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Chapter 4 - capítulo 4

Enquanto Damon e Noah estavam imersos em uma conversa acalorada, quando ruídos vindos das escadas interromperam a atmosfera tensa. Ao se virar, Damon avistou Dylan e Hope descendo os degraus. Com um olhar inquisitivo, Damon perguntou para onde eles estavam indo. A resposta de Dylan foi ríspida

_Não é da sua conta.

Damon fitou Dylan intensamente e comentou.

_Nossa, por que mudou tanto desse jeito? Não se divertiu ontem à noite?

O olhar ameaçador de Dylan era evidente quando respondeu.

_Vamos deixar essa conversa para depois. Tenho que ir trabalhar, e Hope tem aula hoje.

Em um gesto inesperado, Damon ofereceu uma carona, mencionando que seria mais rápido se fossem de carro. Dylan hesitou por um momento, mas ao olhar para Hope com um sorriso de orelha a orelha, decidiu aceitar a proposta.

Damon havia feito o trajeto habitual de levar Hope até a escola, garantindo que ela estivesse segura e bem cuidada antes de seguir com Dylan.

Enquanto Damon dirigia em direção à casinha remota, Dylan tentava manter a calma, mas sua mente estava repleta de questionamentos. O que Damon queria com ele? Por que estavam se afastando tanto da cidade? No entanto, apesar da incerteza que o envolvia, Dylan estranhamente não sentia medo ou angústia. Sua curiosidade superava qualquer outra emoção, e uma determinação silenciosa tomava conta dele.

Ao chegarem ao local, Dylan observou atentamente o ambiente ao redor. O silêncio predominante era apenas interrompido pelo suave farfalhar das folhas das árvores e pelo canto distante dos pássaros. Ele notou a beleza selvagem da paisagem e sentiu um leve aroma de terra molhada no ar. Apesar da estranheza da situação, uma sensação de familiaridade sutil pairava sobre aquele lugar.

Damon quebrou o silêncio, pedindo para Dylan descer do carro e segui-lo até a casinha. Enquanto descia, Dylan permanecia alerta a cada movimento ao seu redor, mantendo sua postura firme e determinada. Ele se recusava a demonstrar fraqueza diante de Damon, mesmo sem saber ao certo o que os aguardava naquela casinha isolada.

Damon levou Dylan para dentro da casa e, ao chegarem lá, Dylan notou imediatamente a organização impecável do ambiente, bem como o agradável cheiro de produtos de limpeza que pairava no ar, indicando que a casa acabara de ser cuidadosamente limpa. Esses detalhes aumentaram ainda mais a sensação de estranheza e apreensão de Dylan.

Damon conduziu Dylan até uma porta no interior da casa. Ao abri-la, revelou-se uma escada que levava a vários degraus, descendo diretamente para um porão. Dylan sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao contemplar a escuridão que se estendia diante dele.

Ao descerem os degraus, a luz fraca revelou gradativamente o que estava oculto nas profundezas do porão. Dylan ficou abismado com o que viu. No meio da penumbra, distintas formas humanas surgiram diante dele, imóveis e silenciosos. Seu coração acelerou enquanto tentava compreender a natureza perturbadora daquela descoberta.

Damon permanecia impassível ao lado de Dylan, observando sua reação com interesse calculado. O silêncio era opressivo, preenchendo o ambiente com uma tensão palpável.

Dylan ficou petrificado diante do homem acorrentado, cujos olhos suplicantes buscavam desesperadamente por compaixão. No entanto, o olhar sinistro e sádico que emanava dos olhos de Damon era aterrorizante, como se ele estivesse se regozijando com o sofrimento alheio.

O apelo angustiado ecoava no porão, contrastando com a expressão cruel de Damon, que parecia encontrar prazer na agonia alheia. Uma sensação de repulsa e horror tomou conta de Dylan, enquanto ele lutava para conter as emoções tumultuadas que surgiam dentro de si.

Ao tentar desesperadamente recuar e escapar daquela cena aterradora, Dylan mal teve a chance de colocar o pé no primeiro degrau quando foi bruscamente agarrado por Damon. Seus esforços para se libertar foram em vão, pois a força do outro era avassaladora. O pânico crescente dentro dele era quase palpável, enquanto se via aprisionado naquele lugar sombrio ao lado de alguém cuja verdadeira natureza se revelava cada vez mais perturbadora.

A tensão no ambiente era sufocante, prenunciando acontecimentos ainda mais sombrios.

Enquanto Dylan lutava para se libertar do agarre de Damon, uma onda de sensações conflitantes o invadiu. O pânico diante da situação aterradora se mesclava com uma estranha excitação, um prazer sádico que ele tentava reprimir. Era como se algo sombrio e incontrolável se agitasse em seu interior, despertado por aquela cena perturbadora.

Damon, com um sorriso macabro nos lábios, encarou Dylan com olhos penetrantes, como se buscasse algo além do medo em sua expressão.

_Você também sente prazer, não é? Em ver a dor alheia? - indagou ele, sua voz carregada de um sinistro desafio.

Dylan sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto as palavras de Damon ecoavam em sua mente. Era como se uma parte obscura de si mesmo fosse exposta à luz, uma faceta que ele tentara manter oculta por tanto tempo. As lembranças dos dias sombrios ao lado de Alastor e das vítimas do tal ressurgiram em sua mente, despertando um turbilhão de emoções contraditórias.

_Sim, murmurou Dylan, sua voz carregada de uma confissão sombria. _Sim, eu sinto... prazer.

A revelação ecoou no porão sombrio, preenchendo o ar carregado com uma aura ainda mais densa e perturbadora. Tudo parecia suspenso no tempo, enquanto o peso das palavras ditas pairava entre eles, transformando a atmosfera em algo palpável e opressivo.

A cada instante, a situação se tornava mais complexa e sinistra, revelando camadas ocultas nos personagens e lançando-os em um abismo de dilemas morais e psicológicos.

Damon, tomado por uma mistura avassaladora de choque e êxtase, sentiu-se invadido por uma emoção que há muito tempo julgava ser inalcançável. Era como se, finalmente, encontrasse alguém que compartilhasse de sua loucura, alguém cuja escuridão se entrelaça com  à sua própria. Um turbilhão de emoções o envolveu, despertando um anseio profundo e primal que o consumia por dentro.

Sem pensar nas consequências ou no perigo iminente, Damon puxou Dylan pelo pulso e o envolveu em um beijo intenso e prazeroso. Era como se, naquele momento, a realidade que se distorce ao redor deles, criando um universo particular onde as regras da moralidade e da sanidade não mais se aplicavam.

A sensação de descobrir alguém tão desequilibrado e sedento por caos quanto ele era intoxicante, preenchendo cada fibra de seu ser com uma excitação proibida e perigosa. O beijo era um mergulho em um abismo de prazer e escuridão, uma dança perigosa entre dois espíritos atormentados.

Enquanto isso, a atmosfera no porão parecia carregada com a eletricidade daquele momento inesperado, o ar pesado com a tensão crescente entre os dois homens cujas mentes mergulhavam em um abismo sombrio.