A caverna estava fria e silenciosa, mas dentro de Mike, um turbilhão de emoções o consumia. Ele sentava-se no chão áspero, o bracelete seguro em sua bolsa, mas sua mente não estava ali. Estava no campo de batalha que havia deixado para trás, com seus guerreiros enfrentando uma luta implacável.
Thorax, parado ao seu lado, observava o jovem mestre com olhos brilhando em tom de preocupação.
— Mestre Mike, sei que foi uma decisão difícil, mas não foi covardia. Foi estratégia. Ainda assim... — Thorax hesitou, mas decidiu continuar. — Eu também não gosto de ter deixado nossos companheiros para trás.
Mike apertou os punhos, sentindo a raiva de si mesmo fervendo.
— E o que eu sou, Thorax? Um mestre que foge? Que deixa seus próprios guerreiros lutando por ele enquanto recua como um covarde?
Thorax o encarou, aproximando-se.
— Você não é covarde. Mas está perdido em suas próprias dúvidas. Sua força não está apenas em lutar. Está em liderar. Porém, um líder também deve saber quando precisa estar na linha de frente.
Mike abaixou a cabeça, sentindo o peso de cada palavra. Ele estava prestes a responder quando, de repente, ouviu uma voz em sua cabeça. Era Luan, como um sussurro firme.
— Mestre, estamos resistindo. Não desista de nós. Confie na nossa força... e na sua.
Mike levantou o olhar, surpreso. Ele olhou para Thorax.
— Luan... eles estão bem?
Thorax cruzou os braços, firme.
— Não por muito tempo, se continuarmos aqui parados. Não vou permitir que isso aconteça, Mestre.
Antes que Mike pudesse reagir, Thorax rugiu e disparou para fora da caverna, suas patas enormes esmagando o chão ao correr.
— Thorax! Espere! — Mike gritou, mas já era tarde demais. Thorax desaparecera na mata.
Sozinho na caverna, Mike sentiu o peso do silêncio. Ele esfregou o rosto, tentando afastar a culpa que o corroía. O rosto de cada uma de suas sombras passou por sua mente — Luan, sempre leal; o Lobo das Sombras, feroz; os Guerreiros de Argila, incansáveis; as Gárgulas Aladas, protetoras. Todos estavam lá fora, lutando por ele, e ele os havia deixado.
Ele abriu sua bolsa e olhou para as poções restantes.
— Só três. — Ele murmurou para si mesmo, a voz pesada. — Já usei cinco. Mas isso... isso vai ter que bastar.
Ele apertou a bolsa com determinação e se levantou.
— Eu não vou ficar parado. — Ele murmurou, enquanto as imagens da batalha invadiam sua mente. Ele viu Luan bloqueando ataques, o Lobo das Sombras saltando sobre os assassinos, as Gárgulas sobrevoando o campo, todos lutando como nunca para protegê-lo.
Ele fechou os olhos por um instante e inspirou profundamente. Quando os abriu, havia uma nova luz em seu olhar.
— Que tipo de mestre eu seria... — ele murmurou, começando a correr para fora da caverna, sua foice brilhando em sua mão.
O Retorno ao Campo de Batalha
Quando Mike chegou ao campo de batalha, a visão era devastadora. Árvores caídas, marcas de combate por toda parte, e suas sombras ainda em pé, lutando com todas as suas forças contra os assassinos. Thorax estava lá, esmagando um inimigo contra o chão, mas mesmo ele parecia estar no limite.
Os assassinos, embora desgastados, ainda mantinham uma postura firme. O líder deles zombava.
— Então o mestre covarde nos deixou com seus cães de sombra. Que patético.
Mike apareceu no campo, ofegante, mas com a determinação clara em seus olhos. Ele abriu sua bolsa, tomou mais uma poção de mana e gritou:
— Vocês acham que eu sou um mestre que abandona seus guerreiros? Acham que eu vou permitir que vocês levem esse bracelete? Estão enganados. Eu não perco. Não aqui. Não hoje.
Suas sombras voltaram os olhos para ele, sentindo a força renovada de seu mestre.
— Que tipo de mestre eu seria se deixasse vocês morrerem aqui? — Mike continuou, girando sua foice. — Lutaremos juntos, pela nossa missão, pelas nossas vidas. Ninguém será deixado para trás!
O líder dos assassinos estreitou os olhos, percebendo a mudança na atmosfera.
— Interessante... Então mostre-nos do que é capaz, garoto!
E assim, Mike avançou. Ele não estava mais sozinho.