A arena estava em silêncio. Mike, agora número 2 da primeira divisão, ainda sentia o peso de sua luta contra Breno. Mesmo com a vitória, a sensação de que tudo estava apenas começando pairava no ar.
Enquanto Mike se recuperava, um mensageiro adentrou a sala onde Gustavo estava sentado. O jovem capitão ergueu os olhos quando o homem entregou uma carta selada com o brasão do dragão negro, símbolo da família Marques. Gustavo respirou fundo antes de abrir o envelope e ler o conteúdo.
Carta de Florentino para Gustavo Marques
"Ao nobre Capitão Gustavo Marques,
Espero que esta mensagem o encontre em boa saúde. Tenho o dever de informá-lo sobre um chamado urgente. O rei da parte leste de Altalis solicita sua presença para uma audiência real, uma reunião que pode decidir o desfecho de nossa longa guerra.
Além disso, sua família, os Marques, emitiu uma ordem direta para que você retorne ao exército imperial. Este não é um mero pedido, mas uma ordem oficial de sua casa, um dever que não pode ser ignorado.
Como líder de The Last Dragons, reconheço sua importância aqui, mas compreendo o peso das obrigações familiares e nacionais. Decisões como essa não são fáceis, mas o futuro do leste de Altalis e, talvez, de toda a nação pode depender de sua resposta.
Espero sua decisão na sala do conselho.
Atenciosamente,
Florentino Baltharion
Gustavo fechou a carta, o rosto imperturbável. Sem dizer uma palavra, levantou-se e seguiu em direção à sala de Florentino.
Confronto na Sala do Conselho
Florentino estava de pé diante de uma grande janela, observando a movimentação na sede da guilda. Ao ouvir os passos de Gustavo, ele se virou, seus olhos avaliando o jovem capitão.
— Vejo que recebeu minha mensagem — disse Florentino, sua voz firme, mas com um tom compreensivo.
— Recebi — respondeu Gustavo, cruzando os braços. — E minha resposta é não.
Florentino arqueou uma sobrancelha.
— Sabe que essa não é uma simples escolha, Gustavo. O rei o chamou, e sua família emitiu uma ordem direta. A guerra de Altalis já dura mais de 15 anos, mas finalmente temos a chance de terminar isso. A parte leste está a um passo da vitória. Eles precisam de você nas linhas de frente.
— Eles não precisam de mim. Precisam de um peão que faça o trabalho sujo — retrucou Gustavo, com um leve tom de amargura. — E eu já cumpri meu papel.
Florentino se aproximou.
— Você é um dos guerreiros mais poderosos desta geração, Gustavo. Seu retorno pode mudar o curso da guerra. A vitória está ao nosso alcance, mas sem você, será mais difícil.
Gustavo deu um passo à frente, encarando Florentino.
— Já fiz uma promessa para Beatriz: não mataria mais ninguém. E vou cumprir. Não importa se o rei ou minha família mandem ordens.
Florentino manteve a calma, mas sua voz ficou mais incisiva.
— E o que você fará se Altalis cair? Se essa guerra se prolongar por mais anos, custando mais vidas?
Gustavo respirou fundo, mantendo sua posição firme.
— Pode vir ordem até do rei, não me importo. Só volto para aquele lugar se a própria Beatriz mandar.
Florentino inclinou a cabeça, percebendo que argumentos não adiantariam.
— Você sabe que sua família não aceitará isso facilmente.
O jovem capitão deu um leve sorriso, cheio de ironia.
— Então diga à família Marques que, se quiserem que eu lute, que me obriguem.
Florentino suspirou, vendo a determinação inabalável de Gustavo. Antes que pudesse falar mais alguma coisa, Gustavo se virou e saiu da sala, deixando a tensão do momento pairar no ar.
Encerramento
Ao sair, Gustavo cruzou os corredores da guilda, passando por alguns membros que o observavam em silêncio. Sua expressão era de alguém que carregava um fardo imenso, mas que não deixaria ninguém impor algo contra sua vontade.
Na porta da sede, ele parou por um momento, olhando para o céu.
— Que venham. Vamos ver até onde chegam.
E com isso, Gustavo continuou seu caminho, determinado a seguir apenas a própria convicção.