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Chapter 44 - A revolta de Kowalsk

O caos começou com Thilláila em uniformes rotos de soldados derrotados, nocauteando mentalmente os soldados de um lado, enquanto, do outro lado, Kowalsk golpeava sem dó qualquer um que cruzasse seu caminho.

— Senhor Kowalsk, pode me ouvir?

Era Thilláila entrando na mente do Kowalsk à distância.

— Eu já falei para você não fazer isso comigo. Saia já de minha mente.

— Senhor Kowalsk, é importante. Eles têm mais de mil e duzentos civis como prisioneiros espalhados ao longo dessa área.

Kowalsk ficou sem chão; como alguém de sua espécie poderia manter prisioneiros numa época daquelas? E quantos eles têm aqui?

— Somente 100, senhor, talvez 120, não mais do que isso. O que vamos fazer agora?

— Passe essa informação para Gareno e peça para que venha em módulo destruição. Quem não se render, vai virar comida de dreikis.

— E quanto à Drakissa, senhor Kowalsk? Ela está bem impaciente.

— Primeiro, ordene-a que traga uns duzentos filhotes para que cerquem todo o perímetro externo da base. Depois diga para ela vir para cá e que ninguém a impeça de chegar até mim.

— Entendido, senhor Kowalsk. E mais uma coisa, senhor.

— Diga, Thilláila, o que é?

— Mantenha-se vivo, senhor, e muito cuidado, porque aqui não existem só soldados humanos. Aqui a maioria são cobras se aproveitando de pessoas humildes que estão na mais profunda pobreza.

— Thilláila, mudei de ideia. Descubra onde estão esses prisioneiros civis e peça para Drakissa ir buscá-los utilizando a posição quatro e um. Se alguém tentar impedi-la, diga a ela que seus filhotes guardiões têm permissão para se alimentar.

O silêncio mental de Thilláila mostrava o quanto estava preocupada.

— Senhor Kowalsk, o senhor vai realmente ultrapassar seus limites?

— Se você soubesse ler e interpretar a minha mente corretamente, Thilláila, saberia que meus limites já foram ultrapassados há muito tempo. Eu poderia até mesmo ignorar a surra injusta que me deram, as ordens controversas do coronel, mas manter civis como escravos que podem ser usados e descartados quando e como quiserem, isso eu jamais perdoaria.

— O senhor pretende dar baixa no coronel, senhor Kowalsk?

— Se ele for apenas uma vítima das circunstâncias, eu posso deixar passar dessa vez. Mas se ele estiver envolvido nisso, farei dele um escravo de todos os civis prisioneiros que eu encontrar.

Kowalsk estava se recuperando rápido, e quem olhasse para ele não desconfiaria do tamanho da surra que ele havia levado alguns momentos atrás. O velho soldado parecia estar fora de si; até mesmo a jovem Thilláila nunca o tinha visto daquela maneira. Todas as vezes que ele saía por entre os corredores, não demorava mais do que cinco a seis minutos para que ele voltasse arrastando dois ou três soldados, rotineiramente abrindo a cela e jogando-os de qualquer maneira.

Isolado em uma das celas, o coronel Cleaner estava estupefato. Ele nunca imaginou que Kowalsk, além de ser destemido e habilidoso, fosse extremamente forte. As duas celas adjacentes à sua estavam cheias de soldados nocauteados ou atordoados, e todos com o corpo bastante dolorido.

— Até quando você vai continuar com essa loucura? — Perguntou o coronel Cleaner, assustado com as atitudes do velho soldado.

Kowalsk nem se deu ao trabalho de responder; somente deu uma longa encarada e depois se retirou. Enquanto isso, o coronel Cleaner pediu para seus subordinados, que já estavam conscientes, acordar os demais e fazer a contagem. Em uma das celas, havia 27 soldados, e na outra, 32, ou seja, no total 59 soldados haviam sido capturados sem muito esforço por um único homem.

"Será que Kowalsk realmente encontrou uma maneira de vencer os dragões? E como ele adquiriu tanta força?" Pensou o coronel Cleaner, arrependendo-se novamente por não ter dado ouvidos a Kowalsk.

Apesar de ter o poder de derrubar seus inimigos sem utilizar a força física, Thilláila procurava economizar sua força mental; era muito cansativo e estressante utilizar aquela habilidade continuamente.

Enquanto isso, do lado de fora, disparos eram efetuados a todo momento. Era o soldado Gareno que utilizava qualquer coisa que estivesse à sua frente como bloqueio das balas e depois as arremessava nos soldados. Drakissa também começou a agir e, apenas com um pulo, derrubava e ficava em cima de seus adversários. O que era suficiente para sua toxina agir, assim que liberada abaixo de seu pescoço, entre sua espessa pelagem, colocando assim muitos soldados para dormir sem causar maiores danos.

No entanto, quando era pega de surpresa por uma saraivada de disparos, ainda que o primeiro ou segundo tiro lhe acertasse, ela não recuava. Avançava com fúria, não perdoando e nem dando uma segunda chance ao soldado, destroçando-os com suas implacáveis presas imediatamente.

Havia ao menos uns 70 soldados combatendo contra Kowalsk e sua equipe, e disparos ecoavam por todo o canto dos muros da base. Ainda assim, Drakissa ouviu a mensagem telepática de Thilláila que avisava:

— Por favor, Drakissa, não elimine mais nenhum soldado; apenas imobilize-o.

Drakissa só tinha inteligência para entender ao menos 40% do que os humanos falavam. Então, das frases em que Thilláila lhe falou, ela entendeu apenas "não elimine os soldados", o que já era mais que suficiente para ela agir de outra maneira.

Ela se posicionou em um ponto cego de uma das paredes internas e uivou como se fosse um lobo alfa. Imediatamente, uma quantidade exorbitante de uivos respondeu do lado de fora da base. Mesmo no meio de tantos disparos, todos os soldados que estavam combatendo escutaram e se arrepiaram, tentando imaginar o que haveria de vir contra eles.

A resposta a essa pergunta foram centenas de dreikis entrando pelos muros e portões e invadindo todos os lugares da base. Qualquer abertura que fosse grande o suficiente para passar um dreiki, lá estavam eles. Alguns soldados, com reflexos rápidos o suficiente, conseguiram disparar e acertar uns quatro dreikis, mas contra o restante deles, os soldados não tiveram nenhuma chance. Então, dos 70 combatentes, 20 foram massacrados pelos dreikis, e os demais tiveram suas armas arrancadas bruscamente de suas mãos e foram imobilizados ao chão, com os dreikis babando por cima de suas cabeças.