A voz de Erone estava cheia de sinceridade enquanto ele fazia uma reverência para o pôster do seu deus.
"Ó grande salvador das mulheres, abençoe-me para que eu possa abençoar as mulheres em seu nome!"
De longe, a cara de Kiba se contorceu de constrangimento. Ele ficou sem palavras depois de ver seu pôster, mas agora a devoção de Erone o deixou corado.
"O que eu faço?" Kiba se perguntou.
[[Você ia puni-lo, certo?]] Claudia o lembrou de suas palavras anteriores.
"Cof... tecnicamente, esse moleque não tem culpa!" Kiba raciocinou.
[[É mesmo?]]
A tela do telefone agora estava cheia com uma lista de mais de 100 pessoas.
[[E quanto a essas pessoas que tecnicamente não tinham culpa, mas que você puniu por terem te ofendido?]] Claudia perguntou.
"Às vezes não é ruim tentar uma nova abordagem!" Kiba tentou esconder seu constrangimento enquanto continuava, "Além disso, eu fui magnânimo com Daniel e Sarah, então seria injusto punir o garoto sozinho!"
[[Tenho certeza que Daniel discordaria da sua definição de magnanimidade!]]
Kiba não disse mais nada enquanto se teleportava para longe.
****
Kiba estava de volta ao laboratório para estudar os relatórios do corpo de Agatha. Ele havia construído o laboratório para estudar o efeito do Poder Cósmico em si mesmo, mas sem resultado. Então, ele achou que o relatório de Agatha poderia ajudá-lo, já que ela carregava um pequeno traço de poder cósmico.
"É inútil," Kiba murmurou depois de uma hora ou mais de deliberação.
[[Apenas estudar o relatório dela não poderia ajudar você]]
"Eu nunca a usarei," Kiba sabia o que ela estava tentando insinuar.
O único jeito dele realmente se beneficiar seria se ele realizasse experimentos e uma pesquisa mais aprofundada em Agatha. Se fosse outra pessoa, Kiba não hesitaria em realizar experimentos, mas não com Agatha.
[[Eu sei.]] Claudia conhecia seu mestre muito mais do que qualquer outro.
"Suspiros~ Eu tenho que começar a frequentar a academia a partir de amanhã," Kiba disse depois de um minuto. Na última semana, ele tinha faltado às suas aulas, já que estava ocupado com suas 'responsabilidades'.
[[É melhor você ter alguma desculpa, já que a Senhora Felicity não ficou satisfeita com as desculpas que dei a ela]] Claudia mostrou um registro da conversa com Felicidade.
"Só espero que ela não me leve para alguma viagem," Kiba disse enquanto conferia os registros.
[[Você sempre pode resistir se não gostar das ideias dela.]]
"Ela está fazendo tudo por mim, então como posso resistir?" Kiba disse com um suspiro. As ideias de Felicidade sempre lhe causavam dor de cabeça, mas ele sabia o quanto ela se importava com ele.
Na academia, havia rumores de que eles eram um casal, mas Claudia conhecia a verdade. Nem um nem outro tinham desejos sexuais ou românticos um pelo outro. Eles eram quase como irmãos, mesmo sem nenhum laço de sangue.
Apenas Claudia sabia porque Kiba se importava tanto com Felicidade mesmo com todos os seus estranhos sonhos...
*bip*
[[Como esperado, o problema chegou]] Claudia disse após ler uma mensagem enviada para o servidor de email de Kiba.
"Hmm?" Kiba olhou para a tela virtual. Ela mostrava uma mensagem do Horizonte Próximo, solicitando sua presença urgente.
Emails eram a única maneira de a maioria das empresas conseguirem contato com Kiba, já que ele tinha o hábito de desaparecer como um fantasma. Mesmo isso não era uma forma segura de estabelecer contato com ele, mas era melhor do que não ter meio nenhum.
"Dificilmente um problema," Kiba disse após ler a mensagem inteira.
[[Você vai agora? Eles não podem fazer nada com você mesmo se ignorar a mensagem por alguns dias.]]
"Eu tenho algum tempo sobrando," Kiba respondeu enquanto raios de luz branca o cercavam.
****
Instalação Médica, Horizonte Próximo.
Olly olhou para seus novos braços. Graças à tecnologia de clonagem, até braços arrancados poderiam ser regenerados.
"A conta foi paga, então você pode levar o paciente," o médico disse para o homem ao lado de Olly. O homem tinha olhos aguçados, cabelo castanho curto e um nariz longo.
"Eu posso pagar pelo meu filho, então me poupe da caridade desse patife!" o homem respondeu. Quando ouviu os detalhes de como seu filho teve os braços arrancados, ele sentiu o sangue ferver. Mas quando ouviu a parte do 'parente bondoso', ele quase cuspiu sangue.
"Se é isso que você quer, então claro," o médico disse. Ele deixou a sala para que a dupla pai e filho pudesse ter uma reunião adequada.
"Por que você tem que criar problemas sem conhecer seu oponente?" Sem nenhum aviso, o homem deu um tapa no rosto do filho.
"Pai!" Os olhos de Olly estavam cheios de lágrimas. O tapa não continha muita força, então não houve lesão, mas a humilhação era outra questão. Ele já havia sido desgraçado por Kiba, mas agora até seu pai estava punindo-o.
"Como você pode ser tão burro?" O homem amaldiçoou o filho. Ele foi enviado aqui pelo governo para conduzir uma investigação preliminar do incidente no Deserto.
O governo sabia que tal investigação poderia levar até um ano, então eles permitiram que ele e sua equipe trouxessem suas famílias. Afinal, se a equipe não estivesse em sua melhor forma devido à separação, então a investigação seria afetada.
O homem sabia que seu principal trabalho era dar suporte quando a equipe principal chegasse. Pelo que sabia, a equipe principal estava ocupada se equipando com tecnologias que poderiam salvá-los se houvesse uma repetição do fenômeno do relâmpago dourado. Era por isso que a equipe principal estava atrasada, então toda a responsabilidade caía sobre ele.
Ele estava tão ocupado conduzindo a investigação que mal tinha tempo para cuidar das atividades do filho. O governo havia oferecido as melhores instalações para suas famílias, então ele achava que a estadia seria prazerosa, mas agora...
"Eu sinto muito!" Olly pediu desculpas. Ele nunca esperava que um simples insulto resultasse em consequências tão drásticas.
"Use o cérebro de agora em diante!" o homem se acalmou e disse, "Mas fique tranquilo, eu não vou perdoar aquele cara Kiba!"
"É mesmo?" Uma voz veio da porta.
Kiba e o gerente do Horizonte Próximo entraram na sala.
"Por favor, conheça Morley Morgan," O gerente apresentou o pai de Olly.
"Prazer em conhecê-lo," Kiba cumprimentou-o, após o que se virou para Olly. Ele lhe entregou o buquê e disse, "Estou feliz em vê-lo recuperado!"
Kiba carregava um sorriso sincero no rosto enquanto conferia as mãos de Olly.
"Deixe de fingimento!" Morgan interrompeu.
"Fingimento?" Kiba se virou para ele e disse, "Eu estou genuinamente preocupado com ele."
"Você cortou os braços dele e ainda tem a audácia de dizer essas palavras?" Morgan perguntou com raiva.
"Eu estava ensinando a ele uma lição para o seu próprio bem," Kiba disse com um leve sorriso no rosto enquanto continuava, "A partir de agora, ele não será mais uma pessoa precipitada que depende da influência do pai."
Morgan podia sentir a zombaria nas palavras de Kiba. Ele basicamente estava o repreendendo por não ter ensinado bom senso ao filho.
"Você sabe quem eu sou?" Morgan perguntou depois de algum tempo.
"Claro," Kiba acenou com a cabeça e respondeu, "Você não é o responsável pela investigação do incidente no Deserto?"
"E ainda assim você se atreve a machucar meu filho e zombar de mim?" Morgan olhou para ele com um olhar penetrante.
"Devo ter medo só porque seu mestre é o Governo Mundial?" A voz de Kiba continha um traço de diversão enquanto continuava, "Ou talvez eu deva temer por você ser capaz de me incriminar no incidente?"
Morgan não deixou o insulto atingi-lo. Ele sabia o que Kiba estava tentando lhe dizer. Na situação presente, Morgan não podia abusar dos seus poderes como oficial do governo.
O incidente havia atraído a atenção do Governo Mundial e das heranças místicas. Muitos olhos estavam na cidade, analisando cada ação de Morgan. Em outras épocas, ele poderia ter incriminado Kiba em qualquer caso, mas não agora. As chances de escrutínio eram altas demais.
*toc toc*
A porta se abriu depois de algumas batidas. Uma garota em seus vinte e poucos anos e uma mulher entraram na sala.
Quando Kiba viu as duas senhoras, ele quase assobiou. A mulher principalmente...