Chereads / Rebirth - O Despertar / Chapter 66 - A Força do Grupo

Chapter 66 - A Força do Grupo

As aulas terminaram em um piscar de olhos, e o som do sinal foi recebido com suspiros de alívio por toda a sala. Enquanto os outros alunos se apressavam para sair, caminhei pelos corredores movimentados, ajustando a alça da mochila no ombro.

Minha mente, no entanto, ainda estava presa nos acontecimentos do dia anterior.

A tarde na biblioteca com Yuki havia sido mais do que produtiva; havia sido surpreendentemente leve. Cada explicação dela parecia um passo à frente no meu entendimento, e o jeito como sua voz calma guiava as soluções ainda ecoava na minha cabeça.

Eu não conseguia evitar o leve sorriso que surgia no meu rosto ao lembrar da luz do sol filtrando pelos cabelos dela e daquele sorriso gentil quando eu finalmente acertava uma questão.

— Shin! — A voz de Seiji me puxou de volta à realidade, enquanto ele se aproximava com Rintarou ao lado. Sem cerimônia, Seiji jogou um braço em volta do meu pescoço, me arrastando com um sorriso animado. — Vamos logo! A galera tá esperando na lanchonete!

— Tá bom, tá bom — respondi, rindo enquanto me soltava.

Do lado de fora, o sol da tarde brilhava com intensidade, mesmo sendo inverno. A caminhada até a lanchonete foi relaxante, com o habitual clima leve que sempre parecia acompanhar Seiji e Rintarou. Ao chegarmos, avistei o restante do grupo já reunido em uma mesa próxima à janela.

Akira acenava como se estivéssemos a quilômetros de distância, enquanto Takeshi, em um equilíbrio precário, tentava segurar uma pilha de livros que ameaçava desabar a qualquer momento. Mai e Kaori estavam sentadas, envolvidas em uma conversa animada que fez Kaori rir alto quando nos aproximamos.

— Finalmente, Shin! — Kaori exclamou, levantando-se teatralmente com um sorriso provocador. — Pensei que você tinha desistido da gente de novo, tipo ontem!

— Eu não desisti ontem, só tinha um compromisso… — expliquei, tentando soar casual enquanto me sentava na mesa.

— Sei… compromisso, né? — Akira comentou com um sorriso travesso, recebendo um olhar cúmplice de Seiji.

— Certo, certo, vamos deixar o Shin em paz por um minuto. — Mai interveio, levantando uma folha repleta de números e fórmulas. — Precisamos de todas as cabeças funcionando pra resolver isso aqui.

— Todas as cabeças? A minha não vai ajudar muito… — Takeshi murmurou enquanto colocava os livros na mesa com um baque pesado. Ele se jogou na cadeira, apoiando o rosto nas mãos. — Matemática é tipo meu pior pesadelo.

Kaori riu, cutucando o ombro dele.

— Takeshi, você fala isso de todas as matérias. — Ela brincou.

— Não é culpa minha se eu sou melhor em… coisas que não envolvem números. — Takeshi respondeu, gesticulando vagamente, arrancando risadas do grupo.

Seiji já estava com o menu na mão, ignorando completamente a folha que Mai segurava.

— Antes de qualquer coisa, vamos pedir alguma coisa pra comer! Não dá pra estudar de barriga vazia! — declarou com a mesma seriedade que um líder motivando seu time.

Mai suspirou, cruzando os braços.

— Seiji, o que você faz no intervalo? Dorme e esquece que é pra comer?

— É um treinamento secreto pra maximizar a fome! — Ele rebateu com um sorriso confiante.

Rintarou, que até então estava quieto, balançou a cabeça e murmurou com um leve sorriso:

— Isso é basicamente a estratégia dele pra tudo...

Enquanto os pedidos começavam a ser feitos, a mesa se enchia de risadas e energia, preparando o terreno para uma tarde de estudos — ou algo próximo disso.

Depois que os pedidos chegaram, a mesa ficou um pouco mais organizada — ou, pelo menos, tão organizada quanto poderia ficar com Seiji devorando um salgado e Takeshi tentando desesperadamente segurar um sanduíche escorregadio sem derrubar os ingredientes nos cadernos espalhados.

— Certo, pessoal, foco agora. — Rintarou disse, com um tom de liderança, enquanto colocava um exercício de matemática no centro da mesa. — Alguém consegue resolver isso?

Todos se inclinaram para olhar para a folha, mas o silêncio que seguiu deixou claro que ninguém estava exatamente confiante. Takeshi foi o primeiro a recuar, balançando a cabeça com uma expressão derrotada.

— Isso aí é impossível... Deve ser algo de outro planeta.

Kaori inclinou-se para frente, franzindo a testa enquanto examinava o problema.

— Parece complicado mesmo… — murmurou, mordendo o lábio. — Mas acho que tem alguma coisa a ver com… hã… ah, eu não sei.

Observei a questão. Era familiar. Muito familiar. Yuki tinha me ensinado exatamente isso no dia anterior. Um impulso de confiança me atingiu, e puxei a folha para mais perto.

— É mais simples do que parece — falei, surpreendendo a todos.

Kaori e Seiji trocaram olhares confusos, mas eu já estava desenhando um pequeno gráfico no canto do caderno para ilustrar minha explicação. Com calma, comecei a detalhar os passos, exatamente como Yuki havia feito. Fui explicando o raciocínio e mostrando como cada parte se conectava.

Houve um momento de silêncio enquanto todos olhavam para o que eu tinha feito. Então, Kaori foi a primeira a reagir, seus olhos brilhando de entendimento.

— Ah, entendi! — Ela apontou para o gráfico com entusiasmo. — Tudo faz sentido agora!

— Uau, Shin! Desde quando você é tão bom em matemática? — Akira perguntou, os olhos arregalados enquanto me encarava com genuína surpresa.

— É sério! Você foi iluminado ou algo assim? — Seiji adicionou, a boca ainda cheia de comida.

Eu ri, tentando parecer casual, mesmo que meu rosto estivesse esquentando levemente.

— Eu só… estudei bastante ontem — respondi, desviando o olhar, tentando manter a voz casual.

A verdade era que, enquanto matemática finalmente começava a fazer algum sentido graças à ajuda de Yuki, outras matérias, como ciências ou biologia, ainda me deixavam completamente perdido.

Sempre que olhava para aquelas páginas cheias de termos complicados, era como tentar decifrar um idioma desconhecido. Apenas dei sorte de ter revisado matemática no dia anterior — com muita ajuda.

— Shin, você precisa me dar umas aulas particulares! — Takeshi brincou, levantando a mão como se estivesse se inscrevendo para algo muito sério.

— Se o Takeshi tá pedindo ajuda, é porque a situação dele é realmente crítica... — Kaori comentou, rindo enquanto dava um leve empurrão no ombro dele.

— Ei, não precisa jogar na cara assim! — Takeshi rebateu, mas seu tom era mais de diversão do que de ofensa.

Enquanto as risadas ecoavam ao redor da mesa, senti algo novo também. Explicar algo que antes parecia tão complicado para eles, e também para mim, e vê-los realmente entendendo dava uma sensação estranhamente boa.

Era como se, por um momento, eu estivesse retribuindo, de alguma forma, o apoio e as amizades que sempre me deram força.

Depois de avançarmos bastante em matemática, Rintarou sugeriu uma pausa antes de passarmos para outra matéria. A ideia foi recebida com alívio por todos, especialmente por Seiji e Akira, que pareciam estar prestes a implorar por misericórdia.

Enquanto relaxávamos, a conversa desviou naturalmente para o Festival Escolar, trazendo ambos de volta ao centro das atenções com seu entusiasmo característico.

— Nossa turma precisa fazer algo que realmente chame atenção. — Akira começou, cruzando os braços e assumindo uma expressão que parecia mais séria do que o habitual. — Ainda acho que um Maid Café seria um sucesso absoluto.

Takeshi, que estava tomando um gole de suco, engasgou tão forte que Mai teve que lhe dar um tapinha nas costas.

— Um Maid Café?! — Ele exclamou, a voz um pouco rouca pelo engasgo. — Você tá falando sério?

— Claro que tô! — Akira respondeu com firmeza, inclinando-se para frente enquanto um sorriso travesso surgia em seu rosto. — Imagina só: Yumi, Aiko, Yuki e Sora usando uniformes de empregada bonitinhos. Ia ser lendário!

A imagem que ele pintou me pegou de surpresa, e meu coração disparou involuntariamente ao pensar em Yuki em um uniforme desses. Balancei a cabeça rapidamente, tentando afastar o pensamento, mas não pude evitar um leve calor no rosto. Claro que ela seria o centro das atenções na escola se isso realmente acontecesse.

— Você não tem jeito, Akira. — Mai balançou a cabeça, cruzando os braços e lançando um olhar repreensivo. — Não dá pra pensar em outra coisa além dessas ideias absurdas?

— Tá bom, tá bom, foi só uma sugestão! — Akira ergueu as mãos em um gesto defensivo, mas o sorriso no rosto deixava claro que ele estava adorando a reação. — Mas ainda acho que seria épico.

— Ok, mas e se fizermos algo mais criativo? — Takeshi interveio, tentando redirecionar a conversa. — Tipo uma sala interativa, com desafios ou enigmas que as pessoas precisem resolver. Pode ser algo imersivo, sabe?

— Isso soa interessante. — Rintarou comentou, pensativo. — Algo que destaque nossa turma, mas que também seja diferente. Dá pra usar isso pra mostrar trabalho em equipe e criatividade.

— Concordo. — Mai disse, assentindo. — Dá pra criar algo realmente legal com essa ideia.

Enquanto eles discutiam a sala interativa, Akira não perdeu a oportunidade de dar sua última palavra.

— Tudo bem, tudo bem, sala interativa é legal… — Ele fez uma pausa dramática antes de continuar. — Mas ainda acho que um Maid Café devia ficar no topo da lista. Só pra constar.

O clima leve e as brincadeiras tornavam a pausa muito mais agradável, ajudando a aliviar um pouco a pressão das provas finais. E mesmo com as ideias malucas de Akira e Seiji, não pude evitar um sorriso ao perceber como o Festival Escolar era capaz de trazer uma energia diferente para todos nós.

Quando voltamos ao estudo, as coisas começaram a fluir com mais facilidade. Revisamos inglês e história, e todos nós conseguimos acompanhar as explicações de Rintarou sem muitas dificuldades — o que, para o nosso grupo, já era uma pequena vitória.

— Bom, acho que conseguimos cobrir bastante coisa hoje. — Rintarou anunciou, fechando seu caderno com um leve estalo antes de se recostar na cadeira, parecendo satisfeito.

— Graças ao Rintarou e também ao Shin, que resolveu virar gênio do nada. — Kaori brincou, cutucando meu braço com um sorriso travesso.

— É sério, Shin, você tá surpreendendo hoje. — Seiji comentou, dando uma leve risada enquanto estalava os dedos, como se estivesse se alongando depois de tanto esforço.

— Valeu, Rintarou! Shin também! — Takeshi acrescentou, levantando a mão para um "high five", que eu retribuí meio sem jeito.

— Ah… só fiz o que pude — respondi, desviando o olhar enquanto sentia minhas bochechas esquentarem levemente com os elogios.

— Então continue fazendo o que puder. — Mai disse, piscando de maneira encorajadora. — A gente ainda tem alguns dias de estudo pela frente.

As risadas e os sorrisos ao redor da mesa fizeram o momento parecer mais leve, mesmo em meio à pressão das provas. Aos poucos, todos começaram a guardar seus materiais, as conversas se transformando em planos descontraídos para o restante da semana.

Quando finalmente nos despedimos, cada um seguiu seu caminho. A brisa fresca do final da tarde me envolveu enquanto eu caminhava para casa, o barulho suave dos passos quebrando o silêncio das ruas tranquilas. Minha mente, no entanto, estava distante, presa em pensamentos.

Lembrei-me dos momentos no café, dos rostos concentrados e das risadas que surgiam inesperadamente. Era bom estar ali, ajudando e aprendendo ao mesmo tempo. Mesmo com os desafios, aquelas sensações eram algo que eu não trocaria por nada.

E então, claro, meu pensamento voltou para Yuki. Sua paciência ao explicar as coisas e a maneira como ela fazia parecer tão simples… O dia anterior ainda ecoava em minha mente, e eu sabia que parte do que eu tinha conseguido ensinar durante o estudo, vinha do que ela havia me mostrado.

Eu pensava em como o estudo em grupo tinha sido produtivo e no quanto tinha me sentido bem ajudando os outros. A confiança que Yuki me passou parecia ter se estendido de um jeito que eu não esperava.

Mas, embora as provas finais fossem o foco imediato, outra preocupação se infiltrava nos meus pensamentos: os refinamentos que Shihei havia sugerido para a minha história. Aquele manuscrito era mais do que apenas palavras no papel; era uma chance, talvez única, de transformar meu sonho em algo concreto.

Eu sabia que, assim que as provas terminassem, precisaria mergulhar de cabeça nisso. Revisar, ajustar, polir cada detalhe. A ideia era tão empolgante quanto assustadora, mas, pela primeira vez, eu sentia que estava pronto para enfrentar o desafio.

Respirei fundo, ajustando a alça da mochila sobre o ombro. A brisa da noite acariciava meu rosto, e o som distante da cidade se misturava ao ritmo constante dos meus passos. Um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios enquanto olhava para o céu estrelado.

Aos poucos, tudo parecia estar se encaixando. Mesmo com os desafios e incertezas, eu sentia que estava no caminho certo.

Com essa determinação firme no peito, continuei caminhando para casa, mais confiante do que nunca no que estava por vir.