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Chapter 13 - Quem é você?

Alexia está no quarto com Benício, hoje ela terminou de ler mais um romance para ele, no antigo quarto dele, Vanusa conservou impecável, como se ele nunca tivesse ido embora, havia vários livros de romance clássicos, um mais emocionante que o outro.

Caminhando na prateleira onde fica os livros, ela vê um num cantinho, quase abandonado.

— Olha, quer dizer que o senhor dorminhoco é romântico.— Ela folheia algumas páginas até que dentro dele cai uma foto, ela abaixa-se e pega curiosa.— nossa, a amizade de vocês parece ser bonita.— Ela olha a foto com Dafne, Pedro e Benício, os três num bar, sorridentes e felizes, Dafne sentada no colo de Benício com as mãos no ombro de Pedro.— Por que eu não consigo gostar dessa mulher? O que tem nela que me incomoda tanto? — Alexia resmunga baixinho, sentando na cadeira perto da cama, ela olha para ele e volta a encarar a foto.— Precisa estar tão grudada assim, e essa mão agarrado na cintura dela?— Colocando a foto em cima da mesa ela sorri.— Nossa, olha eu com ciúmes, será que eu era ciumenta? Bom, não sei!

Lentamente ela deita no cantinho da cama, sem fazer o menor barulho, como se tivesse medo de acorda-lo. Os seus pequenos e delicados dedos deslizam sobre o rosto do Benício, ela fecha os olhos e desenha o contorno dele, tentando resgatar de algum lugar, que não existe, algo que faça lembrar deles juntos.

— Será que antes do acidente eu te amei tanto assim? Que esse amor foi a única coisa que ficou? Acorda Be, fala pra mim se você também me ama, se o que sua amiga falou é verdade, que íamos nos casar?— Sentando na cama ela se inclina um pouco e da um pequeno beijo no seu rosto.

Todos os dias em 3 anos, ela faz isso, como se fosse uma regra que ela impôs a si mesma, Alexia só sai quando ele está de banho tomado e medicado, o seu amor por ele foi aumentando como nunca já se viu, cada dia que passava ela se culpava ainda mais por ele não acordar, Betina tem uma grande parcela nessa culpa que ela sente, diariamente ela fala que Alexia é culpada por Benício estar nesse estado, bom, realmente, se ele não tivesse com ela no carro, nada disso teria acontecido.

Alexia é querida pelas pessoas da pequena cidade, por sua bondade e generosidade, todos que ouviam seu nome, sabia o quanto a menina jovem e tão medrosa nos primeiros dias, se tornou tão grande, ninguém entendia como uma desconhecida, conseguiu tornar a vida dos moradores, tão mais fácil, trazendo empregos e recurso para o lugar que estava tão abandonado, mesmo não tendo 1 real, ela cresceu e fez uma pequena fortuna, somente com sua inteligência e ajuda das pessoas que a rodeava.

Apesar de não se lembrar como ela era, Alexia não deixa ninguém passar a perna nela, como se um lado seu estivesse gritando para se revelar, mas por algum motivo se mantia escondido...

Semanas depois...

Chegando novamente na casa, depois de um longo dia na empresa, ela tira a sua roupa e entra no banho, já era costume ela se trocar perto de Benício, se sentindo tão avontade que não se importava de sair do banho nua.

— Você acredita que sua amiga disse que queria entrar de sociedade comigo e com os gêmeos? Não sei até onde eu a conhecia, mas não faço a mínima questão de trabalhar com ela. Em três anos nunca consegui confiar nela, nem naquele marido dela.— Ela fala vestindo sua lingerie, e logo depois passando seu hidratante pelo corpo, ela para nós pés da cama e fica olhando para Benício, conforme conversa com ele, parece que sua expressão facial mudava, com os olhos abertos ele fica olhando diretamente para ela.— Sabe! Algo em mim, diz que não devo confiar nela, mesmo que nunca tenha me feito nada.— Ela observa o rosto dele, e percebe que um lado dele estava tremendo.— Amor você está bem?— Checando seus sinais nas máquinas que ela achou que estava ligada, Alexia percebe que ja faz um tempo os aparelhos não estavam conectados nele, ela olha no monitor a data do último dia. — Como assim? Ninguém me falou nada.

Alexia veste seu vestido rápido e sai atrás da Vanusa. O que ela não sabia era que já havia um tempo que ele não estava ligado nos aparelhos, a enfermeira falou para a vó do Benício, pois quando ia falar com Vanusa ela estava no telefone e não quis incomodar, mas o que a enfermeira não tinha prestado atenção, era que a doce velhinha sofria de alzarmer, na mesma hora que ela estava bem, não sabia nem quem era.

Cada dia a clínica mandava uma enfermeira diferente, Vanusa pediu uma fixa, mas como não tinha nenhuma disponível, mandavam a que estava na escala, durante todos os dias elas iam colocar o soro e a sonda onde ele se alimentava.

Ja tinha mais de quatro semanas que Benício havia acordado do coma, mas não se mexia, ouvia tudo o que as pessoas falavam, todas as pessoas que vinham para ve-lo, ele reconhecia. Mas somente uma voz, havia uma única mulher, ele não sabia quem era, e por que ela sentia tanta liberdade de chama-lo de amor, de ficar nua na sua frente, e por que todos os dias ela deita no seu peito e chorava, ele mesmo sem saber adorava ouvir ela lendo para ele, sentir seus carinhos, sentir seu perfume que com o decorrer dos dias ele ficava ansioso para quando ela chegasse do trabalho, pois era os momentos mais gostoso do seu dia.

Benício estava como se tivessem dado uma engessão, pois seu corpo estava paralisado.

Ele queria falar, gritar, se mexer, mas nada obedecia os seus comandados, seus pensamentos estavam a mil, perguntas e mais perguntas, mas nenhum som saia da sua voz.

Vanusa entra eufórica, gritando todos da casa, chamando e falando com Benício, mas seus olhos estão parados num único ponto, na bela mulher com os olhos tão azuis como o céu, os seus cabelos negros que hoje já estão batendo um pouco abaixo da cintura, o seu corpo todo desenhado pelo fino tecido que cobria ele, como se estivesse hipnotizado, a imagem dela nua a minutos atrás não sai da sua cabeça.

— Filho, fala comigo por favor.— Vanusa segura no rosto dele fazendo ele voltar a si, mas foi por segundos, logo os seus olhos voltam em direção da Alexia novamente.

— Quem é você?— com a voz baixa e um pouco rouca ele fala encarando ela.

— Meu Deus, ele falou filha, ele falou.— Vanusa grita sem parar — É a Alexia filho, sua namorada.— Ela leva a mão na boca assustada.— Meu Deus, vai me dizer que você perdeu a memória também?