KALLE
Embora fossem apenas cinco horas, a noite de inverno já havia caído — junto com pelo menos trinta centímetros de neve — quando Kalle abriu a porta da frente e encontrou o mesmo detetive de cabelos castanho-claros que os visitava a cada poucos dias nos últimos meses. Mas algo estava diferente esta noite. Quando ela abriu a porta, ele estava na soleira sem sua insígnia, e com as mangas da camisa enroladas até os antebraços, apesar do frio lá fora.
"Kalle," ele disse baixinho. "Desculpe incomodá-la tão tarde, mas espero que possamos conversar em particular por alguns minutos?"
Normalmente, no momento em que ele aparecia, já estava listando seu motivo para precisar falar com ela ou com Eva, e sua atitude de autoridade não admitia contestação.
Mas esta noite ele parecia... perturbado. E seus olhos... ele a encarava, quase implorando.
Kalle estava cautelosa. "Claro," ela disse, embora não o quisesse. "Nós sempre queremos ajudar, oficial." Ela o conduziu para dentro.