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Chapter 3 - As Inspirações Certas

** Harper **

O céu bem que poderia ter desabado.

Ele ... não só leu cada capítulo, mas também estava esperando as atualizações dela todos os dias? Será que ele tinha tempo livre demais e não sabia o que fazer com ele?

Harper demorou um pouco para recuperar sua voz. "V-Você não precisava ler!" Ela quisera poder cavar um buraco no chão e desaparecer por ele. "Quer dizer, eu sei o quanto minha história é ruim. É—"

"Jamais chame seu trabalho de ruim, Harper. Regra do escritor número um, seja sempre confiante com o que você cria. Você não pode fazer alguém se apaixonar pela sua história se você mesmo não a ama primeiro."

O tom de Eli parecia ter mudado com aquela afirmação. Ele soava sério agora, profissional. "Além disso," ele acrescentou, "eu venho fazendo revisões de texto como freelancer por um tempo, e estou sendo sincero ao dizer que sua escrita é bastante fluida. Excepcional para um iniciante, na verdade. Nada de ruim nisso, de jeito nenhum."

Harper piscou. Ela não tinha certeza se deveria se sentir lisonjeada com tal elogio, ou ainda mais mortificada pelo fato de Eli ter se dedicado tanto a avaliar sua história indecente. Um pensamento curioso surgiu em sua mente: ele realmente achava que o livro não era tão ruim?

Como ele tinha gostado daquelas cenas íntimas, então?

... !!! O que diabos ela estava pensando? "Hum, obrigada pela confiança," disse rapidamente, como se expressar algumas palavras pudesse ajudar a afastar aqueles pensamentos bobos. "Queria que mais leitores concordassem com você. Eles claramente acham que há muito espaço para melhorias."

"Eles concordaram que seus primeiros capítulos foram envolventes. A construção emocional foi natural e relacionável, e a tensão foi bem dosada. Você não teria fisgado tantos leitores tão rapidamente de outra maneira." Eli fez uma breve pausa. "O único lugar onde você pode trabalhar um pouco mais é onde as coisas ficam ousadas."

Onde as coisas ficam ousadas. Ah ótimo, então ele achou aquelas cenas insatisfatórias... Harper lamentou internamente em agonia. Ela poderia dar descarga na sua reputação agora. O cara por quem ela foi apaixonada por anos tinha lido cada palavra de suas fantasias secretas, e tinha achado insatisfatório. Poderia haver algo mais constrangedor do que isso?

"Eu posso dizer que você colocou muito esforço em editar aqueles capítulos," Eli continuou, alheio ao seu tumulto interior do outro lado do telefone. "Suas frases são bem polidas, e suas descrições são bastante detalhadas. Mas a essência do problema não está aí. Em vez de gastar mais tempo editando, eu sugeriria que você desse um passo atrás e repensasse o quadro geral."

Ele ainda soava sério e profissional, como se estivesse focado apenas em tentar ajudá-la a analisar a história. Mas Harper sabia que não deveria deixar essa conversa avançar mais nessa direção. Ele estava entrando em detalhes demais agora, e ela não conseguiria lidar com uma discussão mais profunda sobre esse tópico, não quando era o Eli. Ela deveria encontrar uma desculpa para encerrar a ligação antes dele começar a ensiná-la como escrever uma cena não-PG13. Ela deveria—

"Como eu deveria fazer isso?" Ela se ouviu perguntar em vez disso. "O que eu deveria mudar no quadro geral?"

... Droga, o que a tinha possuído? Não era nada disso que ela havia planejado dizer!

"Você poderia abordar isso de uma perspectiva diferente, ou tentar reimaginear a cena com algumas inspirações novas. De onde você normalmente tira suas ideias para as histórias? Inspirada em outros filmes e livros, ou na vida real?"

Harper quase engasgou com o ar. É, ela não deveria ter deixado a conversa continuar. Como foi que ele veio com uma pergunta dessas? Claro que ela não diria a ele que como alguém que nunca havia evoluído um relacionamento além da fase dos beijos, ela absolutamente não tinha como extrair qualquer experiência relevante da vida real... Mas ele poderia já saber? Ele estava perguntando porque aquelas cenas do quarto eram tão irreais e inexperientes que a denunciavam?

"M-Maioria filmes e livros," ela admitiu. "É mais fácil derivar arte da arte, eu acho."

Eli riu. "Então você não tem assistido os filmes certos ou lido os livros certos. A boa arte nos inspira, mas a arte ruim pode estragar nosso gosto." Um traço de informalidade voltou à sua voz. "Mas esse é um problema fácil de resolver, no entanto. Que tal irmos assistir a um filme juntos neste fim de semana? Eu posso te mostrar como aprender com os bons e ficar longe dos ruins. Vai te ajudar a ter as inspirações certas."

Um filme para lhe dar a inspiração certa para o livro dela? Harper não precisou pensar para saber que tipo de filme poderia ser, e ela nem podia suportar a ideia de assistir a algo assim com ele. Ela balançou a cabeça com veemência, depois se lembrou que ele não podia vê-la pelo telefone. "Eli—"

"Não é como se nunca tivéssemos assistido um filme juntos antes," o homem insistiu, claramente percebendo sua rejeição.

Claro que sim. Quando viviam no mesmo bairro quando crianças, os pais de Harper gostavam de convidar outras famílias para assistir filmes, e ela perdeu a conta de quantas vezes ela havia sentado ao lado de Eli em um cinema, compartilhando um balde de pipoca e às vezes roubando sua coca. Mas eles eram crianças naquela época, e aqueles filmes sempre eram sobre a aventura mágica de um adolescente corajoso. Como isso poderia ser comparável ao que ele estava sugerindo agora?

Não, ela não podia aceitar o convite. Isso era inapropriado, e poderia se transformar em confusão demais de várias maneiras. Sem contar que estava muito distante da sua intenção original de receber feedback sobre seu livro. Ela tinha que dizer não.

"Tá bom." Ela se ouviu dizer em vez disso. "Onde você tinha em mente?"