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Chapter 35 - Capítulo 35

Athar ouviu aquelas palavras e uma luz azul e profunda reluziu em seus olhos. Seus lábios se levantaram em um arco quando um sorriso enigmático nasceu.

Seus olhos focaram nos olhos negros de Suanluan e ele deu dois passos à frente. Ele podia sentir que aqueles olhos eram um abismo de perdição e aqueles que ali afundassem podiam esquecer de ver a luz novamente pela eternidade.

Com esses dois passos, seus lábios ficaram a dois centímetros de encostar nos lábios de Suanluan. Ela podia sentir um hálito quente roçando em seus lábios, passando direto e batendo em sua orelha. 

"Mulher, Divindade ou Soberana, você veio até mim e precisa de meus serviços, portanto, aprenda a respeitar este General, ou então..."

Sua boca avançou um pouco mais e aqueles dois centímetros de anteriormente não existiam mais. Sua bochecha encostou na bochecha de Suanluan e sua voz encaixou perfeitamente no ouvido esquerdo da última. 

"...você pode ir em frente e tirar sua pequena Arte de mim." 

Por incrível que pareça, Suanluan se assustou com tamanha ousadia do homem à sua frente. Era impossível ele não saber o status que ela tinha atualmente. Mesmo assim, sua formação ainda não causava nem mesmo um pingo de medo nesse homem. 

Isso a fez se questionar: "Este homem tinha alguma coisa a mais que ela não conseguia ver? Ou era simplesmente uma ousadia impensada?"

Suanluan arqueou uma sobrancelha quando dava um passo para trás. 

Nessa discussão, ela perdeu.

"Faça como quiser. Apenas não se arrependa das palavras desta Soberana num futuro não muito distante. O que você está passando e vendo atualmente é algo que apenas algumas pessoas selecionadas têm o privilégio de entrar em contato, ainda assim, você trata como se não fosse nada. Argh." Suanluan soltou um bufo de derrota. Lidar com esse homem era pior do que lidar com seus próprios Generais.

"Eu não volto em minhas palavras. Enfim, já que você guardou suas asas de pavão, diga o que você veio realmente fazer aqui. Eu saí apenas um pouco daquele inferno que você criou para tomar um ar. Você não deve ter poucas coisas importantes para fazer ao ponto de vir aqui perder tempo comigo." Disse Athar quando chegou no canto de uma parede e se sentou em uma cadeira. 

"Meu Domínio é algo que pode ser manejado por meus subordinados. Eu entro em um Sono Eterno que costuma durar até milhares de anos, então eles sabem como lidar com tudo. Só serei chamada em casos excepcionais." Disse Suanluan quando voltou a sua cadeira anterior e se sentou também. 

Agora ela estava cara a cara com Athar e uma pequena vermelhidão podia ser encontrada em sua bochecha. A situação anterior foi algo que causou um sentimento estranho em sua barriga. 

Quando ela voltar mais tarde para seu Domínio, ela irá tirar um tempinho para estudar este sentimento. Afinal, é algo inédito para ela. 

"Subordinados, heim? Como é bom ser uma patroa, imagino." Um sorriso zombeteiro brotou no rosto de Athar quando ele respondeu a Suanluan. 

"Por que, você quer subordinados? Espere sair desse Domínio de Punição e eu te darei quantos quiser. Quero ver sua reação ao se chamar de patrão então." Disse Suanluan num sorriso brincalhão. Ela realmente conseguiu dar um checkmate nesse falastrão.

"Humph, quem quer ser um patrão? Não me compare com você." Disse Athar enquanto virava o rosto para o outro lado.

"Haha, tudo bem. Vamos ao que importa." Um olhar solene brotou em Suanluan.

"A Besta Transcendente Udyat Python acordará em poucos meses. Nesse tempo, você irá sozinho até seu covil atrás do Olho de Hórus. A concorrência que você encontrará é impossível de calcular." Disse Suanluan.

"Sim, claramente que estou ciente disso. Você também é uma Soberana e entrar aqui sem permissão do Soberano da Punição e fazer um acordo com ele já é o limite do que ele permitirá. Portanto, o caminho restante será obviamente feito por mim. Aonde você quer chegar?" Athar olhou para Suanluan e respondeu. Ele não entendia o que ela queria dizer com essas afirmações óbvias. 

"O Tomo Amaldiçoado da Sombra e Escuridão que você cultiva te permite burlar certas regras do cultivo e ir diretamente para o reino do Pico do Despertar da Alma. Porém, você ainda está muito deficiente ao se comparar com algumas potências de forças que estão indo com o mesmo objetivo que você. Apenas um pequeno número de pessoas sabe sobre a Linhagem de Hórus que a Besta Transcendente Udyat Python herdou, ainda assim, a dificuldade que você enfrentará não é algo que eu possa calcular." Disse Suanluan com uma voz solene. É impossível ela aceitar qualquer erro nessa missão.

"Enquanto você não possuir um corpo físico será difícil avançar no cultivo, então essa missão não poderá falhar em hipótese alguma."

"Obviamente que eu sei disso. No entanto, não tem muito mais que eu possa fazer atualmente, tem?" Questionou Athar. 

"Realmente não, mas algumas coisas ainda podem te ajudar de forma inquestionável."

"Anteriormente, lhe presenteei com o Tomo Amaldiçoado da Sombra e Escuridão. O que te falta agora são armas dignas de fazerem par com a técnica criada por esta Soberana." Disse Suanluan quando girou o pulso e uma caixa de um cristal negro bateu no chão com um barulho alto.

"Não posso te dar minhas próprias armas, mas refinar umas para você não foi um problema." Lembrando dos subordinados que perdeu para essa questão, um olhar gélido foi emitido por Suanluan.

Sentindo a intenção de matar da mulher à sua frente, Athar arqueou a sobrancelha em questionamento. Se ele soubesse dos fatos por trás dessas armas, Athar ficaria chocado além do limite. 

"Seu reino de cultivo não subirá mais por enquanto. Então o que te falta são armas. Vá em frente e abre a caixa." Disse Suanluan enquanto apontava para a caixa de um cristal negro em sua frente. Uma névoa misteriosa emanava da mesma. 

"Armas?" Athar ficou chocado por um momento. Ele focou tanto na técnica do Tomo Amaldiçoado da Sombra e Escuridão que até esqueceu que atualmente ele não tinha nenhuma arma para usar. 

"Tap!"

Com poucos passos, Athar chegou em frente a uma caixa de cinquenta centímetros, ela parecia ser feita de um cristal negro e uma névoa escura e fria emanava dela. 

"Vá em frente e abra logo, a caixa não vai te morder." Disse Suanluan num tom diferente. Ela provavelmente já estava perdendo a calma de novo. 

"Humph, por que não vem você e me morde então?" Athar revirou os olhos e disse. Obviamente que ele notou o tom impaciente da mulher. 

"Pirralho, abra logo e pare de me fazer perder tempo. Se eu for aí te morder, vou aproveitar e te castrar logo. O que você dirá então?" Suanluan apontou para as partes onde ficavam as jóias da família de Athar e disse num grito alto. 

"Você é uma canibal por acaso? Sua peste." Disse Athar num tom amargo. Uma sensação agourenta surgiu no seu couro cabeludo quando imaginou a cena descrita por Suanluan. Ele não pôde evitar e colocou as mãos para defender sua jóia. 

"Abra logo isso." Suanluan fechou os olhos e disse de modo amargo. Esse homem conseguia tirá-la do sério de um jeito que ela nunca imaginou. 

Athar viu os modos de Suanluan e murmurou com uma voz baixa que somente ele podia ouvir enquanto levantava a tampa da caixa de cristal: "Até parece que você faria algo assim. Como você vai ter seus filhos no futuro então?" 

O problema é que ele não foi o único que ouviu suas próprias palavras. 

"O que que esse maldito tá cuspindo?" Pensou Suanluan em seu coração. Ela arqueou uma sobrancelha quando ouviu essas palavras de Athar. Ela realmente não entendeu o significado por trás delas. De qualquer forma, ela sabia que de nada adiantaria ficar falando baboseiras com esse homem, portanto, apenas o ignorou temporariamente. 

Athar levantou a tampa da caixa de cristal negro e uma aura de gelar a alma vazou instantaneamente de dentro. Uma névoa cinza acompanhando essa aura gélida dava uma sensação de morte iminente. 

"Ei, aqui dentro não pode estar um cadáver, certo? Que maldita aura agourenta." Enquanto terminava de levantar a tampa da caixa de cristal, Athar se virou para Suanluan e disse. 

"Humph, diga suas besteiras depois de ver o que tem dentro. Não seja uma criança que reclama de um brinquedo que ganhou. O que está aí dentro foi feito por esta Soberana, então você pode chegar numa conclusão óbvia." Soltando um bufo de insatisfação, Suanluan nem se deu ao trabalho de olhar para Athar enquanto respondia. 

"Você nunca cansa de se gabar? Tenho certeza que se eu der uma voltinha no mundo, vou encontrar uma mulher mais bonita, mais forte, com uma personalidade mais feminina e muito mais atrativa que você. Então, por favor, desça do seu trono por um momento. Oh grande senhora." Athar acenava com a mão num movimento excessivo enquanto olhava para Suanluan. 

"Wosh!"

Uma pressão indescritível desceu pela atmosfera por um instante. Athar tomou um olhar solene quando percebeu que Suanluan agora tinha os olhos focados enquanto o mirava. 

Com certeza, ele acertou um nervo. 

"Humano, tem momentos que é melhor você fechar a boca e fazer o que lhe foi dito. Não teste o que resta da minha paciência. Você não vai gostar do resultado. Acredite." Ao contrário de antes, Suanluan agora olhava diretamente para Athar quando lançou tal afirmação. Por algum motivo desconhecido, quando ouviu as palavras de Athar, a imagem daquela mulher gelada veio à sua mente. E isso azedou completamente o seu humor. 

"Tsk, que mudança de humor, com certeza você está de TPM." Athar viu a solenidade nos olhos de Suanluan e não se atreveu a abusar da sorte. 

Ele voltou sua atenção para a caixa de cristal agora aberta e não pôde evitar em arquear a sobrancelha em questionamento. 

Dentro da caixa de cristal haviam dois itens, porém, não eram armas, mas algo completamente diferente.

"O que diabos é isso?"