Alaric encarou Spherea à distância, os dois estavam separados por aproximadamente onze metros.
— Ah, o nome dele é Koji... — disse Alaric finalmente, com um sorriso distorcido no rosto.
— Já pensou sobre as minhas ofertas de boa graça? É bom que escolha logo, não quero ficar conversando por muito tempo — gélido, esse era o adjetivo perfeito para descrever Spherea.
— Eu não vou a lugar algum até que o Koji esteja morto! — fervorosamente, Alaric esbravejou — O objetivo do Conclave precisa ser cumprido, e Koji é um dos opositores que devem ser eliminados. Ele não pode continuar vivo, nem ele e seu outro amigo, de jeito nenhum.
Spherea estreitou os olhos, percebendo que as palavras de Alaric eram verdadeiras — fizeram uma boa lavagem cerebral nesse idiota… — pensou.
Para cumprir com o que havia dito, em seguida, Alaric gritou, erguendo os braços para o alto.
"Conversão Expansiva!"
Imediatamente, ao seu gesto, todos os fragmentos de destroços ao redor — veículos destruídos, árvores caídas, corpos e até o sangue derramado no campo de batalha — começaram a subir ao céu. A cena era inacreditável, quase surreal.
— É incrível como essas organizações manipulam os portadores dessa geração. Apesar do meu desprezo, esse moleque é bom, mas não passa de mais uma peça do tabuleiro jogado entre os verdadeiros líderes do mundo. Que patético! — disse Spherea, em seu pensamento sobre o Alaric.
Em segundos, todos esses objetos se transformaram em fragmentos cortantes, prontos para serem lançados.
Com um sorriso de pura satisfação no rosto, Alaric disse, animado — Eu sei que não posso vencer um demônio em forma de sombra, mas também não posso deixa que aquele idiota saia daqui vivo! — e Spherea, com desdém e um sorriso de canto, respondeu — Então terei que te matar... e se eu quiser, posso fazer isso bem rápi—.
— Tsc! — interrompeu Alaric, fazendo um gesto brusco com as mãos e dizendo — Dane-se! Eu só quero que ele morra igual a qualquer lixo humano e inferior! Só isso!
Assim, mandou centenas de milhares de fragmentos cortantes em direção à cratera de dez metros de profundidade onde Koji estava.
Lá embaixo, Koji lutava para manter o fôlego. Seu corpo estava suado, exausto e machucado. Ele havia conseguido desviar dos vórtices que o cercavam, mas seu corpo estava no limite.
— Aaah... Eu achava que essas coisas... Eram imortais — murmurou Koji, ofegante, enquanto observava o último vórtice se desfazendo lentamente.
Finalmente, quando o último vórtice desapareceu, Koji começou a caminhar, a cada passo pesado, até sair do canto escuro da cratera. Quando ele se aproximou da luz do sol que iluminava o centro da cratera, viu algo inesperado.
— O que é... aquilo?
Para sua surpresa e enorme azar, ele viu centenas de milhares de fragmentos cortantes vindo direto na direção da abertura da cratera, em sua direção — Puta merda... — ele ficou em choque.
Apesar da confusão que cercava-o, centenas de esferas surgiram acima dele, formando um escudo.
— Esferas? — mas ele não teve tempo para pensar.
Ele deu alguns passos para trás, escorregando numa grande poça d'água da cratera — Porra! De onde saiu essa água toda? Por que tem água aqui?
O impacto entre os fragmentos cortantes e as esferas causou um estrondo ensurdecedor.
— SPHEREA! — gritou Koji, desesperado, olhando para as esferas que tentavam protegê-lo. Apesar de serem fortes, não eram absolutas, e alguns fragmentos conseguiam passar.
caído e desesperado, ele tentava desviar dos fragmentos que passavam das esferas e avançavam para cortar seu corpo. Mesmo assim, alguns pequenos fragmentos atingiam seus braços, pernas e até mesmo seu rosto.
Em um movimento instintivo, ele colocou os braços na frente do rosto para se proteger, mas isso apenas resultou em mais cortes profundos nas outras partes do corpo.
Esse descuido resultou num corte certeiro, que atravessou seu ombro esquerdo, rasgando sua carne.
— Aaii! Sai! Sai! — Koji gritou de dor, tentando se levantar.
Com grande esforço, ele conseguiu ficar de pé, mas escorregou novamente na água antes de se arrastar para o canto escuro da cratera — Ahh… Merda de água! — Lá, os fragmentos não conseguiam mais atingi-lo. Ele encostou-se na parede de pedra, tranquilo, apesar da respiração nervosa.
— Cadê o Spherea? Desgraçado! Nessas horas que ele se esconde! Maldito! — Koji estava irritado e nervoso, e tentava olhar, ainda de longe, se ainda tinha muitos fragmentos para atingir o interior da cratera.
Lentamente, a chuva de fragmentos cortantes cessou. Sangrando e com muitos ferimentos, ele começou a caminhar, mesmo com o seu corpo coberto de sangue, e com os cortes finos pintando seu rosto de vermelho.
Ele espiou cautelosamente pela abertura da cratera. Lá em cima, não havia mais fragmentos, apenas o céu azul e a luz do sol — O que aconteceu...?
Mas então, ele viu algo. Algumas esferas estavam voando rapidamente pela superfície, movendo-se de um lado para o outro, como se estivessem perseguindo alguém.
— Esferas...? Ué? — Pronto! Não tinha como ele estar mais confuso do que agora.
Lá na superfície, Alaric se movia em alta velocidade, desviando das esferas com grande agilidade. Ele ria enquanto gritava.
— OLHA PRA MIM! TO HUMILHANDO UM DEMÔNIO FÁCIL FÁCIL!
No entanto, Spherea permanecia indiferente com uma expressão de tédio.
— Que idiota! Eu não tô fazendo nada, e ele acha que tá me humilhando…
— PELOS GRITOS DO IDIOTA DO SEU PORTADOR, SEU NOME É SPHEREA, NÃO É? ME FALA COMO É SER HUMILHADO!
Spherea continuava parado, observando Alaric desviar das esferas. Contudo, ele resolveu falar algo para Alaric, num tom de voz um pouco mais elevado.
— Se continuar assim, vai correr para sempre. Eu sou um demônio, não gasto energia. As esferas, como provém diretamente de mim, são dotadas de um efeito espelho. Elas copiam sua velocidade e agilidade. Tu nunca vai conseguir despistá-las, seu burro!
— Minha velocidade? — Alaric olhou para trás por um segundo, encarando as esferas e pensando — Que blefe merda! Não tem efeito porra nenhuma!
Nesse momento, ele cometeu um erro fatal. Quando voltou seu olhar para frente, Urgh! Ele foi empalado pelo antebraço de Spherea, que se materializou à sua frente, atravessando sua costela.
— Não sei se sabia, mas, como um demônio em sombra, sou intangível a tudo... Mas tudo é tangível a mim — disse Spherea, com um tom frio, intimidador e superior.
Alaric baixou a cabeça e sentiu o sangue escorrer de sua boca. Seu corpo enfraqueceu, mas ele ainda podia ouvir as palavras de Spherea.
— Apesar de estar prestes a desabar, sei que ainda está ouvindo. Vou te deixar à própria sorte... Se morrer, será uma pena, pois confio que você e Koji ainda farão um embate de alto nível em algum dia, e eu quero ver isso com meus próprios olhos.