Antes de finalmente adentrar na sala que os dois demônios estavam protegendo, Gael respirou fundo e zerou novamente seu estoque de poções de cura e vigor. Com o passar dos dias enquanto completava suas missões diárias, recompensas como poções se tornaram cada vez mais raras, ao ponto de que seu estoque não conseguiu se recuperar completamente após socorrer as elfas presas na caverna goblinóide. O cansaço em seu corpo já estava começando a acumular, o preço das várias batalhas que teve consecutivamente estão começando a cobrar o seu preço. Está sem água em seu inventário, a sua sorte é que provavelmente o inimigo atrás da porta a sua frente é o último e o mais perigoso. A pressão que é emitida de trás daquela porta é correspondente a mais de noventa por cento da energia negativa se espalhava por todo o lugar, Seja quem for esse duque, ele é a maior ameaça que já se cruzou o caminho de Gael.
Gael: Parece que a energia em volta daqui não diminuiu em nada… Esse Aveviaru deve ser um monstro. - Graças ao calor dentro do castelo, o anel da resistência ursídea não consegue conter o avanço de seu nível de cansaço tão bem quanto o costume e isso faz com que Gael tenha que recorrer mais uma vez ao uso de seu baixo estoque de poções.
Fyrvax: Os duques infernais são existências completamente diferentes dos demônios menores que enfrentou até o momento. - O dragão emerge do anonimato flutuando graciosa e despreocupadamente pelo ar. Como Gael é o único que consegue vê-lo durante todo o tempo, ele não se surpreende mais quando ele subitamente desativa sua habilidade de furtividade. - Estão vivos a eras reunindo energia negativa. São existências inferiores apenas aos reis, imperadores e deuses demônios. Tenha cuidado ao enfrentá-lo…
Gael: Obrigado por se preocupar… - Advertências por parte de Fyrvax são raras, mesmo não sendo munidas das intenções mais altruístas nenhuma delas é infundada. - Vou tomar cuidado, na medida do possível…
Fyrvax: Se morresse agora a minha pesquisa teria de ser abandonada… Estou preocupado com meus estudos acima de tudo. - Embora dotadas de verdade, as palavras do dragão aparentam esconder algo a mais, talvez Gael esteja o influenciando mais do que gosta de admitir.
Após finalmente se recompor e se encher de coragem, Gael finalmente abre o portão a sua frente. Uma onda de ar quente e chamas azuladas saem do salão em que o duque Aveviaru se encontra. Quando o vapor desaparece, Gael pode contemplar a aparência do inimigo mais poderoso que encontrou até aquele momento. Sua presença por si só é sufocante, por pouco ele consegue manter sua cabeça erguida. A energia emanada pelo duque passa a sensação de estar sendo asfixiado por milhares de cobras ao mesmo tempo. Dar um simples passo em direção a ele seria impossível se Gael não fosse tão forte quanto é agora, parece que toda sua dedicação e determinação até o momento só serviu para prepará-lo para conseguir ficar erguido diante dessa criatura usando de toda sua força de vontade para não sucumbir a pressão que ele tem.
Dos seus olhos violetas emana o brilho da inteligência e do desprezo, sentado em seu trono queimado o duque observa o patético invasor que se esforçou ao máximo para dar fim às suas tropas nas últimas horas, mas comparado a ele, esses demônios são insignificantes. Trajada com uma armadura também feita de ferro infernal, mas produzida por uma habilidade que não se compara às grosseiras placas fundidas aos corpos dos demônios inferiores, ele é altivo e imponente. A armadura que protege a área de seu pescoço, ombro e peito está polida e sem um único arranhão, claramente foi fabricada para manter a cabeça do duque erguida independente da situação. O duque demônio mede mais de dois metros e meio de altura, com um corpo magro e esguio. Por baixo de sua armadura de ferro infernal usa um robe rubro que lhe cobre todo o corpo até os pés, exceto pelos braços ornados de braceletes negros e garras afiadas tão polidas e brilhantes quanto possível. Seu rosto é similar ao de um humano, exceto pelas orelhas alongadas e pelos seis chifres que decoram sua cabeça como uma coroa. Seus olhos brilhantes são como os de uma cabra e o brilho das chamas azuis que impregnam os castiçais e tochas que iluminam a sala o deixam ainda mais assustador.
Aveviaru: Muito bem, humano! - Seus longos dedos se encontram um com o outro na frente de seu peito. Como Gael percebe, por mais incrível que o duque infernal seja, ele não consegue perceber a presença de Fyrvax. Quanto mais aprende sobre as criaturas mágicas e outros seres que existem por todo esse universo, mais Gael fica admirado com as habilidades do dragão que o acompanha. - Com o processo de união começando, Conseguimos botar as mãos em alguns de vocês ainda em carne e osso… Sobra muito mais para brincar, desse jeito. - O sistema não se encarregou de traduzir o significado das palavras. Aveviaru estava conversando com Gael em um português perfeito.
Gael: Minha língua… você tá falando português ?! - Gael está pasmo. É o primeiro monstro dentro de uma área que fala seu idioma, além de também ter reconhecido ele como um humano. O mais assustador em Aveviaru não é a pressão opressora que emite, mas sim o conhecimento que aparenta ter.
Aveviaru: Humano ignorante… - Aveviaru solta uma gargalhada alta e satisfeita antes e depois de insultá-lo, revelando dentes tortos e pontiagudos. - Seu mundo está tão próximo de nossa influência, que nem precisávamos da união de mundos para começar a mandar alguns de nossos emissários pra lá. Esse planetinha que você tem como lar não irá durar quando pudermos conquistá-lo diretamente…
Gael está realmente concentrado na situação atual, sem se deixar ser levado por pensamentos instigador pelas palavras do demônio. Instintivamente sabe que o objetivo do duque é desestabilizá-lo o tanto quanto possível antes do embate entre os dois realmente começar. A batalha entre os dois começou no exato momento em que ele pôs os pés no domínio de Aveviaru.
Aveviaru: Estava realmente entediado de queimar espíritos humanos, as almas frescas ficam para os deuses e imperadores então já faz séculos desde que conseguir abocanhar tão fresca carne. - Sua voz é grave, maliciosa e de certa forma metódica. É quase hipnótica a violência e crueldade que ele consegue transmitir apenas com suas palavras. Gael recua um pouco quando confrontado por tanta intenção assassina, seu silêncio é uma tentativa de não ceder ao terror que é a presença do duque. - Não há motivos para trocar palavras com um saco de carne. Logo, logo estará em pedaços espalhados pelo chão. E quando for reduzido há uma pilha de carne queimada, seu espírito ficará comigo para mais alguns milênios de diversão.
Retirando de seu inventário a sua presa de Revor, Gael mal pode reagir a tempo a súbita explosão que ocorreu a sua frente. Apenas por um recuo instintivo ele escapou da explosão por pouco, o salão é largo e espaçoso. Diferente dos locais em que lutou anteriormente o espaço do salão é amplo e desobstruído, toda sua velocidade poderia ser usada para compensar a diferença entre potencial destrutivo dos dois. Os olhos dracônicos da visão verdadeira não conseguiam identificar o nível ou atributo do duque infernal. Segundo os testes de Fyrvax, isso poderia ser por causa de dois motivos: Ou o nível de Aveviaru é muito superior ao de Gael, ou como Fyrvax a quantidade de energia que o duque possui consegue bloquear os efeitos da habilidade. Nos dois casos essa batalha é muito desvantajosa no mais otimista dos cenários.
Aveviaru pronuncia palavras indecifráveis enquanto seus longos dedos se contorcem em sinais estranhos. Embora a principal função dos olhos dracônicos tenha sido inutilizada, Gael ainda conseguia visualizar o fluxo de mana e energia ao seu redor e graças a isso pode ver claramente uma fagulha se transformar em um chicote flamejante. O duque se levanta de seu trono e com movimentos velozes ele começa a manejar habilmente seu chicote incandescente golpeando consecutivas vezes em direção a Gael. Embora mirados diretamente em seu corpo, aparentemente os golpes de chicote não tinham real intenção de acertá-lo, visto que todos foram arquivados com relativa facilidade, algo não condizente com a habilidade mostrada por Aveviaru. Sempre que a ponta do chicote de chamas toca o chão, uma pequena explosão de fogo ocorre. Embora não cause danos diretos a Gael, os impactos causados pelas explosões cada vez mais rápidas começam aos poucos a desequilibrá-lo.
" Não é questão de velocidade… A chicote tá mudando de direção no meio do ar… e essas explosões tão cada vez mais perto de me acertar, uma dessas que me pega e eu perco a única vantagem que tenho contra ele. " - Considerou Gael enquanto se desviava das chicotadas direcionadas a ele. Não poderia estar mais enganado.
A cadência e velocidade dos golpes do duque não parou de aumentar à medida que eram desferidos, assim como o poder das explosões causadas pelo contato de sua magia com o chão do salão. Aos poucos o amplo espaço que Gael dispunha no começo do embate começou a ficar acidentado demais para que pudesse usar de toda sua velocidade. A sua crescente dificuldade de locomoção em conjunto com o aumento de ataques deixou a situação mais complicada do que ele em sua condição atual. A torrente de golpes é incessante e impiedosa, além do desprezo aparente que sente pelo humano que ousa se colocar em seu caminho o duque estremece de prazer apenas imaginando como será quando um deles cortar e queimar a carne de sua presa.
Como era de se esperar, pouco a pouco Gael vai perdendo seu vigor e concentração à medida que os ataques vão ficando cada vez mais precisos e menos ininterruptos. Chegou o momento que finalmente a fúria do duque alcançou Gael, mesmo que por pouco a ponta do chicote flamejante quase acertou o rosto de Gael que por pura reação ricocheteou o golpe com a presa de Revor que não serviu de nada até então. O golpe serviu para despertá-lo do transe que estava começando a entrar, em conjunto com o aumento da intensidade dos ataques, Gael pouco a pouco estava aceitando a distância insuperável que o separava de finalmente alcançar o seu inimigo. O fluxo da batalha mudou por um instante, aceitando o fato de que não conseguiria vencer a distância que os separava apenas com movimentos evasivos. Só havia um modo de suprir a falta de experiência e técnica que aumentava a desvantagem de Gael em relação ao duque, assumindo um risco proporcional à abertura que precisava.
O que desencadeou uma nova mudança no fluxo de batalha foi às ações de Aveviaru. Incomodado pela resistência sem sentido do humano que sequer poderia comparar sua existência à dele, o duque demoníaco decidiu não derrotá-lo, mas destruí-lo por completo. Enquanto pronunciava mais algumas palavras que nem a habilidade de poliglota do sistema conseguiu traduzir, asas de morcego flamejante se formam nas costas de Aveviaru, mas as palavras obscuras não cessam apenas com isso.
" Esse mísero humano, ousa se opor a minha soberania, com tão pouca experiência e poder.?! É simplesmente insultante que esse verme sonhe em resistir a minha força… vou despedaçá-lo por completo sem erguer minhas mãos contra ele. Não darei a ele sequer o golpe final. "
Círculos brilhantes aparecem no chão e enquanto ficam mais luminosos, o duque joga joias vermelhas dentro de cada um dos círculos. Várias runas aparecem nos círculos mágicos quando as joias são absorvidas. Logo elas começam a se mexer mais e mais dentro do espaço do círculo, deixando rastros luminosos por onde passavam até que em poucos segundos seus rastros de luz alaranjado cobriam toda a área do círculo. Ao total sete esferas brilhantes se formaram no chão e de cada um dessas esferas emergiu uma criatura semelhante aos demônios de infantaria que enfrentou até o momento, mas todas eram bem mais fortes e rápidas. Sete demônios de fogo atenderam a invocação do poderoso duque Aveviaru, nenhum deles têm feições ou características que possam servir para que eles se diferenciam entre si. São sete seres humanoides, com patas de botes e um par de chifres retorcidos em suas cabeças. Em seu peito brilha um núcleo flamejante que reluz por dentro de sua pele vermelha rubra, seus olhos são compostos das mais brilhantes chamas.
Não havia como o duque Aveviaru saber, ou tão pouco lhe interessava quais são os pontos fortes de um ser que julgava tão desprezível, mas a verdadeira força de Gael graças as habilidades que conseguiu ao longo de suas missões anteriores só pode ser explorada quando em situações tão desvantajosas quanto essa. A benção do deus da caçada implacável em forma do título e habilidade do exterminador de alcateias, um poder que não requer mana ou vontade de Gael é ativado sempre que ele está em desvantagem numérica contra criaturas do mesmo tipo, graças aos efeitos dessa benção menor seus atributos físicos são incrementados em 30%. Durante os últimos dias Gael distribuiu seus pontos de atributos ganhos cuidadosamente para ao menos conseguir utilizar simultaneamente suas habilidades, levando a quantidade de mana em seu corpo atingir os 875 pontos. Contando com isso e a não necessidade de mana da exterminador de alcateias ele poderia usar todas as habilidades que adquiriu até o momento de uma só vez. A barreira à sua frente que é o poder que Aveviaru possui só pode ser ultrapassada com surpresa e risco.
" Eu tenho que resolver tudo durante o tempo de duração das garras… " - considerou enquanto as notificações da ativação da exterminador de alcateias aparecia em sua frente. " Se algo der errado eu posso usar as escamas, mas vai ter que ser só em uma emergência. Esse cara não tá me levando a sério e essa vai ser a única chance que eu tenho." - Determinado a seguir em frente indiferente aos riscos, Gael segurou firme a presa de Revor e se preparou para seu ataque.
Em conjunto com a habilidade exterminador de alcateias, posteriormente também foi ativado a habilidade conquistada de Grevau. a Ferocidade acuada impedia o uso refinado de mana em troca de um aumento nos atributos físicos em uma quantidade igual a benção do deus da caçada implacável, porém esse bônus de 30% conferido aos seus atributos foi calculado em cima do valor já aumentado pela benção. O resultado dessa combinação de habilidades é uma força e velocidade explosivas capazes de surpreender qualquer um e mudar o ritmo de qualquer batalha. Graças ao uso simultâneo desses dois poderes, os atributos físicos de Gael atingiram seu ápice, atingindo os 141 pontos de força e 115 pontos em agilidade.
Graças a esse aumento repentino e exponencial de força, Gael ignorou os demônios de fogo que tentaram inútilmente atacá-lo, com suas garras e ataques flamejantes e se direcionou ao único que realmente lhe oferecia ameaça. O duque não pode acompanhar o avanço do seu inimigo e mesmo estando planando no ar com suas asas de fogo ele foi alcançado. O avanço veloz de Gael cortou a distância que os separava em um piscar de olhos e com um balançar de sua espada ele atingiu o nobre demônio em cheio.
Ou ao menos esperava atingi-lo, talvez pela sua falta de experiência real em combate ou pelos instintos afiados do demônio o corte não foi capaz de parti-lo ao meio como foi sua intenção. A reação de Gael ao evidente fracasso de sua tentativa de finalizar o duque antes que ele pudesse se adequar a sua nova velocidade foi tão rápida quanto o possível para ele. Ainda no ar ele teve de utilizar as próprias paredes do salão como apoio para um novo ataque, mas dessa vez não poderia haver a mínima possibilidade de erro. O risco desse ataque é a sua própria vida.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
HABILIDADE MIMETISMO DRACÔNICO: GARRAS DE DRAGÃO FURIOSO ATIVADA
TEMPO DE DURAÇÃO 59seg
" Com as garras meus pontos de ataque estão em quase 400… Esse é o único jeito de acabar com ele o mais rápido possível… " - Os pensamentos de Gael surgiam em sua mente em conjunto com suas ações rápidas e direcionadas totalmente a trazer o fim do duque Aveviaru.
O ataque anterior de Gael destruiu a asa flamejante esquerda do duque e o lançou em queda livre para o chão. Em situações normais ele se recuperaria sem nenhum esforço, mas a presa de Revor também lhe decepou o braço e lhe rasgou o peito. O duque não foi afetado pela dor do ferimento ou pela interrupção de seu feitiço, mas sim pela quebra de seu orgulho como um nobre demônio. Ser ferido por um humano inferior fora para ele até então o momento mais humilhante de sua longa existência. Aveviaru um demônio nobre que já conquistou alguns mundos e se nutriu de vários demônios inferiores foi surpreendido e subjugado por um humano, isso para ele já é pior que a morte. Diante dessa dura realidade o duque não pode fazer nada além de direcionar ao seu inimigo toda sua fúria e poder. Embora a chance que Gael teve se devesse justamente a esse senso de superioridade justificável do duque, agora já é tarde demais para dedicar todos seus esforços a dar fim a um inimigo que lutou com todas as suas forças desde o princípio.
Em um movimento de ricochete entre as paredes do largo salão em que estavam, Gael se movimenta como um raio em direção ao duque que furioso e de volta ao combate pronunciava novamente as palavras que nem o sistema conseguia traduzir. Os olhos dracônicos constantemente ativados alertaram Gael do ataque iminente à sua frente, a concentração de energia negativa pode ser vista por ele tão bem quanto a mana, mas mesmo assim ele segue adiante. O risco é proporcional a recompensa, se o risco for sua própria vida, o mínimo que quer em troca é a vida de Aveviaru também. No momento em que precedeu a sua última investida, Gael experimentou um momento de pura concentração que nunca mais lhe foi esquecido. Enquanto cortava o ar em direção ao duque que erguia seu braço restante em sua direção, o ataque dos dois foi lançado simultaneamente. Enquanto Gael preparava a empunhadura de sua espada para partir o demônio ao meio, o duque lançou em sua direção uma enorme esfera flamejante de cor violeta. No auge de sua consciência e coragem, Gael não recuou diante do ataque mágico do duque infernal.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
HABILIDADE MIMETISMO DRACÔNICO: ESCAMAS CROMÁTICAS ATIVADA
TEMPO DE DURAÇÃO 59seg
O calor experienciado por Gael enquanto cortava o ar em direção ao seu alvo, não foi sentido por nenhum humano que sobreviveu para se lembrar. Graças a incrível habilidade das escamas cromáticas ele não foi queimado, mas a camada de mana que o protegia foi desativada assim que passou pelo bola de fogo lançada pelo duque, o bônus em sua defesa foi cancelado para garantir a integridade de seu corpo, o que permitiu que Gael emergisse do ataque do lorde apenas com algumas poucas queimaduras espalhadas pelas partes de seu corpo que não estavam protegidas por suas roupas. Com suas roupas e cabelos ainda chamuscados, Gael mantém-se firme ao seu avanço, cortando o ar junto a sua presa de Revor que reluz em contraste com as chamas superadas. O brilho reluzente da espada desgastada e da determinação indiferente à dor que Gael impunha são o suficiente para alcançar o duque infernal Aveviaru. Tudo até aquele momento contribuiu para o fim de Aveviaru. O seu desprezo pelo humano que embora inferior se manteve erguido diante de sua força esmagadora unidos ao seu descuido conseguiram minimizar ao máximo a diferença esmagadora de experiência e poder bruto entre os dois.
O avançar desinibido de Gael em pleno ar venceu a distância que os separava mais uma vez, mas dessa vez todo seu ímpeto estava dedicado inteiramente para terminar o combate, afinal não haveria um depois. Toda sua mana foi exaurida nesse minuto que precedeu o ataque derradeiro que junto a encerrar o combate também deu fim a existência conhecida como duque Aveviaru. O corte da presa de Revor não encontrou resistência mesmo ao partir a armadura de ferro infernal em duas. O tronco do nobre demônio foi partido ao meio transversalmente. Quando os dois pedaços de seu corpo tocaram o chão ele ainda estava consciente e furioso o suficiente para atentar contra vida de Gael mais uma vez.
Após o corte que aparentemente deu fim à ameaça direta a sua vida, os demônios de fogo desapareceram sem que pudessem fazer nada, mas a vontade e ódio do duque permanecem tão vivos quanto ele. A última ação do duque se resumiu a pura violência, assim como todo o resto de sua vida. As palavras de seus encantamentos foram pronunciadas de forma igual a um suspiro. Pareceriam sussurros de um louco moribundo para qualquer um, mas não para Gael que no limiar de sua percepção, mesmo com os olhos dracônicos exauridos pela sua falta de mana, ainda conseguiu sentir a grande concentração de energia negativa sob seus pés. Embora exaurido em todos os sentidos Gael com tudo que tinha executou mais um desvio que resultou em não ser completamente incinerado por um pilar denso de chamas vermelhas que se ergueu das profundezas daquele mundo.
O pilar de fogo engoliu apenas metade de sua perna, graças ao movimento evasivo realizado no último segundo. O último movimento de Aveviaru no entanto causou a pior dor que Gael já sentiu em toda sua vida até aquele momento. Abaixo de seu joelho direito, toda a pele foi queimada ao ponto de parecer apenas uma fina camada clara e translúcida de papel. Por sorte seus atributos de defesa física e mágica estavam altos o suficiente para que seu corpo resistisse um pouco as chamas, devido a isso o tecido das vestimentas que usava foi desintegrado antes de sua carne começar a queimar. Caso isso não acontecesse o resultado do ferimento poderia ser pior. O choque pela queimadura é tanto que ele não consegue nem gritar, usa de todas as suas forças para se manter consciente enquanto lágrimas de esforço escorrem pelo seu rosto. Seu ouvido é atingido por um zumbido forte, enquanto sente dificuldades para respirar. Diante de tanto sofrimento, embora desapontado por conseguir apenas feri-lo, o duque Aveviaru solta um sorriso deformado antes de finalmente perecer para os ferimentos.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ DERROTOU DUQUE INFERNAL AVEVIARU!
[MENSAGEM DO SISTEMA]
VOCÊ GANHOU UM NÍVEL!
VOCÊ GANHOU UM NÍVEL!
VOCÊ GANHOU UM NÍVEL!
O duque demônio começou a se desfazer em cinzas a partir do corte desferido por Gael. Com a sua morte, não somente os demônios de fogo desapareceram como também todas as chamas azuis que adornavam a sala se apagaram. Junto a tudo isso o próprio clima ficou mais agradável.
Fyrvax: Um exemplo inquebrantável de determinação… - Comentou o dragão enquanto examinava o extinguir do duque. - Não tinha considerado que estava tão disposto a desempenhar seu papel como guardião… Estou agradavelmente surpreso com o quão dedicado está em cumprir suas funções.
Gael só não pode aproveitar o elogio do dragão devido a dor do seu ferimento. Ele consegue ativamente sentir a benção de Forstvax o curando e isso causa uma dor ainda mais agonizante do que a de ser queimado. A sensação da cura lenta da sua benção foi a de cada milímetro de sua pele carbonizada ser rapidamente arrancada de seu corpo, pode até mesmo sentir conscientemente como é o processo acelerado de crescimento da sua pele. Gael nunca antes foi ferido o suficiente para que a sua benção fosse tão ativa na manutenção da sua vida. Quando atingido por um ferimento grave, o sistema interpreta isso diminuindo temporariamente a saúde máxima de Gael, os efeitos das poções de cura fora do sistema consegue curar seus ferimentos superficialmente os fechando para impedir maiores danos, mas recuperar a saúde máxima diminuída pelos ferimentos pode ser remediada com tempo e descanso, a benção de Forstvax é completamente diferente e só se ativa em casos mais graves como Gael descobriu agora. Embora poderosa a benção recebida por ele não conseguiu minimizar nem um pouco as marcas que o ultimo atentado de Aveviaru executou. A área do seu corpo queimada pela magia do duque ficou para sempre marcada em seu corpo e sua memória.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
DUQUE INFERNAL AVEVIARU ELIMINADO!
RECOMPENSA SECRETA ADQUIRIDA!
NÚCLEO DEMONÍACO SUPERIOR DO FLAGELO FLAMEJANTE – categoria A – Um núcleo de energia demoníaca portado anteriormente por um demônio nobre responsável pelo comando de alguma tropa de algum círculo do inferno. Diferente dos núcleos demoníacos de menor concentração, este contém a essência dos poderes concedidos ao nobre pelo senhor de todos os círculos. Os núcleos demoníacos superiores são extremamente raros até mesmo dentro das tropas infernais e concedem àqueles que o absorvem e são capazes de comportar seu poder a capacidade de controlar energia demoníaca e de determinadas habilidades contidas nele.
EFEITO: Concede àquele que o consumir a habilidade do domínio de energia demoníaca. Inicialmente confere uma reserva de energia demoníaca igual as reservas de seu antigo detentor, assim como as habilidades contidas no núcleo.
RECOMPENSA CONDICIONAL ADQUIRIDA!
PUNHAL DE VIVIERE– categoria B – Uma adaga amaldiçoada forjada por uma condessa demônio em tempos imemoriais. Seu domínio nas toxinas e venenos tanto mundanos quanto infernais conferiu a ela a capacidade de criar uma liga metálica de ferro infernal que nunca perde o veneno imbuído a ela.
EFEITO: +35 DE ATAQUE.
HABILIDADE DO EQUIPAMENTO: TOQUE DE VIVIERE - Quando um inimigo for ferido pelo dedo de Viviere ele terá imposto a si a condição de envenenado. A duração dessa condição depende da resistência do alvo e do tipo e profundidade do ferimento. Enquanto um alvo estiver sob a condição de envenenado todos seus atributos físicos recebem decréscimo de 20% e existe a probabilidade de perder certa porcentagem de sua saúde a cada segundo.
MISSÃO DE INVASÃO CONCLUÍDA!
RECOMPENSAS RECEBIDAS:
3 pontos em todos os atributos
Caixa de recompensa aleatória superior
[MENSAGEM DO SISTEMA]
O GUARDIÃO ALCANÇOU O NÍVEL 30!
NOVA HABILIDADE DE CLASSE ADQUIRIDA!
HABILIDADE - MIMETISMO DRACÔNICO: AGILIDADE DE DRAGÃO RASTEJANTE
O guardião pode mimetizar a principal característica dos dragões rastejantes que dominam os túneis e cavernas de todos os mundos que habitam. Quando essa habilidade for ativada o guardião consegue criar com mana uma cauda similar ao dos dragões rastejantes, além de suas pernas serem fortalecidas com a concentração de mana. Durante a duração da habilidade, os pontos no atributo de agilidade do usuário são dobrados. A duração da habilidade é de 1 minuto pelo custo de 650 de mana.
Gael: O maldito queria me levar junto… - A pele queimada recuperada de sua perna após longos minutos de agonizante dor tem um textura avermelhada diferente diferente do resto de seu corpo, Embora ainda sensível ao toque, ao menos agora ele consegue ficar de pé. - Desgraçado do caralho!
Fyrvax: Teve sorte que a benção de do deus dragão tem um efeito tão rápido, Embora sua capacidade de cura seja limitada, de certo elas evitaram danos maiores ao seu corpo. - O dragão analisa metodicamente a perna de Gael que embora cicatrizada, ainda está com um aspecto deformado.
Gael: Tive sorte dele não ir com tudo desde o começo… - A pele cicatrizada embora de aparência frágil não reage negativamente ao toque. O efeito curativo da benção foi magnífico, só não possui um efeito de evitar as cicatrizes. - Se ele tivesse usado uma coisa igual a essa última sem eu estar usando a Exterminador de alcateias e a Ferocidade eu não ia ter nenhuma chance.
Fyrvax: O ego inflado é o maior defeito dos demônios, principalmente os nobres. Embora tenha, na minha opinião, se arriscado demais, a vitória contra um duque infernal é realmente uma conquista a se admirar. - O dragão para de olhar para a perna de Gael e contempla as cinzas que antes eram o corpo do duque Aveviaru.
Gael: Não tinha outro jeito de conseguir uma chance. - Gael começa a analisar os itens que recebeu por eliminar o duque em seu inventário, as descrições eram interessantes para se dizer o mínimo. - A verdade é que eu nem sei usar uma espada direito e quando quem eu enfrento é tão forte ou rápido como eu, a desvantagem é sempre minha… Eu tenho que assumir certo risco se quiser ter alguma chance… Sem falar que também não posso durar muito em um confronto direto, já que a minha mana não dura nada. Se parar pra pensar eu posso lutar com tudo só por um minuto.
" A avaliação dele está correta, tendo em vista sua falta de experiência real e sua deficiência na performance de consumo de mana esse realmente é o melhor caminho a se tomar, mas de qualquer forma é uma surpresa que ele saia de um embate contra um duque infernal apenas com um ferimento desse tipo. " - Fyrvax admira Gael em silêncio enquanto o observa retirar de seu inventário a sua nova arma.
O punhal de Viviere é uma adaga confeccionada pela deusa demônio dos venenos quando ela ainda era apenas uma condessa infernal. É feita de uma liga que somente ela conhece o método de fabricação, o Ferro infernal verde possui a propriedade de absorção e retenção de toxinas, a arma perfeita para um assassino. Todos os nobres demônios recebem uma como forma de benção da deusa demônio, Gael foi o primeiro mortal que conseguiu pôr as mãos em uma. O punhal de Viviere tem um formato de lâmina ondulada como a lança do demônio serpente. O punho da arma foi entalhado em osso e possui vários entalhes que lembram rostos se lamentando, não somente a energia emanada pelo punhal como o próprio cheiro azedo que ele espalha fazem com que a arma seja de certa forma desconfortável de se empunhar.
Gael: Um punhal envenenado de categoria B… Esse Aveviaru realmente não me levou a sério. - Gael está admirado com os efeitos e com o quão ameaçadora essa arma é mesmo sendo apenas segurada. - 35 de ataque… Esse punhal é mais forte que a presa de Revor… se for levar em conta o atributo de envenenamento que ela tem, então é bem mais forte… Vai ajudar muito mesmo.
[MENSAGEM DO SISTEMA]
MISSÃO DE INVASÃO CONCLUÍDA, GUARDIÃO RETORNARÁ AO SEU MUNDO EM 4 min:59 seg.
Gael: Escuta, Fyr…Sabe como eu uso isso daqui? - O dragão que estava apenas esperando pelo retorno deles ao mundo humano se surpreendeu ao ver Gael segurando despreocupadamente um orbe roxo brilhante em suas mãos. Desse orbe emana uma energia negativa igual em proporção e quantidade a do duque demônio que acabara de ser morto.
Fyrvax: Um núcleo demoníaco superior?! - Fyrvax se aproxima estupefato contemplando o artefato nas mãos de Gael que sem entender a importância e raridade do item em sua mão estranha. - Nunca tive a chance de colocar meus olhos sobre um.
" Ele é realmente abençoado… Sorte não é o bastante para descrever como o destino se emaranha para fortalecê-lo. Esse favorecimento transcende a benção de Forstvax. " - O dragão o observa ainda mais impressionado. " Sua natureza conformista esconde um talento natural para o conflito, é pelo fato de estar ciente de sua incapacidade, ele consegue agir de acordo a não somente compensar suas fraquezas como também explorá-las. A cada dia e oportunidade que tem ele cresce acima de minhas expectativas. Se toda sua raça for como ele, eu terei a chance de testemunhar e registrar a ascensão dos maiores magos e guerreiros da criação." - Os olhos de Fyrvax brilham em empolgação.
Gael: Então você sabe como eu uso? Esse bagulho aqui tá emitindo a mesma pressão que o capetão ali. A descrição tá dizendo que se eu absorver eu vou conseguir energia demoníaca igual a que ele tinha. Então o nome da energia negativa em volta daqui é energia demoníaca… interessante e até faz mais sentido.
Fyrvax: Isso funciona exatamente como uma pedra de mana, porém … - Diante de tal experiência o dragão reluta em revelar os riscos reais de absorver esse núcleo demoníaco. Os benefícios de tal experiência podem superar os riscos em muito, tanto para seu entendimento quanto para a força que Gael está cultivando. - Existem… alguns poucos riscos.
Gael: Poucos riscos né? - Naquele ponto da relação entre os dois, Gael conseguia ler perfeitamente o dragão. Sabia o real desejo de Fyrvax, mas ficou até que comovido por ele ter colocado sua curiosidade científica de lado, para alertá-lo dos possíveis riscos. Depois que passaram a realizar mais experimentos em busca de entender melhor os sistema o dragão o explicou sobre os riscos envolvendo a absorção de pedras rúnicas de habilidade e até mesmo dos raros efeitos colaterais de aumentar suas reservas de mana através do uso de pedras de mana de mundos diferentes. - Está falando da diferença entre a frequência de energias?
Fyrvax: Sim. Não esperava que seu entendimento já tivesse alcançado esse nível.
Gael: E não alcançou, é só um pouco de raciocínio lógico. A energia negativa dos demônios reage de uma forma não muito bacana com a mana não é?! Então se eu absorver esse núcleo demoníaco é provável que minha mana seja completamente substituída por energia demoníaca. Isso não deve ser muito saudável para meu corpo. - O raciocínio científico que Gael cultivou desde o momento em que decidiu se dedicar ao estudo do universo como astrólogo se provou muito útil para assimilar esses conceitos que não lhe são nem um pouco naturais. Essa inteligência criativa lhe é muito útil nos momentos que busca entender todo esse mundo novo que lhe foi apresentado desde que se tornou um guardião.
Fyrvax: Exatamente. A energia que permeia o mundo dos demônios e a mana são forças adversas e ao menos eu nunca consegui dados de uma existência que comporta as duas simultaneamente. Pela lógica comum, a energia demoníaca sempre sobrepuja a mana. Do mesmo jeito que ela sempre é sobrepujada por aura soberana. - Nas últimas semanas Fyrvax se sentia confortável o suficiente durante as conversas com Gael para usar termos que só eram comuns para os já habituados ao mundo da magia. Alguns termos não precisavam de explicação já que Gael conseguia deduzir por si próprio, mas alguns deles ainda precisavam de explicação.
Gael: Deixando de lado esse bagulho da aura soberana… Se eu conseguir absorver esse núcleo direito eu vou ganhar a mesma quantidade de energia que o Aveviaru?! - A pressão que lhe apertava o peito e entorpece a mente por estar na simples presença do duque, lhe ainda é presente. Esse poder é algo que ele provavelmente nunca conseguiria alcançar por meios seguros em toda sua vida.
Fyrvax: Provavelmente. - O dragão decidiu não influenciá-lo por meio de argumentos. Reconhecia as semelhanças entre os dois e instintivamente sabia que Gael escolheria a mesma opção que ele se estivesse em seu lugar.
" A energia que eu senti vindo do Aveviaru não tem comparação com a que eu tenho agora. Se ele tivesse usado tudo que tinha eu seria esmagado sem poder fazer nada. É quase injusto que eu tenha recebido uma missão dessas, esses deuses soberanos são uns idiotas. Eu tive muita sorte de conseguir esse núcleo e tive ainda mais sorte por ter vencido um duque. Não vou desperdiçar essa chance por causa de medo. "
Antes que os efeitos do sistema levassem Gael e Fyrvax de volta ao mundo humano em um instante de resoluta determinação, Gael decidiu se arriscar mais uma vez. Esmagando o núcleo demoníaco com sua mão direita, assim como fez com as pedras de mana e pedras rúnicas de habilidade.
" Preciso desse poder para não deixar aquele tipo de coisa acontecer no meu mundo. Preciso dele pra ser um guardião forte… pra não ser só um insignificante." - Os pensamentos que passaram pela cabeça de Gael antes que o núcleo de fato começasse a ser absorvido por ele.
A orbe não é um item muito resistente, a sensação foi como esmagar uma esfera feita do mais fino vidro, se isso se deve a fragilidade do item em si ou a força sobre humana de Gael, não há como saber. A energia demoníaca contida no núcleo se derramou como água fervente sobre suas mãos, a sensação foi igual quando teve sua perna queimada pelo último feito do duque Aveviaru. Sua Mão não foi ferida, mas os seus sentidos reagiram como se fosse. A sensação de queimação passou para o resto do seu braço, e então para seu peito até incendiar suas entranhas em uma dor embriagante. Sua vista escureceu e esclareceu rápida e repetidas vezes como se fechasse e abrisse os olhos na tentativa de olhar para o sol. Seu ouvido detectou um zumbido estridente. Não teve opção se não se ajoelhar e tentar ficar o mais parado possível controlando sua respiração dificultosa pela dor. Qualquer movimento despertava um choque atormentador que percorria todo seu corpo. Fyrvax apenas o observava, totalmente comprometido em observar, mas relutante em deixar Gael passar por todo esse sofrimento. A inesperada preocupação não o permitiu avaliar corretamente a situação, então nem ele mesmo soube dizer o que aconteceu com o corpo e mana de Gael naquele instante. Gael desmaiou após um grito de dor, segundos antes de ser levado de volta ao seu mundo junto a Fyrvax. Algumas horas depois ele foi encontrado desacordado por policiais no mesmo local onde partiu para essa tarefa divina.