Ao falar em favor do casal capturado, Eve atraiu atenção para si mesma.
Eve se perguntava como os guardas conseguiram rastrear o casal até serem considerados párias. Se eles podiam rastreá-los, era apenas questão de tempo até que ela fosse pega um dia... e isso significava que ela teria que ser cuidadosa.
Eve perguntou ao chefe da guarda, "Eles terão um julgamento?"
"Isso vai depender do comportamento deles. Pessoas que se comportam e seguem as regras terão a chance de viver. Especialmente aquelas que não trazem nenhum mal, e as que não fazem serão enforcadas. Qual era a sua relação com os Ferreiros? Responda-me," a voz do chefe da guarda era alta e exigente.
Enquanto a pequena cena acontecia, onde a multidão havia se reunido, um dos admiradores de Eve também estava lá.
Era ninguém menos que Patrick Humphrey.
Notando como o chefe da guarda estava tentando encurralar Eve, o Sr. Humphrey decidiu agir como seu cavaleiro de armadura brilhante. Ao fazer isso, ele não só ganharia o afeto de Genevieve Barlow, mas também advertiria outros homens que estavam tentando cortejá-la.
O Sr. Humphrey sacudiu a cabeça, empurrando seu cabelo loiro, e falou em voz alta, "Septimus. O que você pensa que está fazendo, falando com a Senhorita Barlow nesse tom?"
O chefe da guarda virou-se para olhar para o Sr. Humphrey com um olhar severo.
O Sr. Humphrey afirmou, "Você não sabe como falar respeitosamente com uma mulher? A Senhorita Barlow não é nada como essas criaturas repulsivas que você acabou de capturar. Você deveria ter sorte que—"
Logo a gola do Sr. Humphrey foi pega pelo chefe da guarda, e ele foi erguido do chão, "Vocês, humanos caprichosos. Não esqueçam com quem estão falando."
As pessoas ao redor ficaram quietas, prendendo a respiração, e Eve se preocupou.
"Por favor, deixe o Sr. Humphrey ir, ele não quis provocar você!" pediu Eve, percebendo que o Sr. Humphrey lutava para respirar.
"Tire suas mãos imundas de mim neste instante antes que eu informe as autoridades superiores sobre você!" o Sr. Humphrey exigiu e ameaçou o chefe da guarda chamado Septimus.
Isso apenas enfureceu o chefe da guarda, e ele ergueu o humano mais alto do que antes.
"Já chega, Septimus. Acredito que você terminou seu trabalho aqui e tem outras coisas a fazer," veio uma voz autoritária na multidão que Eve reconheceu, e ela virou a cabeça. Ela viu Noah Sullivan parado não muito longe de onde ela estava. "Não é certo importunar a população da cidade, quando eles só estão pedindo respostas educadamente."
Os olhos do chefe da guarda encontraram os olhos do Noah, e ele finalmente soltou o Sr. Humphrey, que caiu no chão com um leve baque.
Septimus fez uma reverência, "Duque. Eu realmente tenho algo a entregar." Ele então se dirigiu à multidão, "Se alguém encontrar alguma coisa, não esqueçam de relatar e serão recompensados com uma bela soma de moedas de ouro."
O chefe da guarda fez uma reverência ao Sr. Sullivan novamente e se afastou. Logo a multidão se dispersou dali.
Patrick Humphrey tossiu, tentando se recompor, ainda abalado pelo fato de o chefe da guarda tê-lo erguido como se ele não pesasse nada. Assim que o chefe da guarda desapareceu, ele rapidamente se levantou e estufou o peito. Ele exigiu,
"Para onde o guarda pensa que está indo? Temos que resolver este assunto agora!"
O servo do Sr. Humphrey, que frequentemente seguia logo atrás dele, apontou sua mão em uma direção e disse ao seu mestre, "Ele foi para aquele lado, Senhor." Isso só acabou com o servo recebendo um olhar severo do homem.
Eve internamente balançou a cabeça mas depois perguntou, "Você está bem, Sr. Humphrey?" O homem de fato interveio com o chefe da guarda.
O Sr. Humphrey olhou severamente para a direção onde o chefe da guarda tinha desaparecido. Noah deu uma risada suave, vendo a tentativa frágil do homem de recuperar sua imagem.
"Eu teria o derrotado e o trazido a seus joelhos se ele ficasse aqui por mais um minuto. Ele deveria ser grato que eu não fiz nada com ele," bufou o Sr. Humphrey, e perguntou a Eve, "Você está bem, Senhorita Barlow? Aquele maldito desrespeitoso não machucou você, machucou?"
Eve balançou a cabeça e sorriu educadamente, "Estou perfeitamente bem, Sr. Humphrey. Você não precisa se preocupar."
E então ela se virou para olhar para Noah, "Obrigada por vir em nosso auxílio, Sr. Sullivan."
Noah devolveu o sorriso com um ainda mais educado e amável, "Não me agradeça, Senhorita Barlow. Eu apenas fiz o que achei que estava certo."
O Sr. Humphrey cerrou os dentes, infeliz por outra pessoa ter roubado o centro das atenções quando era a sua vez de brilhar diante da mulher que estava tentando cortejar. Ele comentou,
"Sr. Sullivan, você estava aqui, e ainda assim não se incomodou em impedir o chefe da guarda de insinuar que a Senhorita Barlow era uma dessas criaturas vilãs?"
Noah se virou para olhar para Eve e disse, "Acreditei que a Senhorita Barlow era perfeitamente capaz de se defender. Afinal, não há razão para ela temer quando ela não fez nada de errado. Claro, estarei sempre mais do que disposto a oferecer minha ajuda a ela."
O Sr. Humphrey debochou e depois disse para ninguém em particular e falou em nome de Eve, "Não posso acreditar que ele ousou pensar que a Senhorita Barlow estava relacionada ou associada a essas criaturas vilãs. Onde está ela e onde estão as criaturas horrendas que são amaldiçoadas."
"O casal de ferreiros nunca fez nada para perturbar ninguém. Eles foram apenas gentis, sem prejudicar ninguém, Sr. Humphrey," Eve franziu a testa, "Eles são pessoas como nós e merecem uma vida como a nossa."
"Esses párias são venenosos, Senhorita Barlow. Você é bondosa demais para achar que eles têm valor suficiente para viver entre nós. Nunca se sabe quando eles farão algo imperdoável. É melhor ter cuidado do que se arrepender depois," afirmou o Sr. Humphrey, como se Eve fosse uma mulher ingênua que não conhecia os caminhos do mundo e como ele funcionava. "Há apenas três tipos que são aceitáveis."
E embora o homem não tenha detalhado, Eve já sabia disso. Todos sabiam. As terras em que todos viviam eram monopolizadas principalmente pelos vampiros, os lobisomens. Depois havia os humanos, que eram acorrentados invisivelmente aos vampiros e lobisomens.
Eve não pôde falar mais sobre o assunto porque foi apenas há dois meses que todos descobriram que um dos moradores da cidade, que era um pária, vinha sequestrando jovens mulheres e as tinha matado. Havia pessoas boas e ruins em todos os lugares, e era difícil defender os bons por causa dos atos cometidos pelos ruins.
O Sr. Humphrey então disse galantemente, "Estou feliz que eu estava passando por este lugar mais cedo hoje. Caso contrário, não teria podido ajudar você."
Eve fez uma reverência educadamente e agradeceu a ele, "Obrigada por vir em meu socorro, Sr. Humphrey. É muito apreciado."
"Você deve ter ficado com medo. Permita-me acompanhá-la até a sua casa. Isso também acalmará minha mente," o Sr. Humphrey ofereceu a Eve, não querendo perder a oportunidade.
Mas, por mais grata que Eve estivesse, ela não se sentia confortável, nem queria o Sr. Humphrey a cercando. Ela recusou, "Isso é muito gentil de sua parte, Sr. Humphrey, mas eu tenho algo a conversar com o Sr. Sullivan. Se você não se importa."
"Sem problemas. Vou esperar por você até que termine de falar com ele. Por favor, leve o tempo que precisar," o Sr. Humphrey ofereceu um sorriso amigável.