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Chapter 11 - Vive por Sua Majestade

Uma semana havia passado num borrão. A aula de Aries com o Marquês Vandran e Conan procedeu conforme planejado. Ela passava o dia com eles, absorvendo todo o conhecimento o máximo que podia. Durante a última semana, Abel só a visitou uma vez e, assim como antes, ela só falava sem parar.

Ela estava quase se acostumando com essa vida. Especialmente com a falta de presença de Abel, Aries conseguia respirar adequadamente.

"Você acha que Sua Majestade virá esta noite?" ela perguntou, olhando para cima para ver a empregada através do espelho. Esta era a primeira vez que ela falava com um servo, então ela não se surpreendeu quando a última se assustou.

"Minha senhora?" a empregada pausou enquanto penteava seu cabelo esmeralda, olhando de volta para ela através do espelho.

"Da última vez que Sua Majestade veio, ele não me disse que viria. Então, eu estava me perguntando se ele viria esta noite." Aries deu um sorriso gentil.

"Isso... Eu não sei, minha senhora." a empregada abaixou a cabeça. "Por favor perdoe este servo por não saber."

Suas sobrancelhas se ergueram ao ver a reação da empregada. Ela se virou em sua cadeira, levantando-se para enfrentar a serva. Aries então olhou para as outras duas empregadas, que estavam se curvando à distância.

"Não é sua culpa se você não sabe." Ela suspirou e colocou a mão no ombro da empregada, esperando que esta olhasse para cima. Quando seus olhos se encontraram, Aries deu um sorriso gentil.

"Obrigada por cuidar de mim. Vocês podem se retirar para seus quartos mais cedo esta noite. Eu gostaria de descansar cedo."

"Sim, minha senhora." a empregada curvou-se mais uma vez antes de sair sem fazer um som.

Aries ficou em seu lugar, observando a porta fechada. "Eu bati contra aquela parede agora mesmo," ela murmurou, relembrando a surpresa nos olhos da empregada quando ela colocou a mão em seu ombro.

Ela estava certa de que se continuasse batendo naquela firme parede ao redor de todos, acabaria quebrando-a eventualmente. As paredes que os servos tinham eram muito mais simples do que as de Dexter e Conan. Aries não queria nem pensar na parede invisível ao redor de Abel; não havia esperança para aquele homem.

"Espero que ele não venha..." ela falou baixinho porque alguém invadiu seu quarto. Falando no diabo.

Abel.

Essa vez, Aries permaneceu calma enquanto observava o rapaz. Assim como na última vez, as roupas e mãos de Abel estavam manchadas de sangue. Mas, diferente daquela vez, agora ele estava segurando uma espada ensanguentada.

'Ele veio aqui para me matar?' ela se perguntou, mas o pânico não veio como esperado. Em vez disso, ela estava estranhamente calma. Seria porque estava um pouco exausta hoje depois de trabalhar duro dia e noite? Ou porque já sabia que Abel a mataria um dia?

'Não. Eu não vou morrer esta noite.' — foi a sua determinação de viver.

Aries deu um sorriso fraco enquanto Abel chutava a porta para fechá-la, avançando em sua direção. Antes que ele pudesse brandir sua espada ou falar com ela, ela já havia dado um passo para encontrá-lo.

"Sua Majestade, bom vê-lo esta noite." Ela sorriu, olhando em seus olhos vermelhos e afiados. "Devo pedir para as empregadas prepararem um banho para você?"

Abel levantou a sobrancelha e inclinou a cabeça. "Por que você pediria às empregadas para me prepararem um banho? Você, por acaso, me acha... sujo?"

"N — não." As rugas ao lado de seus lábios levemente desapareceram, lutando contra essa aura sufocante e assassina que emanava dele. "Como pode ser isso?"

Lá no fundo, ela estava assustada — aterrorizada era pouco para descrever. O que quer que tivesse irritado esse homem, Aries não sabia. Mas isso não importava. O que importava para ela era que ele largasse essa espada e se acalmasse.

Ela ergueu o queixo quando Abel apontou sua espada para sua garganta.

"Então, diga-me, minha cria. Por que devo deixá-la viver?" tudo o que ele podia ver era vermelho, e se ela pedisse, não teria problema em enfincar sua espada em sua garganta. Para sua surpresa, Aries segurou a lâmina e deu um passo à frente.

"Minha morte faria você feliz?" ela perguntou com uma voz suave, porém firme, ignorando o sangue que escorria em sua garganta. "Esta humilde serva vive para Sua Majestade. Se minha morte saciará sua raiva, então aceitarei com prazer o seu decreto."

"Hah... vive para mim?" ele riu, enquanto seus olhos se abaixavam de forma ameaçadora. "No fim, você ainda pediu por isso."

Enquanto ele pressionava a ponta de sua espada contra a garganta dela, ele parou. Aries manteve seus olhos abertos, olhando diretamente nos dele. Era como naquela vez, ele pensou. Aqueles pares de olhos esmeralda sempre eram claros e determinados.

O silêncio envolveu-os enquanto seus olhos pousavam no sangue que escorria em sua camisa branca.

"Você está suja." ele apontou, recuando sua espada enquanto dava um passo à frente até que ficassem cara a cara. Mantendo a espada abaixada, Abel inclinou a cabeça para verificar a garganta dela. Seu polegar acariciou a pele ao redor do ferimento.

"O que há de errado com você?" saiu uma voz profunda e ameaçadora enquanto ele levantava o olhar afiado para ela.

O que havia de errado com ela? Se ela fosse responder, uma noite inteira não seria suficiente. E ela sabia que se ela perguntasse a mesma coisa para ele, um ano inteiro não bastaria. O que ela fez exigiu uma coragem de uma vida inteira, mas isso de alguma forma o acalmou.

Aries manteve seu sorriso por um instante. "Devemos tomar banho juntos, Sua Majestade?" — ela tinha ultrapassado o limite, então ultrapassar ainda mais era o que ela precisava.

Abel franziu a testa e olhou para baixo, percebendo que ela estava cuidadosamente deslizando seus dedos entre a sua mão manchada de sangue. Quando ele olhou para cima, Aries sorriu gentilmente, como se o ferimento em sua garganta não existisse.

"Por favor, permita-me limpar esse sangue," ela pediu gentilmente, dando-lhe um olhar aceitável. "Não é bom dormir sem antes lavar-se. Vamos?"

Tudo o que ele podia fazer era olhá-la em silêncio enquanto ela o liderava. Seus olhos caíram na mão que o segurava. Ela estava tremendo e ele podia sentir que ela estava assustada, mas Aries ainda segurava sua mão. Suas pálpebras abaixaram até que estivessem parcialmente fechadas.

'Ela saberia a razão pela qual eu vim aqui matá-la?' ele se perguntou, levantando o olhar para as costas dela. 'Vive para mim...? Hah... que mentira engraçada.'