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(Da Perspectiva de Blue)
Ele me deixou atônita, pensando no que acabara de me dizer. Ele era estranho. Não entendia por que não podia falar um pouco mais claramente.
Uma coisa nele que me surpreendeu muito foi que ele não apenas lia a minha mente. Ele sempre sabia do que eu estava falando, mesmo quando eu não deixava as coisas claras. Eu imaginava se ele realmente entendia que eu o comparava ao leão.
Estava nervosa com o evento de hoje à noite. Ele ia me apresentar a todos os lobisomens. Eles certamente iam me odiar. Afinal, eu era humana. Ele disse que eu não teria que fazer nada, só estar lá. Me perguntei se ele realmente queria dizer isso. Decidi acreditar na palavra dele desta vez.
Deitei-me na cama, pensando em sobreviver. Mesmo que eu conseguisse passar pelo evento de hoje à noite, haveria outras coisas em seguida também. Depois de amanhã, eu me casaria com ele logo quando completasse dezoito anos. Nunca pensei em casar tão cedo. Honestamente, nunca pensei em me casar, pois sempre tive a sensação de que algum dia Pai ou Draven iriam me matar. Mas como isso não aconteceu, e eu consegui viver, eu teria que me casar com ele.
Casar com ele não parecia a pior coisa que poderia me acontecer. Ele era bonito, perfeito e também era bom para mim. Mas havia também uma parte intrigante nele que sempre me assustava. Ainda assim, como ele não me maltratava, pensei que talvez eu pudesse aceitá-lo como ele era, e então, um dia, talvez eu o entendesse e o significado por trás de suas palavras misteriosas.
Max ficaria com ciúmes de mim vendo as coisas luxuosas ao meu redor. Eu queria que ele estivesse aqui também. Mas uma parte de mim queria dar um tapa no rosto dele. Ele poderia ter posto fim ao nosso sofrimento, ou pelo menos poderia tentar se tivesse a coragem de ir à polícia. Mesmo quando eu tentei ir à polícia, ele me impediu, dizendo que isso destruiria nossas vidas. Como se nossas vidas já não estivessem destruídas!
Ouvi a porta se abrir. Demetrius disse que não estaria aqui até a noite. Sentei-me na cama para ver quem era.
Não esperava que ela estivesse aqui. Era Evelyn, irmã de Demetrius. Ela era requintada, assim como sua mãe. Ela sorriu para mim e veio sentar-se ao meu lado.
"Estou indo embora depois do seu casamento. Talvez eu não tenha muito tempo para conversar com você, então pensei que este seria o momento perfeito. Você estava dormindo?" ela perguntou.
"Não. Eu estava apenas deitada," respondi.
"Cansada?"
"Não," eu ri. "Demetrius me levou para conhecer o castelo. Talvez seja por isso que estou só um pouco cansada, nada demais."
"Ele te mostrou tudo?"
"Mais ou menos. Mas ele não me mostrou o telhado. Ele disse que vai me mostrar depois," disse eu.
"Bom. Você foi ao escritório dele?"
"Sim. É muito bonito."
"Ele passa a maior parte do tempo lá. Ele gosta de ficar sozinho, sabe."
"Ele me disse isso. Ele disse que eu posso ir lá a qualquer momento," eu disse.
"Ele disse isso?" ela perguntou como se fosse algo muito difícil de acreditar.
"Bem, ele disse que gostaria de passar tempo comigo, então se eu quisesse, eu poderia estar lá."
"Isso é novidade. Ele nunca deixa ninguém entrar na sala de estudos sem motivos. Às vezes ele deixa a Mãe entrar, mas não sempre. Especialmente quando ele está de mau humor, todos ficam longe dele."
"Ah," eu murmurei. "Ele fica mesmo bravo?"
"Quando fica, é realmente difícil enfrentá-lo. Mas ele não vai te machucar. Você é muito preciosa para ele. Está claro nos olhos dele toda vez que ele olha para você ou fala sobre você."
"Ele fala sobre mim?" Eu perguntei, surpresa. Por que ele falaria sobre mim? Não havia motivo para alguém falar sobre mim.
"Ele tende a manter as coisas privadas sobre ele. Mas ele nos contou sobre você há dois meses. Foi quando o Tio Victor disse a ele para casar com uma princesa. Ele recusou e disse que já tinha escolhido você como sua Rainha."
Duas meses atrás? Então ele estava me dizendo a verdade. Ele realmente me conhecia há muito tempo. Mas ele estava me observando? Como ele tinha me visto? Sua irmã não parecia saber muito sobre isso, então decidi não perguntar a ela.
"Ah. Eu não o conhecia naquela época," disse eu.
"Ele disse que você o conheceu apenas ontem quando ele te trouxe aqui," ela disse.
"Sim."
"Posso te perguntar algo, Blue?"
"Claro, pode perguntar."
"Não conte a ele sobre isso," ela disse.
"Não se preocupe. Eu não vou," eu prometi.
"Bom então. Bem, ele te forçou a vir com ele?"
Pensei nisso por um momento. Naquela hora eu tinha querido fugir dele. Mas ele sabia o que eu queria fazer. Ele me disse que cuidaria de mim, que não me machucaria e também disse que eu não conseguiria ir muito longe dele. Talvez ele me forçasse a vir para cá com ele se eu tentasse fugir. Mas eu não fiz isso. Eu vim para cá com ele por vontade própria. Com certeza não era chamado de forçar.
"Não. Eu vim aqui por vontade própria," eu respondi.
"Mas por quê? Por que você viria com um estranho?"
Eu não sabia o que dizer a ela desta vez. Eu não podia simplesmente falar sobre minha família e as coisas que eles faziam comigo. Eu não podia dizer a ela que eu não queria nada mais do que sair daquela família. E para isso, se eu tivesse que ir embora com um estranho, eu iria.
"Isso é um segredo entre nós," eu disse. "Gostaríamos de manter assim."
"Como você quiser. Mas você pode confiar em mim e me considerar como uma irmã."
"Eu sei, Evelyn. É só que eu gostaria de valorizar nossos segredos," eu disse com um sorriso.
"Então, vocês dois... Quer dizer, fizeram alguma coisa?"
"Fizeram alguma coisa?"
"Você sabe, acasalar."
"Não," eu disse rapidamente, corando furiosamente. "Nós não fizemos."
"Nada mesmo?"
Balançei a cabeça, sem saber como murmurar uma única palavra sobre isso. Sua pergunta me fez pensar em como seria estar completamente nos braços dele, como seria beijá-lo. Meus próprios pensamentos me assustavam. Eu não sabia se queria fazer isso ou não, mas, para meu horror, eu estava realmente considerando isso.
Ele me beijou na testa e roçou os lábios no meu ouvido, mas nunca tentou me beijar nos lábios. Mas ele sempre se aproximava tanto de mim que eu começava a me sentir autoconsciente.
"Enfim, para onde você vai?"
"Merrick e eu vamos viajar. Desta vez, Ava também virá conosco. Voltaremos depois de seis meses, talvez, e depois partiremos novamente."
"Demetrius disse que vocês dois amam viajar."
"Amamos. Nos conhecemos assim. Eu estava viajando para uma cachoeira e Merrick estava lá também. Depois viajamos juntos e, sabe, voaram faíscas. Então aqui estamos nós," ela disse, sorrindo. "Éramos muito jovens. Eu tinha dezoito anos e ele tinha dezenove. E aqui estamos, após cinco anos, ainda muito apaixonados."
"Espero conseguir uma família assim também."
"Oh, Blue, você já tem uma família. Eu conheço o meu irmão. Você pode não acreditar nisso, mas você é a pessoa mais importante para ele, mais do que qualquer outra. Ele se levantaria contra qualquer um por você. Você pode pensar que, como somos a família dele, ele é muito próximo de nós. Mas não é o caso. Se houver um incêndio e ele só puder salvar uma pessoa, ele escolherá você sem qualquer hesitação," ela disse. "Sabe por quê? Porque ele te quer. Ele sente algum tipo de atração por você. Lobisomens são famintos, Blue. E os Alfas são ainda mais famintos. Eles conseguem o que querem e, quando conseguem, eles se certificam de cuidar disso e não deixar ninguém interferir entre o Alfa e a sua coisa preciosa. Meu irmão pode parecer muito assustador e eu não vou mentir, ele realmente é assim. Mas com você, ele é mais macio do que algodão. Tudo o que você tem que fazer é ser única para ele e ganhar sua confiança, estar com ele, e então, ele te dará o mundo e te protegerá do que quer que apareça no caminho."
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