Caim, então assustado, começou a ofegar de medo e emoção enquanto pensava:
— Será que isso é possível? Onde eu estou? Quem é aquela mulher? Será que devo ir?
Uma voz como a de um trovão interrompe os pensamentos de Caim:
— Venha, Caim. Temos muito que conversar ainda.
Nesse momento, Caim percebeu que era bom obedecê-la e, mesmo ofegante, Caim decidiu ir até ela. No momento em que pisou fora da cabana, o mundo à sua volta se expandiu, como se o que ele conhecia fosse apenas uma gota de um oceano no qual nunca sequer tinha pensado.
Enquanto Caim ficava admirando a mulher, mais uma vez disse:
— Venha agora.
— Certo, já estou indo.
Enquanto andava em direção à mulher, Caim olhava em volta, sem acreditar.
— Eu estou no centro de toda a criação.
O lugar onde Caim estava era o centro do multiverso, onde estrelas são forjadas e universos destruídos. Onde ele olhava, via estrelas e algo como gigantes feitos de poeira do espaço, criando estrelas. Ele então olhou para baixo e, tremendo, disse:
— Estou vendo cada mundo, cada estrela, cada cometa no espaço.
E quanto mais perto da mulher misteriosa ele chegava, mais o espaço se tornava amplo ao ponto de ele poder enxergar tudo o que existisse.
A mulher, já impaciente, diz:
— Gosta do que vê?
— Sim, mas como isso é possível? Eu estou sonhando, só pode, né?
— Não é sonho, Caim. Aqui é onde eu crio e criei toda a existência que você conhece.
Caim, então, tremendo de ansiedade e pavor, disse, sem nem pensar:
— Você é a criadora?
Naquele instante, a mulher, que passava um semblante de calmaria e paz, mudou repentinamente, dizendo:
— Você? Como um verme se atreve a me chamar de uma forma tão mundana.
Caim então reparou nela pela primeira vez. A mulher misteriosa tinha longos cabelos escuros, olhos que pareciam estrelas e um sorriso sádico, além de quatro pares de asas.
A mulher então apontou um dedo para Caim e o dobrou, e no mesmo instante o ar pesou, jogando-o e pressionando-o no chão. Enquanto ela dizia a ele, indo em direção a Caim:
— Isso que você está sentindo nada é além do peso da própria criação. Como é sentir o peso de mundos nas costas, Caim? Enquanto sorria.
Caim então, com a pouca força que tinha, falou:
— Não é uma das melhores sensações do mundo, eu diria, Deusa.
Enquanto ria.
A Deusa intrigada pensava:
— Esse garoto, mesmo em tal situação, ainda assim consegue agir dessa forma petulante. Eu não estava errada, ele será útil.
Então, a Deusa cedeu, e Caim já podia tanto respirar normalmente como conseguir se levantar e já foi se ajoelhando e pedindo perdão:
— Me desculpe por tratar a Deusa como um qualquer.
— Não há problema, Caim. Só estava te testando e você passou.
A Deusa então estalou os dedos, e tanto ela como Caim foram parar em uma colina.
— Teletransporte, talvez? Ou ela apenas criou isso? Murmurava Caim.
- Deixe de murmurar, Caim, pois o que tenho para te dizer é importante!
— Caim, o motivo de estar aqui diante de mim hoje é que cometi um erro. O vazio que sente nada é além de você estar no mundo errado.
— Deusa! Mundo errado?
— Sim. Você pertence a um mundo onde sua vida sempre estará em jogo, onde você lutará e provará sangue.
Caim, enquanto ouvia as palavras da Deusa, seus olhos enchiam-se de animação, como se o vazio e as correntes que o prendiam tivessem sido libertados e um novo horizonte claro.
— Me diga, Deusa, que mundo é esse?
— O mundo de Cronos, minha primeira criação, o berço do universo. Eu diria que o mundo zero, e dele os outros mundos surgiram como espelhados.
— Deusa, isso é fantástico. Então eu pertenço a esse lugar tão incrível!?
— Exatamente, Caim.
A Deusa inquieta, vendo a alegria de Caim, pensou:
— Isso é maravilhoso. Ele, diferente dos outros, aceitou a explicação vaga.
Caim então olhou a Deusa e percebeu estar distraída, dizendo:
Deusa?
— Ah, certo, diga, Caim.
— Qual meu objetivo nesse novo mundo?
A Deusa então se levanta e vai em direção às bordas da colina e chama Caim.
— Caim, venha!
Caim rapidamente levantou e foi até as bordas, onde a Deusa estava, e ficou chocado. Aos pés da colina, havia um lindo jardim de diferentes rosas e aromas, como de contos de fadas. Os dois admiravam.
A Deusa se inclinou a Caim e disse, com o tom de voz que só uma mãe diria:
— Caim, você sabe o que diferencia o bem do mal?
Caim então pensou e respondeu:
Não é óbvio, é o lado de quem conta a história.
A Deusa olhou para frente e sorriu.
— Está certo, herói e vilão são iguais, são apenas formigas buscando seus objetivos. Um herói na perspectiva do vilão seria o errado e o mesmo acontece ao contrário.
— Deusa, o que você está querendo dizer?
— Você pode ser o que desejar. Não existem amarras em você, Caim.
— Você pode se tornar o herói lendário ou o rei do inferno, não há limites. Você pode até se tornar um Deus e, no futuro, vir me desafiar.
— Você é livre.
Caim, após ouvir aquilo, se sente em paz pela primeira vez, pois ele é livre para decidir ou ser o que precisar.
— Deusa, obrigado
A Deusa se afasta de Caim e abre um portal nas costas dele, jogando-o, dizendo:
— Caim, não se esqueça, meu nome é Ifrit, Deusa da origem e Criação.
Caim é jogado para dentro, e o portal é fechado. A paisagem que era de calmaria se torna uma montanha de ossos e corpos, de onde a Deusa Ifrit sai murmurando:
— Uma nova catástrofe acaba de chegar em Cronos.
Enquanto sorria.