A poeira mal havia assentado no campo de batalha quando Hades, Senhor do Submundo, caiu diante de Lúcifer. O silêncio era quase palpável, exceto pelo som abafado do vento sussurrando através do terreno devastado. Lúcifer permanecia de pé, sua respiração pesada e seus olhos brilhando com um misto de triunfo e cansaço. O Cajado de Helheim ainda emitia uma leve luminescência em sua mão, mas o peso da batalha estava claro.
Então, como uma sombra emergindo do éter, Lilya apareceu. Seus passos eram leves, mas carregavam uma força indescritível. Seu olhar era frio e calculista, e sua voz cortou o ar como um açoite.
- Lilya: " Você está desgastado agora, não está?" - Disse ela, com um leve sorriso de escárnio nos lábios.
Lúcifer ergueu o olhar para ela, seu corpo traindo o esgotamento que ele tanto tentava esconder. Ambos sabiam que mais uma batalha resultaria em sua ruína. Lilya, a Rainha das Fadas, tinha agora em sua posse a lança aprimorada com o sangue do lendário Leviatã. Mesmo o Anjo Caído sabia que enfrentar aquela arma seria suicídio.
Determinando que não podia perder ali, Lúcifer cerrou os dentes e concentrou-se. Sacrificando uma porção de sua energia espiritual de reserva, ele ergueu o Cajado de Helheim e murmurou palavras ancestrais. Uma onda sombria emanou dele, e o ar ao redor pareceu congelar.
- Lúcifer: "Rhanakth solvinar, velkorth nai undraal, zyn'korath em nusharaan! Kael'thariss noum'dhaal, omar'in vel zeran'nithar!" - Bradou, sua voz ecoando como um trovão, lançado a técnica Spectral Army.
De repente, um exército de espíritos surgia, cada um com uma forma grotesca e etérea, avançando sobre Lilya. Eles gritavam com vozes de outros tempos, suas presenças sombrias envolvendo o campo.
Mas Lilya não hesitou. Com um movimento fluido e preciso, ela empunhou sua alabarda reluzente e declarou:
- Lilya: "Halberd Abyssal Bastion, Terceira Forma: Dividir."
A alabarda desintegrou-se em cem lâminas menores, cada uma brilhando com uma energia feroz. As lâminas flutuaram ao redor dela, como pétalas de uma flor mortal, e em um instante, elas avançaram. O exército espiritual foi obliterado em questão de segundos, os fragmentos espectrais se dissipando como fumaça ao vento.
Lúcifer ficou imóvel, seus olhos arregalados em descrença. Pela primeira vez em eras, ele sentiu o toque do medo. A energia necessária para sustentar o exército havia desaparecido, e ele estava vulnerável. Ele considerou suas opções, sabendo que restava apenas uma saída: sacrificar parte de seu tempo de vida para ativar a Morte Celestial, sua última e mais temível habilidade, afinal, ele não sabe o quanto de tempo ainda lhe resta.
Mas, no momento em que ele começou a conjurar o feitiço, uma presença esmagadora atravessou o campo de batalha. De repente, uma figura se materializou entre os dois, um anjo de asas negras.
Com um único golpe, o anjo lançou Lilya para o abismo, sua lança fragmentada caindo inerte ao chão. A Rainha das Fadas gritou enquanto a pressão do abismo começava a rachar seu corpo, e Lúcifer apenas observou, um misto de pena e resignação em seu olhar.
- Lúcifer: "Lilya... pequena fada..." - Murmurou ele, quase inaudível, recordando-se de um tempo em que seus destinos haviam se entrelaçado.
O anjo de asas negras voltou seu olhar para Lúcifer, seus olhos queimando com uma intensidade quase insuportável. Lúcifer virou-se para ele, tentando esconder sua fraqueza.
- Lúcifer: "Quem é você, e o que deseja?" - Perguntou Lúcifer, tentando manter a autoridade em sua voz.
O anjo inclinou levemente a cabeça e respondeu com uma voz calma, mas carregada de poder.
- ???: "Nós somos iguais. Afinal, eu também sou um Nephilim."
Lúcifer ficou paralisado. Ele, que nunca temera ninguém, agora sentia um calafrio percorrer sua espinha. Um outro Nephilim? Como isso era possível? Ele nunca ouvira falar de outro anjo que também tivesse caído.
Antes que pudesse reagir, o anjo ergueu uma mão e conjurou uma técnica espiritual sombria de cura. A energia envolveu Lúcifer, restaurando suas forças. E, ao lado do anjo, surgiu outra figura, Satan, o antigo inimigo de Arthur que havia atacado Camelot há 7 mil anos.
- Lúcifer: "Então..." - Começou Lúcifer, seus olhos estreitando-se enquanto ele recuperava sua postura. - "Vocês me curam para que eu os destrua? Que tolice."
Satan soltou uma risada gutural, cheia de desprezo.
- Satan: "Eu me chamo Satan, e este ao meu lado é Azazel. Não estamos aqui para lutar com você, Lúcifer. Sabemos que você encontrou aquela mulher em seu domínio espiritual. Sabemos que agora possui os Dez Decretos do Abismo."
Azazel, o anjo de asas negras, deu um passo à frente.
- Azazel: "Queremos apenas dois desses poderes, Lúcifer. Temos nossas próprias vinganças para acertar com aqueles que estão lá fora."
Lúcifer franziu o cenho, seus pensamentos correndo enquanto analisava a situação. Finalmente, ele ergueu uma mão, sinalizando para que ambos parassem.
- Lúcifer: "Antes de continuarmos... vamos sair deste lugar. Detesto ambientes quentes para negociar."
Um sorriso enigmático cruzou o rosto de Azazel, enquanto Satan permanecia imóvel, como uma estátua. Lúcifer liderou o caminho, com os dois aliados improváveis seguindo de perto, e o silêncio do campo devastado foi preenchido por uma tensão palpável.
O destino do cosmos começava a se entrelaçar com o plano de três seres supremos infernais.