Os poderes de Thilaila eram incríveis porque, mesmo sem querer, os guardas pareciam impelidos a obedecê-la. Então, mais rapidamente do que se imagina, abriram a cela. Assim que eles avançaram com armas em mãos, Thilláila suavemente levantou suas mãos e disse, avançando para eles cautelosamente:
— Muito obrigada pela cooperação dos senhores. Agradeço de coração.
E, ao encostar sua mão em cada um deles, fez com que imediatamente desacordassem. O primeiro passo do plano estava completo; Thillaila estava livre e agora iria libertar seu amigo Kowalsk.
Outro soldado apareceu, armado e assustado ao ver alguns de seus amigos caídos ao chão. Ainda tentou esboçar uma reação. Mas Thillaila se concentrou e, calmamente, fez uma pergunta a ele:
— Onde fica a chave geral para desligar todas as luzes dessa base?
O soldado, sem querer responder, apenas pensou:
"Até parece que eu vou dizer que esse lugar é próximo da sala do Coronel Cleaner."
Nesse momento, Thillaila ordenou mentalmente:
"Siga imediatamente para esse lugar."
E, inserindo-lhe um medo secreto em sua mente, o soldado seguiu adiante e, tremendo de medo, se dispôs a ajudá-la, levando-a até onde ela precisava ir. Chegando no local, Thilláila novamente encostou a ponta de seu dedo na nuca do soldado, que caiu desacordado quase que ao mesmo tempo em que as luzes eram apagadas em toda a base.
Kowalsk estava se recuperando rápido e, quem olhasse para ele, não acreditaria no tamanho da surra que ele havia levado. Mas ele se lembrava muito bem e, com as luzes se apagando, sabia que era a hora da revanche. Tudo que ele precisava era sair dali, e seria só uma questão de tempo para encontrar um jeito.
Mal terminou de pensar, e um dos guardas de segurança veio até sua cela com lanternas iluminando o local. Para surpresa deles, Kowalsk não estava em lugar algum da cela. Rapidamente vieram abrir sua prisão para verificar minuciosamente e, assim que o fizeram, Kowalsk pulou do alto do teto em cima de um guarda e, sobre o outro, com uma saraivada de golpes, nocauteou. Assim como o soldado que havia amortecido sua queda.
Então, ele deixou os dois trancados depois de retirar suas armas e prendê-las na cela, escondendo a chave em algum lugar próximo. Seguiu adiante pela escuridão para buscar sua vingança nos soldados que encontraria.
Enquanto isso, em algum lugar da base, também em meio à escuridão, o Coronel Cleaner estava assustado. Em todo esse tempo em que serviu no exército, nunca tinha ouvido falar de alguém que houvesse escapado de uma cela como aquela. Ele havia assistido a tudo de uma distância segura porque o sistema de monitoramento, juntamente com as câmeras de vigilância, tinha alimentação separada de energia.
Por um momento, ele se arrependeu de ter tratado Kowalsk de uma maneira tão covarde. Por um instante, teve raiva do sargento Dugger por se deixar convencer pelas conversas mole que ouvia dele. Ficou a refletir por alguns instantes:
"A que ponto eu cheguei para aceitar a bajulação de alguém tão falso e não confiável como o sargento Dugger?"
No entanto, chegou à conclusão de que agora era tarde para arrependimentos. Armou-se com sua pistola e, juntamente com uma lanterna, seguiu em direção à cela onde deveria estar Kowalsk. Com pouca visão por causa da baixa luminosidade da lanterna que o Coronel Cleaner carregava, ainda assim ele conseguiu distinguir a figura sombria de Kowalsk, que parecia moldado num canto da parede.
O Coronel Cleaner não teve dúvidas e, tão rápido quanto viu a aparição de Kowalsk, apertou o gatilho de sua pistola por seguidas vezes. Ele queria ter certeza de que não erraria o alvo, pois não faltava munição para isso.
Mas essa atitude veio tarde demais. Kowalsk havia se esquivado e, antes que pudesse ser iluminado novamente, caiu sobre o Coronel Cleaner com socos violentos que o fizeram sentir muita dor e arrependimento de estar no lado contrário daquele experiente soldado.
Kowalsk ainda o socou por mais algumas vezes até nocauteá-lo totalmente. Em seguida, arrastou-o pelo braço e abriu uma das celas adjacentes, que continha dois soldados. Ele os colocou lá dentro, jogando-os de supetão.
Então, Kowalsk começou sua caçada no escuro. Ele rastejava, se infiltrava e depois atacava. A cada dois ou três soldados nocauteados, ele dava uma pausa para arrastá-los até a cela, que, em pouco tempo, começou a se encher.
Aos poucos a cela foi se enchendo com cinco, sete, nove, onze, quinze soldados.
Depois ele começou a encher a outra cela, dois ,cinco ,sete, nove, onze soldados e apenas a celado meio mantinha uma pessoa em especial que era o Coronel Cleaner.
Ouvindo tantos gemidos próximos o Coronel Cleaner despertou e para sua surpresa percebeu as celas ao seu lado estavam sendo enchidas pelos corpos nocauteado de seus soldados.
"Mas o que é que está acontecendo aqui?", perguntou sem obter resposta. E cinco minutos depois, Kowalsk vinha arrastando mais três militares. Com seus fortes braços, ele os jogava em uma cela, de qualquer maneira.
"Você não pode fazer isso com eles!", gritou o Coronel Cleaner, indignado.
"É verdade mesmo?", disse Kowalsk, ironizando.
"Então quer dizer que eles podem bater em mim até quanto quiserem, podem tentar matar minha amiga, estuprar e se divertir à vontade, e sempre debaixo de suas ordens expressas. E eu, como um bom e obediente civil, não posso sequer me defender, que dirá revidar, não é mesmo, Coronel? Muito me admiro com o quão baixo o senhor chegou na cadeia de comando. Eu ouvia falar de sua fama e de como costumava ser justo, e por isso o respeitava muito. Mas depois desse papelão todo, em que entregou a minha carne aos corvos e a minha vida a um safado, até mesmo um rato é muito mais digno de respeito do que o senhor, Coronel Cleaner."
Cheio de angústia e arrependimento, o Coronel implorou:
"Por favor, Kowalsk, você não pode fazer isso... é desumano."
E se aproximando da cela do Coronel Cleaner, Kowalsk gritou:
"Desumano? Pois eu vou mostrar o que é desumano quando eu encher todas essas cinco celas de soldados e mostrar para cada um deles como é que se bate num homem."