No momento seguinte, Adrienne recuperou a consciência; a primeira coisa que notou foi que não estava vendo a paisagem familiar de sua varanda. Em vez disso, percebeu que estava em um veículo em movimento. A paisagem passava rápido demais para o seu gosto, fazendo-a sentir tontura e náusea ao mesmo tempo.
"O Sr. Han arrancaria nossas cabeças assim que descobrisse que tiramos essa vadia de seu covil", disse sua irmã postiça, Elise Jiang, irritada.
"Você se preocupa demais, Elise. Seria tarde demais para ele encontrá-la, mesmo que descobrisse", respondeu Cayden, seguido pela risada de sua mãe. Ele pisou mais fundo no acelerador, fazendo Adrienne se sentir ainda pior. Seja lá o que esses três estivessem tramando, ela sabia que só podia esperar o pior.
"Vocês dois não podem parar de discutir? Não estraguem a minha noite."
Camilla Yan não conseguia conter o sorriso que se espalhava em seus lábios ao pensar que finalmente poderiam se livrar da filha de Rosemary de uma vez por todas. Ela havia suportado tudo isso e agora podia viver como a Senhora Jiang sem hesitação. Pelo que conseguia se lembrar, ela viveu com a sombra escura da senhorita mais velha da família Jiang à espreita, fazendo com que fosse deixada de lado por todos.
Adrienne, que tinha uma semelhança impressionante com sua mãe, irritava Camilla mais do que tudo. Era como se estivesse enfrentando a jovem Rosemary outra vez.
Foi difícil para Adrienne acompanhar as palavras deles. Ela entrava e saía de sua consciência e não tinha ideia de para onde estava sendo levada. Foi apenas algumas horas depois que ela conseguiu abrir os olhos e descobriu que a lua havia nascido de novo.
A neve finalmente havia cessado de cair, mas deixou um manto pesado sobre a cidade e as vilas vizinhas. A janela ao lado dela estava abaixada, permitindo que Adrienne desse uma olhada em onde estava.
Diferentemente de quando acordava tarde da noite na Mansão Han, Adrienne conseguia ver melhor a lua, pois o céu estava mais claro aqui. Ela não tinha certeza de para onde o trio a havia levado, mas ao olhar para fora do para-brisa do carro, via as luzes noturnas da cidade abaixo, brilhando como estrelas no céu. Ela estava confusa quanto ao motivo de estar sentada agora no banco do motorista.
Adrienne abriu a boca, mas achou difícil respirar. Sua garganta estava seca e doía. Ela estava extremamente desidratada e não ajudava o fato de estar malnutrida. Ela não tinha certeza de como os três conseguiram contrabandear ela para fora da vigilância de Alistair. Ele provavelmente estava ciente de seu desaparecimento e estava procurando freneticamente por ela.
"Olhem só, a bela adormecida finalmente acordou", Cayden se apoiou na porta com um cigarro aceso entre os lábios enquanto olhava para ela com zombaria.
Por trás dele, Adrienne viu sua madrasta e Elise aparecerem. Elise franziu a testa como se estivesse impaciente por alguma coisa, enquanto Camilla estava obviamente de bom humor.
"O que vocês querem de mim?" Adrienne sibilou para eles, seus olhos cheios de ódio por essas pessoas que haviam prejudicado sua mãe.
"Você não está em posição de agir tão arrogantemente conosco, querida irmã. Se houve alguma tolice, foi a sua que fez com que acabasse assim", a voz sarcástica de Elise chegou aos ouvidos de Adrienne.
Ao ouvir isso, o ódio brilhou nos olhos de Adrienne. Claro, ela sabia disso, mas isso não mudaria o fato de que esses três haviam passado dos limites para tornar sua vida miserável desde que seu pai se casou novamente.
Ela se ajoelhou diante de seu pai impiedoso, mas ele não cedeu aos seus pedidos. Em vez disso, ele passou o braço em volta da cintura de Camilla, e ela encostou a cabeça nele, parecendo que eram um casal apaixonado. Isso fez Adrienne questionar se seu pai algum dia amou sua mãe, dado o quão fácil foi para ele desistir dela e casar com outra mulher.
Ele endureceu o rosto, olhou para ela com raiva e disse: "Não foi você quem escolheu mantê-la em suporte de vida? Você chegou ao ponto de ir contra meu desejo e declarou que não faz parte desta família. Addie, é hora de você deixar sua mãe partir. Já se passaram anos e não há nenhum sinal de melhora. Você está apenas dificultando para nós. Pare de fazer papel de tola e levante-se. Eu não gastarei mais nem um centavo com sua mãe. Você deve saber quando desistir."
Lágrimas de raiva rolaram pelo rosto de Adrienne. Seu olhar então se moveu para Camilla, que estava sorrindo para ela com satisfação enquanto estava de joelhos, pedindo desesperadamente por ajuda. Seu coração afundou com a rejeição de seu pai. Algo dentro dela se estilhaçou e Adrienne nunca mais foi a mesma.
Vendo a mudança em sua expressão, Elise parecia satisfeita, e o canto da sua boca se levantou.
"Veja, querida irmã. Não entendo o que Alistair Han vê em você, mas mesmo ele não pode impedir sua morte agora. Não resta muito tempo."
Adrienne desviou o olhar para o seu irmão mais velho, sentindo-se traída por ele permitir que essas pessoas más a prejudicassem a tal ponto. Ele não conseguia ver quão podre era essa dupla de mãe e filha?
Quando foi que o relacionamento deles começou a se deteriorar a esse ponto? Ela tinha visto como Cayden tratava a Elise e ele nunca havia tratado ela com aquele nível de cuidado. Ele tratava Elise mais como um irmão mais velho adorador do que ela, sua irmã de verdade. Ela não conseguia entender o que fazia seu irmão agir assim.
Encontrando seu olhar, Cayden riu com escárnio e riu, enviando um arrepio pela espinha de Adrienne.
"Você ainda é tão estúpida quanto sempre. Ainda não consegue juntar as peças, consegue? Não é à toa que está prestes a perder tudo agora. Eu não sou o filho verdadeiro de Rosemary Zhao e seu nascimento não deveria ter acontecido em primeiro lugar. Você é um erro que precisa ser eliminado de uma vez por todas..."
Adrienne sentiu como se tivesse sido atingida por um raio naquele exato momento. Ela olhou para o irmão chocada e incrédula. De repente, tudo fez sentido para ela, mas era tarde demais.