Naquele instante, ele despertou e se encontrou sentado no chão, apoiado em uma parede desconhecida. A confusão o envolveu enquanto tentava entender onde estava e por que estava ali. Fragmentos de sons distantes de passos ecoavam em seus ouvidos, indicando a presença de outras pessoas nas proximidades.

Estendido em uma rua estreita e escura, estando ferido demais para se erguer ou pedir ajuda, tudo que lhe restava era tentar resgatar alguma lembrança que pudesse fornecer pistas sobre sua localização.

O tempo arrastava-se lentamente enquanto ele mergulhava em suas próprias memórias, o que parecia ser uma eternidade, até que vozes e passos se aproximaram gradualmente, pertencentes a duas garotas. Ambas aparentavam ter a mesma idade, com olhos cor de rubi e uma figura esbelta; uma delas possuía labios avermelhados e cabelos rosados, enquanto a outra garota tinha seus cabelos de um dourado radiante.A garota de cabelos rosados ​​moveu-se, agachando-se ao seu lado e inciando uma conversa abafada com a companheira.

Embora se esforçasse para ouvir suas palavras, sua visão turvou-se de repente, consumindo-o numa escuridão inesperada. Seu corpo cedeu à exaustão e ele mergulhou no abismo do inconsciente, turvando sua visão até que, por fim, cedeu ao desmaio, a última coisa que ele veria naquela noite era o olhar vermelho de uma delas que transparecia uma sensação de perigo.

Ao despertar mais uma vez, ele não se encontrava no mesmo lugar; ele agora estava deitado em uma cama macia, no centro do quarto uma elegante mesa de chá aparentemente esculpida a mão adornada com desenhos de montanhas em azul e branco, e em cima um conjunto de xícaras de chá. A luz suave e filtrada atravessava as finas cortinas de seda, pintando padrões suaves de sombra e luz no chão de madeira. Nas estantes, pergaminhos antigos e escritos de poesia podiam ser vistos.

Enquanto observava o ambiente, as portas do cômodo se abriram, revelando uma garota de cabelos rosados:

"Ah, então você acordou! Estava me perguntado quanto tempo você iria continuar dormindo"

Ele olhou fixamente para a garota, tinha algo estranho nela, uma coisa que ele sabia que era perigoso, que ansiava por morte e sangue.

"Eu e minha irmã, encontramos você caído, a algumas quadras, não sabíamos oque fazer então te trouxemos para nossa casa"

Com um rosto inexpressivo, ele apenas acenou com a cabeça, percebendo oque tinha acontecido. Enquanto estava inconsciente ele se recordou de algumas memórias que o ajudaram a entender como ele havia ido parar onde estava.

Mas o problema era que ele ainda não sabia onde estava.

"Você não é de falar muito pelo visto"

Não tinha muito oque se falar naquela situação, principalmente quando não dava para fazer a distinção de quem era inimigo ou aliado.

"Meu nome é Yse"

"Hum, a sim, desculpe, esqueci de me apresentar, meu nome é Lune Tepes."

Após as apresentações, um silêncio ensurdecedor preencheu a sala.

Nenhum dos indivíduos continuaram a conversa, apenas se encararam, como se esperassem que o outro tomasse a iniciativa.

O tempo foi tão longo que começou por parte de Lune a ficar constrangedor.

"Então, por que você estava naquela rua caído daquele jeito?"

"Qual o nome desse lugar?"

"Você não respondeu oque eu perguntei, pela forma que te encontramos e pelas suas roupas, você não passa a impressão de alguém que era pra estar naquelas condições."

Mesmo após ela dizer isso tudo que ele fez foi encará-la, esperando pela resposta de sua pergunta.

"Certo, essa é a casa da minha família, o nome você já sabe, a cidade chama Yumegiri e nós estamos no país chamado eldrion e se não me engano as pessoas da capital chamam o planeta de Aetheria."

Após o nome do planeta ser citado, Yse fechou os olhos para pensar em algo que continuaria a ocupar sua mente nos próximos dias.

"Hum, oque ele quer me enviando aqui?"

***

Em uma rua escura, onde não podia se ver quase nada, alguém se agacha onde algumas manchas estavam no chão.

"Eles realmente tiveram a audácia de fazer isso no nosso território."

"A senhora tem certeza de que foi alguém deles, pode ter sido um que não tem relação com eles"

"O clã deixou bem claro que qualquer um que não fosse dos Tepes era pra ser eliminado, e até onde eu sei não ocorreram nenhuma situação de transformados por acidente"

"Quero que descubram todos que passaram por aqui nos últimos quatro dias."

Ao dar a ordem, os dois que acompanhavam a mulher se retiraram imediatamente para cumprir suas tarefas.

"Eu realmente espero que tenha sido eles, já passou da hora dessa cidade ter um único e verdadeiro lorde"

A mulher olhou para o céu quase tão escuro quanto o lugar onde ela estava, onde até as estrelas pareciam se esconder, e logo voltou a seguir seu caminho.

No início daquela noite, enquanto a escuridão cobria a cidade, os ventos anunciavam um desastre iminente que mudaria o futuro da cidade e seria o ponto de partida do ser que seria conhecido como uma calamidade.