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Chapter 3 - CAPÍTULO III

Mirelli

Acordo no outro dia sem vontade alguma de sair da cama, ainda mais depois daquele vexame de bater no meu patrão. Só falta agora eu ir para o circo depois de tanta palhaçada! Levanto contra minha vontade e vou me arrumar para mais um dia de trabalho, porque infelizmente dinheiro não cai do céu!

Depois de arrumada vou para a cozinha e encontro Cidi preparando café.

- Hey Cidi! Bom dia! Quer ajuda?

- Bom dia querida! Quero sim, daqui a pouco o senhor Ulisses levanta e não podemos atrasar o café da manhã. Ele odeia atrasos... - diz Cidi, concentrada em seus afazeres. - Ah é mesmo. Você não o conheceu né?

Na hora sinto meu corpo gelar e cenas da noite passada invade minha cabeça.

- Lógico que não! Nem vi o bendito. - dou uma risada sem graça e Cidi me analisa.

- Engraçado. Podia jurar ter ouvido o barulho de uma panela...

- F-fui eu! Estava com fome e fui preparar algo. - ela me olha como se já soubesse. Suspiro. - Certo, estou mentindo. Ontem quando cheguei da faculdade, estava com sede e fui à cozinha beber água, então escutei algo atrás de mim e catei a primeira coisa que estava na minha frente, que por sinal era uma frigideira, e sem querer acertei ela em cheio no Senhor Ulisses. - digo envergonhada.

Mercedes começa a rir sem parar.

- Menina você é louca? Poderia ter sido demitida! Ou pior, morta!- ela diz para mim.

- Não foi minha culpa, tava escuro e senti alguém atrás de mim, pensei que fosse um ladrão!

- Mirelli minha menina, quem seria o maluco de entrar aqui? Tem soldados por esse lugar todo. O primeiro que entra aqui sem ser convidado, morre.

- Na hora eu nem lembrei que isso aqui é a casa dos donas da porra toda da máfia Cidi.

Mercedes continua picando as frutas, até que para e olha pra mim.

- Sabe, isso parece aquela cenas de um nascimento de um grande amor. - Cidi diz sonhadora.

- Corta essa Mercedes, não vem querer comparar um acidente com nascimento de amor, não vem querer achar que isso aqui é aquelas novelas clichês do Brasil.

- Mas você não fale das minhas novelas, elas são ótimas. E fora que aposto que você deve achar o senhor Ulisses atraente.

- Nem se fosse o último homem. - digo.

- Ah mais isso eu duvido, até eu com quase 60 anos nas costas o acho bonito e atraente, um colírio para essa senhora que vos fala...

- Então quer disse que você me acha tudo isso Cidi? - Ulisses fala ao entrar na cozinha.

Mercedes fica branca igual papel e sem reação.

- Desculpas senhor Ulisses, eu não queria ter falado isso.... - Mercedes diz envergonhada e com certo receio.

- Relaxe, eu também me acho tudo isso. - diz e sai piscando para nós duas.

Ulisses

Saio da cozinha dando risada da cara de Mercedes e da minha mais nova aquisição: Mirelli. Uma bela mulher, do jeito que eu gosto, e agressiva igual uma gatinha, pensa que assusta...

Sorrio com o pensamento. Uma panelada, bastou apenas uma, pra eu ficar cativo da pequena feiticeira. Na noite anterior quase não dormi, fantasiando se ela era tão selvagem assim na cama. Balanço a cabeça afastando o pensamento, antes que "alguém" desperte.

Vou até meu escritório e começo a trabalhar, até que ouço barulho de um carro. Dirijo-me até a grande janela e vejo o carro de nada mais e nada menos que Giovanna.

Reviro os olhos. Essa mulher não cansa de me perseguir. Acha que só porque aceitei repetir a dose, significa que vai pôr uma aliança no meu dedo. Pobre coitada!

Tão rápida quanto chegou, logo entrou. Saio em direção a sala para recebê-la, e logo vejo-a entrando como se a casa fosse dela. Quando me vê dá um sorriso maior que a própria Itália.

- Meu amor, vejo que já voltou! Estava morrendo de saudades. - diz se agarrando em mim.

- Olá Giovanna, como vai? Já cansei de te avisar que aqui não é sua casa para entrar a hora que quer.

- Mas amor...

- Mas nada! Não somos namorados, nem marido e mulher, nem nada do gênero. Somos apenas parceiros de foda.

- Quem disse que não? A gente vai se casar ainda, você verá que eu sou sua melhor escolha! Logo você precisará de herdeiros e sou eu que irei conceber.

- Querida, pare de fantasiar, até parece que não me conhece. - digo sorrindo.

Paro de falar pois vejo que Mercedes entrando na sala.

- O café da manhã está pronto senhor! - diz e se retira.

Giovanna a olha e revira os olhos, Mercedes nunca foi com a cara dela, e nem Giovanna com a dela.

- Vejo que cheguei em ótima hora. - diz indo em direção a sala de jantar.

Mirelli

Escuto um barulho de carro, e vejo Mercedes bufar do meu lado.

- Que foi Cidi? Por que essa cara?

- Essa cara é de quem vai aturar a "Senhorita" Giovanna, vulgo cobra mãe.

- Por que diz isso? Quem é ela?

- "Ela" é uma das muitas mulheres que o patrão traz para cá - fala sussurrando - ela se acha a dona da casa, trata todo mundo como seu empregado. Odeio ela. Cansou de tentar me dar ordens e eu finjo não ouvir.

"Típico desses caras ricos ter várias mulheres." Reviro os olhos com pensamento.

Logo o café fica pronto e Mercedes vai avisar. Ela chega bufando.

- Garotinha insolente, me olhando de acima abaixo como se fosse melhor que eu. Você que vai servir os dois Mirelli. Se eu for, vou derramar o bule de café na cabeça dela.

- Certo. Mas você sabe que é bem possível que eu faça isso também, né? Principalmente se ela me provocar. - dou risada e sigo em direção a sala de jantar. Mal sabendo o que me esperava....