A resposta de Paulina assustou Alícia, que franzindo a testa, disse, "O que você quer dizer com isso?"
"Você... caiu no sono ontem. Estamos... quase chegando ao Palácio agora." Ela disse, segurando suas mãos trêmulas juntas.
Os olhos de Alícia se arregalaram em surpresa. Não havia maneira de aquilo ser possível. Ela não poderia ter dormido tão profundamente por tanto tempo, não importasse seu nível de exaustão. O que eles fizeram com ela? Seus olhos tremeram quando ela de repente se lembrou de ter devorado a sopa de galinha.
"Vocês... me drogaram?" Ela perguntou incrédula, com os olhos brilhando desagradavelmente.
Vendo a raiva em seus olhos, Paulina rapidamente se afastou de onde estava para trás de Madame Grace, colocando espaço entre elas, para que não tivesse que responder a pergunta.
"Abram os portões!"
Alícia ouviu um dos guardas gritar, e ela olhou para frente, vendo que tinham parado diante de um portão gigante com muros altos que a fizeram lembrar das muralhas de Camelot.
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"No que você está pensando?" Ela ouviu uma voz profunda que a assustou, tirando-a de seus pensamentos.
Seus olhos se arregalaram quando ela se lembrou que era seu dia de casamento. Ela tinha desligado e ainda estava de mãos dadas com seu suposto esposo.
Ela ergueu a cabeça para olhá-lo. A diferença de altura quase fez sua tiara cair da cabeça, então ela rapidamente se soltou dele para arrumá-la.
"O que você está fazendo?" Príncipe Harold perguntou, o que fez com que ela arqueasse uma sobrancelha confusa.
"Arrumando essa... coisa na minha... cabeça?" Saiu como uma pergunta enquanto ela dava um passo para trás, longe dele. Ok, ele era bonito, mas meio assustador.
"Você deveria falar sobre suas virtudes." Uma jovem que estava sentada na cadeira ao lado de onde Príncipe Harold estava sentado, disse a ela com a boca.
Alícia quase fez uma expressão de surpresa ao ver a garota adolescente. Ela era deslumbrante! Estava vestida como uma princesa e tinha uma certa semelhança com o Príncipe com quem ela estava se casando. Alícia de repente se lembrou do que a garota tinha sinalizado para ela e olhou ao redor para todas as expressões confusas a observando.
"Uhm... ele... já disse, certo?" Ela perguntou confusa enquanto apontava para o homem que tinha recitado os elogios mais cedo. "Uhm... Mansa como uma pomba e... todo aquele blá-blá-blá que ele disse." Ela disse enquanto limpava as palmas suadas em seu vestido.
Ela podia ouvir os murmúrios dos convidados e ver como o Rei e a Rainha estavam envergonhados e raivosos.
O que ela deveria fazer? Estava confusa e sem ideia do que estava acontecendo. Casamentos na Idade Média eram esquisitos! O que diabos é 'Recitação de Virtudes'?
Deveria fingir desmaiar? Era o único pensamento que fazia sentido. Então foi o que ela fez.
Devagar, ela desabou no chão e ouviu como todos começaram a gaspar e a exclamar. A voz mais alta que ouviu pertencia a Paulina.
Alícia queria que a tirassem dali e então ela encontraria uma maneira de escapar. Mas talvez ela fosse azarada mesmo, pois quando espiou por entre seus cílios, perguntando-se por que ninguém vinha carregá-la, ela viu uma túnica dourada, antes da pessoa se agachar diante dela.
Ela fechou os olhos com força e controlou a respiração. Afinal, ela era uma atriz. Ela poderia realizar isso perfeitamente.
"Essa foi uma péssima atuação, minha senhora." A voz profunda falou, causando arrepios em sua pele.
Assustador.
"Eu só vou lhe dar três segundos para levantar."
A voz dele não era realmente ameaçadora, mas de alguma forma ele comandava medo, especialmente com o jeito lento e cuidadoso como ele falava. Ela tinha ouvido que ele era de mau gênio. O que ele faria depois que os três segundos passassem? Ele a mataria? Ela morreria ali? Como ele sabia que ela estava fingindo? As pessoas na Idade Média eram geralmente espertas?
Ela abriu um olho para espiá-lo e viu-o olhando diretamente para ela com um sorriso de lado.
"Isso é tão vergonhoso." Ela choramingou para si mesma enquanto suas bochechas esquentavam de embaraço.
O sorriso de Príncipe Harold se transformou em um pequeno sorriso enquanto ele a levantava com uma mão até que ela estivesse em pé, fazendo com que ela exclamasse surpresa.