Daphne riu de maneira estranha enquanto lançava olhares ameaçadores. "Obrigada por me lembrar, querido." Ela enfatizou a última palavra, basicamente a cuspindo como se fosse um bocado de veneno.
Esticando o braço, ela arrancou a bolsa das mãos de Atticus. Ele simplesmente deixou, abrindo os dedos casualmente no segundo em que ela tinha uma pegada firme na bolsa de moedas, sorrindo.
"Você não está fingindo ser um plebeu?" Daphne sussurrou em seu ouvido enquanto procurava moedas na bolsa. "Pare de mostrar sua bolsa!
"Se fossemos verdadeiros plebeus, estaríamos trabalhando aqui", Atticus retrucou alegremente.
O rosto do homem ficou mais escuro ao ouvir o comentário.
"Senhor", disse Atticus animadamente, "não grite com minha esposa. Ela estava apenas animada para experimentar suas novas receitas.
Havia um tom de advertência em sua voz. Seu olhar escureceu.
"Pensando bem, essa quantidade de comida não custava apenas 35 cobres no ano passado? O que aconteceu?"
Daphne observou a maçã de Adão do vendedor subir e descer. Uma gota de suor escorreu por sua têmpora, apesar do clima refrescante.
"Os suprimentos estão ficando caros", disse o vendedor, olhando para qualquer lugar, menos para Atticus. "Os aluguéis das barracas também aumentaram muito este ano em comparação com o último festival. Nós, vendedores de barracas, também estamos de mãos atadas, senhor."
"Ah, é mesmo?" Atticus sorriu.
Ele fez um sinal para Daphne, indicando a ela que entregasse as moedas ao vendedor da barraca, que praticamente arrancou o dinheiro enquanto atirava as compras dela nela. Sem dúvida, ele tinha algo a esconder e queria que eles fossem embora o mais rápido possível, Daphne concluiu. Ela observou silenciosamente o comportamento de Atticus. No entanto, ele não fez muito, simplesmente agradeceu ao vendedor da loja antes de pegar a mão livre de Daphne, guiando-a gentilmente para longe da barraca.
"Como está a comida?" ele perguntou assim que estavam a uma certa distância, bem quando Daphne deu uma mordida na carne de porco grelhada.
"Surpreendentemente comum", Daphne respondeu, franzindo o nariz. Ela estendeu a bolsa de dinheiro, devolvendo-a ao seu verdadeiro dono. "Cheira muito melhor do que o sabor."
"Não estou surpreso", comentou Atticus sabendo, pegando a bolsa de moedas. Ele se aproximou e deu uma mordida na comida, lambendo o molho da borda de sua boca. Ele fez uma careta, aparentemente concordando com as opiniões de Daphne. "Se os outros vendedores forem os mesmos, eu terei que pedir ao Jonah para reformular os vendedores de barracas desta feira.
"Vendedores desonestos?" Daphne perguntou. Ela tinha suas próprias suposições.
Atticus apenas acenou com a cabeça, optando por não responder.
Em frente a eles, havia uma mãe que comprou apenas um espeto de comida de uma barraca diferente para compartilhar com a família. Daphne observou enquanto seus filhos, um menino e uma menina, brigavam pelo único espeto.
"Não, este é meu!"
"Você já comeu! Você deu duas mordidas!"
"Você deu três!"
"Minhas mordidas eram pequenas!"
"Não eram!"
"Crianças, por favor." A mãe suspirou. "Se vocês não conseguem compartilhar, vamos direto para casa."
"Mamãe!" As crianças reclamaram em desespero. "Podemos ter mais um? Por favor, por favor, por favor?"
A mulher balançou a cabeça, e seus filhos ficaram em silêncio de desapontamento. Daphne não perdeu a dor no rosto da mulher, e como ela apalpou seus bolsos. Claramente, ela não tinha dinheiro suficiente para comprar o suficiente para três pessoas, e decidiu não comer para que os filhos pudessem comer mais.
O coração de Daphne doía. Essa era uma luta desconhecida para ela. Ela tinha que ajudar.
"Eu compro para você um." Para sua surpresa, ela não foi a única que falou. Daphne se virou para ver que Atticus já tinha produzido várias moedas de prata para o vendedor.
"Duas porções, por favor! Uma para minha querida esposa, a outra para as duas crianças fofas esperando na minha frente."
"Oh! Eu não poderia possivelmente-" a mãe respondeu, confusa com a súbita generosidade. Então ela viu Atticus e seu rosto imediatamente ficou cinco vezes mais vermelho.
Como poderia existir um homem tão bonito? E ele é tão bondoso também!
Sua esposa também era uma grande beleza e ela observava as mãos deles entrelaçadas com um pouco de melancolia. Que casal amoroso eles formavam!
Ao seu lado, Daphne ficou sem palavras de espanto. Atticus, fazendo boas ações? Não, isso não poderia ser verdade, mas seus olhos não mentiam. Atticus deu a ela uma das porções de carne grelhada e deu a outra à garota.
"Obrigado, senhor!" Ambos disseram, olhando para ele com reverência. Daphne, enquanto isso, olhava para Atticus com grande suspeita.
"Obrigada por sua generosidade. Eu realmente não posso retribuir." A mãe se sentiu impotente diante da felicidade de seus filhos.
"Considere isso a generosidade do Yuletide. Eu sei como é sentir fome quando criança", disse Atticus, fazendo Daphne levantar uma sobrancelha incrédula. Ele era rei, provavelmente um príncipe antes de subir ao trono. Que mentiras ele estava falando? "Nenhuma criança merece isso."
A mãe sorriu para os dois. "Tenho certeza de que qualquer filho que você e sua esposa tiverem seria muito amado de fato!"
Daphne quase deixou a comida cair no chão quando engasgou com a nova mordida de carne. Ela tossiu violentamente enquanto Atticus gentilmente batia em suas costas em uma tentativa de acalmá-la.
"Minha esposa está esperando, na verdade", Atticus respondeu suavemente, fazendo Daphne tossir ainda mais. "É por isso que decidimos visitar o festival um pouco mais cedo este ano. Desejos, sabe?"
Quando Daphne finalmente limpou suas vias aéreas do churrasco de comida, ela olhou pesado para o marido descarado. A mão que ainda estava na dele apertou, espremendo sua palma com toda a força que pôde. Ela sabia que não adiantava muito, pelo olhar passivo em seu rosto, mas Daphne encontrou grande prazer em causar a ele até mesmo a menor inconveniência.
"Oh meu! Isso explica o brilho em seu rosto!" a mulher exclamou, encantada. Seus olhos praticamente tinham estrelas neles. Daphne se perguntou se ela tinha problemas de visão. "Há uma barraca mais adiante que está vendendo brinquedos e roupas de criança. Talvez vocês dois possam ir lá. Eles têm algumas bugigangas bonitas, todas feitas à mão, aparentemente."
"É uma sugestão maravilhosa." Atticus sorria. "Obrigado. Nós definitivamente daremos uma olhada."
Quando a mulher se afastou com seus dois filhos, Daphne se virou bruscamente, sibilando. "Do que você está falando agora, com todas essas mentiras―"
"Querida, eu ficaria simplesmente eufórico em tornar essa mentira uma verdade, se você quisesse", cortou Atticus suavemente. Ele usava um sorriso galanteador, inclinando a cabeça levemente para um lado.
"Ugh!" Irritada, Daphne se livrou da mão de Atticus, mordendo agressivamente o resto da comida que tinha começado a esfriar. O tempo todo, ela podia ouvir a risada de Atticus seguindo-a como um fantasma do passado que nunca podia ser banido.