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Chapter 50 - O Fantasma da Escuridão

A clareira parecia congelar no tempo enquanto Gustavo caminhava calmamente em direção ao líder dos assassinos. O homem, até então cheio de confiança, agora tremia visivelmente. Seus olhos fixaram-se em Gustavo, e sua voz saiu como um sussurro rouco, carregado de puro terror.

— N-não pode ser... Você... É impossível... O Fantasma da Escuridão?

O comentário fez Gustavo parar por um breve momento. Ele inclinou levemente a cabeça, com um sorriso que misturava diversão e ameaça.

— Ora, ora, ora... Então você conhece esse apelido? Devo dizer que estou surpreso. Faz anos desde que abandonei esse nome.

O tom calmo e controlado de Gustavo parecia ampliar o pânico do líder dos assassinos, que deu alguns passos hesitantes para trás antes de virar e correr, gritando:

— Não, não, não! Não pode ser você!

Gustavo não se apressou. Ele ergueu uma das mãos com elegância, e de seus pés uma escuridão grotesca começou a se espalhar, como se a própria noite estivesse tomando forma ao seu comando. A sombra cobriu metade da clareira em questão de segundos, espessa e quase tangível, sufocando qualquer vestígio de luz.

— Não adianta correr... — murmurou Gustavo, sua voz ecoando como um trovão distante.Santuario Eterno Da Alma Selada.

A escuridão não parava de crescer, e dela surgiram pilares sombrios, altos e maciços, que se erguiam ao céu. As pontas das sombras convergiram no alto, fechando-se em um cubo colossal que prendeu Gustavo e o líder dos assassinos dentro de sua impenetrável negritude.

— Não! Por favor! Eu... eu falo o que você quiser! Não me mate! — O líder gritou, sua voz ecoando dentro do cubo.

Mas era tarde demais. Dentro do Santuário Eterno da Alma Selada, não havia espaço para misericórdia, apenas para o julgamento de Gustavo. Duas luzes vermelhas, intensas como brasas ardentes, se acenderam no interior do cubo, pairando onde deveriam estar os olhos de Gustavo.

— Implorar não vai mudar nada. — A voz de Gustavo parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo, fria e mortal.

O líder gritou novamente, mas o som foi abruptamente cortado. Em poucos segundos, o silêncio tomou conta do cubo, um silêncio tão profundo que parecia devorar a própria existência.

A estrutura de sombras começou a se dissolver, retornando ao chão como uma névoa negra. Quando desapareceu completamente, apenas o corpo inerte do líder estava ali, caído como um boneco abandonado.

Gustavo caminhou até o corpo, agachou-se e vasculhou a bolsa do assassino, encontrando alguns pergaminhos cuidadosamente lacrados. Ele os guardou em sua própria bolsa e, sem pressa, voltou até Mike, que ainda estava desacordado.

— Você foi bem longe hoje, garoto — murmurou Gustavo, observando-o com um olhar que misturava respeito e preocupação.

Ele pegou uma poção de regeneração de sua bolsa, ergueu cuidadosamente a cabeça de Mike e fez com que ele bebesse. Depois, pegou uma poção de mana e repetiu o processo.

Com Mike mais estável, Gustavo juntou alguns galhos secos próximos e usou uma pequena faísca mágica para acender uma fogueira. A luz bruxuleante iluminava suavemente o campo de batalha agora vazio, os rastros da luta ainda evidentes nas árvores e no chão.

Gustavo sentou-se ao lado de Mike e abriu um dos pergaminhos.

— Vamos ver o que você tinha de tão importante, não é? — ele disse, como se falasse com o líder derrotado.

O silêncio da noite era quebrado apenas pelo crepitar da fogueira e o som ocasional das páginas do pergaminho sendo viradas. Gustavo, com sua presença avassaladora e a calma calculada de um predador, lia com uma concentração quase sobrenatural.

Apenas o reflexo do fogo e o brilho de seus olhos mostravam que ali não havia apenas um guerreiro formidável, mas alguém com um passado muito mais sombrio do que qualquer um poderia imaginar.