Luiz - "Ela... deu a vida pelo Mayorga..."
Silvestre - "Eu tive um sonho em que estávamos todos a andar de mota, não me lembro bem, como é que adormeci a andar de mota!?"
Luiz agarra Silvestre nos ombros.
Silvestre - "Não sei quanto mais tempo consigo fingir este sorriso..."
Luiz - "Porque finges? Pelo Mayorga."
Silvestre concorda com o movimento da cabeça.
Luiz - "Eu nunca vos vi juntos, mas eu conheço o meu filho, ele não precisa que finjam estar tudo bem."
Silvestre - "Todos os dias, quando vim parar a este sítio, tento acabar com tudo, mas não consigo! A verdade é que, as coisas mudaram depois de conhecer o miúdo."
Luiz sorri.
Silvestre - "Posso fazer uma pergunta?"
Luiz - "Claro."
Silvestre - "Visto que estamos numa onda tensa, gostava de saber a verdade, porque raio está um simples lutador de wrestling assassinado no inferno?"
Luiz - "Quando eu era miúdo, o meu pai chegava todos os dias bêbado a casa..."
Apesar da preocupação do Silvestre, Luiz parecia tranquilo a contar a história.
Luiz - " Batia em mim, na minha mãe e nos meus irmãos mais novos, um dia ele foi despedido do trabalho, chegou a casa, e eu ouvi muito barulho e gritos no quarto dos meus pais, quando fui abrir a porta..."
Silvestre - "Podes parar se preferires."
Luiz - "Silvestre, está tudo bem... Eu... vi a minha mãe com um garfo preso na parede espetado no olho, eu estou no inferno porque agarrei na caçadeira dele e dei-lhe um tiro."
Silvestre - "Nem toda gente que está no inferno merece cá estar huh..."
Luiz - "E tu?"
Silvestre - "Eu mereço cada segundo... mas vamos ao que interessa, vamos dormir que amanhã de manhã vamos meter a harleyzinha ao caminho."
Luiz - "Sim."