— Rafael, o que você tem na cabeça? — Miguel perguntou com nítida raiva. Ambos estavam em cima de um terraço alto o bastante para se ter uma noção do tamanho da cidade de Costei.
— Eu? Cabelo e cérebro, por quê? — O loiro rangeu os dentes pelo tom de desdém do amigo. — Qual o problema? Em?
— Você sabe muito bem qual é! Eu devia ter imaginado que só queria ir naquele lugar arrumar briga e mais a gracinha de não aparecer. Taira quer arrancar a sua cabeça. — Avisou fazendo o outro revirar os olhos.
— Daí, foi o seu tio… -Ele para pôr um momento fazendo as pás com as mãos. — Que falou para gente bancar os espiões e se enturmar. — Continuou a manter um sorriso convencido que faz o loiro suspirar se apoiando no corrimão. Não faria muita diferença dar uma bronca.
— Às vezes acho que o Jackson devia ser seu tio e o Marcos que devia ser meu parente. — Rafael não conteve uma risada pelo comentário.
— Tenho que concordar com você. — Era nítido o tom de desinteresse. — Mas, e aí, como foram as coisas com Taira? — Questionou com um sorriso se escorando no corrimão.
— Nada de interessante.
— E quanto a garota? E gata?
— Você continua nisso? — O loiro questionou desafiador.
— Fala sério, ela é a última Reiken viva. — Contínua com um olhar distante. — Responde logo. Assim talvez eu vá para cima. — Debochou fazendo o loiro o encarar friamente.
— Claro... para aquela maluca arrancar a sua cabeça por dar em cima da filha dela. — O loiro murmura mudando de assunto o que fez Rafael se virar de frente ainda se mantendo apoiado no corrimão.
— Tanto faz... e a Maíra nem é a mãe dela. — Resmungou. — Então...
— Então? — O loiro reforçou em dúvida e outro não respondeu, Miguel só fez concordar com a cabeça. O amigo sempre fazia isso, começava um assunto mais não o terminava. — O que foi?
— O que acha que Marcos pretende com ela? — Miguel suspirou não muito interessado naquele assunto.
— Ela é uma especiaria, deve achar que o dom dela serve para alguma coisa -O loiro confirma curvando os lábios amargamente. — E apenas mais um problema para tomarmos conta.
— Que rude!
— Ainda não entendo por que precisaremos bancar as babás, deviam contar a ela, e tem aquele projeto de fusão que ainda não encontramos. — Resmunga por cima ignorando o amigo.
— Nessa parte concordo com você..., mas quanto antes acabarmos nosso serviço aqui mais cedo poderemos voltar para… -Antes que Rafael terminasse a frase uma rajada de vento se iniciou se alastrando pela cidade ocasionando em ambos fecharem os olhos. — Isso não é bom! — Murmurou, fazendo ambos abaixaram a cabeça.
— Parece que eles também descobriram! Quem diria Jackson e Marcos estavam certos, os tempos estão para piorar. — Miguel anuncia calmo abrindo os olhos juntamente de Rafael que não conteve um suspirar.
— Então realmente a traidores na seita. — O amigo murmura pensativo enquanto um vento forte passava sobre eles.
~~//~~
[DOIS DIAS DEPOIS]
— Onde estou? — Hellena ofegava correndo sem saber para onde ir, para todos os lados que olhava a única coisa presente era a completa escuridão, mas de certo modo a sensação que aquele local transmitia era conhecida. Sabia que não podia sentir medo, não podia se sentir fraca e não podia se sentir sozinha. Sabia que se sentisse assim acabaria se perdendo.
Não podia deixar a sensação que existia uma saída morrer, mas mesmo após correr tanto continuava sem chegar a lugar nenhum.
— Droga. — Não conteve a frustração ao parar.
"Vamos Hellena mantenha a calma." Mandou a si mesma enquanto respirava fundo, era quase impossível afastar o sentimento de medo, raiva e culpa. Era como se aquela própria escuridão obrigasse o seu corpo a sentir tudo aquilo ao mesmo tempo.
— Hellena! — A voz suave se faz presente próximo a seu ouvido e no mesmo instante lembranças começaram a passar diante dos seus olhos, não quaisquer lembranças, mas sim, as poucas recordações que tinha da mãe, elas passavam quase palpáveis, podia sentir a sensação que cada massa de luz esférica transmitia, o que cada uma delas representava. Uma parou na sua frente como se lhe chamasse, ela transmitia calma, podia ver através da mesma, mesmo estando um pouco embaçado, as ondas do mar, podia ouvir o som que elas faziam ao bater nas rochas, podia sentir o clima fresco e o ar salgado, era uma sensação boa já que se tratava da primeira e única vez que havia visto o mar com ela.
Levantou a mão mais quando estava prestes a tocá-la uma fumaça acinzentada passou por ela e por todas as outras fazendo com que se dissipassem, outra se formou no lugar, bem maior, só que essa transmitia o oposto das outras, ela era escura e sombria e dava uma sensação de agonia. Nisto uma rajada de vento passou trazendo com sigo faíscas que a fez fechar os olhos e de imediato o cheiro de fumaça adentrou pelo nariz.
Após poucos segundos os abriu se deparando com si mesma com sete anos deitada na grama fresca sentindo um ar quente sobre a cabeça que latejava, tossia muito, ao virar o olhar viu a casa em chamas, os olhos arderão, reconhecia aquela lembrança.
— Esse lugar não. — Pediu arfa fazendo com que a imagem se dissipasse ficando na completa escuridão novamente, o cheiro de fumaça ainda presente anunciando que não fora uma simples alucinação.
~Trec… trec… trec...~Estalos se fizeram presentes de repente junto com os sons de arranhões além de vários cochichos indecifráveis, não podia significar algo bom. Sem muita opção voltou a correr, sem uma direção ao certo mais a cada passo que dava as vozes iam se intensificando, só que agora tinha uma leve impressão do que elas falavam e era algo que preferia não saber.
— NÃO HÁ ESCAPATÓRIA…
— VOCÊ NÃO PODE FUGIR DE NOS…
Eram várias vozes falando ao mesmo tempo, mas ela só corria o mais rápido que podia, tentando fugir daquele lugar, não demorou a avistar mais a frente uma porta aberta que transmitia uma luz intensa e acolhedora. Sabia que aquela era a saída, o que fez com que aumentasse o passo, a porta não chegava nunca era como se a cada passo que desse ela se afastasse o dobro.
— Não vai fugir… humm… humm… — A voz se faz presente ao mesmo tempo que o braço foi puxado, ao olhar para trás se deparou com as várias massas escuras começando a criar forma de mãos só que assim que chegavam próximo da luz evaporavam o que lhe deu coragem para se virar tentando se soltar a todo custo.
— Me soltem. — Mandou cambaleando passando pela porta que agora se encontrava na sua frente, um clarão se fez presente, a vista embaçou.
— Arf… arf… — Se sentou num pulo arfante, o corpo relaxando ao olhar em volta e constatar que estava num quarto.
— Só mais um sonho. — Afirmou se atentando ao horário que demarcava quatro e meia da manhã, se inclinou se sentado na cama passando a mão pela testa quente e húmida, sem pensar muito se levantou indo em direção ao banheiro.
Ligou o chuveiro sentindo a água fria sobre o corpo, pelo menos assim conseguiria baixar a febre.
~~
Aparentemente o dia se permaneceria quente, optou por um short jeans, as mesmas botas do primeiro dia de aula e uma camiseta preta regata com decote simples, dessa vez nem precisou pegar o colar. Devia ter esquecido de tirá-lo noite passada. Na verdade, fazia muito aquilo, e depois daquele sonho não o tiraria tão cedo, era seu colar da sorte que talvez precisasse de manutenção para esse aspecto.
~~//~~
Enquanto caminhava em passos lentos pela entrada bem formada com jardim da casa de mesmo estilo, pôs a chave na porta a girando com cautela enquanto entrava com calma. A sala era grande os móveis moldados com uma estrutura bem detalhada, simples e moderna. Escutou os sons vindo da sala de jantar e assim que chegou ao batente pode avistar Dilan e Maíra discutindo. Apesar de já ter 7 anos parecia ser mais novo, mas tinha a mentalidade bem elevada, ele também tinha a pele clara e os cabelos pretos bagunçados para todos os lados e era bem magro. Já Maíra estava com uma roupa que se tratava de um conjunto social simples que não tirava sua elegância, os cabelos escuros no estilo Chanel até o ombro e uma maquiagem básica presente na sua face. Eram mãe e filho.
Optou por se permanecer calada atenta a conversa que se seguiu.
— Eu já disse dona Maíra, você precisa arrumar um namorado se não vai ficar uma velhota solteirona. — O menor debochou o que causou uma careta como resposta da mais velha.
— Olha como fala, sou sua mãe.
— Você quem sabe, velhota solteirona. — Continuou no mesmo tom de deboche. Mas era nítido a brincadeira, ele era bem ciumento.
— Tábua seca. — Maíra retrucou enquanto ele fazia uma cara feia. Pronto os dois haviam começado a discutir. A penetra só assistia à cena tentando conter em vão as risadas, mas assim que lhe ouviram ambos a olharam mortalmente, mas depois de poucos segundos Dilan abriu um sorriso de orelha a orelha correndo até ela com os braços abertos recebendo um abraço como resposta.
— Hellena que vai virar uma velha solteirona. — O menor brincou.
— Pelo menos não sou uma tábua seca. — Retruca sorridente não contendo a risada acompanhada deles e aproveitou para se sentar em uma das cadeiras de frente para ele que voltou a se sentar. — Qual o milagre de você ter acordado cedo?
— Vou com você para a sua escola. — Respondeu mastigando um pedaço de pão
— Enten… como assim? — Ela Arqueou uma sobrancelha pela afirmação. Se sentia à vontade ali. Maíra era uma segunda mãe, a acolhendo quando mais precisou.
— É que deram um trabalho lá na escola, para o fazer precisamos ir em outra escola e fazer uma comparação entre as duas e entregar as nossas anotações e como a escola que você estuda foi reformada a diretora da minha pediu para tia Taira deixar a gente fazer um tour por lá, a tia Taira disse que não tinha problema. — Murmurou pensativo, apenas concordou com um acenar. Dilan era muito inteligente.
— Então como vai ser?
— Bem. Eu não vou ser o único da minha escola, mas eu posso ficar com você? — Ele pediu com os olhos brilhando o que a fez sorrir.
— É claro que pode.
~~
Assim que terminaram de comer entraram no carro de Maíra que se tratava de um Audi vermelho, enquanto estavam no carro explicava a ele todas as mudanças que haviam ocorrido na escola, tudo que falava ele anotava numa caderneta, ele era um amor de pessoa menos com quem ele deduzia ser uma ameaça, em geral, outros homens que se aproximassem dela ou de Maíra.
— Primeiramente o grande nome da escola faz jus a maior das empresas de tecnologia, desenvolvimento e sustentabilidade... A Librion, a empresa tem quatro chefes principais antes sendo cinco... famílias para ser mais exato, Marlekes, Estraikers, Lekrens e Solens que assumiu o lugar dos Reikens no passado. As quatro formam a Librion. — Explicou e ele concordou voltando a anotar.
— Pronto, chegamos. — A mais velha anunciou enquanto parava o carro os olhando de relance pelo retrovisor. — Por falar nisso vou chegar tarde em casa hoje, tenho muito trabalho na empresa, além disso, alguns contribuintes adoraram os seus projetos Hellena. — Avisou enquanto destravava as portas.
— Está bem dona Maíra, tome cuidado e não fale com estranhos. -Dilan implicou cauteloso o que faz Hellena sorrir.
— Sim, e você se comporte... tchau, amo vocês.
— A gente também te ama. — Responderão juntos enquanto Maíra saia com o carro acenando com a mão e poucos segundos depois se virarão para olhar o portão que já se encontrava aberto.
— Você que estuda aqui. — Ele confirma com desdém, e ela inclinou o olhar para o estacionamento estava lotado e havia algumas crianças da mesma idade dele.
— Hellena. — Se atentou ao chamado notando Dilan acenando para um lugar específico, seguiu o seu olhar e se manteve atenta a Cat que se aproximava.
Cat era diminutivo para Catarina ela estava com uma sandália de cano baixo, saia jeans preta que ia até próximo do seu joelho, e uma camiseta cinza regata. Ela possuía o cabelo ruivo perfeitamente ondulado, tinha uma pele bronzeada com algumas sardas na bochecha e os olhos verdes bem claros, uma garota digna de olhares. Como se tivesse saído direto de uma pintura.
Ela se aproximou em passos rápidos lhes abraçando calorosamente, ela era com toda a certeza uma das melhores amigas que tinha.
— Dilan você está a cada dia mais fofo! — Cat foi a primeira a se pronunciar portando um sorriso no rosto.
— Eu sei que sou encantador. — Afirmou e a de mechas estreitou os olhos.
— Convencido. — Ditou seguindo a risada de Cat a olhando por um curto momento.
— Você anda falando com a Mary? — Não conteve o suspiro ao notar os lábios da ruiva estreitarem em resposta.
— Não se preocupe, você a conhece melhor do que eu.
— Mais já faz quatro meses, ela não apareceu nos últimos dias de aula e nem no primeiro. Ficou literalmente fora de área. — Hellena reforçou.
— Olha, conhecendo aquela doida como eu conheço, vai acabar aparecendo do nada e irá nos surpreender... Além dos mais, o final do ano passado foi conturbado.
Espremeu os lábios.
— Nem me lembre. — Ditou sentindo um arrepio passar pelo corpo.
~~
Os três caminhavam pelo corredor em direção do refeitório, não havia alunos já que estava no horário de aula, ao não ser pelas poucas crianças que estavam conhecendo a faculdade.
— Dilan você deve sempre prestar atenção nas aulas. — Cat afirmou em tom amável e tanto Hellena contorceu o nariz como ele.
— Você não está no direito de falar isso — Ela murmura.
— Você não tinha quase reprovado por faltas? — Ele completa.
— Urrumm… -A ruiva tossiu descontraída se virando para a amiga abrindo um largo sorriso. Lá vinha encrenca.
— É verdade que conheceu um cara bonitão ontem? — Estranhou a pergunta. — Rose e o grupinho dela. — Se conteve para não revirar os olhos apenas concordando, deduzindo que ela se referia ao senhor arrogante.
— E quem é ele? Não é bom o bastante para Hele! — Dilan afirma, abrindo um sorriso de lado logo em seguida. — Hellena nunca fala de garotos. — O menor continua enquanto mantinha o grande sorriso no rosto, e no momento Hellena queria cavar um buraco bem fundo e ficar lá por não saber onde enfiar a cara.
— Pelo que ouvi falar ele e bonito. — Cat confirma eufórica. — E o Laner? Hellena o levou para vocês conhecerem. — A ruiva murmurou.
— Aquele paspalho não conta. — Ele confirma. — Ele só queria se aproveitar da Hele além de que ela nunca o deixava a beijar, não que eu quisesse ver, mas eu só trabalho com provas.
— Bem, de qualquer jeito, talvez ele seja um bom pretendente.
— Quero conhecê-lo. — O menor afirmou emburrado.
— Não coloque coisas na cabeça dele, depois Maíra implica porque eu não levei para ela conhecer..., além disso o senhor Estraiker foi extremamente arrogante -Hellena confirma seguindo na frente
— Estraiker? — Cat murmura para si mesma e Dilan lhe olhou com o canto dos olhos.
— Algum problema? — O menor perguntou.
— Não, está tudo bem
Mostrarão o refeitório a ele e quase todas as áreas importantes da escola, agora estavam na quadra de esportes que era coberta. Ela era bem ampla com degraus enormes nas laterais que também serviam como arquibancada quando havia jogos. Também havia uma área separada com os vestiários masculinos com os chuveiros, e cada aluno do time de esporte tinha o seu próprio armário para colocar as trocas de roupa.
— Por que só tem vestiários masculinos? — Ele questionou com a sobrancelha arqueada.
— Para ficar mais separado a diretora colocou o vestiário feminino na quadra das piscinas. — Cat explicou.
Logo após saírem de lá foram direto para quadra das piscinas que também era coberta, a quadra tinha o mesmo tamanho que a quadra de esportes e as arquibancadas, duas piscinas de tamanho médio e uma pequena, um banheiro normal de um lado e os vestiários com chuveiros e os armários iguais à quadra de esportes.
— Essa piscina precisa de uma limpeza. — Dilan comenta contorcendo o olhar para primeira piscina que se encontrava no lado direito próxima da arquibancada, ela estava tampada com plástico, dava para ver que estava bem suja a outra estava limpa e os deixou atentos pelas vozes alta dos alunos treinando polo aquático.
A professora por volta dos seus trinta e quatro anos, estava com o cabelo amarrado num coque e usava um short jeans branco, uma camiseta azul regata como o maior do uniforme por baixo, mantinha um apito pendurado no pescoço. Auxiliava prontamente cada um dos alunos atenta ao jogo que se seguia e pelo que ela anotava no quadro estava empatado.
— Vamos ver a partida. — Dilan murmurou.
— Eu também quero. — Cat concordou erguendo a mão.
— Vocês realmente adoram uma competição. — Hellena confirmou vendo eles acenarem positivamente.
— Não perco nenhuma luta. — O menor confirmou.
— Maira vai te matar se descobrir que você voltou a acompanhar as lutas. — Avisou e ele sorriu de lado.
— Eu gosto de acompanhar as lutas também. — Cat murmurou fazendo a amiga estreitar os olhos para ela. — Que é... não vivo sem ingressos e você também adora. — Completou enquanto seguiam para arquibancada podendo avistar mais alunos entrando na quadra, entre eles estavam o trio dinâmico, isso mesmo, Jane e as suas companheiras.
~~
Se mantiveram sentados em um dos últimos degraus, um pouco afastados dos demais alunos.
— Vamos, se esforcem pessoal. — Dilan gritava alegremente acenando.
— Para quem você está torcendo? — Cat perguntou atenta a cada lance.
— Para quem ganhar. — Confirmou e Hellena não conteve o riso -Mais se quiser apostar 100 eu aceito dizer a minha opinião.
Cat pareceu considerar por um momento.
~PIII… ~A professora apitou quando a bola saiu da piscina indo parar na arquibancada próximo de Jane enquanto a professora virou o olhar intrigada para a entrada da quadra e Hellena seguiu o seu olhar se deparando com o Estraiker e ao seu lado um homem da mesma faixa etária, os cabelos desgrenhados de cor branca com algumas mechas castanhas, tinha um rosto com traços firmes e era bem pálido.
— Podem descansar... depois continuamos. — A professora anunciou olhando para o relógio que tinha em pulsos e saiu caminhando em direção dos dois trocando várias palavras com eles, e logo os alunos que estavam dentro da piscina suspiraram aliviados se alongando.
~~
— Aquele e o cara de que estava falando... o amigo dele também e bonito. — Uma das amigas de Jane murmurou.
— Sério. — Outra comenta, e todos começaram a prestar atenção neles.
— O que será que eles vieram fazer aqui? — Um dos garotos comenta com uma expressão pouco amigável.
— Talvez estudar. — Jane comenta.
— Que isso Jane. — Rose brinca.
— Qual é. — Jane debocha.
— Estou com fome. — Dilan murmurou levando a mão barriga fazendo um bico mínimo.
— Vamos ao refeitório tem sempre algo lá para comer. — Com a afirmação de Hellena ele abriu um largo sorriso e num pulo estava descendo os degraus.
— Traz um suco para mim, te pago depois. — Cat pediu e ela notou o seu olhar direcionado aos rapazes.
~~
— Parece que ele já está de olho em alguém. — Um dos garotos ironizou a Jane notando quando o loiro se atentou na de mechas antes de seguirem para fora junto da professora.
— Cala a boca. — Ela resmungou pegando a bola e atacando com força nele que desvia facilmente o que a faz arregalar os olhos.
-EII… bolsista…
~~
Escutou a voz de Jane, contudo, a ignorou.
— HELLENA CUIDADO. — Dessa vez foi a voz de Cat e no mesmo instante sentiu o corpo se contorcer numa sensação de perigo e quase que automaticamente se virou esticando a mão na frente do rosto de Dilan pegando a bola, se atentou a ele que não estava entendendo nada, mas no susto cambaleou para trás e de imediato soltou a bola e o segurou pela mão com ele inclinado quase caindo. Não deixou de suspirar aliviada.
— FOI MAL. A BOLA DESVIOU. — Jane grita fazendo com que Hellena a encarasse, agradecia mentalmente por ter bons reflexos, mas não mudava o fato que podia ter acontecido um acidente.
— Ela só pode ter ficado maluca. — Murmurou soprando, antes que desse um passo avistou a sombra escuro se escondendo entre os degraus, era como se estivesse observando e no segundo seguinte era como se o tempo tivesse parado e o barulho de algo se fez presente vindo da piscina e em seguida sentiu algo úmido sobre o calcanhar agarrando a sua perna, inclinou a cabeça para olhar, vendo a mão toda deformada que lhe segurava.
— O meu corpo está pesado. — Dilan avisou e desviou rapidamente o olhar para ele a coisa havia subido de uma vez o puxando para baixo tentou o segurar, mas acabou por escorregar e a coisa aproveitou para a puxar junto, mas pode segurar o menor firmemente entre os braços enquanto caíam para frente, em poucos instantes sentiu o arder assim que o corpo foi de encontro com a água gelada enquanto o plástico afundava junto os cobrindo por completo.
Do lado de fora todos olharam sem entender o que havia acontecido.
— Hellena? — Cat chamou estática descendo da arquibancada.
De dentro da Água Hellena analisava todos os lados, a categoria havia desaparecido, não conseguia se mover direito, pois o plástico tampava boa parte, tentou manter a calma virando o olhar para Dilan e ele estava segurando a respiração assustado, virou o olhar avistando uma brecha no canto e o segurou o guiando e se desvencilhando do plástico.
Emergirão respirando fundo, espremeu os lábios por estarem exatamente no meio da piscina.
— Tudo bem? — Perguntou aliviada por ele afirma com a cabeça.
— Ei vocês dois... o que ouve? — Se atentou ao questionamento de Cat.
— UMA CATEGORIA... — Um dos alunos gritou fazendo a de mechas desviar o olhar para o quanto da piscina, ele estava lá, tinha um semblante masculino os cabelos compridos boiando sobre a água, a pele em estado de composição, apenas a sua face aparente até que submergiu.
— TODOS SE AFASTEM DA ÁGUA. — Cat mandou. — Dilan, Hellena. — A ruiva chamou se abaixando na beira acenando para os dois, Hellena moveu as pernas segurando em Dilan o levando até a beira o ajudando a subir com o auxílio de Cat, antes que pudesse o fazer também sentiu algo se enrolando no pé e ao afundar a cabeça viu que se tratava de uma espécie de massa escura e pegajosa.
— O que está havendo? — Escutou o questionamento da professora e os rapazes que adentraram na quadra rapidamente.
Se atentou quando Cat estendeu a mão.
— Estou presa. — Murmurou quando a ruiva segurou firmemente na sua mão, para no instante seguinte ser segurada mais uma vez, dessa vez pelo pescoço.
— Te peguei. — Escutou o sussurro da voz grossa no pé do ouvido enquanto ele apontou o dedo para Cat fazendo sinal de negativo com o dedo e puxou Hellena para o fundo da piscina e ao decorrer que afundava o plástico se enrolava sobre o corpo sem dar chance de se soltar, em instantes as costas baterem no fundo da piscina.
Observou a estranha figura da qual não conseguia distinguir bem a face, já que estava tampada por estranhas manchas escuras que circulavam por si, o estranho a segurava firme pelos pulsos. Era como se as mãos dele estivessem queimando enquanto aos poucos iam se decompondo, soltando pequenas partes de pele, se debateu desejando não estar lá, desejando estar em qualquer lugar que fosse bom e reconfortante e por um milésimo de segundos visualizou uma floresta, o sol iluminando todo o local, o clima húmido e fresco enquanto sons de pássaros ecoavam, notou o colar brilhar.
— Permaneça com a mente aqui. — Uma voz áspera mandou e no segundo seguinte sentiu o colar ser puxado fazendo-o se soltar do seu pescoço, parando com o seu brilho e consequentemente a trazendo a realidade que estava agora, a pressão no pulmão era presente e entendia que não conseguiria segurar a respiração por muito mais tempo ao mesmo tempo que algo no seu interior enfraquecia aos poucos, a energia que tinha sendo completamente sugada por ele que entre abriu os lábios fazendo com que mais da massa escura e pegajosa escorresse por sua blusa se prendendo no seu pescoço.
— Ahhh… — A estranha figura gritou e Hellena soltou o pouco de ar que restava sentindo a água invadir os pulmões podendo ver a categoria sumindo como fumaça quando uma luz forte aparecia, mas seus olhos já estavam pesados e logo até a voz da sua consciência acabara por ficar distante e num instante tudo escureceu.
~~
— Vamos… respire… — Escutava a voz grossa e apesar de ser familiar não a reconhecia, estava tudo tão calmo, tão silencioso, ao não ser pela voz e a sensação agradável que a pessoa por trás dela emanava.
— Hellena acorde. — Essa voz reconhecia, Cat! Ela parecia aflita.
— Por favor… — Essa era a voz de Dilan, estava um tanto triste quase chorosa.
O que aconteceu? Questionava a si mesma, se lembrando aos poucos da estranha figura, o calor, a categoria a puxando, lhe afogando, aos poucos a consciência retornava.
Sentiu um alívio no peito quando algo foi puxado, só não conseguiu deduzir o que era, ao mesmo tempo que começará a sentir uma pressão no peito e algo macio indo de encontro com os lábios. Começou a ouvir cochichos em volta e sentiu algo se contraindo no pulmão e começará a vir a garganta e começou a tossir mais e mais tirando a água presente, fazendo a presença se afastar enquanto ela respirava pesado recuperando o ar e aproveitando a sensação de poder respirar novamente, depois de poucos segundos se forçou a abri os olhos lentamente.
Com os sentidos voltando à ativa se sentou calmamente com auxílio de alguém enquanto esperava a vista se acostumar, ainda meio atordoada com a respiração e os batimentos acelerados cambaleou para o lado, mas sentiu a pessoa a apoiar lhe impedindo de cair, podia notar que ele também estava molhado provavelmente ele que havia lhe salvado, sentia um vento sobre o peito, ignorou o fato, assim com a dor pelas compreensões. Assim que conseguiu acalmar a respiração e a visão melhorou ergueu o olhar, Cat estava abraçando Dilan, ambos com expressões com uma mistura de medo com de alívio, o menor estando enrolado em uma toalha branca que lhe cobria por completo.
— Dilan. — Chamou. A voz saiu um pouco falha, o menor só fez a olhar e no segundo seguinte pulou em cima dela, com certeza, se a pessoa atrás não estivesse lhe dando suporte teria caído para trás notando também o fato de que seja quem for estar bem quente para quem acabara de sair de uma piscina bem gelada.
— Nunca mais me assuste desse jeito, ouviu? — O menor brigava bravo.
— Está bem, está bem, acho que ela já entendeu… deixe-a respirar. — Cat pediu tentando parar a fúria do menor que fungou antes de a soltar.
— Você está bem?... A sombra? -A professora questionou preocupada.
— Não sei... acho que sumiu. — Murmurou, era assim que as pessoas as denominavam sombras ou categorias conforme como se portavam ou atacavam, nível três se locomoviam para qualquer lugar, as de nível dois se prendiam a um lugar específico e um quando podia possuir uma pessoa, todos consumiam completamente a energia vital de seres vivos.
— Você teve sorte se Miguel não tivesse pulado para te salvar podia ter… — Cat começa, mas para a frase quando viu a feição de Dilan de preocupação. — O que importa e que você está bem. — Completa remediando as palavras, havia se esquecido que ele ainda era apenas uma criança.