No cruel inverno, há morte espalhada por tantos lugares.
Plantas, animais... Você poderia encontrar morte seja nos galhos das árvores, quanto no próprio cenário cinzento da paisagem.
Neste cruel inverno, indiferente e inexpressivo, ainda há aqueles que buscam viver, de sentir algo além do frio...
Este é o caso do protagonista deste pequeno conto.
— Irmã, eu consegui comida. —
Com uma voz travessa e um dente faltando logo na frente, um menino de cabelos negros e olhos de cores distintas adentrou em uma casa abandonada, pulando uma janela e segurando dois pães amassados e sujos.
Um de seus olhos era avermelhado, o outro era azulado.
Ambos pareciam desbotados, ou era apenas a impressão que o frio levaria para qualquer um que olhasse.
— Zaaack! Você estava roubando de novo!? —
Em contrapartida, uma voz irritada de uma menina ressou naquele quarto.
Ela tinha cabelos dourados e olhos vermelhos, ela também estava suja, mas suas vestes tinham uma aparência melhor que as de Zack, pelo menos.
— Liz...Eu tomei cuidado, ninguém me viu. Estou bem. —
Zack ergueu seus braços e mostrou a Liz o seu corpo, mostrando que não haviam ferimentos.
Ele tinha uma camisa cheia de buracos e um calção em um estado tão ruim quanto, além de serem de tecido fino, o que era impróprio para a situação de inverno de enfrentaram.
A casa que estavam dentro tinha apenas um quarto, uma sala e um andar, não era muito espaçosa e havia buracos no teto, o suficiente para o vento invadir nas tempestades.
A condição que viviam não era menos que precária, e a preocupação de Liz era com os adultos da região, que eram bem cruéis com crianças que roubavam.
Zack era uma criança astuta que conseguiu bom resultado na maioria de seus roubos, e o único que quase falhou lhe custou um dente.
Ela sabia da sua habilidade anormal para roubar dos outros, como se tivesse nascido para isso, mesmo assim, não conseguia aceitar que ele simplesmente se arriscasse por ela quase todos os dias para conseguir comida, mesmo que ela fosse a mais velha dos irmãos.
Elizabeth e Isaac, duas crianças órfãs que uniram na pobreza, vendo uma a outra como irmãos de sangue, mesmo não compartilhando nenhum laço apenas do sentimento mútuo de importância.
Eles tinham sobrevivido até hoje através dos roubos de Isaac e pequenos serviços feitos por Elizabeth, serviços esses sendo ajudar feirantes ou limpar a casa dos outros por simples migalhas.
Quando o inverno chegava, Isaac e Elizabeth tinham que dar seus meios de sobreviver através de pequenos furtos, era uma vida de miséria que eles não imaginavam que mudariam tão cedo, e seu único refúgio era um ao outro.
— Zack...eu sei que você está bem, mas desde que acabou se sacrificando e apanhando no meu lugar naquele dia...eu não me sinto bem de te ver se sacrificando assim. —
Isaac tinha apenas cinco anos de idade, enquanto Elizabeth já tinha oito anos.
Eles se conheciam há mais de um ano, e compartilharam do mesmo lugar onde moram desde então.
Eles não confiaram em outras crianças além deles, e não poderiam confiar em adultos.
Eles estavam sozinhos, e Elizabeth sabia disso.
— Liz, não é preciso que se preocupe tanto com isso. Nós vivemos nesse lugar há mais de um ano, não há nada que possamos fazer além disso... Eu não vou parar de roubar até que tenhamos uma vida melhor, você não vai parar de se preocupar comigo. Eu já te prometi, não vou morrer, e não vou permitir que você morra também. Eu não faço isso apenas por você, eu também faço pelo bem de mim mesmo. Morrer aqui...eu definitivamente não quero. —
Isaac falou e seu corpo tremeu, a brisa fria entrou pela janela e eles se agasalharam com um tapete que roubaram, estava sujo e pesado, mas era tudo que tinham.
Isaac entregou um dos pães a Elizabeth, que mesmo relutante, segurou-o e forçou um sorriso, e Isaac fez o mesmo.
Aqueles pães eram seu almoço e janta, e não tinham um lugar para guardar.
O horário era já além das seis da tarde, só restava comer.
Se passaram algumas horas, e Elizabeth adormeceu no chão gélido coberta pelo grande tapete.
Isaac permaneceu acordado, seu semblante parecia inexpressivo e seu olhar pesado.
Ele tinha um plano para colocar em prática, e infelizmente não pensava que Elizabeth fosse permitir que ele saísse naquela hora da noite se soubesse.
— ... —
Um suspiro, e ele abriu devagar uma janela do outro lado da casa, seu seus pés descalços tocaram a madeira gelada pela neve, e sua pele absorveu o frio com um arrepio.
Isaac fechou a janela por fora devagar após atravessá-la, e caminhou em meio às ruas da cidade na noite fria.
Havia grande escuridão mesmo em meio às casas, pois cada tocha acesa do lado de fora foi apagada pelo frio e a brisa da tempestade.
Isaac dirigiu-se a uma casa no sudoeste da cidade, perto das grandes muralhas que a cercavam.
Esta era a casa do Marquês de nome Philipe Genesburg, uma das mansões que se destacavam em meio a pobreza do resto das casas.
Tinha três andares e além de um grande portão e muro, não haviam tantos guardas nessa época do ano no lado de fora, e sim mais presentes no lado de dentro.
Philipe não era um homem de boa reputação, ele na verdade era mal visto mesmo pelos olhos da família real, que por considerá-lo um comerciante de alta habilidade, manteve seus serviços e lhe entregaram o título de marquês, pois movimentava o mercado do Reino e de vários outros ao redor.
Ele era conhecido principalmente por seu interesse estranho em meninas mais jovens, que ele dizia que levaria para sua mansão para adotá-las como suas criadas, mas os rumores eram totalmente diferentes quanto ao que fazia com elas após dentro daqueles muros.
Muitos casais plebeus ainda sim entregaram suas filhas em troca de moedas de ouro para sua casa, na esperança de conseguirem uma vida melhor.
Não as meninas, é claro, e sim eles.
— Sir. Philipe, nesta noite, espero que me perdoe pelo que farei. —
Isaac checou os padrões da casa por meses e contou até mesmo o número de soldados contratados.
Ele também sabia os dias padrões que entravam e saíam carroças para dentro da mansão, o que lhe permitiu uma boa rota de entrada, mas não uma ideia de como fugir após o que pretendia.
— Bem, é tudo ou nada. —
Ele sabia de um carregamento que suprimentos que chegaria hoje a noite por ouvir conversas de adultos em bares, e aproveitou a oportunidade para adentrar abaixo do pano que cobria a carroça, não deixando que o cocheiro percebe-se sua infiltração, tanto pelo barulho da tempestade e ventania, quanto por seu cansaço de dias de viagem do Reino vizinho até aqui.
O terreno da casa era cercado por altos muros que tinham pontas de ferro afiadas em cads um dos tijolos.
Havia apenas um portão, e ao lado haviam algumas árvores e um grande jardim a frente, por fim, havia a mansão, com una fonte d'água a frente e uma arquitetura única, destoando de todas as casas pequenas e pobres ao redor, cujo a madeira ers o melhor material que tinham sido feitas.
Isaac conseguiu passar despercebido, pulando para dentro das flores no jardim, e aproveitando da altura do mato e da falta de guardas ali fora para se esgueirar para o lado esquerdo da casa, cujo as janelas eram mais altas do que ele poderia alcançar normalmente, mas havia uma árvore com galhos o suficiente para poder tocá-las.
"Que frio infernal..."
Ele reclamou em sua cabeça enquanto subia a árvore, que balançava seus galhos pela ventania.
Isaac não tinha mais a opção de voltar atrás, pois até que pudesse atravessar para o outro lado da cidade e chegar a sua casa, ele cairia pelo frio e morreria pelas ruas sem que Elizabeth se desse conta até o amanhecer.
Desde o momento que chegou aqui, ele só poderia seguir em frente.
Chegando na janela do segundo andar, Isaac primeiro olhou se não havia ninguém no quarto.
Aquele era um cômodo que parecia designado a hóspedes, já que não havia muita coisa e a porta estava fechada.
Talvez por causa do frio ou um serviço mal feito, a trava da janela parecia mal colocada, então ele teve apenas que mexer-se um pouco e dar algumas batidas para que se abrisse por dentro.
"Obrigado, Deus..."
Ele desceu para dentro do quarto e fechou logo a janela, ficando primeiramente aliviado pela sensação de se livrar do frio, segundamente voltando sua atenção para o objetivo que tinha.
Ele veio até aqui para roubar pertences de valor da casa do Marquês, mais precisamente, coisas como ouro e jóias que ele guardava em algum lugar da casa.
Ele pensaria como fugir a partir do momento que tivesse os pertences em mãos, pois ele pensou que já tivesse uma rota definida precisamente em uma situação que nem saberia exatamente o que roubaria, ele teria problemas se a opção que tivesse não estivesse disponível, então pensou em cumprir primeiro seu objetivo.
"Se essa porta estiver trancada, bem, então vai dar um trabalho arrombar a fechadura..."
Isaac considerou suas opções, mas enquanto pensava, ele ouviu passos rápidos se aproximando do corredor, e então correu para o lado esquerdo da porta, o canto que para qual ela ocultaria após abrir.
— Jeff.. não podemos! —
Uma voz feminina falou no corredor, quando de repente a porta se abriu e um casal adentrou.
— Lisa, ninguém vai notar nossa demora, é noite de de festa! —
Eles se agarraram e beijaram, estavam bêbados e bem vestidos, eram nobres de família rica, se escondendo dos outros convidados para terem relações em segredo.
Isaac não se importou em ficar nem mais um segundo naquele quarto, e aproveitou a melação de ambos para sair para fora do quarto e observar os corredores.
Do andar baixo, ele ouviu barulhos que eram não só conversas, como também músicas e festa.
Hoje era o dia do aniversário do Marquês, e vários convidados da nobreza estavam presentes.
Isaac observou de perto das escadas o andar abaixo, haviam nobres de todos os tipos, e o salão também estava recheado de guardas para todos os lados.
"Parece que sair pela porta da frente não é a melhor das opções..."
Isaac pelo menos reconheceu o marquês lá embaixo, o que significava que ele não estava — ainda — em seus aposentos.
Ele caminhou por alguns corredores e observou o layout da casa, além de seu luxo em cada uma das paredes.
Ele subiu as escadas para o último andar, mas não foi tolo o suficiente para dar as caras de uma vez, e sim prestou atenção se não havia ninguém passando por ali no momento.
Por trinta segundos, ninguém veio de nenhuma direção, e então Isaac continuou caminhando com cautela.
Ele não tinha uma arma, então sabia que se chegasse a situação de um combate, estaria morto.
Seu corpo era fraco demais, e lábia não ajudaria a se livrar de sua pena de morte se só houvesse ele e uma lâmina.
O quarto do marquês estava no final do corredor, mas como ele imaginou, estava trancado.
"É... Não dá para esperar que tudo seja fácil. "
Fugir de mãos vazias não era condizente com seu caráter, ele observou se havia algo para usar ali perto da porta.
Havia apenas um jarro com uma flor dentro de um lado e uma mesinha com jarros de flores do outro.
Havia também uma pintura na parede, mas ele desconsiderou a oportunidade de roubá-la, pois tinha de ser algo que não atrapalhasse sua fuga, e a pintura tinha praticamente o dobro de seu tamanho.
"Bem, isso vai ter que servir..."
Os jarros no andar de cima pareciam mais caros do que viu anteriormente, Isaac pegou depois deles e colocou dentro de sua camisa, dando um nó na parte da barriga para que ficassem seguros.
Ouro era o ideal a ser roubado, mas ele não era tolo o suficiente para morrer pela ganância.
Ele refez seu caminho com mais cuidado do que antes, e fez o esforço ao máximo que poderia para não quebrar nenhum dos jarros.
Assim que Isaac descia o último degrau da escada, o marquês subia o último degrau da escada do segundo andar, junto de uma acompanhante feminina.
Eles estavam bêbados, mas não tão bêbados quanto o primeiro casal que Isaac observou ao entrar na mansão.
Isaac se escondeu o mais rápido que pôde atrás de uma coluna, e observou o casal subir as escadas lentamente, até que seus pés sumiram dos degraus.
Ele voltou a fazer seu caminho de volta, e como não tinha nenhuma boa opção, escolheu voltar de onde havia vindo.
"Se a tempestade piorou...bem, contar com a sorte nunca foi meu forte."
Isaac adentrou devagar o quarto, vendo que a porta ainda estava aberta.
O casal Lisa e Jeff, no entanto, estavam dormindo um sobre um sobre o outro, e pareciam sujos de vômito de algum dos dois...
"Nojento..."
Isaac caminhou devagar e observou a janela, a tempestade permanecia, porém com menos força do que antes.
Ele abriu a janela devagar e saiu, mantendo os jarros estáveis encostados em sua barriga, sentindo o quão gelado eram, lhe dando um arrepio na espinha junto da brisa lá fora.
"Isso me lembra que Liz nos deu o sobrenome de "Frost", já que o frio foi a época que nos uniu... Isaac Frost, hein?"
Cinco anos de idade, ele achava que já tinha jha vivido mais do que o mundo esperava dele.
Nunca conheceu os pais desde que nasceu, e foi jogado na rua aos três anos por uma uma cigana que o criou por um curto período de tempo, deixando-o naquele reino abandonado por Deus e governado pelo Diabo.
Neste reino imundo, ele conheceu a única luz de sua vida, a irmã que lhe deu o único conceito de importância.
Isaac roubaria o mundo por ela, seja castelo seja marquês, seja rainha ou seja Rei, ele iria em frente mais do que qualquer um.
Isaac continuou sua jornada de volta ao lar, desta vez, a tempestade gradualmente começou a aumentar.
Ele conseguiu atravessar os muros, mas caiu de costas sobre a nese e feriu as mãos no ferro gelado sobre o muro, restando apenas a morte no frio ou continuar de volta.
O valor daqueles vasos seria o suficiente para comida por meses, se ele precisava se ferir por isso, não importava, ele não queria voltar atrás em sua decisão de ajuda e proteger Elizabeth, por isso precisava perseverar.
A cada minuto, o frio o castigava, e o menino de olhos distintos não esboçava desistência em nenhum dos dois.
"Continue, persista, levante, só mais um pouco."
Isaac continuou sua jornada até que finalmente viu a cada que tanto procurava, ele se aproximou da janela e abriu devagar, sua visão estava turva, os vasos estavam intactos, mas suas mãos doíam pelas feridas e o frio.
Ele adentrou o lugar, mas não impediu Elizabeth de acordar com o recente barulho e brisa gélida.
— ISAAC!? —
Havia raros casos onde ela o chamava de algo que não era o apelido, e essa situação era um desses casos.
Eles não tinham relações sanguíneas, não eram nada um para o outro, mas eles, mesmo assim, viviam um pela vida do outro.
Elizabeth sentiu o peso de sua inutilidade no momento que viu o pequeno Isaac entrar por aquela janela, ferido, com olhos fracos e semblante cansado e, mesmo assim, estava sorrindo.
— Heh...eu cheguei em casa. —
Isaac falhou em se segurar e quase caiu, Elizabeth o segurou em seus braços e os vasos bateram um no outro, felizmente, não quebrando.
— Onde diabos você estava!? O que você ...? —
Elizabeth o deitou sobre o tapete, ela desamarrou a camisa de Isaac e tirou os vasos, observando com olhos cheios de lágrimas por perceber o que ele tinha feito.
— Você...de novo...por que...por que faz isso? VOCÊ PODIA TER MORRIDO! POR FAVOR, POR FAVOR, NÃO FAÇA ISSO...não... não morra por mim... —
Elizabeth tinha revivido um trauma, ela teve que assistir a morte de sua mãe de criação quando tinha seis anos, que morreu de fome para que a menina pudesse comer...
Ela nunca conheceu seus pais, mas sabia que, de toda forma, aquela era sua mãe, pois deu a vida por ela.
Ela estava vendo Isaac fazer a mesma coisa, e de novo, ela veria alguém que ama perder a vida para que a dela fosse salva.
Ela não suportaria carregar o peso.
— Sua ... Idiota, eu não disse que isso era por nós dois? Já disse, não pretendo... morrer nesse lugar imundo. —
Isaac bateu na cabeça dela como uma de suas mãos, seu sorriso permanecia.
Elizabeth refletiu um momento, mas sem querer ser mais inútil, ela limpou as mãos de Isaac com panos velhos que haviam pela casa, vendo que os ferimentos não eram profundos, foi pelo menos um alívio.
A noite caiu lá fora, Elizabeth e Isaac dormiram, só restava o aguardo do amanhã.
***
Isaac tinha um sonho, e este sonho foi algo que sequer para Elizabeth contou.
Ser um Ladrão era algo que estava nele desde sempre, mas ele nunca roubou nada que não tinha necessidade.
O objetivo de sua vida era se tornar o "O Ladrão Perfeito", aquele capaz de roubar o Mundo para si, não por tomá-lo de outro, mas por ser um tesouro dele que foi tomado no passado.
Roubar a Liberdade para si, algo que ele tomaram desde que nasceu
Roubar tudo... Pois tudo lhe pertencia a princípio.
Este era o Ladrão Perfeito, o propósito da vida de Isaac Frost.
Mas ele não tinha poder algum, e sentia que não poderia roubar as estrelas a hora que queria, mas dia ambição permanecia maior que seu corpo.
Quando este sonho seria real?
***
Isaac abriu seus olhos, ele acordou em mais um dia, mas acordou apenas para querer voltar a sonhar.
Seus olhos arregalaram, sua boca não falou, e tudo que ele viu foram as roupas de Elizabeth deitadas ao lado dele.
"Liz saiu...sem as roupas? Isso não faz sentido!"
Ele correu para fora de casa, e observou o comércio lá fora.
Ele perguntou a um homem se havia visto uma menina de olhos vermelhos e cabelos dourados, uma característica incomum, o que faria ser facilmente destacada.
— Garoto, perdeu a viagem, essa daí foi vendida já faz mais de uma hora, já deve estar fora da cidade. —
"...O que...?"
— É mentira. —
Ele negou a afirmação do homem.
— Bem, a garota que vi parecia exatamente como você escreveu... —
"É mentira... Só pode ser mentira."
Isaac negou e negou, até que se viu sem chão.
Como tinham entrado na casa sem ele perceber?
Por que o deixaram?
Por que ela?
Ele caminhou em direção aos limites da cidade, pulando para dentro de uma carroça para sair dela.
Ele caminhou na neve lá fora depois de pular da mesma carroça, sem rumo, ele olhou para a imensidão do horizonte, uma tempestade vinha, isso não importava.
Isaac Frost caiu ao chão nevado, seu corpo sequer reagiu ao frio.
Ele olhou para os céus cinzentos, e em seu coração sentiu o gelo destruir sua alma.
Ele não tinha ideia para onde ela ia, haviam vários reinos fora da cidade na região, não tinha informação, não tinha poder...ele havia perdido tudo.
"Não."
"Eu vou te encontrar."
Ele sentiu seu coração queimar de frio...
Ele havia perdido tudo.
"Não vou parar."
Ele gritou dentro de si.
"Nem que eu tenha que roubar todo o ouro do mundo..."
Ele afirmou em seu coração...
"Eu não vou parar, até que tudo que é meu seja tomado por mim."
Sua liberdade, sua família, sua história, seu futuro, seu passado...
O mundo agora tinha tirado tudo dele, para o homem que não resta, o que fazer se não conseguir o tudo para si?
Seus cabelos ficaram brancos, sua pele pálida como a neve.
Ele fechou os olhos, uma luz veio adentro de sua alma, como o abraço de uma Mãe calorosa.
Ele abriu os olhos e um sorriso havia em sua face, ele olhou para o castelo daquele jeito com desdém, e seu corpo teleportou-se a sala do trono de um instante para o outro.
— Uma criança!? —
— Quem é você? Como aqui? —
— Está perdido? —
Vários nobres que estavam em uma reunião com o Rei olharam para a sala, soldados se aproximaram, e Isaac encarou o Rei como um alvo, assim como a rainha ao seu lado.
Encima da cabeça de cada pessoa, Isaac observou seus nomes e seus pertences.
Além do Status e título, e riu em escárnio, mesmo os pensamentos daqueles presentes eram totalmente a mostra para ele.
— Então é assim que vocês são... Nobres, ricos... Pessoas que usam minhas coisas sem me pedir. —
"Eu sou Isaac Frost..."
— Eu devo tomar de vocês aquilo que me pertence...—
"O Ladrão Perfeito."
— 「ROUBO」Dos títulos ao ouro, das riquezas a suas vidas, seus talentos e suas conquistas, tudo isso me pertence. —
Com o término da fala do menino, cada um daqueles presentes caiu ao chão.
Do Marquês ao Rei, da Rainha a Duquesa, do Soldado ao empregado, não restou uma alma que estivesse de pé naquele salão, além de Isaac Frost.
Ele caminhou em direção ao corpo do Bobo da Corte e se interessou por suas vestes, adaptando-as ao seu tamanho, com elas sendo vestidas por ele.
Restou apenas ossos do que eram antigamente pessoas, e no trono do Rei, alguém pegou sua coroa e colocou sobre si.
Reino de Fæleum, antiga capital ao sul da Vanthenam, o continente mais próspero da terra, agora era tomada por apenas um único menino, o mais ganancioso dos seres...Um Bobo da Corte que se vestia de Rei, ou era o contrário?
Indo para o telhado do palácio, Isaac roubou para si cada pedra de rubi e cada moeda de ouro do palácio, casa título de nobreza e cada talento de cada príncipe e princesa ...
Com um sorriso no rosto, ele olhou para as estrelas, e dessa vez estendeu sua mão, sentindo que não havia coisa que ele não roubaria a partir de agora.
Seja alma ou pensamento, seja o mar ou o céu, tudo lhe pertencia...
Ele voou nos céus e sentiu o vento, e cada elemento foi roubado por ele.
Primeiro os continentes, depois o mundo, depois do mundo, as estrelas, das estrelas a galáxia, e não encontrou sua única irmã, aquela única que amava...
Por fim, Isaac Frost flutuou fora do universo, segurando-o na palma de sua mão.
Ele observou o que estava além, e seus olhos se encheram interesse.
Com seu coração gelado queimando em coragem, ele voou mais além...
Quem poderia parar o Ladrão de Tudo?
Quem iria parar o Homem que era dono de Todas as Coisas?
Ele foi em frente, e nada ficaria em seu caminho, e o que ficasse, seria por ele roubado.
Seu nome seria lembrado para sempre, sua risada seria ouvida até o fim dos tempos.
Para onde ele vai a seguir?
Roubar aquilo que todos os seres buscam...
A Sensação do Paraíso.