O retorno para casa ocorreu de forma tranquila, Seu corpo não sofreu nenhum ferimento que as poções de cura do sistema que consumiu não tenha conseguido sanar. Embora sua mente e seu coração ainda estejam processando tudo que aconteceu durante essas últimas horas, a determinação que descobriu após passar por essas experiências não sofreu nenhuma alteração. Quando chega em seu apartamento já é manhã de sábado, a viagem de ônibus foi revigorante levando em conta que Gael dormiu todo o caminho de volta, o resto do caminho foi feito a pé, o que ele aproveitou para concluir parte de sua missão diária, o resto foi feito após uma refeição acalorada marcada pelas reclamações de Fyrvax de como a comida de Gael parece lixo se comparada a da mãe dele. Gael teve o resto do dia de folga, graças aos seus atributos fortalecidos pelo ganho de níveis e constantes conclusões de suas missões nas últimas semanas, os exercícios que lhe pareciam impossíveis antes, agora são completados em questão de minutos.
Sua mente ainda estava um pouco pesada pela sobrecarga de experiências que teve ultimamente, e seu coração ainda está conflituoso devido a estranha e incomum determinação que o inunda. Diante dessas novas perspectivas e percepções, Gael decidiu fazer algo que não fazia a muito tempo. No início da noite de sábado, que dedicou apenas ao seu lazer, ele tirou uma caixa escondida sobre seu armário de roupas. Dentro dessa caixa estava um dos objetos mais importantes que já teve, o qual não usava a mais de dois anos, seu telescópio. Diante do céu noturno, Gael que não tinha certeza se ainda sabia como operá-lo, o montou no telhado de seu apartamento. Observando-o curioso o dragão continuava a observá-lo.
Fyrvax: Então é essa a ferramenta que os sábios das estrelas usam em seu mundo? - O dragão flutua ao redor de Gael e de seu telescópio estudando os componentes delicados que ele maneja na tentativa de se lembrar com exatidão como se usa.
Gael: Sim. Se os sábios das estrelas forem o que eu tô pensando, sim.. - Aos poucos ele consegue montar a estrutura que sustenta o telescópio tentando não se deixar distrair pelo olhar atento do curioso dragão que parece julgar tudo que ele está fazendo.
Fyrvax: Sábios das estrelas, são os que estudam os astros e corpos celestes da criação… Acredito que a astronomia que citou quando visitamos a sua mãe seja o equivalente a essa profissão em seu mundo.
Gael: Então é sim, mas imagino que nos outros mundos, esses sábios das estrelas usam magia também. Então deve ser muito diferente do que o que a gente faz aqui na Terra. -Finalmente ele consegue fixar corretamente o suporte do telescópio corretamente. O corpo do telescópio está fixado firmemente em seu suporte. A lente está limpa e Gael finalmente se posiciona para começar a usá-lo.
Fyrvax: Não estudei as ocupações de um sábio das estrelas, mas quase todos eles eram afiliados a reinos como magos de corte. Não é uma profissão muito comum na realidade. - O dragão observa Gael colocando um de seus olhos sobre o ocular do instrumento.
Gael: Aqui também não… - Fyrvax observa algumas palavras escritas na lateral do corpo principal do instrumento, O dragão aprendeu a ler portugues enquanto esperava Gael cumprir suas missões diárias, Embora tenha mostrado uma proficiência extrema no aprendizado de línguas, os livros tiveram de ser comprados por Gael.
Fyrvax: Quem é Jorge?! - Gael se assusta com a pergunta, estava tão habituado com o telescópio que até se esquecera das palavras gravadas nele.
Gael: Ah, é… Jorge é o meu falecido pai. Foi ele quem me deu esse telescópio.
Fyrvax: Sem a escuridão, as estrelas não podem brilhar…- Leu os dizeres que antecedem o nome do pai de Gael. - Seu pai não era um sábio das estrelas, não é?!
Gael: Isso é tipo uma frase motivacional que o pessoal costuma usar. Ele me deu isso quando eu fiz quinze anos. - Gael conseguiu visualizar Vênus. O planeta distante parece tão pacifico, passa certa tranquilidade ao seu coração turbulento. - Você tá lendo muito bem! Daqui a pouco vai conseguir conversar comigo sem precisar da habilidade de poliglota.
Fyrvax: Desistiu dos estudos das estrelas devido a morte de seu pai? - Ignorando o elogio de Gael, Fyrvax solta mais uma de suas perguntas curiosas que embora insensíveis, não são dotadas de nenhuma malícia.
Gael: Não… Meu pai era o único que me apoiava em seguir carreira em física. - Gael suspira entre as frases, em parte por estar tentando se concentrar em sua tarefa e em parte pelo desconforto em tocar nesse assunto. Não foram muitas as vezes que falou sobre seu pai e sua carreira frustrada de astrônomo em uma única conversa, mas levando em conta a consideração que tem pelo dragão ele não pode deixar de respondê-lo. - Infelizmente eu não consegui uma vaga na turma de física, mas consegui na turma de astronomia. Depois que ele morreu eu fiquei bastante motivado para falar a verdade, eu até me formei na faculdade de astronomia mesmo que a principio eu não quisesse cursar essa matéria… - Ele consegue observar Mercúrio agora. - Mas não consegui nenhuma vaga na área e tive que arrumar outro para pagar minhas contas. Como fui emancipado eu não ia voltar a morar com minha mãe de jeito nenhum.
O dragão permanece em silêncio esperando a conclusão.
Gael: Era pra ser só por um tempo… até que eu conseguisse um trabalho na área… Acho que me acomodei naquele emprego e eu até parei de procurar outro serviço na área… Hoje me deu vontade de lembrar de como era tudo isso.
Fyrvax: Foi uma experiência bastante estressante de fato. Por qual motivo vocês estudam as estrelas? Não vejo motivos para sua raça estudá-las, visto que não tem os recursos mágicos ou tecnológicos para de fato explorá-las de forma efetiva. Me parece um grande gasto ineficaz de recursos.
Gael: Eu também não sei por quê isso surgiu, mas nós sempre tivemos curiosidade sobre o desconhecido. Desde que teve um maluco lá atrás que queria saber se o sol girava em torno da terra que o povo não parou de tentar entender como funciona esse universo. - Como Fyrvax se empolga ao poder explicar a Gael sobre a mana que lhe é tão familiar, O dragão também é capaz de notar certa alegria no tom de voz de seu companheiro humano quando ele fala sobre os seres humanos. Um tom que mescla admiração e orgulho.
Fyrvax: E você? Por que escolheu estudar as estrelas? - Por um instante Gael parou de olhar para o planeta que encarava pelo telescópio, como se realmente considerasse a resposta que daria.
Gael: Acho que sempre me senti em paz quando olhava pro céu… - ele deixa escapar um sorriso. - Como se nada do que eu fizesse realmente importasse na verdade… Pra maioria das pessoas esse sentimento de insignificância que toma conta da gente quando se bota no seu devido lugar em comparação com esse universo que a gente faz parte é desanimador, mas pra mim… Eu sempre me senti mais livre. - O dragão consegue notar real satisfação nos olhos do humano. - Quando eu aprendi na escola que cada uma dessas luzes que eu via no céu é na verdade um sol como esse que a gente tem, a minha mente explodiu e eu não conseguia pensar mais em nada. Mais tarde eu descobri que tudo poderia ser explicado pela física e desde então me apaixonei por isso tudo. - Uma imagem do seu eu pequeno e cabeçudo passou pela sua mente em um relance.
Fyrvax: Se apaixonou pelas estrelas? - O dragão como sempre pergunta sem maldade, Gael aprendeu a relevar isso levando em consideração que os mundos dos quais o dragão tirou suas referências e costumes são muito diferentes do que ele está acostumado.
Gael: Pode se dizer que sim… - Gael dá uma gargalhada satisfeita e sincera, como não dava há muito tempo. - Na verdade eu não tinha… ou tenho nenhum sonho grandioso sobre tudo isso. Eu só quero entender como funciona… Tem muita coisa que eu não entendia antes, e agora com você e o sistema tem ainda mais coisas que eu não entendo. Tudo é bem empolgante, sabe?! Conversar com você e visitar esses mundos, por mais que nem sempre seja tão agradável assim, é muito interessante. Me sinto como me sentia quando estava na faculdade. Quando eu era mais idiota... e mais sonhador.
Fyrvax: Compartilho do seu entusiasmo, Gael. - Pela primeira vez em todo esse tempo Fyr se dirige a Gael com seu nome, ou apelido. Agora o dragão o vê uma real semelhança entre os dois., Consegue ver os interesses e gostos em comum com quem antes era apenas seu objeto de pesquisa. - Acredito que poderemos mutuamente nos ajudar em nossa busca por entendimento, por mais árduo que o caminho possa ser.
Gael e Fyrvax passaram o resto da noite de sábado contemplando as estrelas praticamente em silêncio. Ambos se sentiam confortáveis com o vazio do céu, a distância dos astros e com o silêncio entre eles. Os dois apesar das diferenças conseguiram encontrar muito em comum. Graças ao seu objetivo recém descoberto e ao seu antigo sonho relembrado, Gael pode seguir em frente mesmo sem se esquecer das coisas que viu na caverna dos goblins e fortalecer sua determinação em proteger tudo que deve ser protegido e entender tudo que lhe é desconhecido.
Fyrvax: Sua mana está bastante diferente. Não tinha me atentado anteriormente, mas a frequência de sua mana está bastante similar a minha. Aconteceu algo de diferente durante sua última tarefa divina, não foi? - Gael acordou na tarde de domingo face a face com o dragão, aparentemente além de sua falta de senso de pudor, o dragão desconhece a noção básica de espaço pessoal.
Gael: Eu ganhei mais uma habilidade por ter alcançado o nível vinte… - Bocejo.
" Isso, tá cada vez mais parecido com um jogo. É até um pouco difícil levar tudo isso a sério quando falo desse jeito."
Gael: Também recebi outra pedra rúnica de habilidade, mas nem a usei ainda.
Fyrvax: Isso é uma informação importante. Agradeceria se não esquecesse de me informar todo e qualquer avanço. use sua habilidade recém adquirida… depois de preparar minha refeição. - Fyr é intransigente quando o assunto envolvido são suas refeições ou informações referentes a sua pesquisa. Não adiantaria nada discutir com ele nessa situação.
Mesmo sonolento, Gael preparou o que geralmente faz para satisfazer o apetite voraz do dragão. Salsichas e ovos fritos. Após satisfeito o dragão ainda foi compassivo o suficiente para permitir que ele despertasse por completo após uma xícara de café e um cigarro.
Gael: Ainda não sei como funciona, mas foi como quando eu ganhei a habilidade das garras. Parece que quando eu ganho uma habilidade pelo sistema, ou pela pedra rúnica de habilidade algum tipo de informação é inserida na minha mente a força… E é do mesmo jeito com essa daqui.
Fyrvax: Habilidades mágicas são o uso mais primitivo de mana pelos seres vivos. Pode-se considerar que essas informações que recebe junto a essas novas habilidades dadas pelo sistema como um reflexo instintivo de sua mana e corpo se adequando a essas novas habilidades.Talvez seja parte da sua magia ou não. Use a habilidade que recebeu ao alcançar o vigésimo nível e poderei tirar melhores conclusões.
Como foi quando Gael utilizou as garras de dragão furioso pela primeira vez, a ativação dessa habilidade requer uma quantidade considerável de concentração de sua parte. Unindo sua vontade de ativar essa habilidade em conjunto com as informações que aparentemente recebeu quando a ganhou, ele subitamente sentiu sua mana circular por todo seu corpo. As garras de dragão furioso causam um ardor aconchegante em seus braços enquanto escamas e garras de mana tomam forma e engolem seus membros superiores, mas essa habilidade das escamas passa uma sensação completamente diferente. Não somente seus braços como todo seu corpo é envolvido pela sua mana junto a sensação de estar sendo completamente envolto por metal gelado. Seu corpo passa a sensação de estar mais pesado, porém mesmo assim Gael não tem nenhuma restrição em seus movimentos. A camada de mana que cobre por inteiro é fina e quase invisível, exceto por escamas brilhantes de cor acinzentada que se espalham aleatoriamente por todos os cantos. O dragão o observa surpreso. rodeia seu corpo flutuando enquanto o fitava curioso e animado. Gael pode notar um brilho empolgado em seu olhar.
Fyrvax: Fascinante. Sua mana agora tem uma frequência tão similar a minha…
Gael: Eu ainda não consigo sentir mana por frequência, mas pelo que tá falando agora todo mundo deve ter uma frequência de mana diferente, não é?
Fyrvax: Sua linha de raciocínio está parcialmente correta. A frequência de mana geralmente é única dentro de um mundo, então a mana de seus habitantes é influenciada pela frequência de seus respectivos mundos, embora diferentes raças que habitam um mesmo mundo também possuem diferentes frequências de mana. Em geral uma raça tem uma única frequência, que pode variar se houver também uma variação de subespécies... - O dragão é extremamente eloquente. Diz todas essas palavras sem sequer respirar.
Gael: Então a frequência de mana de um humano é igual a frequência da mana que a Terra emite.
Fyrvax: Precisamente, Inicialmente a sua mana tinha uma frequência muito similar a que está permeando seu mundo pouco a pouco, mas agora ela é muito similar a minha. Acredito que isso esteja relacionado às propriedades de sua magia. - Fyrvax está fascinado com essa situação, nem em suas melhores expectativas ele imaginaria um evento tão incomum. - Os dragões habitam vários mundos, o que por sua vez cria uma grande ramificação de espécies. Como cada espécie é originária de um planeta diferente, existem certas diferenças na mana de cada tipo de dragão, assim como existem certas semelhanças.
Gael: Tá dizendo que eu sou um dragão agora?! - Gael pergunta estranhamente animado enquanto sua habilidade finalmente se desativa e as escamas acinzentadas somem de seu corpo.
Fyrvax: Não precisamente. Sua magia está conformando sua constituição mágica para uma igual a de uma espécie de dragão. Já me encontrei com outras espécies e sua frequência não é similar a de nenhuma outra que já senti. Mas como minha base de comparação não é muito ampla eu não posso afirmar que a sua mana não é similar a de qualquer outro tipo que eu não estudei… As propriedades de sua magia podem só estar imitando a frequência de outra espécie como também pode ter criado uma nova… Tudo isso é bastante interessante.
Gael: Então a gente meio que voltou ao conceito inicial. Não tem como saber se esse tipo de magia que eu tenho seria a mesma que qualquer humano com uma benção de deus dragão teria, do mesmo jeito que não dá pra saber se eu só estou copiando a frequência de mana de uma espécie de dragão que você ainda não conhece. - O raciocínio rápido de Gael deixa Fyrvax a vontade de compartilhar seus conhecimentos. - Mas eu tô estranhando uma coisa… Eu não tenho mana o suficiente para usar essas habilidades direito, faz parecer que embora eu ganhe essas habilidades, conforme eu fique mais forte elas não são feitas para mim. Não acho que uma coisa tão bem feita quanto esse sistema, capaz de representar tão bem as informações de uma pessoa, seria tão desbalanceado.
Fyrvax: Não estava ciente dessa dificuldade que estava enfrentando. Mas isso também é uma característica de nossa constituição. Os dragões não são capazes de exercer um uso preciso de mana, o consumo de energia de nossa espécie é elevado e cheio de desperdício. Embora consigamos contornar essa características com nossas reservas naturalmente grandes de mana. Aparentemente a conformação de sua mana não foi perfeita, você adquiriu essa característica não muito vantajosa da nossa espécie, sem conseguir mimetizar as nossas reservas de mana. Se eu for apenas supor, diria que seu consumo de mana deve ser de oito a dez vezes maior do que seria normalmente se não tivesse mimetizando habilidades de minha espécie.
Gael: Tava bom demais pra ser verdade, mas me deixa até um pouco mais tranquilo saber que até mesmo os dragões não são perfeitos em tudo. - Gael se senta em sua poltrona contemplativo.
Fyrvax: Como disse, nossa constituição é composta por grandes reservas de mana. Esse empecilho só cabe a você que está copiando nossas características com sua magia - O dragão responde asperamente.
Gael: E não tem nenhum jeito de aumentar a minha mana? Com um método externo é claro. Acho que o quanto eu ganho ao investir pontos de atributo em inteligência não vai adiantar de nada.
Fyrvax: Alguns povos conseguem aumentá-la através de meditação e treino, não acredito que esse seja seu caso… - O dragão se lembra das pedras de mana que Gael conseguiu como recompensa de algumas missões diárias. - Os dragões de cristal e dragões montanheses conseguem absorver cristais de mana como aqueles que conseguiu anteriormente, Eles o absorvem por meio de uma característica própria de sua espécie e não por meio de uma habilidade mágica. Talvez consiga realizar algo similar, visto que aparenta ter um conglomerado de características de diferentes espécies… - Os olhos do dragão brilham diante de tal oportunidade de testar os limites do mimetismo dracônico de Gael. Como nunca antes foi registrado tal propriedade de magia, Fyrvax se viu completamente envolto em empolgação por essa oportunidade.
Retirando de seu inventário as poucas pedras de mana que conseguiu Gael às contempla por um instante. O brilho azulado emitido pelas pequenas pedras é quase hipnótico, com algumas runas entalhadas discretamente por todo o corpo das pedras dando a elas um ar envolto em magia. O próprio ar em volta da pedra rúnica é afetado pela grande quantidade de mana comprimida dentro dela, claro que essa quantidade só é alta quando comparada as pequenas e quase insignificantes partículas de mana que a terra está emitindo atualmente. Imaginando que as pedras de mana funcionam exatamente como as pedras rúnicas de habilidade, Gael as juntou em sua mão e as esmagou com força. Elas foram reduzidas à poeira brilhante, mas não foram sopradas pela brisa que invadia o seu apartamento. As pequenas partículas de poeira provindas da pedra de mana se fixaram pela pele de Gael e logo foram completamente absorvidas.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
Pedras de mana menor foram absorvidas com sucesso pelo guardião!
A quantidade de mana que o guardião comporta em seu corpo aumentou em 175 pontos.
Fyrvax: Impressionante. - O dragão o rodeia enquanto flutua, o observando. Ainda esperando alguma reação.
Gael: Nem tanto… - Está levemente decepcionado, claro que qualquer ajuda é bem vinda, mas não esperava que seria tão pouco o acréscimo em sua quantidade de mana. - Aumentou bem pouco na verdade. Tive a impressão de que tinha uma quantidade bem maior de mana dentro das pedras. Achei que ia ganhar no minimo uns 2000 de mana.
Fyrvax: Deveria ficar satisfeito por não ter tido nenhum dos efeitos colaterais. A absorção fraca deve ter sido para evitar qualquer possível dano ao seu organismo. - O dragão explica calmamente.
Gael: Quê?! que efeito colateral sua lagartixa azul?
Fyrvax: Não há com o que se preocupar, afinal de contas o experimento foi um sucesso. Temos que arrumar mais algumas para confirmarmos essa sua capacidade de absorção.
Gael: Para de fazer experimentos, sem me avisar. Eu posso acabar morrendo em uma dessas suas ideias erradas. - Embora exaltado, Gael compartilha da empolgação de Fyrvax.
Fyrvax: Acredito que não. A benção de Forstvax vai garantir a sua boa saúde. - Fyr não tem total certeza disso, mas precisa ainda continuar seus testes. - Agora absorva também a pedra rúnica de habilidade. E eu sou um dragão, não uma lagartixa. Não há como me comparar com aquelas pequenas criaturinhas que rastejam pelo seu apartamento...
Gael: Não vou absorver mais nada, essas pedras de habilidades tem efeitos colaterais também não tem? Pode ir tirando seu cavalinho da chuva.
Pedras rúnicas de habilidades são comumente conhecidas como pequenas bênçãos pelos povos cujo a mana já é parte de suas vidas. Embora a criação delas por meio de mãos mortais já seja viável, apenas grandes mestres conseguem produzi-las. além de conter uma grande quantidade de mana, dentro de todas essas pedras também contém uma grande quantidade de informação que é passada instantaneamente para quem a absorve. Essa quantidade de informação aumenta à medida que a pedra é absorvida por diferentes seres,a acumulando. Em alguns casos raros a habilidade pode sofrer uma evolução, mas na maioria das vezes a quantidade de informação acumulada de vários usuários daquela pedra leva um desavisado ou outro a loucura. Para contornar esse imenso risco, as pedras rúnicas passam por um processo de purificação antes de serem absorvidas. Fyrvax estava ciente desses riscos, mas os ignorou pelo bem de suas descobertas.
Mais tarde, naquele mesmo dia Gael absorveu a pedra rúnica de habilidade cedendo aos argumentos não tão sinceros do dragão.
NOVA HABILIDADE ADQUIRIDA!
HABILIDADE – INTIMIDAR – nível 1
O guardião consegue manipular sua mana de forma ofensiva aos fracos de espírito. Inimigos que tem como alvo essa habilidade tem a chance de se sentirem intimidados pelo guardião. Inimigos intimidados têm dificuldade em iniciar ataques contra o usuário e recebem decréscimo em seus atributos fisicos de 15%. O consumo de mana é de 200 de mana por alvo. Inimigos com nível superior ao do guardião exigem um consumo de mana superior igual a 50 de mana por nível superior ao do usuário.
Além de suas novas habilidades, Gael também trouxe mais um espólio da caverna dos goblins. A espada anteriormente portada pelo líder dos goblins agora está sob a sua posse, embora maltratada e danificada pelo que parece ser alguns bons anos de mal uso a espada mágica ainda permanecia afiada e transbordando uma mana de uma frequência muito destoante de tudo que Gael já sentiu. Tem uma ponta suavemente curvada como era de se esperar de uma lâmina com o seu fio de apenas um lado. Coberta inteiramente de ferrugem e sangue seco o cabo e a guarda da espada são feitos de um metal diferente da lamina. O corpo desses componentes se deformou por completo, principalmente o que deveria ser a guarda da espada, que agora parece apenas um punhado de metal embolado. Gael mal pode imaginar como essa arma era quando foi criada, provavelmente era magnifica. Conforme a descrição do sistema a arma confere um bônus de 30 pontos em seu atributo de ataque. Graças a sua arma mágica Gael e Fyrvax conseguiram entender um pouco mais o sistema, principalmente os seus atributos e como são distribuídos.
É dia 7 de maio, um domingo quente e preguiçoso. Após alguns dias a rotina de Gael mudou completamente se comparado ao que era antes do sistema. Abandonou as tentativas frustradas de desenhar e voltou a semanalmente usar seu telescópio, para observar despretensiosamente as estrelas. A conclusão de suas missões diárias prosseguiu, mas após pesquisar alguns métodos de cuidado com lâminas na internet, Gael passou a polir e limpar sua presa de Revor todos os dias ritualisticamente. Quando teve a ferrugem removida do seu corpo a espada revelou uma cor metálica azulada muito característica, Apesar das partes que compõe o cabo serem de um metal diferente da lamina, o tom de azul de ambos parece contrastar de uma forma a dar uma beleza mistica a essa tão maltratada arma.
Utilizando das recompensas diárias para restabelecer seu estoque de poções mágicas demorou um pouco, mas finalmente ele conseguiu mais uma chave de missão. Levando em consideração a duração de suas últimas missões é completamente possível que ele consiga a concluir a tempo de retornar a esse mundo antes de ter que ir trabalhar no dia seguinte. juntos, Gael e Fyrvax partem em direção ao local designado pela chave.
A chave de missão de categoria B indica que seu uso deve ser realizado na entrada oeste do museu de artes e ofícios no centro da cidade. Ter finalmente a sua chave em mãos o deixa cauteloso, mas Gael não pode se deixar levar por essa apreensão. Embora não saiba o que essa missão lhe aguarda, ele não pode deixar de se encher de empolgação ainda que fique cauteloso. O museu de artes e ofícios da cidade de ouro velho se localizava na parte nordeste do centro comercial da cidade, em um ônibus demoraria pouco mais de quarenta minutos para chegar em condições de trânsito favoráveis, não perdendo tempo ele foi em direção ao ponto. durante o tempo que esperou para receber uma chave de missão, Gael e Fyrvax estudaram de forma intensa os atributos que foram quantificados pelo sistema. Graças a conquista da sua espada mágica e de sua habilidade de imbuir os dois conseguiram entender não somente como o sistema entende o uso de armas mágicas como também a relação entre todos seus atributos.
Sua vitalidade é dez vezes o valor de seu atributo em força, do mesmo jeito que seu vigor é dez vezes o seu atributo em agilidade e sua mana é dez vezes o seu atributo de inteligência somada a quantidade que conseguiu das pedras de mana. Seus atributos de sentido e sorte são independentes, mas ao que tudo indica o seu atributo de sorte não pode ser fortalecido normalmente, visto que ele não lhe é natural. Os outros atributos aos quais ainda ambos não tinham um entendimento pleno eram seus atributos de ataque, ataque mágico, defesa e defesa mágica. No caso do ataque seu valor é igual a sua pontuação em força mais metade de sua agilidade, a defesa é igual a sua pontuação em força. Os atributos de ataque e defesa mágica seguem esses mesmos princípios, porém adicionam metade do atributo de inteligência de Gael. Os dois se dedicaram bastante conduzindo vários testes utilizando a pressa de Revor, a faca de caça mundana de Gael e sua habilidade de imbuir. O trabalho apesar de penoso, foi aproveitado mutuamente pelos dois, mesmo com o passar das horas ambos ficam profundamente contentes apenas de tentar entender todo esse universo que está se abrindo. A abordagem metódica e científica dos dois em conjunto destrincham por completo as nuances do sistema.
A viagem de ônibus foi mais tranquila do que o esperado. Normalmente os meios de transporte públicos ficam mais vazios no domingo, mas Gael não esperava que fosse o único passageiro. A música em seus fones e o percorrer rápido e sem interrupções do trajeto foi relaxante. Ao descer no ponto mais próximo ao museu ele teve que andar por mais uns minutos até chegar à entrada principal. O sol já está brilhando e junto ao frio matutino formam um clima agradável e prazeroso de sentir. Lufadas de vento fresco o atingem por todos os lados e o cheiro de comida vinda dos carrinhos ao redor do museu fazem os estômagos de Gael e Fyr roncam. Ao localizar a entrada oeste ele também se depara com uma barraquinha de sanduíches, ambos param para comer. Claro que tiveram que consumir seus lanches escondidos, mas isso não diminuiu em nada o proveito que tiraram de cada mordida. Logo saciados eles estavam ainda mais dispostos a enfrentar essa tarefa divina.
O sentimento de quando está próximo a uma entrada de missão é sempre a mesma. Um frio na barriga misturando a sensação de que algo o pega pela mente o guiando para a entrada. É sempre abrupto quando ele sente a mana ressoando com a chave que tem em seu inventário. Seus sentidos cada vez mais apurados começam a sentir a sutil diferença na densidade da mana emitida por essa passagem. Comparada às outras que já viu, essa porta o faz sentir como se estivesse atolado em uma lama densa e sufocante. Afinal de contas é uma missão de categoria B. Todo o resto do processo para o início da missão acontece de forma orgânica e natural agora que já sabe como é o processo. A luz brilha e ambos são arrastados para outro mundo, tão distante e hostil quanto qualquer outro.
A mudança de clima não podia ser sentida de forma branda, tão menos a paisagem diferente que foi lhe revelada assim que abriu seus olhos. O confortável frescor matutino deu lugar a um sufocante calor colossal, A sua frente se revelava um mundo que nunca imaginou ver. Ao contrário das outras duas vezes que foi arrastado para uma tarefa divina, Gael foi enviado para um ambiente fechado, como o covil atroz ou a caverna goblinóide, mas dessa vez o mundo ao qual foi parar lhe foi totalmente revelado. Um céu vermelho coberto de nuvens densas que bloqueiam qualquer possível observação das estrelas adorna a atmosfera desse lugar. Gael percebe que devido a essas nuvens, a luminosidade em todo o lugar é derivada apenas de algumas plantas que emitem a sua própria luz, que embora fraca é efetiva. A vegetação é densa embora sem nenhuma folhagem, árvores secas de galhos espinhosos se enrolam umas nas outras formando um teto precário, macabro e hostil. A iluminação é gerada por pequenos cogumelos feios que se espalham pelo chão aleatoriamente. O lugar é desconfortável por si só, embora haja a possibilidade de explorar esse novo mundo ao qual foi enviado, tudo nele diz claramente que esse não é um lugar para se ficar. Além do céu escuro, há algo mais que o impede de se sentir confortável. energia que permeia todo esse mundo é muito diferente do que a da Terra. Essa energia é estranha de diversas maneiras diferentes, parece ter aversão a Gael que sente pontadas em todas as partes de seu corpo só de ficar parado. Até a própria mana deste lugar é agressiva, Gael sabe instintivamente que quanto mais breve for sua estadia nesse mundo, melhor será.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
MISSÃO DE INVASÃO INICIADA
Esse mundo sucumbiu à influência demoníaca e foi dominado pelas forças do deus demônio do vazio. Os deuses soberanos incumbem o guardião de iniciar o processo de purificação desse mundo destruindo uma das fortalezas comandadas por um dos duques demônios fiéis à corrupção imposta por eles. Destrua o duque Aveviaru e todos os seus servos.
Recompensas:
3 pontos em todos os atributos
Caixa de recompensa aleatória superior
Gael: Demônios? - Embora fosse algo que ele já deveria esperar, saber da real e incontestável existência de demônios, poderia fazer qualquer um ficar surpreso.
Fyrvax: Ah, que surpresa agradável! Então percebeu?! - O dragão está agradavelmente surpreso, mas está enganado.
Gael: Percebi o que?! A missão do sistema acabou de aparecer pra mim. Parece que uns deuses soberanos querem que eu destrua… Com ênfase no destruir um tal de duque Aveviaru e todos os servos.
Fyrvax: Que decepcionante! - O dragão está claramente frustrado e não faz questão nenhuma de esconder seu descontentamento, na realidade fyrvax não esconde nada do que pensa ou sente.
Gael: O que?! Já te disse antes pra baixar essas expectativas suas. - Ambos anteriormente entraram em um acordo sobre nunca esperar demais de Gael em qualquer que seja a área. - A mana deste mundo é muito desconfortável… Parece que tá querendo me expulsar daqui.
Fyrvax: Expulsar não… Devorar. - Não parece ser uma piada, afinal até hoje o dragão nunca fez nada parecido.
Gael: Devorar… não literalmente né?!
Fyrvax: Obviamente que não. Os mundos dominados pela raça dos demônios passam por um processo similar a união de mundos. Eles invadem mundos e os inundam com a energia que é natural de seu plano. A energia que é comum no plano Infernal é similar à mana, porém sua frequência é totalmente inversa.
Gael: Tipo uma mana com frequência negativa? - Gael não podia definir melhor. São esses momentos de inesperado entendimento que deixam as expectativas do dragão sobre ele confusas.
Fyrvax: Precisamente. A relação entre mana e essa energia é de extrema aversão. A energia negativa dos planos infernais se alimenta de mana, inclusive a de seres vivos. Junto a invasão eles corrompem os seres vivos os inundado de energia negativa, assim os transformando em demônios. - Um calafrio percorre todo o corpo de Gael. - Quando um mundo é completamente inundado dessa energia negativa, ele se sincroniza com o plano infernal e passa a ser controlado pelos deuses demônios.
Gael: Realmente é bem parecido com a união de mundos. Como eles chamam isso que eles fazem com os mundos?! - Gale está tentando analisar a situação corretamente, embora esteja receoso de aceitar o que passou pela sua mente durante a explicação de Fyr.
Fyrvax: Vários termos são usados pelos mundos que visitei… Os demônios chamam de conquista,mas a maioria das espécies denomina esse processo como corrupção.
" Corrupção.. Se essa energia negativa deles se alimenta de mana, então quer dizer que…" - Gael começa a considerar tudo que lhe foi dito e o que ele viu até agora. Na melhor das hipóteses, o futuro não é dos melhores.
Fyrvax: Sim, um mundo precisa de mana para passar pelo processo de corrupção… - Entendendo a apreensão de seu companheiro, o dragão decide dar fim as possíveis dúvidas que poderiam atrapalhá-lo no cumprimento de sua tarefa divina.
Gael: Então Quando a união de mundos começar de verdade…
Fyrvax: Possivelmente o seu mundo será alvo dos demônios também…- A voz do dragão é fria e indiferente, assim como sua resposta.
Gael: Grandes inimigos né?! - Uma das primeiras palavras do dragão a Gael voltam a sua mente.
Fyrvax: Sim, grandes inimigos…
Gael: Entendi. Então vamos em frente.
Fyrvax: É bom que tenha entendido a situação rapidamente. Não é aconselhável a permanência em mundos como esse, embora esteja teoricamente seguro, já que suas habilidades não externam a sua mana, não é bom arriscar.
Gael: Não esperava que fosse ficar preocupado comigo.
Fyrvax: Estou preocupado com o progresso de nossas experiências… sem você terei de retornar com dados incompletos.
Gael: Tá, tá. não precisa ficar dando desculpas. - A relação de ambos melhorou consideravelmente nas últimas semanas. Fyrvax aos poucos está sendo influenciado pela natureza humana que observa com tanto afinco. O dragão não somente absorveu de Gael o conhecimento que não tinha de sua raça e do sistema, mas também aos poucos e sem perceber passou a se importar com ele. Uma criatura que em situações normais um dragão nunca interagiria, mas que mesmo assim mostrou ter tanto em comum. O sistema não estava apenas transformando aos poucos Gael em um dragão, como também estava moldando Fyrvax para que fosse cada vez mais humano.
Gael avança da melhor forma que pode sendo guiado por Fyrvax, cujo a percepção mágica é tão forte que ele consegue não somente distinguir as diferenças entre frequências de mana, como não é afetado pela energia negativa que já tomou conta de todo aquele mundo; Respirar de forma errada nesse mundo faz com que seus pulmões ardam. Sua boca já está seca, sua resistência e vigor são altos devido ao investimento de pontos no atributo de Agilidade e por isso ainda consegue se mover normalmente, embora incomodado. O destino de Gael e o seu alvo não estavam muito distantes, mesmo tendo uma grande inexperiência nos campos da sensitividade mágica ele pode sentir a onda de energia que inundava toda a construção que se revelou em meio às árvores tortas que se emaranham pelo seu caminho.
A estrutura que se revelou entre as árvores tortas é um imponente castelo em ruínas, mas não desabitado. Um brilho azul forte é emitido de dentro da fortaleza, enquanto grunhidos e urros também podem ser ouvidos vindos do castelo. A construção decrépita que se mostrou completamente negligenciada foi construída em um lugar perfeito para uma fortaleza, em um penhasco cujo a única entrada possível é a frente. É imponente, ou ao menos seria se estivesse em condições habitáveis, várias torres adornam a fortaleza e os muros são largos e altos. Não somente os monstros que estão lá dentro serão seus inimigos, como o próprio lugar em si é perigoso, parece a ponto de desabar a qualquer momento. Para acessá-lo é necessário atravessar uma ponte em ruínas, tão destruída e danificada quanto o resto do castelo. Algumas vezes durante o processo de cruzá-la tem que saltar por enormes valas que se espalham por toda a ponte.
Assim que atingiu metade do caminho, pouco a pouco se aproximando mais ele sentiu olhares caíram sobre si, e um sentimento que foi experienciado dentro da caverna goblinóide, uma intenção assassina e uma malícia que não se comparava ao que sentiu anteriormente. Seus sentidos aguçados aumentaram sua percepção drasticamente, essas intenções não seriam detectadas antes de maneira nenhuma. Em um piscar de olhos já estava cercado por várias criaturas. São cerca de quinze e tem uma aparência realmente demoníaca. Parecem morcegos gigantes com quase um metro de altura, suas asas atingem um comprimento de quase três vezes a sua altura. Seus rostos são uma mescla profana de faces de humanos e morcegos e possuem também um enorme rabo com um ferrão em sua ponta se assemelhando ao de um escorpião. Os olhos dracônicos informam que esse tipo de criatura é um diabrete, seus atributos se assemelha aos dos goblins exceto pela agilidade. Como se já não bastasse isso, eles possuem mobilidade aérea, além de não aparentarem ser tão idiotas .
Sua avaliação é rápida e precisa, de imediato dois dos diabretes investem de forma que os seus primeiros ataques são golpes com seus ferrões. Ambos são inúteis graças a uma finta bem executada por Gael. Enquanto desviava dos golpes dos diabretes, Gael retirou a Presa de Revor de seu inventário, após os dias de cuidado que teve, a espada tem uma aparência muito melhor do que quando foi obtida. Sua efetividade continua fenomenal se comparada a faca imbuída em mana. Como uma navalha, os golpes de Gael mesmo que não dotados de nenhuma técnica são fortes o suficiente para partir essas criaturas em pedaços. A efetividade de sua arma não se devia apenas pela qualidade superior de sua arma, ou também pela força que Gael adquiriu após ganhar seus níveis. Com o aumento de sua percepção mágica, Gael percebe que essas criaturas têm campos de mana de diferentes intensidades os protegendo. Os lobos atrozes tinham um campo de mana forte o suficiente para repelir uma facada normal, mas criaturas como goblins e até mesmo esses diabretes não possuem uma proteção tão efetiva e provavelmente seriam feridos, mesmo que não seriamente por pessoas normais utilizando armas de fogo. A humanidade provavelmente poderia resistir a algumas investidas de criaturas desse nível, sem a necessidade de intervenção dos guardiões. Isso o deixa relativamente tranquilo. Ainda tinha muito a aprender e experimentar sobre a composição dos monstros que enfrenta, mas o ambiente não permite que os testes que planeja fazer se prolonguem por muito tempo. O calor e a energia negativa que permeia esse mundo são agressivos ao organismo de Gael. Quanto mais cedo retornar para seu mundo, melhor será.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ DERROTOU VÁRIOS DIABRETES INFERIORES
Você recebeu os seguintes espólios:
. Asas de diabretes x32
. Ferrão envenenado de demônio inferior x7
Uma propriedade peculiar da habilidade inventário que foi percebida por Fyrvax e Gael enquanto conduziam conversas na tentativa de entender melhor o funcionamento do sistema foi que criaturas bestiais tem componentes de seus corpos instantaneamente saqueados e transferidos ao inventário de Gael. Essa propriedade de sua habilidade com certeza faz essa situação parecer mais com o cenário de um videogame, para Gael que tem referências com esse tipo de coisa, mas para Fyrvax tudo é completamente lógico já que as bênçãos dos deuses podem fazer qualquer coisa, visto que o poder das divindades é considerado ilimitado. Em contraste com o inventário, que é uma habilidade proveniente da benção de Forstvax existe uma habilidade tão útil e conveniente quanto, a habilidade do exterminador de alcateias que é proveniente do título com o mesmo nome foi conferida através de uma benção menor e graças a isso ela não tem nenhum consumo de mana e não necessita da vontade de Gael para ser ativada. Esses pequenos entendimentos que se acumulam aos poucos fazem com que Gael se torne cada vez mais confiante de sua força e ciente de sua capacidade, o reflexo disso é notado em sua capacidade cada vez maior de lidar com criaturas mágicas, mesmo que desconhecidas.
Não há muito tempo para ficar parado pensando. Está quente e sua boca e garganta já estão secos há alguns minutos, graças ao seu preparo Gael guardou alguns suprimentos dentro do inventário, mas as três garrafas de água que trouxe não durariam por muito tempo naquele lugar. O consumo deve ser racionado sabiamente, por mais fantásticas que sejam as poções que tem em estoque de nada adiantaram em um caso de desidratação. Pequenos goles são o suficiente para que ele consiga seguir em frente em direção ao castelo que fica mais imponente à medida que se aproxima, se imaginar invadindo um lugar como esse enquanto ainda estava em sua plena condição é impossível. Quanto mais se aproxima, mas a energia negativa que é mais forte dentro daquele lugar, emana violência e brutalidade, é quase como se milhares e milhares de goblins fossem convertidos em uma pura massa de ódio. A cada passo adiante seu estômago embrulha e os calafrios que sente se tornam mais recorrentes.
Essa enxurrada de energia negativa que o cobre por completo quando entra no castelo, o faz, instintivamente, tomar uma postura mais precavida. O primeiro salão do castelo entendeu de onde a energia que lhe deixava tão desconfortável é emanada. Um punhado de criaturas chamadas de demônios de infantaria estavam espalhadas pelo lugar. Esses demônios tinham patas semelhantes às de bodes, mas eram todos bípedes. Quase todo o seu corpo, incluindo a região superior de seu crânio, é coberta por grossas chapas de um metal escurecido que aparenta estar fundido aos seus corpos simulando armaduras de placas. A única parte de seus rostos que está exposta são suas animalescas bocas dotadas de dentes pontiagudos cujo uma língua longa e bifurcada pode ser vista se movendo entre esses dentes. Os demônios de infantaria também não possuem mãos, de seus antebraços emergem pedaços pontiagudos e afiados do mesmo metal que está fundido em seus corpos. Seus olhos estão cobertos pelas chapas que lhes servem de proteção, mas aparentemente eles não precisam de sua visão para localizar seu inimigo visto que toda a atenção se voltou para Gael assim que ele adentrou o lugar.
As criaturas não deixaram com que Gael desse sequer um passo sem que um verdadeiro pandemônio se iniciasse nesse lugar. Fazendo jus ao nome de demônios aqueles seres começaram a marchar selvagemente contra o inimigo que adentrou seu território. Diante dessa investida caótica e desorganizada, Gael munido da habilidade do exterminador de alcateias e de sua espada mágica não recuou e bateu de frente contra a força que se pôs em seu caminho. Cada movimento das criaturas parece ser recheado de dor, a existência dessas criaturas se resume a sofrer e devido a isso eles desejam de todo o seu ser, o sofrimento dos outros. Os atributos superiores de Gael em relação aos demônios lhe conferiu a vantagem que precisava para eliminá-los sem grande dificuldade. Seus movimentos tinham de ser rápidos e um tanto precisos, precisão essa que lhe falta devido a sua falta de experiência, mas mesmo assim sua força unida a qualidade de sua arma permite que ele dê fim a um demônio em dois ataques ou três. O metal que está fundido em seus corpos é resistente, mas não o suficiente para protegê-los dos poderosos ataques de Gael que algumas vezes chega a partir um demônio ou outro ao meio com armadura e tudo.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ DERROTOU VÁRIOS DEMÔNIOS DE INFANTARIA
Você recebeu os seguintes espólios:
. núcleo de demônio menor x34
. Ferro infernal x11
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ GANHOU UM NÍVEL!
A conclusão metódica das missões diárias realmente valeu o tempo investido. Mesmo que seu nível agora seja de apenas 21 ele é capaz de lidar com essas criaturas sem muito esforço. O sangue negro das criaturas emite um estranho brilho roxo e assim que toca o chão começa a evaporar. O calor dentro do castelo é bem maior do que do lado de fora, a sensação é de como estar dentro de uma fornalha. Após a morte das criaturas que se encontravam nesse primeiro salão não havia nada que o impedia de se dirigir às outras dependências do lugar. Como não consegue se orientar direito através de sua percepção mágica naquele lugar devido a sufocante pressão que essa energia negativa causa em seus sentidos e também não pode contar com a ajuda de Fyrvax que permanece dedicado há apenas observá-lo em silêncio, não resta outra alternativa a não ser procurar pelos inimigos restantes nas inúmeras salas que esse lugar deve ter. Mesmo com o calor sufocante e a tarefa cansativa à frente, não há outra opção para Gael a não ser cumprir sua tarefa divina o mais rápido que pode.
A procura por inimigos não poderia ser mais frustrante. Em todo e qualquer lugar novo que entrou, um grupo de cinco a dez demônios de infantaria se revelaram e avançaram contra ele sem o menor pudor. Além do constante conflito se deparou com algumas cenas das mais perturbadoras que viu em sua vida. Cenas essas que fariam o que viu na caverna goblinóide parecer um passeio no parque. Cada vez mais aquele lugar se parece com o que o inferno de qualquer religião deve ser. Todos os demônios de infantaria deixaram os mesmos espólios: núcleos de demônio menor e lascas de ferro infernal. Verificar as torres que ainda estavam inteiras também se mostrou inútil visto que não foram utilizadas pelos invasores, eles se ocuparam de invadir e dominar o local, naquele mundo não haveria quem invadisse um castelo infestado de demônios, não havia necessidade de patrulhar.
Enquanto avançava para os níveis superiores do castelo em chamas deu fim a vários demônios. embora dotados de inteligência básica ao nível de conseguirem formar estratégias de combate simples, essas criaturas não passam de feras que exalam malícia e fúria, e isso unido ao fato de não terem nenhuma habilidade mágica facilita bastante o processo de limpeza do local. A cada demônio que encontrava seu fim pelos seus esforços, Gael se sentia cada vez mais leve em relação a energia opressiva que o rodeava, mas mesmo eliminando mais de uma centena de demônios a sensação não ficou muito melhor. Seu avanço constante garantiu que finalmente chegasse ao lugar mais importante do castelo, mesmo ele sem nenhuma habilidade em sentir energia negativa pode sentir que o seu alvo principal estava perto. As agulhadas que sente em sua pele ficam cada vez mais fortes, a cada passo que dá em direção ao interior do lugar. Pode não poder contar com sua percepção mágica para se guiar, mas certamente pode contar com seus instintos.
As criaturas até então eram fortes o suficiente para fazer com que ele ganhasse bastante níveis ao decorrer de seus encontros. Quando deu fim a todos os demônios de infantaria dos andares inferiores, Gael já tinha avançado sete níveis. Antes de adentrar no lugar que parece ser o salão principal do castelo, Gael tomou os últimos goles de água que tinha ainda em seu inventário. Essa missão precisa terminar o mais rápido possível, visto que a sede fará seu nível de cansaço subir rapidamente independente dos efeitos do anel ursídeo.
Embora receoso em relação a duração dessa missão, ao adentrar no salão a sua frente ele tem certeza que está próximo do fim. Dois demônios se colocam entre ele e a entrada para a próxima. Os dois são diferentes daqueles que enfrentou até agora, tanto em presença quanto em força. Esses dois não são somente diferentes dos demônios de infantaria, mas também são diferentes entre si. Aparentemente são de espécies diferentes. Um demônio touro é grande e forte, mede quase três metros de altura e possui uma cabeça grande dotada de dois pares de chifres brotando de sua cabeça. Ao contrario dos de infantaria, esse demônio possui mãos enormes e as usa para segurar um grande machado negro, seus olhos vermelhos brilham em fúria diante de seu inimigo. O seu companheiro compensa sua provável falta de agilidade com um corpo esguio de serpente, dotado de braços para empunhar uma lança de lâmina ondulada. O demônio serpente, ao contrário do touro que não utiliza nada, está vestindo uma cota de malha negra, provavelmente feita do mesmo material que os de infantaria tem fundidos aos seus corpos. A presença desses seres é sufocante, a energia em volta deles é tensa e carregada de violência. Comparar é uma atitude natural diante a variedade de inimigos que Gael enfrenta e comparado a esses dois, Revor ou Grevau parecem ser insignificantes.
O avanço e estratégia dos dois é semelhante a dupla de goblins campeões, mas não há como comparar sua efetividade. Os atributos e porte físico dos dois são muito diferentes, e seu trabalho em equipe é infinitamente superior.
" Esses dois foram colocados juntos, só pra um compensar a fraqueza do outro. " - Considerou Gael assim que o embate entre os três iniciou.
Já preparado para uma investida rápida, Gael já estava com a presa de Revor em mãos, Caso contrário não haveria a menor possibilidade de tirá-la de seu inventário. O demônio serpente rapidamente tenta desferir uma estocada contra seu peito, que é evadida por pouco graças a um recuo rápido. Simultaneamente ao aos ataques da serpente que foram desencadeados por sua esquiva, o demônio touro avançava em direção às suas costas pronto para desferir um golpe com seu imenso machado. A diferença entre seus portes e velocidades faz o ótimo trabalho de confundir as previsões de Gael, que mesmo sendo individualmente mais forte e veloz que ambos, não conseguia reagir até o último segundo para evitar um golpe. Essa habilidade de ambos os demônios de cobrir as fraquezas um do outro manteve Gael pressionado enquanto lutava pensando no consumo excessivo que suas habilidades tem.
" Não dá tempo de pensar em nada... não consigo pensar em qualquer coisa pra aumentar as minhas chances de sair vivo dessa merda, sem gastar toda a minha mana. Não tem como sair dessa sem usar força bruta... uma força esmagadora junto com uma oportunidade ideal... Não vou conseguir isso sem me arriscar muito. "
O ágil demônio serpente após mais um dos estrondosos golpes de machado do seu companheiro ter sido desviado se posiciona atrás de Gael pronto para dar-lhe outra estocada. Dessa vez o desvio de Gael foi mínimo, apenas o suficiente para que a ponta da lança não lhe perfurasse nem o coração e nem o pulmão. A estocada lhe atingiu na parte interna de seu braço esquerdo e suas costelas. A lâmina ondulada da lança foi utilizada como uma serra contra sua carne causando uma dor lancinante, mas a abertura causada por esse golpe não foi desperdiçada. Em um movimento Rápido, Gael golpeia a lança em dois lugares diferentes simultaneamente com ambos os braços, O cabo da lança não suporta a força dos golpes e se parte quase que de imediato. O demônio serpente tentou recuar após ter sua arma destruída, mas recebeu um soco no peito que o arremessou longe. A cota de malha que usava o protegeu de um golpe fatal, mas ainda assim todo o dano concussivo foi transferido ao seu corpo. A pele do punho de Gael é completamente esfolada devido ao choque de seu punho com a superfície áspera da vestimenta protetora da criatura.
Enquanto o demônio touro correu para socorrer seu companheiro ele tentou golpear mais uma vez em vão, sua velocidade não é o suficiente para acertar Gael, que com uma investida veloz e certeira se jogou sobre o demônio serpente com uma tempestade de golpes de espada. Enquanto o demônio touro tentou vencer a distância que os separava, o demônio serpente, já enfraquecido em seus últimos instantes de vida tentou desferir uma mordida em direção ao pescoço de Gael. Suas longas presas em formato de meia lua secretam um líquido roxo que obviamente é um veneno muito mais potente do que aquele que embebeda a calda dos diabretes. O ataque desesperado do demônio serpente só serviu para deixar o seu pescoço à mostra, que foi decepado em um único movimento pendular da presa de Revor.
No instante em que a cabeça decepada do demônio serpente tocou o chão, Gael sentiu o impacto de uma pancada contra seu ombro e foi arremessado longe, mesmo tentando resistir. Parou pouco antes de atingir uma das paredes, o demônio touro havia largado seu machado negro e desferido um soco com seus enorme punhos. O demônio furioso logo se ouriçou como uma fera ainda mais selvagem à medida que seu corpo se deformava grotescamente. Seus dois pares de chifres cresceram ainda mais. Seus braços cresceram em tamanho e volume até o ponto que o demônio que antes ostentava uma silhueta um tanto humanoide agora parece um monstruoso gorila quadrúpede com a cabeça de touro. Sua boca espumava e seus olhos brilhavam intensamente em ódio e fúria, aparentemente agora que não é possível enfrentar seu inimigo de forma estratégica, tudo que lhe restou foi recorrer à força bruta e selvageria. Essa aparência provavelmente é a que teria se estivesse lutando sozinho desde o começo.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
HABILIDADE MIMETISMO DRACÔNICO: GARRAS DE DRAGÃO FURIOSO ATIVADA
TEMPO DE DURAÇÃO 59seg
Já que seu inimigo iria querer uma disputa de força física, Gael não iria recuar. Seu braço atingido pelo golpe do demônio touro formigava e ardia, mas felizmente não estava quebrado, sua resistência física aumentou a níveis sobre-humanos com o incremento de seu atributo de força. A dor latejante em ambos os braços e em sua costela logo foram substituídos pelo ardor mágico provindo das garras de dragão furioso. Logo ambos os seus braços estavam cobertos pelas escamas escarlates feitas de mana. Ambos os combatentes avançam ao mesmo tempo, Gael com um passo rápido e silencioso e o demônio touro com um selvagem marchar estrondoso e imponente. Assim que entraram em contato, o demônio não foi subjugado pela força de Gael, mas sim pela velocidade superior dele que não o permitiu percorrer a distância que pretendia, diminuindo consideravelmente o impulso que recebeu. Gael agarrou ambos os seus chifres maiores e conseguiu freá-lo utilizando força bruta. Nem mexer sua enorme cabeça o demônio conseguiu, já que foi completamente dominado. Conforme descobriram anteriormente, o atributo de ataque é configurado pelo sistema ao somar toda a sua pontuação em força com metade de seu atributo de agilidade. Seu ataque basicamente quantifica a capacidade de causar dano de Gael e como as garras de dragão vermelho dobram esse atributo, mesmo seus ataques sendo inexperientes e carentes de técnica, todos eles têm potencial de serem fatais. Com um balançar forte e decisivo de ambos os braços, Gael girou e torceu o pescoço do demônio de forma brutal. Diante de seus pés o enorme demônio caiu abatido com seu rosto apontando para suas costas, o impacto do enorme corpo contra o chão fez todo o lugar tremer.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ DERROTOU DEMÔNIO SERPENTE
VOCÊ DERROTOU DEMÔNIO TOURO
Você recebeu os seguintes espólios:
. núcleo de demônio mediano x2
. chifres longos de demônio x2
. presas venenosas demoníacas x4
[MENSAGEM DO SISTEMA]
RECOMPENSAS RARAS ADQUIRIDAS!
GLÂNDULA DE VENENO INFÉRNICO – categoria C – Raramente é possível matar um demônio serpente sem danificar a sua glândula de veneno. O veneno inférnico é uma arma comumente usada pelos demônios inferiores para conseguir alguma chance de matar inimigos bem mais fortes que eles. pode ser aplicada em uma arma para impregna-la com o veneno.
EFEITO: Pode ser aplicada em uma arma para que ela cause uma condição de envenenamento aos feridos. Se aplicado em uma arma compatível o efeito do veneno pode ser permanente.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ GANHOU UM NÍVEL!