Com o término do pronunciamento de Carlos, Estefan se levantou novamente, e bradou com voz forte:
"Não, isso não é tudo. Se nós ama tanto para que esse teste? Se sabe que é bom para nós vos amar, para que prova?"
Os Ofanis indecisos, ao término dessa fala, ficaram ainda mais pensativos e, depois de um momento, se levantaram dizendo: "É verdade! É verdade! Pra que essa prova? Por que tantos segredos? O criador pode não ser o que diz." O semblante de indecisão mudou para raiva e rejeição, com rostos embravecidos, demostrando uma raiva sem sentido.
Carlos entristeceu-se, olhando para cada um daqueles que o atacavam. Um desânimo o atingiu, seu semblante mudou imediatamente, um ar de severidade e tristeza caiu sobre ele. Sentiu seu coração batendo forte e lentamente, seu corpo começou a formigar e suas mãos a tremer.
Estefan então continuou, com ainda mais confiança: "Se somos verdadeiramente livres, qual o problema de agirmos por nós mesmo? Não queremos aceitar o seu amor, queremos nós mesmo criar e comandar, queremos se como tu." Isso atiçou ainda mais as chamas da revolta.
Os que decidiram por rejeitar o amor de Carlos, começaram a gritar como um exército feroz. E Carlos estava tomado por pensamentos.
'Por que toda essa revolta? Eu os fiz o bem e mesmo assim eles me rejeitam. Lembro-me de minha primeira paixão. Eu procurava agradá-la em tudo, e mesmo assim ela se negará a me entregar seu coração. Novamente experimento esse sentimento amargo. Aqueles a quem amamos são os que mais nós ferem.' Esses pensamentos estavam distraindo momentaneamente Carlos.
"Deixai-nos!" Gritou Estefan com furor, "Queremos ser nós mesmos os criadores. Queremos ser verdadeiramente livres, e ter nossos desígnios realizados. Tu nos fizeste poderosos, e assim, usaremos este mesmo poder afim de nos satisfazer."
Os Ofanis fiéis ouvindo isto, ficaram imensamente triste e irados. Cada afronta a Carlos os deixavam constrangidos. Clamavam fortemente afim de que Carlos parasse com tudo aquilo.
Nael viu que o brilho de Carlos continuava intocado, mas que emanava um algo triste. Então, ele se apresentou diante do trono, lançou-se aos pés de Carlos e disse:
"Criador, não vos entristeça com essa loucura. Olhai aos que vos amam, eu desejo primeiramente alegrar vosso coração amável. Deste nos a vida, e nos cumulaste de bens, tudo isso devemos a vós. Queremos vos amar. Vê-de que o número dos que vos amam é imensamente maior dos que vos rejeitam."
Carlos abaixou o olhar até Nael, e viu sua humildade. Seus olhos marejados começaram a secar, e sua tristeza verteu-se em alegria, inxorimida por um belo sorriso de consolo.
"Sim Nael," disse Carlos ainda se recuperando da traição, "verdadeiramente sois bendito. Não negaste teu amor, e creste no meu amor, tornando-se merecedor de mim. Saiba que vos darei minha força, e tu serás sinônimo de minha vontade."
Nael ouvindo isso, levantou-se, e gritou alegremente, louvando e bendizendo seu criador. Então olhando para os Ofanis fiéis: "Amemos e louvemos ao criador, sua imensa misericórdia e mansidão nos é favorável. Sem ele o que seríamos nós? Nada do que existe viria sem ele. Façamos de tudo para o agradar, e ele nos dará suprema felicidade!"
Todos os bons, ao ouvirem doce clamor, se animaram. Gritos e gargalhadas tomaram o ar, eram como o canto de milhares de pássaros. Sorriam alegremente, fitando seus olhares amorosos em Carlos.
Assim Nael abriu suas sete asas de cor ouro rosado, preparando-se valentemente para os atingir com uma palavra de verdade. Fez se silêncio, e todos pararam para ouvir aquelas palavras que sairiam da boca de Nael.