Harry acordou quando o relógio marcou às nove da manhã, o ruivo olhou em volta e acabou dando um pequeno sorriso, ele agora dormia no mesmo quarto que Liam, ele nem percebeu como isso começou, às vezes Harry tinha pesadelos e não conseguia mais dormir, mas quando estava com Liam, pareciam que os pesadelos não existiam, o homem também tinha pesadelos, Harry quase foi machucado várias vezes e Liam tem medo de chegar tarde demais e seu amado já não estar mais com vida.
Sam acabou se dando bem naquela máfia, as pessoas ali se tratavam com respeito, e Sam se sentia valorizado pela primeira vez, ele estava na equipe de Enzo, já que ele era realmente um ótimo hacker.
Harry chegou à cozinha, como sempre Liam já estava ali comendo seu café da manhã, e com ele tinha seu notebook.
— Bom dia.
— Bom dia amor.
Harry sorriu pelo apelido carinhoso que Liam lhe chamou, ele ainda não sabia como chamá-lo.
— Você disse que a gente ia fazer uma coisa importante hoje, por isso não vai ter treinamento para mim.
— A ala infantil, lembra?
— Vamos para lá?
— Sim, conversei com minha amiga, e ela concordou, é sempre bom ter novos funcionários para ajudar a cuidar das crianças.
— Isso é ótimo, qual o nome dela?
— Minha amiga se chama Sarah, a gente se conhece deis dos cinco anos, ela também adora crianças, infelizmente ela não pode ter filhos.
— Sério?
— Ela teve câncer no útero, e precisou retirá-lo para ter uma chance maior de viver.
— Isso é muito triste, mas ela não quis adotar?
— Ela sempre me diz que não chegou a hora certa.
— Ela vai saber quando chegar o momento certo.
— Sim, come o seu café da manhã, e então a gente vai.
Harry quis comer um pouco de iogurte com frutas, queria algo gelado, apesar de ter ar-condicionado dentro da mansão, no lado de fora parecia um forno.
— Estou pronto, Liam.
— Certo, então vamos.
Os dois então saíram da mansão e o motorista de Liam começou a dirigir para a ala infantil.
— Realmente é chamado de ala infantil?
— É como chamo, mas é um orfanato.
— Você que decidiu abri-lo?
— Sim, as crianças não têm culpa por seus pais serem idiotas, infelizmente, muitas outras máfias apenas matam ou vendem as crianças.
— Isso é nojento.
— As outras máfias não são como a minha.
Eles não demoraram muito para chegar, porém, Harry não estava vendo orfanato nenhum, ele parou na frente de um tipo de hotel cinco estelas.
— Onde está o orfanato?
— Na sua frente.
— É sério? Não é um hotel?
— Não, as crianças recebem apenas o melhor, por isso o lugar parece um paraíso infantil.
— Pelo menos elas vão ficar felizes, a maioria dos orfanatos não são tão bons.
— A maioria é porque mal recebe dinheiro para cuidar das crianças.
Eles entraram, parecia realmente uma recepção de hotel, tinha ar-condicionado, ainda bem, crianças corriam muito e não seria bom ficar nesse calor.
— Liam!
Uma mulher de cabelos cor-de-rosa e olhos verdes se aproximou, ela usava um uniforme violeta.
— Olá, Sarah.
— É bom ver você.
— Pintou o cabelo de novo?
— Fiquei enjoada do azul.
— Sarah, esse é meu namorado, Harry.
Sarah então se virou para Harry, o ruivo estende a mão para ela apertar, mas se surpreende ao ser abraçado.
— Desculpe por isso, estou tão acostumada a ficar abraçando as crianças.
— Tudo bem, eu não me importo.
— Como você é educado, espero que Liam aprenda com você.
Liam faz uma careta para ela que parece não se importar.
— Eu queria saber se poderia conseguir um emprego aqui, mas, eu não estudo nem nada do tipo.
— Se você quer trabalhar com crianças, não precisa de estudos, apenas paciência e muito amor, claro que vou ensinar tudo que você precisa saber, você pelo menos foi sincero e disse que não tem nenhum tipo de estudo nessa área.
— Já mentiram sobre isso?
— Infelizmente, um dos meus funcionários deu comida para uma criança muito pequena, ela se engasgou, mas consegui salvá-la, e demiti o idiota.
— Vamos começar agora?
— Quanto antes melhor, Liam espere aqui na recepção.
— Tudo bem, trouxe meu notebook e vou continuar meu trabalho.
Harry então seguiu Sarah, ela levou ele para um vestiário.
— Preciso que você vista esse uniforme amarelo, é para funcionários em treinamento, se você ficar com roupas normais, as crianças vão pensar que você veio adotar uma delas.
— Tudo bem.
Sarah lhe deu privacidade, e Harry trocou suas roupas, o ruivo então foi procurá-la, Sarah o levou até onde estavam as crianças, haviam realmente muitas.
— Aqui é onde ficam a maioria das crianças.
— Quantos anos elas têm?
— As idades variam, a criança mais velha daqui tem apenas seis anos, também temos bebês, mas é realmente muito difícil eles ficarem conosco por muito tempo, a maioria sempre escolhe recém nascidos.
— Entendo.
— Agora, vamos ao seu treinamento.
Primeiro, Harry observou Sarah interagindo com as outras crianças, era até que bem fácil, pois, só precisava falar com calma e carinho, isso já chamava a atenção das crianças. O ruivo percebeu que havia um garotinho isolado das outras crianças, ele parecia ter cinco anos, tinha os cabelos castanhos, e seus olhos eram azuis, Harry decidiu se aproximar e viu ele desenhando sozinho.
— Ei. — diz Harry, e chama a atenção dele. — porque você não brinca com as outras crianças?
— Melhor não, eles não vão gostar de mim, igual meus pais.
— E, porque não?
— Sou defeituoso.
Harry fez uma expressão triste, aquelas palavras não deveriam sair de alguém tão pequeno.
— E, porque você é defeituoso?
— Não consigo ouvir direito.
— Sério? Minha mãe também não conseguia, e ela virou uma grande médica.
Os olhos dele pareciam brilhar.
— É sério?
— Claro, só porque você é diferente, isso não significa que seja ruim.
— Quero ser um bombeiro!
— Talvez você realmente consiga.
— Obrigado moço.
Harry ficou surpreso por ele perceber que o ruivo não era uma mulher.
— Tudo bem, meu nome é Harry, e o seu?
— Sou Felipe.
Harry sorriu, ele logo percebeu Sarah olhando para ele, ela parecia feliz e decidida, Harry seria um ótimo funcionário para aquele lugar.