Na manhã seguinte, Julie acordou com uma pergunta em mente. Como ela iria lidar com a opção de Roman Moltenore de onde ela estudaria com ele? Ela acordou trinta minutos mais cedo do que seu horário habitual enquanto tentava pensar em alternativas e, até agora, ela havia pensado em três delas.
Uma, dizendo a ele que estava doente e iria dormir em seu quarto. Dois, entrar na sala de detenção evitaria passar tempo com ele. Desta forma, ele até esqueceria sua existência, pensou Julie consigo mesma. A terceira opção era estudar com ele. Mas a terceira opção não era fácil.
Não era como a segunda. Uma detenção acabaria indo direto para o relatório do aluno que seria enviado para a casa do seu tio.
Havia outra opção, uma opção que poderia ser perigosa. Colocar Roman na detenção, deste modo ele estaria ocupado. Mas conhecendo sua sorte, a possibilidade de ele escapar disso era maior e dela acabar na sala de detenção ainda mais.
Virando-se para a esquerda, ela pegou o bilhete para ler o que o ladrão das cartas tinha a dizer hoje. Julie frequentemente dormia depois das onze da noite, e por isso ela se perguntava se o ladrão das cartas recebia detenção todos os dias por ficar fora dos dormitórios depois do horário mencionado nas regras.
"Isso significa que nós devemos ter passado pelo menos uma detenção juntos," disse Julie. Abrindo a carta, ela leu—
'Eu nem comecei a te intimidar e você quer voltar no tempo? Que sonhadora. Não se preocupe, pessoas como eu existem para estourar essa bolha. Tenho uma tarefa nova para você. Certifique-se de não entrar na sala de detenção hoje. Tenho outros planos para você depois disso. Você sabe o que acontecerá se não seguir.'
"Claro, eu não vou para a detenção. Você não precisa me dizer isso," murmurou Julie, revirando os olhos suavemente. Se havia algo que ela havia percebido, parecia que seu ladrão de cartas era um estudante do sexo masculino. "Um dia você me diz para pegar uma detenção e depois você diz para eu não pegar."
No próximo parágrafo, a pessoa havia escrito— 'Qual é o problema entre você e sua tia? Aconteceu alguma coisa?'
Pegando a caneta em sua mesa, Julie respondeu à pessoa— 'Sei que você é o sequestrador das minhas cartas, mas eu não vou responder suas perguntas. Essas coisas são pessoais. Você pega detenção todos os dias? Já estivemos na sala de detenção ao mesmo tempo?'
Desde a morte de sua mãe, Julie não queria falar nada sobre sua família com ninguém, pois era um assunto delicado. Felizmente ela não tinha amigos no último lugar onde estudou, o que lhe poupou fôlego. Não que ela pudesse fazer amigos lá, porque o bullying nunca havia sido fácil.
Quando Julie terminou o banho e estava se arrumando, o bilhete que ela havia deixado na janela continuou intocado. Saindo do dormitório, ela e Melanie começaram a caminhar para suas aulas. Julie ouviu Melanie falar sobre o que ela fez durante o fim de semana e, quando perguntada sobre o dela, ela explicou tudo o que aconteceu na noite anterior.
"Nossa, ele fez isso?" Melanie pareceu surpresa. "Eu acho que ele nunca se ofereceu para ensinar ninguém antes."
"Eu também não," respondeu Julie. "Foi tão repentino e inesperado. Estou torcendo para que ninguém tenha ouvido falar sobre isso."
"Bem, considerando que Eleanor e suas garotas não estão te assediando agora, você está bem," Melanie colocou a mão no ombro de Julie, oferecendo um sorriso encorajador. Ela então perguntou, "Você decidiu onde vai estudar?"
Julie riu nervosamente, "Eu não quero. Tentei falar com ele ontem, mas não funcionou." Toda vez que ela se lembrava disso, ela ouvia o rangido áspero da cadeira em sua mente.
"Talvez você aprenda algo útil com ele. Quero dizer, ele é o melhor aluno do ano e suas notas vão melhorar, certo?" disse Melanie, que parecia duvidosa do que falava.
"Talvez. Vou tentar falar com ele mais uma vez," disse Julie em voz baixa, e Melanie balançou a cabeça.
"Boa sorte com isso," respondeu Melanie.
Mas à medida que o ponteiro se movia em direção às seis horas, Julie podia sentir seu coração batendo no peito como se estivesse pronto para saltar e fugir. Ela havia ficado em sua sala de aula sozinha, trabalhando em suas tarefas, esperando que Roman acreditasse que ela estava ocupada com o trabalho da aula!
Quando Julie terminou de arrumar sua bolsa, ela rapidamente correu para a janela, colocando a cabeça para fora e olhou embaixo para ter certeza de que Roman não estava por perto. Ao vê-lo ausente, um largo sorriso apareceu em seus lábios. Parecia que finalmente era seguro para ela sair do prédio. Saindo de sua sala de aula, ela começou a descer a escada e virou-se para descer o próximo lance de degraus quando viu o Diabo guardando os últimos degraus da escada.
Roman estava sentado nas escadas com uma de suas longas pernas esticadas enquanto lia um livro em sua mão. Ela rapidamente virou-se, pronta para subir as escadas quando ouviu ele perguntar,
"Onde você pensa que vai?"
Julie franziu o nariz, apertando os lábios e voltando. Ela viu Roman observando-a por cima de um dos ombros. Ela respondeu, "Acho que esqueci algo na sala de aula. Eu volto já-"
"Não será necessário," respondeu Roman, fechando o livro que estava em sua mão. Ele se levantou e se virou em sua direção. "Seu livro didático é mais do que suficiente. Você está quinze minutos atrasada. Como vai compensar isso?"
"Não te fazendo ensinar para que você possa fazer o que queria fazer?" perguntou Julie, em dúvida.
Roman olhou para Julie, levantando a mão para mexer o dedo para que ela se aproximasse. "Venha aqui," ele disse, ignorando as palavras dela.
Ela deveria ter sido mais cuidadosa ao descer as escadas em vez de bater o pé como um gigante. Descendo agora, ela parou de andar quando eles estavam à mesma altura. Era bom não precisar esticar o pescoço.
Limpando a garganta, ela disse, "Eu realmente não preciso de um tutor, e ficarei bem sozinha. Você não precisa-"
"Vamos para a biblioteca," anunciou Roman como se não tivesse ouvido uma única palavra que saiu de seus lábios.
"Não!" veio a voz aguda de Julie. "Eu não quero ir para a biblioteca."
"Do que você tem medo?" Roman ergueu as sobrancelhas, uma expressão de desânimo no rosto.
"Tem garotas que vão me perseguir pela floresta só porque acham que estou tentando me aproximar de você. Você está vendo isso? As pessoas vão falar e isso-"
Roman interrompeu com, "São garotas tolas que só falam."
"Não, elas são loucas com um provável traço obsessivo," Julie respondeu com um rosto sério.
"Que tal se estudarmos na sala de aula?" ela tentou barganhar.
"Você tem seu livro didático com você?" questionou Roman, e Julie percebeu que não tinha. Ela não tinha planos de estudar com ele e esperava sair da situação. "Não me diga que você está planejando usar os livros didáticos do meu ano," ele disse sarcasticamente. "Vamos," ele balançou a cabeça e começou a caminhar em direção à entrada do prédio.
Julie rapidamente desceu o último voo de escadas para alcançá-lo. "Vou pegar o livro no meu dormitório," ela disse, tentando acompanhar seus passos, mas Roman respondeu,
"Muito longe. A biblioteca é mais perto e você já desperdiçou muito do meu tempo."
Quando eles passaram pelos portões, os olhos dela procuraram ao redor para ter certeza de que ninguém os estava vendo. Mas, para seu desgosto, todos ao redor os notaram. Se ao menos ela pudesse se tornar invisível agora, pensou Julie em sua mente. Quando eles chegaram perto da biblioteca, Roman disse,
"Vá buscar o livro didático e me encontre na parte de trás do primeiro andar."
Roman seguiu em frente, passando pela entrada da biblioteca enquanto deixava Julie parada lá por vários segundos. Será que era ele tentando não ser visto com ela na biblioteca? Respirando fundo, ela se dirigiu para as portas da biblioteca. Ela orou internamente antes de dar um passo para dentro da biblioteca.
Enquanto caminhava em direção às prateleiras que continham os livros didáticos do seu ano, os olhos de Julie se moveram em direção às escadas, e ela notou Roman subindo as escadas. Os olhos dele brevemente encontraram os dela antes de atingir o topo das escadas e ele desapareceu.
Puxando o livro didático que ela havia vindo buscar, ela se virou e começou cuidadosamente a caminhar até onde Roman estava. Os estudantes que estudavam com frequência preferiam sentar no térreo da biblioteca. Eram apenas os alunos que queriam fazer coisas escandalosas que iam para a última seção. Julie já havia presenciado isso quando Roman estava se beijando com outra garota.
Com sentimentos mistos sobre o plano atual, Julie rapidamente subiu as escadas e o longo caminho ao lado das muitas prateleiras. Quando ela chegou ao local onde Roman tinha dito para ir, ela o viu sentado num banco em frente a uma mesa móvel, que podia ser recuada para as paredes.
"E agora?" exigiu Roman, olhando para Julie, que ainda não tinha se sentado.
"Você falou algo sobre outros pagamentos... você não tem isso em mente, não é?" perguntou Julie, sua voz contendo um resquício de cautela.
Os lábios de Roman se moveram em um sorriso, "Tenho muitas coisas em mente. Mas o que você acha que eu tenho em mente? Por favor, ilumine-me," ele se inclinou para trás, observando-a.
Julie apertou os lábios antes de dizer, "O que você estava fazendo na primeira vez que te encontrei aqui. Se beijando..."
"Não tenho tais planos," Roman trouxe sua mão para frente, apontando para o assento vazio na frente dele. "Sente-se." Colocando o livro na superfície da mesa, Julie sentou-se à sua frente. "Vendo os erros que você cometeu, seria melhor se revisássemos seus básicos primeiro."
"Ok," respondeu Julie, obedientemente folheando as páginas. Não era todo dia que ela recebia uma oferta de ensino de um dos estudantes mais brilhantes.
Enquanto ela tentava chegar à página certa, Roman a questionou, "A pessoa que estava sentada com você ontem. Ele é seu amigo?"
Surpresa com a pergunta, Julie levantou a cabeça, "Dennis? Nós apenas começamos a falar recentemente, por quê?"
"Apenas curioso," respondeu Roman com um tom desinteressado.