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Ela lembrou de procurá-lo no dia seguinte, logo após escapar das garras pervertidas de Theodore.
Aleatoriamente, ela abriu a primeira página, sem ter certeza do que esperar.
Este não tinha um resumo. Theo disse que isso indicava que os eventos do livro ainda não haviam acontecido, porque ainda havia a possibilidade de mudança.
Foi a primeira vez que ela encontrou um livro do destino, então seu interesse foi aguçado.
Dizendo expressamente para Theo não a incomodar, ela se acomodou em um cantinho confortável e começou a ler.
A história se passava em um mundo chamado Estrela Azul, muito semelhante aos cenários da maioria dos livros 'modernos' que ela havia lido antes.
Ela se sentiu atraída pela história, assim como pelo fato de que a heroína também era uma espécie de 'maga da água'. Ela terminou tudo de uma vez.
Entretanto, em retrospecto, ela lembrou que, enquanto colocava o livro de volta na estante, acidentalmente roçou a mão na capa dele e derramou sangue nela.
Naquela época, ela não pensou muito nisso e foi para casa dormir, porque se sentia um pouco esgotada.
Na época, ela apenas achou que era gentil demais com seus homens.
Agora ela sabia que havia mais nisso do que ela jamais poderia imaginar.
A próxima coisa que ela soube depois de acordar, ela estava no quarto do dormitório, suando por estar doente.
"Você está bem?"
Ela olhou para cima e viu Claire, que já havia se aproximado dela em algum momento com um rosto preocupado.
Acontece que Claire saiu cedo naquela manhã para o treino do seu clube e as outras duas estavam absortas em si mesmas, especialmente quando se atrasavam um pouco.
De fato, havia uma menção de que Claire era a única que tinha uma verdadeira conhecida do colega de quarto sem nome.
Também foi por causa dela que ela foi mencionada mais tarde na história, quando Claire e o soldado estavam tendo uma conversa franca e ela expressava arrependimentos sobre as pessoas que perderam.
As outras duas estavam olhando para ela, aparentemente percebendo-a ali naquele momento.
Afinal, geralmente neste horário ela estava quase sempre na biblioteca.
Ela podia apostar que Laura já teria esquecido seu nome se não fosse mencionada ocasionalmente por Claire.
"Estou bem, obrigada." Ela disse, baixando a voz como a Outra Ela habitualmente fazia. "Só precisava de um pouco de descanso. Vou ficar bem. Ok amanhã."
Claire a olhou de cima a baixo para ver se ela estava apenas sendo educada. "Você comeu?"
Ela assentiu com a cabeça. Ela tinha, ela comeu a invenção celestial do macarrão instantâneo que a Outra Ela tinha em estoque.
Seu sabor glorioso ficaria para sempre gravado em seu coração.
Claire assentiu, vendo que ela não estava mentindo. "Eu tenho tanto paracetamol quanto ibuprofeno aqui. Qual você prefere? Eu recomendo ibuprofeno pois dura mais tempo, mas só se você não tiver problemas de estômago, claro."
Khalifa lembrou que essa garota estava estudando medtech, e estava planejando ser médica no futuro.
Essa garota era genuinamente gentil e definitivamente muito sortuda – filhos escolhidos de um universo têm um charme especial – e ela podia ver como se envolveria em um triângulo amoroso em meio a um desastre.
"Eu agradeceria isso, obrigada." Ela disse enquanto se deitava.
Ao fechar os olhos, ela pôde ouvir Claire remexendo em seu armário de remédios sem prescrição e Laura sussurrando para Mira: "qual é o nome dela mesmo?"
Depois de tomar seus remédios, as quatro meninas voltaram às suas atividades anteriores.
Khalifa encarou o teto branco simples por um tempo, agora que ela teve interações com pessoas reais, finalmente absorvendo de verdade o fato de ter sido puxada para outro lugar – provavelmente, um universo diferente por completo.
Em seu devaneio, ela tentou se lembrar do que leu.
A história começou com a introdução da heroína, Claire Enclaire, uma garota doce de uma família de classe média normal e feliz.
Mostrava as interações dela com seus pais amorosos, como eles contavam o dia um do outro, como se consolavam nos dias ruins.
A história também falava de sua harmonia com o convidado, seu namorado, como ele era tratado como parte do grupo assim que batia à porta.
O doce protagonista masculino, Chris, estava jantando com a família dela. Ele tinha se integrado tão bem que provavelmente estavam apenas esperando que eles chegassem à idade núbil para se casar.
As partes iniciais da história eram bastante pacíficas, com a vida escolar cotidiana dela com as duas amigas: Laura e Mira, com uma menção vaga de outra colega de quarto (aparentemente, ela) que mal viam.
Eles eram uma família feliz, o que torna a tragédia vindoura ainda mais triste.
Mas a história não fazia prenúncio disso, simplesmente mostrava a vida de uma família normal funcionando, que fazia ela – uma órfã – invejá-la um pouco.
Foi quando o protagonista masculino foi chamado para participar de um concurso em outra província, e foi por volta desta época que o início da tragédia aconteceu.
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