Parte 1: O Peso da Verdade
O trem seguia seu trajeto pelos trilhos de Tóquio, serpenteando entre edifícios altos e arranha-céus enquanto o sol começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e púrpura. O vagão estava relativamente cheio, com alguns passageiros em pé, segurando-se nos suportes suspensos, mas Soohyun, Sayuri e Akari conseguiram um assento no fundo, onde a conversa se desenrolava em tons baixos e hesitantes.
Akari estava sentada próxima à janela, seus olhos acompanhando a paisagem que passava em um borrão de luzes e sombras. Havia uma mistura de ansiedade e incerteza em seu rosto, como se lutasse internamente com uma decisão ainda não tomada. Sayuri, ao seu lado, observava-a atentamente, percebendo a tensão em seus ombros.
Soohyun, sentado ao lado de Sayuri, sentia o peso do silêncio que pairava entre eles. Ele sabia que Akari estava nervosa com o encontro que se aproximava, mas ele também tinha suas próprias preocupações. Precisava contar à mãe sobre seu relacionamento com Sayuri, algo que vinha adiando há algum tempo.
Soohyun: olhando para Akari, tentando quebrar o silêncio Akari... sei que você deve estar ansiosa sobre conhecer minha mãe. Não precisa se sentir pressionada a contar tudo. Só o que você se sentir confortável.
Akari assentiu, sem desviar o olhar da janela, mas era claro que suas emoções estavam à flor da pele. Ela respirou fundo, como se quisesse dizer algo, mas hesitou, suas mãos entrelaçando-se no colo.
Akari: com uma expressão incerta É... eu sei, Soohyun. Mas... é difícil. Eu não sei se devo contar tudo de uma vez... ou se é melhor não dizer nada.
Sayuri se aproximou de Akari, colocando uma mão gentil em seu ombro.
Sayuri: sorrindo suavemente, tentando tranquilizá-la Vai ficar tudo bem, Akari. Talvez seja melhor esperar para ver como as coisas fluem. Às vezes, a verdade se revela no momento certo, sem que a gente precise forçar.
O trem começou a desacelerar enquanto se aproximava de uma estação, o som dos freios sibilando suavemente. Akari olhou para o reflexo de Sayuri e Soohyun na janela, vendo a forma como se olhavam com tanta confiança e afeto. Isso a fez pensar em tudo o que estava em jogo as conexões que havia começado a formar e o peso da verdade que carregava.
Akari: respirando fundo, tentando se tranquilizar E quanto a você, Soohyun? Você vai contar sobre... vocês dois?
Soohyun desviou o olhar por um momento, como se estivesse considerando suas palavras.
Soohyun: suspirando, tentando manter a calma Sim. Já passou da hora, eu acho. Minha mãe é incrível, e sei que vai entender, mas... sempre há um pouco de nervosismo, sabe?
Sayuri apertou a mão de Soohyun com carinho, transmitindo confiança.
Sayuri: com um sorriso encorajador Tenho certeza de que ela vai adorar saber. E nós vamos estar lá juntos para lidar com isso.
O trem retomou a marcha, deixando para trás a estação, e as luzes da cidade começaram a brilhar mais intensamente, criando um contraste vibrante com o céu escurecido. Akari suspirou novamente, virando-se para olhar diretamente para eles.
Akari: com um sorriso tímido, mas determinada Obrigada por estarem comigo. Não sei o que vai acontecer, mas... acho que estou pronta para enfrentar o que vier.
Sayuri sorriu, e Soohyun assentiu, sentindo uma onda de alívio ao ver que Akari estava disposta a seguir em frente.
Sayuri: tentando animar o grupo Isso mesmo! Estamos juntos nisso, e nada pode nos parar!
O trem continuava seu trajeto, a vibração suave das rodas nos trilhos começava a dissipar a tensão, substituindo-a por uma sensação de expectativa. Todos sabiam que o encontro com Minji Park, a mãe de Soohyun, seria um ponto decisivo. Eles só não sabiam como tudo iria se desenrolar.
O coração de Soohyun batia mais rápido à medida que se aproximavam da estação final. Ele olhou para Sayuri, sentindo uma onda de carinho e determinação.
Soohyun: determinado, com um leve sorriso Vamos lá. Acho que chegou a hora de sermos honestos com o que sentimos e com quem somos.
O trem finalmente parou suavemente, e as portas se abriram. Soohyun, Sayuri, e Akari desceram, prontos para enfrentar as incertezas que os aguardavam.
Ao saírem do trem, uma leve brisa noturna acariciou seus rostos. As ruas estavam tranquilas, com apenas o som distante dos trens passando e o murmúrio suave de conversas de pessoas ao longe. Soohyun liderou o caminho, passos firmes, mas seu coração batia mais rápido do que ele gostaria de admitir. Ele podia sentir a tensão no ar, a mistura de ansiedade e expectativa que envolvia o grupo.
Sayuri caminhava ao lado dele, segurando sua mão com firmeza, como se quisesse transmitir força e segurança. Akari seguia logo atrás, seus olhos atentos a cada detalhe ao redor, absorvendo a atmosfera do bairro residencial.
Sayuri: olhando ao redor, tentando aliviar o clima Este lugar é tão calmo... gosto do som do vento passando pelas árvores.
Soohyun sorriu levemente, concordando com a cabeça.
Soohyun: sorrindo Sim, é tranquilo... é por isso que gosto de morar aqui. Minha mãe sempre diz que esse é o tipo de lugar onde podemos ouvir nossos próprios pensamentos.
Akari sorriu, mas ainda parecia um pouco distraída, absorvida em seus próprios pensamentos.
Akari: sussurrando, mais para si mesma do que para os outros Ouvir nossos próprios pensamentos... seria bom.
Chegaram à entrada da casa de Soohyun, uma modesta residência de dois andares, com uma pequena varanda e um jardim na frente. As luzes da sala estavam acesas, e Soohyun sabia que sua mãe estava em casa. Ele parou por um momento, respirando fundo, como se estivesse reunindo coragem para o que estava por vir.
Soohyun: virando-se para as duas Certo... estamos aqui. Vamos entrar.
Sayuri apertou a mão dele suavemente, oferecendo um sorriso de apoio.
Sayuri: com confiança Vai dar tudo certo. Estamos com você.
Akari assentiu, tentando esconder a apreensão em seu rosto.
Akari: tentando parecer tranquila Sim, vamos lá.
Soohyun abriu a porta de entrada, e os três entraram. O interior da casa estava quente e acolhedor, com o cheiro de chá recém-feito preenchendo o ar. Minji Natsukawa, a mãe de Soohyun, estava sentada na sala de estar, lendo um livro. Ao ouvir o barulho da porta, ela levantou o olhar, um sorriso caloroso aparecendo em seus lábios ao ver o filho.
Minji: levantando-se, surpresa e contente Soohyun! Que bom que você chegou. E trouxe visitas!
Soohyun sorriu, embora seu coração batesse ainda mais rápido.
Soohyun: tentando manter a calma Oi, mãe. Esta é Sayuri, vocês já se conhecem praticamente. E esta é Akari Tachibana.
Minji piscou, surpresa, mas logo seu sorriso se alargou. Ela se aproximou de Sayuri e Akari, estendendo a mão de maneira calorosa.
Minji: com um tom acolhedor É um prazer conhecer vocês duas! Sayuri, Soohyun tem falado muito de você. E Akari, é sempre bom conhecer novos amigos do meu filho.
Sayuri apertou a mão dela, sorrindo educadamente.
Sayuri: cordialmente É um enorme prazer te ver novamente, senhora Park. Soohyun sempre fala com bastante carinho da senhora.
Akari fez o mesmo, tentando parecer à vontade.
Akari: um pouco nervosa, mas amigável É um prazer, senhora Park.
Minji gesticulou para que se sentassem, ainda sorrindo, mas seus olhos atentos não deixavam de notar as emoções conflitantes em seus rostos.
Minji: com curiosidade Então, o que traz vocês aqui hoje? Espero que estejam com fome, porque eu estava prestes a preparar o jantar.
Soohyun trocou um olhar rápido com Sayuri e Akari, sentindo a tensão aumentar levemente. Este era o momento que ele temia e aguardava ao mesmo tempo. Precisava ser honesto.
Soohyun: respirando fundo, tentando encontrar as palavras certas Mãe, eu... tem algo que eu queria te contar.
Minji inclinou-se um pouco para frente, curiosa, mas com um olhar compreensivo.
Minji: com um sorriso gentil Claro, querido. O que foi?
Soohyun apertou a mão de Sayuri, sentindo a confiança dela ao seu lado, e decidiu falar.
Soohyun: determinado, mas nervoso Eu e Sayuri... nós estamos namorando. Eu segui o que você tinha dito.
Minji piscou, um misto de surpresa e alegria brilhando em seus olhos.
Minji: com um sorriso caloroso Oh, Soohyun... fico tão feliz por você!
Ela se virou para Sayuri, pegando as mãos de Sayuri com gentileza.
Minji: Seja bem-vinda à família, Sayuri. Estou muito feliz por tê-la como minha nora.
Sayuri sorriu, aliviada.
Sayuri: com um tom sincero Obrigada, senhora Park. É um prazer fazer parte da vida de Soohyun.
Akari observava a interação, sentindo uma pontada de alívio, mas ainda havia uma questão que precisava ser enfrentada. Ela sabia que este momento de revelação entre Soohyun e sua mãe poderia ser um bom prelúdio para o que ela mesma teria que revelar.
Enquanto Minji continuava a conversar com Sayuri, Akari respirou fundo, sentindo o coração bater acelerado em seu peito. Ela sabia que tinha que decidir, ali, naquele momento, se diria a verdade ou se manteria seu segredo, pelo menos por enquanto.
Akari: pensando, com um turbilhão de emoções em sua mente "Será que devo contar tudo? Ou esperar por um momento mais oportuno?"
Minji se virou para Akari, interrompendo seus pensamentos.
Minji: curiosa, mas amigável E você, Akari? Me conte um pouco sobre você. De onde você é?
Akari sentiu todos os olhares voltados para ela, esperando sua resposta. Ela engoliu em seco, sentindo o peso de sua decisão. Poderia usar aquela oportunidade para revelar a verdade ou seguir o conselho de Sayuri e esperar o momento certo. Ela olhou para Soohyun, buscando apoio em seus olhos, e sabia que não podia mais adiar.
Akari: respirando fundo, finalmente decidida Bem, eu… eu venho de um lugar um pouco diferente. Talvez seja uma longa história, mas… estou pronta para contar, se vocês quiserem ouvir.
Parte 2: Dadá à largada
Minji sorriu, curiosa, mas acolhedora.
Minji: com um olhar encorajador Claro, Akari. Temos tempo. Conte o que quiser. Estamos todos aqui para ouvir.
Akari sentiu uma onda de coragem surgir. Talvez esse fosse o momento certo para ela abrir o coração.
Akari respirou fundo mais uma vez, sentindo seu coração acelerar enquanto reunia a coragem necessária para abrir o coração e revelar a verdade. As palavras pareciam presas em sua garganta, como se cada sílaba fosse um peso que ela precisava erguer.
Akari: hesitante, mas determinada Bem… na verdade, é mais do que uma história comum. E... é algo que envolve todos nós aqui, especialmente a senhora, Minji.
Minji franziu levemente o cenho, ainda com um sorriso no rosto, mas claramente intrigada pela seriedade no tom de Akari.
Minji: curiosa Ah, é mesmo? Como assim?
Akari engoliu em seco e sentiu os olhos de Soohyun e Sayuri voltados para ela, cheios de expectativa e preocupação. Ela sabia que não havia mais volta.
Akari: tentando manter a calma Eu... eu sei que isso vai soar muito estranho, mas... Senhora Natsukawa, eu sou sua filha.
Um silêncio pesado tomou conta da sala. Minji piscou, confusa, como se tivesse ouvido errado.
Minji: rindo suavemente, achando que era uma brincadeira Minha filha? Ah, querida, isso é... um pouco difícil de acreditar, não acha? Eu só tenho o Soohyun.
Akari balançou a cabeça, tentando manter a firmeza.
Akari: com uma voz mais firme Eu sei que parece loucura. Mas é verdade. Meu nome é Akari... e eu sou filha sua com um homem chamado Locart. Ele era… ele é… um celestial.
Minji franziu o cenho, o sorriso desaparecendo aos poucos, substituído por uma expressão de perplexidade.
Minji: ainda incrédula Locart...? Isso é algum tipo de brincadeira, Soohyun?
Soohyun, que até então estava calado, sentiu a urgência em seu peito e balançou a cabeça vigorosamente.
Soohyun: sério Não, mãe. Não é uma brincadeira. Akari está falando a verdade.
Minji ficou em silêncio, sua mente claramente processando as informações conflitantes. Ela olhou de Akari para Soohyun, depois para Sayuri, que apenas assentiu levemente, confirmando que não era uma piada.
Minji: com uma expressão perplexa e um pouco defensiva Mas… como isso é possível? Eu nunca estive com ninguém chamado Locart. E por que ele nunca… por que ele nunca me contou que tive uma filha?
Akari sentiu a pressão em seu peito aumentar, mas continuou.
Akari: sincera, mas emocional Eu sei que é difícil de acreditar, e talvez não faça sentido agora… mas Locart, ele… ele se apaixonou pela senhora há 18 anos atrás. E… houve um incidente, algo que está além do que eu mesma entenda completamente. Fui levada de você e criada em um lugar diferente…
Minji levou a mão à boca, sua mente começou a ser bombardeada com memórias do passado... um passado pelo qual ela não havia lembrado, até agora.
Minji: murmurando, tentando se lembrar Eu… me lembro de um homem… um jovem que eu conheci uma vez. Um visitante em Seul, quando eu ainda morava na Coreia do Sul antes de eu conhecer o pai do Soohyun. Ele… havia algo nele que parecia fora do comum. Mas... eu nunca soube… nunca imaginei… eu... estou tão confusa.
Soohyun observou sua mãe com preocupação, tentando encontrar palavras para confortá-la.
Soohyun: suavemente Mãe, nós também estamos tentando entender tudo isso. Mas, até onde sabemos, Akari é da nossa família.
Minji se sentou lentamente, como se suas pernas estivessem fracas. Ela olhou para Akari, seus olhos cheios de perguntas.
Minji: com a voz tremendo Por que… por que ele esconderia você de mim? E como você veio parar aqui, agora, depois de tanto tempo?
Akari engoliu em seco, as lágrimas começando a encher seus olhos.
Akari: emocionada, mas tentando explicar Ele… ele disse que era para proteger a senhora, para que nada de ruim acontecesse… mas eu não sei… talvez tenha sido egoísmo, ou talvez… medo. E eu só descobri quem você era quando… quando me encontrei com Soohyun, e tudo começou a fazer sentido.
Minji levou uma mão ao peito, como se sentisse uma dor que ela não sabia de onde vinha. Sayuri se aproximou, colocando uma mão suavemente no ombro de Minji, tentando confortá-la.
Sayuri: com empatia Senhora Park… sei que é muita coisa para processar agora. Mas Akari só quer… só quer conhecer você, ter uma chance de entender sua própria história.
Minji olhou para Akari, uma mistura de dor, confusão e esperança em seus olhos.
Minji: suavemente, mas com lágrimas nos olhos Se… se você realmente é minha filha… então eu… eu quero saber tudo. Quero entender. E quero… te conhecer.
Akari não conseguiu mais conter as lágrimas. Ela se aproximou de Minji lentamente, e, em um momento de coragem, estendeu a mão.
Akari: com a voz trêmula Eu só quero… uma chance de ser sua filha… se você me aceitar.
Minji hesitou por um breve momento, mas então, com um suspiro, suas memórias do passado foram completamente restauradas e ela havia se lembrado de tudo que passou ao lado de Locart, dos momentos felizes que teve ao lado dele e do momento em que sua filha nasceu. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela puxou Akari para um abraço apertado, sem mais palavras, apenas deixando as emoções falarem por si.
Minji: caindo em lágrimas Eu me lembro... eu me lembro minha filha... Akari... era o nome da minha mãe...
Akari: também caindo em lágrimas Tachibana era o nome... da estrela favorita do papai.
Soohyun e Sayuri observavam em silêncio, sentindo o peso do momento, sabendo que, independentemente das dúvidas e do choque, algo importante havia acontecido ali. Algo que mudaria suas vidas para sempre.
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Fim do capítulo 14.