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Atravessar o portal era sempre bizarro. A sensação era como perder temporariamente o domínio da própria existência — etérea e quase vaga. Uma vez do outro lado, sensações como a carícia do vento voltavam lentamente ao consciente.
Não importa quantas vezes fosse experimentado, aquele vazio fugaz era algo impossível de se acostumar.
Assim que a bota de Raze tocou o solo firme, o portal atrás dele se fechou com um zumbido quase elétrico.
Observando o ambiente ao redor, um turbilhão de perguntas o consumiu.
"Onde estou?" Raze ponderou. "Isso não se parece com Alterian. Usei a formação idêntica do círculo mágico. Como vim parar em um lugar totalmente desconhecido?"
Acima dele, o céu noturno estava pintado com os tons de uma grande lua vermelha, banhando tudo embaixo com um brilho carmesim. Paralelepípedos jaziam sob seus pés, e a área estava repleta de caixas decadentes, prata embaçada e itens tão corroídos que era impossível discernir. No entanto, o que dominava sua visão era um edifício imponente, lembrando a antiga arquitetura do mundo de Raze. Tinha a majestade de um coliseu, embora o tempo tivesse cobrado seu preço na estrutura.
Uma notável ausência de vida — até mesmo de vegetação — tornava a cena arrepiante. Vendo a impressão de seu círculo mágico no chão, Raze apagou-a rapidamente com o pé, fazendo uma nota mental de seu entorno.
"Entre a carroça desabada e aquelas árvores soturnas formando um coração," ele catalogou a localização em sua mente.
A energia residual de um portal permanece por alguns dias. Contanto que Raze retornasse e desenhasse a mesma formação, infundindo-a com sua magia, um portal de volta a sua nova pátria se manifestaria. Mas ele não queria correr o risco de alguém mais ativá-lo, daí a necessidade de remover a marcação.
Por ora, explorar parecia ser o único curso de ação lógica.
Ele se perguntava se existiam registros deste lugar em Alterian. Através de seu projeto de portal, magos haviam visitado inúmeros mundos, cada um distinto e único. Alguns continham tesouros potentes até mesmo para magos, como o livro que Raze havia obtido — aquele que continha o feitiço de transmigração.
Embora a vida inteligente permanecesse um mistério não descoberto, vestígios de vida passada eram prevalentes nesses mundos.
Atraído pela grandiosidade do coliseu, Raze subiu seus degraus. A paisagem da cidade distante convidava, mas o apelo imediato da imensa estrutura era irresistível.
De repente, um rosnado gutural reverberou à sua direita. Virando-se, os olhos de Raze se fixaram em uma carruagem tombada, atrás da qual brilhavam três olhos ameaçadores.
"Confie em mim, rosnar para mim não vai terminar bem para você," Raze advertiu, com a magia pulsando ao redor de sua mão inteira, aumentando em intensidade.
Com um rugido aterrorizante, uma criatura bestial saltou das sombras da carruagem. Do tamanho de um husky, mas muito mais ameaçadora com seu trio de olhos, costas cravejadas de espinhos e pele vermelha rubi e sem pelos.
Enquanto avançava em sua direção, Raze avançou, "Pulso das Trevas!"
Uma onda de energia sombria irrompeu, atingindo a criatura, perfurando seu meio. Enquanto era arremessada para frente, Raze habilmente evitou suas mandíbulas com uma rolada. Re-compondo-se, ele notou que a criatura, embora gravemente ferida, continuava sendo uma ameaça.
Elevando seu braço, ele o apontou para a cabeça e desencadeou um "Pulso das Trevas" menor, porém mais concentrado, incapacitando instantaneamente a besta.
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'Ai, minha perna está me matando... Talvez o passo de duas etapas teria sido mais inteligente. Por que confiei nos meus instintos?'
A criatura, uma vez derrotada, emitiu uma misteriosa névoa negra. O véu etéreo flutuou em direção a Raze, fundindo-se perfeitamente em sua pele, atraída magneticamente para o seu Núcleo das Trevas.
'As vantagens da Magia das Trevas que meu corpo anterior não conseguiu capitalizar.' Um sorriso surgiu nos lábios de Raze. 'Cada vida tirada aumenta o elemento das Trevas. É por isso que ela foi renegada, tida como tabu. Meu núcleo anterior de vento limitava meu potencial das Trevas. Desta vez não.'
Seu olhar pousou na besta caída, refletindo sobre o embate.
'Ataques mais fortes, mas mana tão limitada... Mais três Pulsos das Trevas no máximo sem lançar mais nada.' Suas mãos foram ao trabalho, cortando a criatura com uma perícia perturbadora. O sangue esguichou e a carne se abriu até que ele encontrou seu prêmio: um cristal.
'Bingo. É por isso que estou aqui.' Seus olhos brilharam de excitação.
O cristal brilhava suavemente, um matiz amarelo pálido indicando seu poder. A criatura era o que era conhecida como uma criatura básica, que dava cristais básicos como este. Para as pessoas comuns era um tesouro, para os magos do topo não era nada, mas para um Mago 1-estrela como Raze, cada pedacinho importava.
Guardando o cristal, ele desviou sua atenção para as caixas e estojos próximos. Momentos depois, ele segurava um anel. Encontrando um pedaço de chão, começou a criar outro círculo mágico.
'Na minha vida anterior, meu status me restringia. Eu me virava vendendo equipamentos aprimorados e elixires para aumentar o poder dos magos. Criações de Magia das Trevas estavam no ápice, se ao menos eles não viessem com seus... caprichos.'
Após terminar o círculo, o anel e o cristal se encontraram. Impulsionado pela Magia das Trevas, um item podia atingir uma qualidade digna de um Mago 3-estrelas. Um gesto rápido infundido de magia acendeu o círculo. O anel de prata começou sua transformação, emergindo com um tom roxo régio.
"Revele as propriedades do anel," Raze ordenou. Uma voz fantasmagórica respondeu.
[O Anel Escuro Amaldiçoado]
[O item é vinculado a um único usuário.]
[Se retirado, o anel será destruído, se destruído, o usuário perderá dez por cento do seu poder atributo das trevas]
O preço da Magia das Trevas, os itens estavam sempre amaldiçoados, o que significava que sempre exigiam um preço. Um item de uso geral tinha sido transformado em algo pessoal e inegociável. Além disso, se o item fosse destruído mesmo em batalha, ou Raze quisesse usar um item melhor no futuro, ele teria que lidar com a perda de parte do seu poder.
[Para quem usa este anel, a cada vida tirada com o uso da magia das trevas, uma porção de sua mana retornará.]
'Sim! Esse é o impulso mágico de 3-estrelas de que eu precisava!'
Raze deslizou o anel em seu dedo indicador. Uma breve onda de poder, uma conexão íntima com seu núcleo, e então... nada.
'Com isso, caçar bestas ficou muito mais fácil.' Ele retomou sua jornada em direção ao coliseu.
De repente, um grito distante ecoou. "ARGHH!"
Os passos de Raze vacilaram. "Aquilo foi... um humano?"
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