"Você foi bem hoje," comentou o príncipe assim que entrou no quarto, e Eliana virou-se para olhá-lo com um sorriso perplexo.
Será que ele realmente estava dizendo que ela se saiu bem com a família?
Essa foi a primeira vez que ela recebeu um elogio genuíno dele. Eliana sentiu seu coração saltar uma batida quando encarou os olhos dele por tempo demais e desviou o olhar silenciosamente.
"Estou contente," ela falou com sua voz doce como mel, e Sebastião olhou para ela mais uma vez antes de entrar no banheiro para tomar um longo banho relaxante e trocar de roupa para algo mais casual.
Depois de ter uma discussão acalorada com seu avô, ele não estava com vontade de visitar o mercado para checar os relatórios com os desordeiros.
Quando Sebastião tirou sua máscara e a colocou no balcão, ele olhou para o próprio rosto antes de suspirar e caminhar até a banheira.
Na verdade, ele não esperava que Eliana fosse tão dócil e fizesse exatamente o que ele dizia. Talvez se ela continuasse assim, viver com ela não seria uma tarefa difícil. Sebastião fechou os olhos, a mente turva com tudo o que seu avô havia lhe dito.
Então o velho mesmo fez isso deliberadamente. Se ele pensa que uma noiva humana vai impedi-lo de lutar com Stephano pelo trono, ele não sabe o quão enganado está. Sebastião sorriu maliciosamente.
Seu pai, Leonardo, também era o filho mais novo. Mas com seu controle sobre o reino e práticas estratégicas de conquistar o favor dos súditos no reino vampiro, ele assumiu o trono, quebrando todas as regras hierárquicas. E Sebastião pretendia manter o exemplo que seu pai havia estabelecido.
Ele também precisa descobrir mais sobre o que o conselho está planejando. Aqueles mapas expostos na grande tela da sala de conferências que seu agente gravou e obteve arriscando sua vida não eram mapas normais do estado ou mesmo do país. Aqueles marcadores e aquelas marcas vermelhas tinham algum significado, e ele precisa descobrir isso logo antes de dar seu próximo passo.
Enquanto isso, Eliana desceu as escadas com um livro escondido entre as mãos, sem nada para fazer.
"Senhorita Zoya, você pode me mostrar onde fica a biblioteca?" Eliana perguntou, e quando a chefe das empregadas olhou para o livro em sua mão, ela assentiu compreensiva.
"Aliás, você não precisa realmente ir à biblioteca para ler algum livro. O palácio todo é silencioso na maior parte do tempo. Além disso, o príncipe mais novo também mal volta para o seu quarto. Ele costumava ficar em seu escritório a maior parte do tempo, mesmo antes de você chegar," Senhorita Zoya comentou, mas Eliana não disse nada.
"Senhorita Zoya, sobre a taxa da Faculdade da sua filha, eu pagarei," Eliana disse enquanto paravam na porta da biblioteca, e Senhorita Zoya parou com os olhos arregalados antes de encarar a princesa como se ela a tivesse pedido para cometer algum pecado.
"Não, Princesa. Do que você está falando? Como posso pegar dinheiro de você? Não. Eu não quero. O príncipe vai me matar se ele descobrir que peguei dinheiro de você. Por favor, abandone essa ideia. Isso não pode acontecer," Senhorita Zoya disse, e Eliana segurou a mão de Zoya.
"Eu insisto. Esse dinheiro foi dado a mim pelo príncipe como um presente de casamento, e cabe a mim como gastá-lo. Prefiro gastar na educação de alguém do que em coisas materialistas que não me faltam. Por favor, deixe-me fazer isso. Isso me deixará realmente feliz," Eliana piscou para Senhorita Zoya e estava prestes a acrescentar mais quando sua mente foi atingida por outro trecho de memórias recentes de Zoya.
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"Senhorita Zoya, espero não ter que lhe dizer duas vezes para quem você trabalha no final das contas. Você pode ser a pessoa mais próxima do príncipe mais novo, mas nunca esqueça que fui eu quem salvou seu marido do castigo que poderia ter deixado você viúva," Stephano disse enquanto Ruth estava atrás dele.
"Entendo, senhor. Por favor, me diga o que devo relatar para o senhor desta vez," Senhorita Zoya baixou a cabeça, sabendo muito bem que se dissesse algo mais, o príncipe não pensaria duas vezes antes de atacá-la da pior forma possível. Ele poderia até mesmo matar seu marido que ele salvou.
No momento em que soube que seu marido havia cometido um grave pecado e Rei Leonardo ia puni-lo, mas Stephano salvou seu marido, ela entendeu por que o príncipe mais velho fez isso. E ela tem estado pagando por isso até agora.
"Vamos lá, filho. Você precisa lembrá-la do nosso bom feito toda vez que falar com ela ou precisar de informações? Pare de ser tão rude com ela. Senhorita Zoya sabe onde sua lealdade deve estar, certo Senhorita Zoya?" Ruth perguntou, seus olhos ficando levemente vermelhos, e Zoya estremeceu antes de assentir.
"Sim, senhora. Minha lealdade está com a família principal, e com o primeiro filho," Senhorita Zoya bajulou mais, e Ruth sorriu.
"Viu? Isso não foi tão difícil, não é mesmo? Agora o que você vai fazer é nos dar cada pedacinho de informação sobre essa nova princesa e como é o relacionamento dela com Sebastião, especialmente quando brigam, ou Sebastião perde a paciência perto dela," Ruth disse, e Senhorita Zoya assentiu.
"Esse velho casou essa garota com o príncipe mais novo por um motivo, e até que o motivo seja esclarecido, teremos que mantê-la sob vigilância. Ela não parece alguém fácil também. Esse arrepio que senti quando toquei nela, me fazendo apertar meu abraço em torno dela e -" Ruth fez uma pausa antes de olhar para Senhorita Zoya.
"Espero que não tenhamos que lembrar você de tudo novamente, certo? Ligo de vez em quando para fofocar, ok? Não ouse pensar em nos trair, tá? Porque se decidirmos que precisamos nos livrar de uma chefe das empregadas, de sua filha adotiva e de um marido bêbado, não será tão difícil," Ruth sorriu docemente antes de se aproximar de Senhorita Zoya e colocar a mão em seu ombro.
"E adivinha? Sebastião não poderá fazer nada," Ruth sorriu com maldade, seus olhos brilhando malignamente enquanto Stephano ria atrás de sua mãe, e ambos se afastaram, deixando Zoya com seus pensamentos conturbados.
O que devo fazer agora? Devo realmente relatar tudo? Mas o príncipe é como meu próprio filho. Senhorita Zoya pensou, encostando-se na parede com a mão sobre o peito para acalmar seu coração furioso, bombeando sangue furiosamente em suas veias, fazendo-a desejar sangue.
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Eliana olhou para Senhorita Zoya impassível antes de retirar suas mãos dela.
"Senhorita Eliana? No que você está pensando? Estou chamando você há algum tempo," as palavras de Senhorita Zoya fizeram Eliana sorrir.
"Como eu disse, deixe-me pagar a mensalidade, tá bom?" Eliana perguntou, e Senhorita Zoya finalmente cedeu.
"Muito obrigada, princesa, pela sua bondade. Eu nunca vou decepcioná-la. Minhas lealdades estão com você. Se precisar de qualquer ajuda, eu estarei sempre aqui para você," Senhorita Zoya fez uma reverência e segurou a mão de Eliana antes de beijar o topo delas para mostrar sua gratidão.
Eliana sorriu com o comentário de lealdade, mesmo assim não disse nada.
"Não me agradeça. Estou fazendo isso pela minha felicidade. Ajudar os outros me faz feliz porque acredito que Deus trará mais felicidade para mim se eu continuar sendo boa para as pessoas," Eliana virou-se para entrar na biblioteca. No entanto, quando viu que não havia movimento atrás dela, ela se voltou para Senhorita Zoya.
"Gostaria de ler em paz e sozinha," as palavras de Eliana fizeram Senhorita Zoya assentir, e ela saiu imediatamente, sentindo algo quente no coração pela princesa.
O sorriso no rosto de Eliana desapareceu imediatamente. Estava claro quem eram as pessoas de quem ela precisava ficar atenta mesmo quando fingiam ser as melhores à sua volta.
As coisas não eram muito diferentes. Além do fato de que os vampiros tinham habilidades especiais que evoluíam com sua hierarquia, a natureza das pessoas, tanto humanos quanto vampiros, era mais ou menos a mesma.
Ou seria uma coisa da realeza?
Eliana tirou o livro que trouxe para ler na biblioteca.
Ela não sabia que tipo de homem esse príncipe vampiro realmente era, mas, de volta à sua casa, sua madrasta não gostava quando a pegava lendo livros, independentemente do gênero que fossem. Segundo ela, era uma perda de tempo para Eliana, já que ela nunca iria estudar mais após o ensino médio e se envolver na política.
A biblioteca no palácio do jovem vampiro não era brincadeira. Ela nem tinha chegado à metade do caminho e já sabia que seria um bom passeio. Ela poderia contar cerca de vinte grandes estantes à sua frente, e havia cerca de cinco vezes mais estantes no salão.
O príncipe leu todos esses livros? Eliana pensou. Deve ter dado um trabalho e tanto e levado bastante tempo para lê-los, não? Isso a faz lembrar, ela ainda não sabia quantos anos tinha seu marido. Mas, de novo, não deveria ser surpresa. Ela nem mesmo sabe como é a aparência do seu marido.
É bom assim. Pelo menos ela está fora do caminho do perigo. Enquanto ela cuidar dos seus assuntos e não o interromper com nada, ela poderia viver uma vida mais longa.
Com um sorriso contente, por se afastar do mundo real e de seus problemas entre esses livros, Eliana olhou em volta antes de caminhar até a história dos vampiros. Se ela vai viver como a noiva do príncipe vampiro mais jovem competindo pelo trono, é melhor começar a conhecer um pouco sobre eles.
Ela começará a olhar os livros de história quando não conseguir dormir e quiser matar o tempo. Agora, ela deveria se concentrar no livro que trouxe consigo.
Essa era a última edição que ela estava ansiosa para ter em mãos desde um ano atrás. Era o penúltimo livro da série lançada do seu livro favorito. Se ela não tivesse sido presa, ela teria lido todos eles novamente. De tanto que gostava de lê-los.
Depois de encontrar um bom lugar no canto perto da janela com a luz do sol entrando e iluminando a área, bem longe da porta, Eliana sentou-se no chão com as costas para a estante.
'Aaahh, finalmente. Meu amor, meu bebê, estou feliz que pedi à empregada Sasha para trazer todas as últimas séries e sequências de todos os livros que eu vinha lendo,' Eliana beijou a capa, cheirando o aroma das páginas frescas antes de sorrir com satisfação.