser desvelados. Assim que cruzou o limiar do calabouço, uma voz cortou o silêncio.
- Morgana: "Acharam algo de interessante, meus servos? Por favor, esperem aí na sala." - A entonação era melodiosa, mas carregava um ar de comando incontestável.
Midoki seguiu o som até um cômodo iluminado por chamas azuladas flutuantes. No centro, de costas para ele, estava Morgana Le Fay, seus cabelos negros e úmidos grudando contra a pele pálida. Ela segurava um tecido fino entre os dedos, ajustando-o sobre seu corpo com uma delicadeza distraída. Quando seus olhos captaram o reflexo de Midoki na superfície de um espelho arcaico, ela girou sobre os calcanhares num sobressalto, deixando escapar um grito abafado.
Um instante depois, o silêncio foi quebrado pelo som seco de um tapa. Midoki piscou, sentindo a ardência na bochecha enquanto estava sentado em um sofá luxuoso, o rosto tingido de um tom avermelhado que rivalizava com o de Morgana.
Após alguns minutos, a feiticeira retornou vestida com um pijama de seda negra adornado por símbolos arcanos, os braços cruzados em desafio.
- Morgana: "Você não vai, de modo algum, roubar meu coração. Merlin já é o meu amado." - Seu tom era afiado, mas a maneira como evitava o olhar de Midoki traía uma hesitação incômoda.
Ele suspirou, coçando a nuca.
- Midoki: "Você entendeu errado..."
O rubor voltou às faces de Morgana. Seu orgulho lhe impedia de admitir que havia se precipitado. Cruzando os braços com mais força, ela estreitou os olhos.
- Morgana: "Então, desembucha."
Midoki encarou-a com seriedade.
- Midoki: "Eu vim buscar o Necronomicon."
A atmosfera no cômodo mudou num instante. As chamas azuladas tremeluziram, sombras se expandindo pelas paredes como serpentes famintas. Morgana esboçou um sorriso gélido.
- Morgana: "Que pena, cavaleiro. Você não vai sair daqui vivo." - E num piscar de olhos, a realidade se despedaçou ao redor de Midoki.
Ele piscou e, de repente, estava em uma montanha envolta por nuvens noturnas. O vento cortava como lâminas, e Morgana, agora trajada com sua vestimenta de bruxa, pairava acima dele, a lua cheia projetando uma silhueta sinistra contra sua figura.
- Morgana: "Esteja preparado para a morte, garoto." - Sua voz ecoou como um canto profano, e o campo de batalha foi engolido pelas trevas.
Midoki se moveu primeiro. Com um estalo seco, ele invocou duas Katanas Shinrei Sogai-zai, suas lâminas brilhando com uma energia sobrenatural. Ele avançou em um borrão, suas espadas cortando o ar na direção de Morgana. Contudo, antes que sua lâmina a alcançasse, o espaço ao seu redor se distorceu.
Morgana ergueu uma das mãos e murmurou uma técnica.
- Morgana: "Ilusão da Lua Negra."
A figura de Midoki multiplicou-se diante de si, centenas de versões distorcidas do cavaleiro refletindo-se em um labirinto infinito. Ele franziu o cenho, ativando o Devastador de Mundos, seus olhos rasgando a ilusão como lâminas. Encontrando a verdadeira Morgana, ele investiu sem hesitação, desferindo um golpe diagonal.
- Midoki (pensando): "Que tipo de habilidade foi essa... esse corpo... é mesmo diferente."
Ela sorriu.
- Morgana: "Oblívio Sombrio."
No instante em que a lâmina de Midoki tocou seu corpo, Morgana dissolveu-se em névoa negra. A sombra se estendeu como serpentes, enredando os membros de Midoki e sugando sua energia espiritual. Ele tentou se libertar, mas sentiu seu corpo sendo arrastado para trás.
- Midoki: "O que...?" - Midoki rangeu os dentes.
- Morgana: "Sua energia me pertence agora." - Morgana apareceu atrás dele, um sorriso perverso nos lábios.
O cavaleiro ativou sua Manifestação do Lobo, sua aura explodindo ao redor de seu corpo em um clarão azul. Ele se libertou da sombra e girou no ar, desferindo um poderoso Wolf Breaker em direção ao solo. A onda de impacto varreu o campo de batalha, dissipando as trevas momentaneamente.
Morgana deslizou para trás com elegância, e seus olhos brilharam.
- Morgana: "Interessante... mas insuficiente." - Com um gesto fluido, ela ergueu o Cajado do Vazio. - "Eu invoco as Trevas Absolutas."
A escuridão engoliu Midoki completamente. Tudo ao seu redor desapareceu, som, visão, até mesmo a própria percepção de seu corpo. Ele estava aprisionado em um vazio.
- Morgana: "Essa é a diferença entre nós, cavaleiro." - A voz de Morgana sussurrou em sua mente. - "Você pode ser poderoso, mas está longe de compreender a essência do verdadeiro poder do universo, é algo vasto e sem limites, pra isso você precisaria de milênios para compreender cada ação e reação nessa esfera cósmica... cheia de vida... e mais alguns milhões para compreender cada aspecto do cosmos."
Midoki tentou resistir, canalizando seu Shinrei da Eminência. Mas antes que pudesse se libertar, sentiu uma dor lancinante em seu peito. A energia de Morgana o atravessou como um punhal.
Quando a escuridão se dissipou, Midoki estava ajoelhado, ofegante, sua katana caída ao seu lado. Morgana pousou diante dele, olhando-o com um misto de triunfo e curiosidade.
- Morgana: "Você lutou bem. Mas ainda é cedo para deixar alguém interessante como você morrer." - Ela se aproximou, os dedos tocando sua testa. - "Durma um pouco, jovem cavaleiro. Sonhe com a glória que ainda não pode alcançar."
Midoki sentiu seu corpo ceder. O mundo girou, e a última coisa que viu foi o sorriso enigmático de Morgana antes de tudo se apagar.
Midoki despertou com um suspiro pesado, sentindo o frescor da brisa que se esgueirava por uma fresta na rocha. O aroma da umidade e da magia antiga pairava no ar. Ao erguer o corpo, percebeu que seus ferimentos haviam sido completamente curados, e ali, repousando ao seu lado, estava o Necronomicon. Sobre o grimório, um bilhete, cuja escrita era firme, mas delicada:
- Morgana (bilhete): "Não preciso dele. Não conheço a linguagem de demônios mesmo..."
A caligrafia de Morgana fez um leve sorriso dançar nos lábios de Midoki. Mas logo sua expressão se fechou. Ele perdera. A lembrança do combate ainda estava fresca em sua mente, e o peso da derrota lhe causava um incômodo insuportável. Ele detestava perder. Era um lembrete de sua mortalidade, de suas limitações. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dele aquecia seu peito, como uma lembrança adormecida que só agora despertava.
Flashbacks inundaram sua mente. Lutas intensas, desafios impossíveis, derrotas amargas... memórias de tempos passados em batalhas ferrenhas contra um amigo de infância. Midoki se pegou sorrindo, mas um segundo depois, estremeceu. Aquele não era ele. Aquelas memórias não pertenciam ao verdadeiro Midoki, mas ao corpo que agora habitava. Algo em seu ser parecia deslocado, fragmentado entre passados que não lhe pertenciam.
Ele fechou os olhos, controlando sua respiração, e então ativou a Lei Manipulacionismo - Espaço. O ar ao seu redor vibrou, distorcendo a paisagem como um espelho se partindo. Num instante, a caverna desapareceu e o horizonte se transformou.
Lunareth. O Reino de Lyoness se erguia diante dele com sua grandiosidade imutável. As torres resplandeciam sob o brilho etéreo do crepúsculo, e a estrutura imponente do castelo o aguardava ao longe. Midoki não hesitou e seguiu para o interior do salão principal.
Assim que atravessou os portões do castelo, encontrou-se diante do Rei Melyadus. O soberano, sentado em seu trono, fitou Midoki com um olhar inabalável. Sem dizer uma palavra, o jovem cavaleiro aproximou-se e entregou o Necronomicon ao rei.
Melyadus ergueu uma sobrancelha, pegando o grimório com cautela. Suas mãos experientes deslizaram sobre a capa negra, e ele soltou um suspiro curto, como se um peso finalmente houvesse sido retirado de seus ombros. Midoki, porém, não se conteve.
- Midoki: "Por que precisava desse livro?" - Sua voz cortou o silêncio.
O rei ergueu o olhar, fixando-o com intensidade. Aquele momento pareceu se alongar indefinidamente antes que ele finalmente respondesse:
- Melyadus: "Esse grimório... foi criado por Azazel. Um anjo que caiu. Um ser que, em sua queda, decidiu registrar cada técnica proibida e então entregá-las aos humanos."
Midoki franziu o cenho. Aquela informação trazia mais dúvidas do que respostas.
Melyadus fechou o livro e se recostou no trono, sua expressão se tornando ainda mais séria.
- Melyadus: "Agora escute com atenção, Midoki. Pois vou lhe contar a verdadeira história por trás dessa guerra... entre demônios... e Camelot."