"Meu Deus! Olha só aquela mulher, Lina, ela é deslumbrante!" Isabelle cutucou sua amiga íntima.
Isabelle ficou sem palavras com a beleza da mulher que estava no final do tapete.
"Mas ela parece tão familiar…" Isabelle deixou a frase no ar, os olhos fixos na loira. Não era surpresa, dado os olhares de adoração que se voltavam para ela.
"Qual a probabilidade de os dois homens com quem você foi fotografada aparecerem no mesmo lugar que você?" Isabelle acrescentou, com um sorriso se formando nos lábios. Seu olfato apurado captava fofocas, mas ela não conseguia identificar de onde vinham.
"As probabilidades são baixas, mas não impossíveis," Lina finalmente conseguiu dizer. Ela estava olhando intensamente para a mulher. Espinhos picavam seu peito, não de ciúmes, mas de ódio.
Essa mulher… Como ela ainda estava viva?
Lina tentou manter seu rosto neutro, mas estava difícil. Ela observava a mulher sorrir para Kaden e jogar seu cabelo loiro sobre os ombros, com seus olhos verdes brilhando como esmeraldas sob a luz. Como Lina poderia ter esquecido?
A única possibilidade de Kaden obter imortalidade não era por um golpe de sorte. Era desflorando uma Rosa Dourada — uma mulher com cabelo da cor do sol e olhos da cor da floresta.
"Ah, lembrei-me dela!" Isabelle exclamou, surpresa. "Não é Priscilla Hart?"
Lina piscou. Finalmente, ela desviou o olhar de Priscilla. Até o nome dela era bonito.
"Eu não saberia dizer," Lina respondeu secamente.
Lina tocou seu peito, sentindo outra pontada de dor. Ela observava enquanto Priscilla batia seus cílios encantadores para Kaden. Kaden ergueu a sobrancelha, respondendo secamente antes de se afastar. Priscilla riu do que ele disse, a própria encarnação da femme fatale. Kaden parou e lançou outro olhar para ela, mas não respondeu.
A respiração de Lina estava presa em sua garganta. Essa interação… suas expressões, seus comportamentos. Uma forte onda de déjà vu a atingiu. Ela tinha vivenciado isso antes. Em sua primeira vida.
Lina estava claramente lembrando agora. A razão pela qual uma guerra tinha começado. A razão pela qual ela tinha fugido para salvar sua vida. Imagens uma após a outra relampejavam diante dela. E logo, ela começava a reviver os exatos momentos que antecediam a guerra.
"...Princesa…"
Lina estremeceu. "Hã-hã?"
"Oh, eu disse que a família Hart foi uma das primeiras famílias ocidentais a ter relações com Ritan há milhares de anos. Uma filha da antiga família Hart chegou a ser feita Princesa," Isabelle disse.
Então, Isabelle sorriu. "Você não está orgulhosa de mim por lembrar desses fatos históricos?"
Lina riu baixinho e acenou com a cabeça. "Claro, eu estaria orgulhosa."
"Bem, eu tenho que admitir que foi depois de ouvir você resmungando sobre o livro didático na madrugada, depois de ter estudado a noite inteira," Isabelle fungou, cruzando os braços.
Isabelle voltou sua atenção para o par deslumbrante. Então seus olhos se arregalaram.
"Er-erm, Lina, não olhe, mas—"
Lina olhou. Seu coração afundou no estômago. Everett tinha saído da loja. E estava vindo em sua direção. Kaden também tinha parado de andar. Kaden estava no final do tapete, as mãos descansando soltas nos bolsos, observando o herdeiro que se aproximava.
"Vamos," Lina sussurrou, agarrando Isabelle e tentando correr, mas Everett foi mais rápido que ela.
"Lina!" Everett chamou.
Lina fechou os olhos com força e murmurou um palavrão. Bem nesse momento, ela podia ouvir a multidão ao redor sussurrando entre si. Até os paparazzi devem ter ficado surpresos, pois não sabiam se deveriam capturar o herdeiro Dehaven ou o casal em ascensão.
"Estou tão feliz em ter te encontrado aqui," Everett disse, se aproximando por trás. Ele lhe ofereceu um sorriso alegre. "Oh, esta é sua amiga?"
"Ah…" Isabelle deixou a frase no ar, olhando da hesitante Lina para o alegre Everett. Ela não sabia o que deveria fazer. E pela reação de Lina a Everett, Isabelle sabia que era melhor ir embora.
"Ai!" Isabelle repentinamente reclamou, segurando o lado inferior esquerdo do estômago.
Lina olhou para Isabelle sem expressão.
Isabelle revirou os olhos e tentou novamente. "A.I!" ela enfatizou.
"Nossa, querida!" Lina exclamou baixinho, agarrando o cotovelo de sua amiga. "Você está bem, Isabelle?"
"Não, dói. Eu acho que meu apêndice vai estourar," Isabelle soluçou, encostando a cabeça no ombro de Lina.
"Seu apêndice fica do lado direito," Lina sussurrou para Isabelle.
"Ah, meu apêndice!" Isabelle gritou, mudando a mão para o lado direito do estômago, esperando que Everett não tivesse percebido aquilo.
"Me leva depressa para o hospital mais próximo," Isabelle reclamou, cutucando Lina como um animalzinho mimado.
"Eu dirijo," Everett ofereceu instantaneamente, levantando suas chaves do carro.
Isabelle e Lina se olharam.
Praga persistente.
"C-certo, eu vou ficar enjoada se você não for o motorista," Isabelle tossiu, empurrando suas chaves para as mãos de Lina.
"Então vamos," Lina disse rapidamente, agarrando sua amiga e correndo para fora. O único problema? Isabelle não tinha um carro. E Lina tinha sido entregue chaves de casa regulares.
Isabelle mancava para fora, lançando um olhar para Lina. "Você me deve por ser uma ótima amiga," ela sussurrou.
"Eu vou te pagar um lanche depois disso," Lina respondeu baixo.
"Onde está seu carro? Se você me der as chaves, posso ajudá-la a pegá-lo no estacionamento," uma voz disse atrás delas.
As duas mulheres se viraram para ver que Everett as tinha seguido para fora. Ao longe, estavam também os paparazzi e a multidão. Eles estavam ansiosos por um espetáculo.
Lina tinha quase certeza de ter visto alguém colocando pipoca na boca.
"Nossa, agora eu sei por que você não gosta dele," Isabelle resmungou baixinho. Ela estava se esforçando ao máximo para dar um show convincente. Ela esperava ter herdado o talento de seu pai para a atuação.
"As chaves, por favor," Everett disse, andando para frente com a palma da mão estendida para Lina.
Lina olhou para a mão pálida dele, e depois para Everett. Por que ele não conseguia captar a dica? Ela apertou os lábios juntos.
De repente, um carro preto parou atrás de Lina. A atenção deles rapidamente se voltou para o motorista, que tinha saído e aberto as portas.
"Jovens Senhoritas, se quiserem, por favor," o motorista disse educadamente, gestando com o braço na direção do carro.
Lina pausou. De quem é este? Ela deu uma boa olhada no motorista. Agora, ela estava em alerta máximo. Especialmente após o golpe do motorista daquela manhã. Mas então, ela notou um pequeno alfinete dourado no uniforme do chofer. Ela mal conseguia distinguir o símbolo da família DeHaven.
Instantaneamente, ela soube quem tinha enviado aquele homem.
Lina engoliu em seco. Ela não tinha escolha. Para escapar do tigre, ela tinha que entrar na cova do leão. Apertando a mão em Isabelle, ela forçou um sorriso.
"Ah, esse é o motorista do seu pai?" Lina perguntou alto, fazendo questão de que Everett também ouvisse.
"Sim, sim, é ele!" Isabelle respondeu, a voz subindo uma oitava por causa do nervosismo. Então talvez, ela não tivesse herdado os bons dotes de atuação de seu pai…
"Vamos entrar antes que meu apêndice estoure e eu morra," Isabelle acrescentou.
Imediatamente, as duas mulheres entraram no carro, deixando Everett à beira da estrada. Quando o carro partiu, levantou poeira na direção de Everett. Os lábios de Everett se contorceram em um esgar, olhando com raiva para a placa do carro. Ele não era nenhum tolo.
Everett sabia exatamente a quem aquele carro pertencia. E ele sabia exatamente quem tinha levado a melhor em sua luta. Agora, Lina estava no carro de Kaden, sendo levada para Deus sabe onde.
Para tudo que Everett sabia, esse poderia ser o último momento em que ele foi visto com Lina. E o último momento em que a veria sem um anel no dedo.