CAPÍTULO 36
NOME DO CAPÍTULO: O DEFUNTO QUE VIVE.
No silêncio sombrio de um mundo esquecido,
Onde sombras dançam e suspiros ecoam,
Habita um amor por todos desconhecido,
Um defunto que vive, em corações que ressoam.
Nos campos de cinzas, onde a vida se apaga,
Entre túmulos frios e flores murchas,
Um espírito vaga, sem medo, sem praga,
Procurando a paixão que ainda nos seus olhos brilha.
Era um homem de carne, sangue e ossos,
Que amou com a fúria de mil tempestades,
Mas o destino, cruel e impiedoso,
Ceifou-lhe a vida, mas não as saudades.
No dia em que seus olhos se fecharam,
Sua alma não se foi para o além,
Permanecendo onde seus lábios beijaram,
No lugar onde o amor nunca morre, porém.
E em noites escuras, sem lua ou estrelas,
Ele caminha entre os vivos, invisível,
Procurando aquela cuja beleza revela,
A razão de sua existência, incompreensível.
Seu amor, imortal, é chama que arde,
Mesmo no peito frio de um morto,
E cada suspiro, cada lágrima, cada tarde,
É um eco de um sentimento forte.
Ele a encontra, viva, radiante,
A mulher que um dia prometeu amar,
E mesmo em sua forma mais distante,
Seu coração, ainda, por ela a suspirar.
Ele a observa de longe, em silêncio,
Cada riso dela é música para sua alma,
E mesmo sendo um defunto, sente-se intenso,
Pois o amor, mesmo na morte, não se acalma.
Ela, sem saber, sente sua presença,
Como um sussurro suave na noite,
E em seu peito há uma estranha sentença,
De amor eterno, que nada acoite.
Em sonhos ela o vê, olhos de amor,
Sente seu toque, seu beijo gelado,
E acorda, sem medo, sem dor,
Com o coração por ele enfeitiçado.
No mundo dos vivos, ele se oculta,
Entre sombras e memórias passadas,
Mas seu amor é luz que nunca se exulta,
Mesmo em noites frias e desesperadas.
Ele, o defunto que vive, sem descanso,
Vaga em busca do calor de outrora,
Sabendo que seu amor é o único remanso,
Que sua alma morta ainda implora.
E assim, na eternidade, ele persiste,
Amando-a mais do que a própria vida,
Pois no amor verdadeiro, o tempo não existe,
E a morte, no fundo, é só uma ferida.
Eles, dois amantes separados pelo destino,
Mas unidos por um laço invisível e forte,
Encontram no amor seu eterno hino,
Desafiando a vida, a morte, e a sorte.
O defunto que vive é a prova suprema,
De que o amor transcende o próprio fim,
E mesmo na escuridão, ele acena,
Com a certeza de que o amor é eterno, enfim.
Assim, ele continua a caminhar,
Entre sombras e sonhos, silencioso,
Pois seu amor, mesmo morto, é o mar
Onde sua alma encontra repouso.
E no coração dela, ele sempre vive,
Em cada batida, em cada emoção,
Pois o amor verdadeiro nunca se esquive,
E permanece, eterno, em cada canção.