O grande salão da primeira divisão ainda estava em silêncio quando um mensageiro da família Marques apareceu. Ele parecia ansioso, suas roupas impecáveis adornadas com o brasão da poderosa casa imperial. Gustavo, sentado em um canto com a cabeça baixa, ergueu os olhos e suspirou profundamente.
— Já disse que não vou — disse Gustavo, firme, antes mesmo de o mensageiro abrir a boca.
O homem hesitou, mas insistiu.
— Tenho outra mensagem, Capitão Gustavo. Esta é... da Senhorita Beatriz.
A menção do nome fez Gustavo se levantar imediatamente. Seus olhos se estreitaram enquanto o mensageiro entregava uma carta com o selo da guilda Cristal Palace. Sem pensar duas vezes, Gustavo abriu um portal de sombras e desapareceu, deixando o mensageiro para trás.
A Cristal Palace era conhecida por ser uma guilda exclusiva, formada inteiramente por mulheres. Pouquíssimos homens tinham permissão para entrar, mas Gustavo, com seu status e laços com Beatriz, possuía uma autorização especial. Ele atravessou os corredores elegantes sem prestar atenção à decoração luxuosa, sua mente focada apenas em encontrar sua amada.
Chegando ao pátio central, Gustavo avistou Beatriz. Ela estava sentada em um banco de pedra sob um carvalho majestoso, a luz do sol filtrando-se pelas folhas e iluminando seus cabelos dourados. Ao vê-lo, ela se levantou e foi até ele, com um sorriso misturado à preocupação.
— Eu sabia que te encontrariam, Gustavo. — Sua voz era suave, mas havia firmeza em suas palavras.
Gustavo confirmou com um aceno, seu semblante ainda carregado de irritação.
— Não vou voltar, Beatriz. Não importa o que digam ou façam.
Beatriz suspirou, aproximando-se ainda mais. Ela segurou as mãos de Gustavo, olhando diretamente em seus olhos.
— Eu sei o quanto isso te pesa, e sei que você tem seus motivos para não querer voltar. Mas... eles não vão parar, Gustavo. A guerra está consumindo tudo, e ninguém tem força para acabar com ela além de você.
Gustavo desviou o olhar, o conflito interno evidente em seu rosto.
— Eu não quero voltar para lá. Prometi a você que não mataria mais.
Beatriz apertou suas mãos com mais força.
— E eu confio na sua palavra. Por isso, estou pedindo que você volte... mas que faça o mínimo de mortes possível. Acabe com isso, Gustavo. Acabe com essa guerra, mas do seu jeito.
Os olhos de Gustavo se encheram de determinação. Ele respirou fundo e assentiu.
— Prometo a você, Beatriz. Vou terminar essa guerra. E farei isso rápido.
Ela sorriu suavemente e acariciou seu rosto.
— Eu acredito em você.
Após um último abraço, Gustavo abriu um portal e retornou para a sede da The Last Dragons.
Na Biblioteca: A Conversa com Mike
Ao voltar, Gustavo decidiu ir até a biblioteca da guilda para pesquisar informações sobre os próximos passos. Quando entrou, encontrou Mike em uma mesa, cercado por livros e pergaminhos. Ele estava completamente concentrado, lendo tudo o que podia sobre a guerra de Altalis.
— O que você está fazendo aqui, Mike? — perguntou Gustavo, cruzando os braços.
Mike levantou os olhos, surpreso por vê-lo.
— Capitão! Estou estudando sobre a guerra. Quero entender mais sobre o que está acontecendo.
Gustavo franziu o cenho.
— E por que está fazendo isso?
Mike fechou o livro e encarou Gustavo com determinação.
— Porque quero ajudar. Sei que você vai para a guerra, e não posso simplesmente ficar aqui enquanto você carrega esse fardo sozinho.
Gustavo balançou a cabeça, sua expressão endurecendo.
— Você não entende, Mike. A guerra não é como essas histórias nos livros. Não é algo que você pode aprender lendo palavras bonitas. É cruel, suja e cheia de sacrifícios. E, além disso, você não é cidadão de Altalis.
Mike insistiu, levantando-se.
— Isso não importa. Quero ajudar você!
Gustavo deu um passo à frente, colocando uma mão no ombro de Mike.
— Escute, garoto. A guerra não é o seu lugar. Você tem um futuro aqui, em The Last Dragons. Deixe isso comigo.
Mike ficou em silêncio, percebendo a seriedade nas palavras de Gustavo. Ele queria dizer algo, mas sabia que o capitão não mudaria de ideia.
Gustavo soltou seu ombro e começou a se afastar.
— Cuide-se, Mike. Essa guerra... é algo que eu preciso terminar sozinho.
E com isso, ele deixou a biblioteca, deixando Mike sozinho, refletindo sobre tudo o que havia ouvido.