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Chapter 2 - Capítulo Dois - Os Testes

— Droga! Eu não posso chegar tarde demais, as inscrições começam ao meio-dia! — pensa Dark ao virar uma esquina a toda velocidade.

As pessoas na rua olham assustadas para aquele garoto, que não para um segundo, porém, ele logo percebe que não tem a menor ideia de onde fica a academia.

— Ah, qual era o nome mesmo? Deixa eu pensar... — seu pensamento é interrompido ao olhar para uma placa bem grande pressa ao uma parede.

Na placa de madeira, estava escrito em vermelho: "Academia de magia Makko". E abaixo estava em azul: "Portões fechados ao meio-dia".

Além disso havia na placa uma flecha apontando para um beco escuro.

— Beleza! Eu estou perto, basta entrar nesse beco — ao entrar no beco, ele se vê diante de uma faixada caindo aos pedaços — nossa, eu pensava que era uma acadêmia famosa.

Ao entrar, ele olha para um relógio na parede, e percebe que são onze e quarenta, porém, o lugar onde está não parece nada com o que ele imaginava, era escuro e assustador, parecido com a floresta em que estava na noite passada.

— Eu não cheguei atrasado, mas esse lugar está caindo aos pedaços, eu esperava pelo menos uma entrada mais luxuosa ou sei lá.

— Ei garoto, você está aqui para a inscrição? — Diz um homem de óculos escuros parado na recepção.

— Ah, isso mesmo — diz ele enquanto caminha em direção do homem — você é o recepcionista certo?

— Claro, me diga uma coisa, você tem algum dinheiro aí?

— Não, mas eu não sabia que precisava pagar para fazer a inscrição, pelo menos ninguém me disse isso!

— Calma, calma, fique calmo meu jovem, caso você não tenha dinheiro, algo de valor pode servir, jóias caras, partes de monstros poderosos, qualquer coisa.

— Foi mal parceiro, eu não vou poder te dar nada — Dark vai andando em direção da porta — eu vou dar uma saída, eu tenho outros compromissos sabe.

— Vou dar o fora daqui, isso tem cara de golpe, e esses caras fedem pra caramba! — Porém ao se virar para a porta, da de cara com um homem alto e musculoso.

— Se você não tem dinheiro, pode pagar com o seu corpo, você é bem bonitinho, algumas madames velhas pagariam bem para ter um servo como você — diz o grandão — além do mais, isso também não seria bom para você?

— Eu não sei se eu colocaria assim Jofu, ninguém gosta de ser escravizado por essas velhas, e outra, você é burro em garoto, sai entrando em lugares suspeitos como esse. — Diz o cara da recepção ao pegar uma corda na parte de baixo do balcão.

— Bem senhores, eu gosto de ter experiências diferentes, mas não sei se essa aí seria legal, então eu vou dar o fora daqui rapidinho...

Dark sai correndo em direção do recepcionista, e rapidamente passa por baixo do balcão de madeira, Jofu tenta o pegar, mas quando percebe, o garoto já está passando por uma porta atrás da recepção a toda velocidade.

— Não fica parado aí Fill, pegue o garoto — disse Jofu indo em direção da porta — se não o pegarmos, não poderemos pagar aquela dívida!

— Ele foi até o estoque, lá ele não tem saída, por quê está tão preocupado?

— Ah sim, quase me esqueci disso, não precisamos ter pressa, ele está como um rato numa ratoeira — Jofu solta uma grande gargalhada.

— Mesmo assim, não temos tempo a perder, vamos pegá-lo de uma vez.

Ao entrar no estoque, eles olham para todas as direções, mas não vêem Dark em lugar nenhum, porém quando olham para cima, vêem somente as pernas do garoto saindo por um buraco no teto.

— SEU IDIOTA! Veja só, ele está fugindo!

— E você vai ficar parado igual um pateta aí? Vai pegá-lo seu monte de músculos idiota!

Jofu tenta alcançar as pernas, mas já é tarde demais, ele decidi ir atrás dele pelo mesmo buraco, ao subir, Dark já está correndo por cima do telhado das casa, e ele vai o mais rápido possível atrás do garoto.

— Você não vai me pegar seu grandalhão idiota, vai sequestrar a sua vó!

— Não meta a minha vó no meio, ela já está muito velha para essas coisas!

Ele vai pulando de teto em teto, e Jofu não para de o perseguir, Dark só consegue pensar em sair daquela situação e chegar até a academia a tempo.

— Esse idiota não vai desistir nunca, será que vale tanto a pena sequestrar um caipira como eu!? — Dark avista uma rota de fuga.

— Espera, aquilo é uma chaminé? Perfeito! Se eu subir lá e entrar nela, o grandão não vai ter o que fazer!

Dark escala a chaminé que era muito alta, mas para sua surpresa, o grandão também escala atrás dele, ao chegar lá em cima, ele entra na chaminé, mas se segura na beira para não cair direto, porém, logo o grandão chega lá também.

— Haha, parece que você está sem saída agora, eu te tiro daí, não se preocupe garoto, hahaha.

— Tem certeza idiota? Não é o que parece para mim, eu acabo de te despistar.

— Como pode dizer isso, basta que pega sua mão, e te puxe...

Antes que pudesse terminar sua frase, Dark solta sua mão, e cai direto pela chaminé, deixando Jofu sem ter o que fazer, já que era inviável ele entrar lá dentro.

— Não! Droga, estava tão perto! — diz Jofu, antecedendo um alto e poderoso grito.

Já lá em baixo, Dark se encontra em uma lareira, coberto de cinza, ao olhar em volta, percebe estar em um grande salão, com um homem sentado em uma cadeira olhando diretamente para ele, atrás do homem havia um grande quadro estampado por uma mulher de capa e chapéu pontudo, com um cajado em sua mão direita.

— Eu sai de uma situação ruim, para entrar uma pior, esse aí tem cara de psicopata! — pensa Dark.

— Espera, aquele relógio na parede diz que são onze e cinquenta, ainda dá tempo de chegar na academia! — Dark sai da lareira e pergunta com a maior naturalidade — Você poderia me dizer onde fica a academia Makko?

O homem levanta de sua cadeira, anda até Dark, olha ele nos olhos, e coloca a mão em seu ombro. Ele era alto, tinha cabelo grisalho, e possuía um nariz bem avantajado, além de seus olhos grandes e verdes.

— Garoto, se você veio para a inscrição, é melhor se apressar, nesse momento estamos dentro da academia Makko — disse o homem ao apontar para a porta — é só sair por ali, virar a esquerda, depois virar na segunda direita, e entrar na porta avermelhada, você vai sair direto no salão da recepção.

— Ah sim, isso sim tá com cara de academia famosa, valeu aí, sem você eu estaria perdido.

— Por nada, agora faça o favor de dar o fora da minha sala, eu agradeceria muito se você fizesse isso.

— Claro, sem problemas!

Dark sai pela porta, e começa a seguir as instruções do homem, saindo exatamente onde ele havia falado, ele vai até a recepção, aproveitando ser o único ali, pois todos já estavam em outro lugar.

— Bom dia... — disse a recepcionista, mas ao olhar para a imagem de Dark, coberto por cinzas, leva um susto — mas o que diabos aconteceu com você?

— Eu tive alguns acidentes na vinda para cá, mas nada que atrapalhe muito... eu acho.

— Bem, se veio para a inscrição, meu filho, chegou nos últimos minutos, qual seu nome?

Ela era uma velhinha de cabelo escuro, e olhos cor de mel, além de usar um vestido longo, com cores bem chamativas, parecia ser bem experiente, havia também um crachá com seu nome, Vina.

— Ah sim, me chamo Dark Ateni, eu venho do interior, por isso não estranhe se eu não souber de alguma coisa importante... — ao olhar para o rosto de Vina, ele percebe uma grande mudança em sua expressão — você está bem?

Ela tinha ido de sorridente e feliz, para seria e pensativa, porém disfarça essa mudança, começando a anotar algumas coisas em uma planilha.

— Não é nada, apenas tive um pequeno devaneio, enfim, Ateni sim? Bem raro alguém com o nome do grande clã ferreiro hoje em dia.

— Grande clã ferreiro? Ah não, minha família não é algo tão grande assim.

— Bem, isso é só uma coincidência então, é melhor você se dirigir até a área de testes, as suas outras informações serão recolhidas após o fim de tudo — diz ela ao entregar um papel com o número da porta em que deve entrar — boa sorte!

— Boa sorte para você também... não, ham, bom trabalho no caso, até mais!

Dark está andando em um corredor bem grande, até chegar até uma porta com a numeração certa, 484, ele coloca sua mão na maçaneta, e se prepara para encontrar os mais difíceis desafios, porém quando abre... havia apenas um grande jardim, com vários bancos, e junto disso, vários jovens esperando a hora dos testes.

— É meio constrangedor entrar um lugar com tanta gente, assim, do nada... ainda mais estando todo sujo de cinzas... — pensa Dark.

Todos olham para Dark, mas ele tenta não ligar para os outros ali presentes, entra, fecha a porta, e se dirige até a cadeira mais próxima, ao se sentar, um outro jovem se senta ao seu lado.

Esse que tem características bem notáveis, como seu cabelo azul escuro, seus olhos, que eram de cores diferentes, sendo um deles castanho claro, e o outro azul escuro, e ele também vestia roupas bem exageradas na cor azul, e possuía um tom de pele mais escuro.

— Ei, você veio de onde? Por que está todo cheio de cinzas? O que aconteceu com você? Por que demorou tanto para chegar? — disse o rapaz sem nem fazer pausas.

— Ei calma, tente não chamar ainda mais atenção para mim! Eu tive um pequeno acidente envolvendo lareiras, sequestradores, e madames velhas!

— Entendi, foi mal aí, qual seu nome?

— Eu me chamo Dark, e você? Pelo que estou vendo, só vou poder falar com você durante essa tarde...

— Meu nome? Eu me chamo Aqua, eu tenho esse nome por que nasci na praia, ou fui feito na praia, algo assim.

— Esse cara não bate muito bem das ideias, aposto que só veio falar comigo, por que ninguém mais aturou...  — pensou Dark — entendi, é interessante, desnecessário, mas interessante.

— O melhor jeito de fazer amizade e contando essas informações desnecessárias — disse Aqua rindo e com uma voz parecida com a de Dark.

— Ei, como você fez isso? E quem disse que eu tô querendo ami...

— Todos quietos agora, eu serei o responsável pelos testes, saibam que não será nenhum pouco fácil, estejam avisados — disse um homem interrompendo Dark — meu nome é Takashi, e eu vou auxiliar os testes.

— Ele me assusta, parece que vai arremessar uma pedra na minha cabeça a qualquer momento... — a voz de Aqua vai diminuindo a medida em que Takashi vai se aproximando dele e de Dark.

— Olha aí o que você fez, agora viramos alvos! — disse Dark bem baixo para Aqua.

Ao se aproximar, Takashi olha diretamente para Dark, todos em volta já ficam atentos ao que iria acontecer, Aqua começa a se afastar devagarinho, e Dark gela dos pés até a cabeça.

— Por que está coberto de cinzas? Parece que teve uma longa jornada até aqui, estou certo?

Dark engole a saliva em sua boca, e juntando suas forças mentais, logo responde.

— Eu não diria jornada, sabe, e sim uma fuga... de uns caras estranhos...

— Entendo, bem, eu espero que você e seu amigo, consigam ficar calados, igual a todos os outros candidatos, assim, não teremos problemas.

— Sim senhor, não queremos causar problemas senhor, certo Aqua?

— Certíssimo Dark, pontuou muito bem, não vamos mais atrapalhar, acho que o senhor deve ter entendido senhor... — diz Aqua tremendo igual porco prestes a ser sacrificado para o almoço.

— Então estamos resolvidos, vocês não me atrapalham, e eu não atrapalho vocês.

Ele sai andando dali, Dark e Aqua suspiram aliviados, como se tivessem acabado de escapar de uma tremenda surra, ou pior, como se tivessem escapado da morte.

— Tudo bem, a partir de agora, vocês só poderão falar nos intervalos entre os testes, cinco minutos, se falarem fora do permitido, serão automaticamente reprovados! Agora me sigam.

Todos ali presentes começam a andar em fila, seguindo o Takashi por um longo corredor, depois de quatro minutos inteiros andando, chegam a uma porta verde feita de madeira.

— Abra, porta ancestral! — diz Takashi com suas duas mãos tocando a porta.

A porta então se abre lentamente, dando em uma grande sala, com cadeiras e mesas especiais para cada um dos candidatos, nos quatro cantos da sala, haviam gargulas assustadoras, e em cima das mesas, havia uma prova e um lápis, apenas.

— Aqui vocês farão o primeiro teste, uma prova de dez perguntas, não é difícil, porém, também não é fácil, essas gargulas vêem tudo, se algum de vocês somente olharem para a prova alheia, serão reprovados! — diz Takashi enquanto sai pela porta.

Nesse momento todos ficam confusos, sem saber muito bem o que devem fazer, porém apenas alguns segundos depois, a resposta aparece.

— Escolham uma cadeira! — diz uma das gargulas com uma vez grossa.

Em menos de vinte segundos, todos os quarenta e três candidatos já estão acomodados em suas cadeiras, com um semblante de medo, causado pela voz da gargula.

— Muito bem, a partir de agora, vocês só podem olhar para suas provas, atenção... podem começar! — diz outra das gargulas.

— Estranho, ele não disse o tempo que temos — pensa Dark enquanto começa a analisar as perguntas.

— Isso é péssimo, que droga, era isso que me dava medo, as malditas provas escritas — diz Aqua em pensamento, com suor escorrendo de sua testa.

Depois disso se passam dez minutos, e todos levam um susto, pois outra das gargulas se manifesta.

— Atenção, faltam dez minutos para o término!

Vinte e cinco dos alunos, que não tinham acabado, começam a suar ainda mais, entre eles, Dark e Aqua.

— Os deuses me abandonaram, não há mais esperança, ainda restam seis perguntas! — pensa Aqua, com uma possa de suor se formando em sua mesa.

— Tudo bem, só faltam duas perguntas, eu tenho que me esforçar! — diz Dark em pensamento.

Mas logo, todos levam outro susto, vindo de duas das gargulas, que falam ainda mais alto e grosso do que antes.

— Atenção!

— O que!? Já acabou? — pensa Aqua e Dark, quase em sincronia.

De repente, dos olhos de uma das gargulas que ficavam na frente, saem luzes vermelhas, que são direcionadas para dois alunos, e de trás da sala, também vêm uma luz vermelha, que vai em direção de Aqua. Os três entram em pânico imediatamente.

— Esses dois alunos, estavam colando, logo, estão reprovados! — disse a gargula da frente.

Logo abaixo das mesas desses dois, se abre um buraco, onde eles caem com cadeira e tudo, sem nem conseguir dizer nada.

— Atenção, candidato Aqua, não será tolerada nenhuma prova molhada de suor ou lagrimas, aviso único — disse a gargula de trás.

— Eles querem me causar um infarto, antes mesmo de conseguir alguma coisa aqui! — pensa Aqua ao limpar todo o suor da mesa, desesperadamente, e com sua própria camisa.

— O tempo acabou! — dizem todas as gargulas ao mesmo tempo depois de passados os outros dez minutos  — soltem seus lápis, e virem suas provas de cabeça para baixo.

Nesse momento, Takashi entra pela porta, e passa de mesa em mesa, recolhendo todas as provas, ao passar pela mesa de Aqua, ele imediatamente vê o suor no chão.

— Não deu para segurar, foram só vinte minutos, candidato Aqua.

— Isso não é o que está pensando, senhor, mas mesmo assim, eu peço perdão!

Ao olhar para o lado, onde estava Dark, Aqua percebe que ele estava rindo de sua cara.

— Mal me conheceu, e já está tirando sarro de mim! — pensa Aqua.

— Muito bem, agora vocês vão entrar na porta ao fundo desta sala, e esperarão novas instruções, que virão em cinco minutos — disse Takashi.

Todos se dirigem até a porta, e ao entrar na próxima sala, percebem que é idêntica a uma floresta, e mais uma vez, haviam gargulas lá, porém, dessa vez eram somente duas, e ficavam paradas na entrada, uma de cada lado da porta.

— Ei Dark, estava rindo da minha cara, eu sou uma piada para você? — disse Aqua vindo na direção de Dark.

— Todos iriam rir de você, olha as suas roupas cara.

— Eu sou de um lugar onde o azul está na moda, e o pessoal adora essas roupas exageradas, além do mais, você não pode falar muita coisa!

— Eu uso essas roupas porque nunca tive muita opção, como eu já disse, eu sou do campo.

— Então é o sujo falando do mal lavado, mas me diz aí, como foi a prova para você?

— Como é que é? O sujo o que? Você ouviu algo do que eu disse?

— Tá bom, esquece, só responde a minha pergunta.

— A prova foi difícil, quase certeza de que eu errei muita coisa, ou talvez tudo — diz Dark colocando a mão na cabeça — sabe, eu sempre li muito, mas eram mais histórias sobre heróis, ou coisas do tipo.

— Pelo menos você sabia alguma coisa, tudo que eu fazia na minha terra natal, era surfar o dia todo — diz Aqua ao olhar em volta — agora que eu percebi, isso aqui é uma floresta.

— Hm? O que é surfar?

— É quando você sobe em cima de uma coisa feita de madeira, e fica, como eu posso dizer, andando sobre a água com essa coisa? Sei lá, e difícil explicar.

— Você anda sobre a água? Cara, você já sabe usar magia?

— O que? Não idiota! E por que isso seria impressionante para você? Tem pessoas que começam a usar magia desde os oito anos, aliás, qual sua idade?

— A minha? Eu tenho...

— Atenção, vou começar a explicar o próximo teste, todos com a boca fechada agora! — diz Takashi surgindo do nada.

Todos ficam se perguntando de onde ele saiu, sendo que a alguns segundos não tinha ninguém no local onde ele está agora.

— Muito bem, a partir daqui, vamos analisar as capacidades mágicas de vocês, mas não se preocupem, se não tiverem nenhuma ou quase nada, ainda terão chances, porém, se tiverem algo, irão pular o teste que vira depois desse, e irão direto para o último.

— Se eu conseguir fazer algo agora, eu vou estar um passo a frente dos outros, ser superior seria bem legal — pensa Dark ao mesmo tempo que coloca um sorriso bem esquisito no rosto.

— Esse cara é mais esquisito do que eu pensava, será que eu devo me afastar? — pensa Aqua ao ver a expressão de Dark.

— Muito bem, agora, todos vocês vão me seguir em silêncio. — diz Takashi ao mesmo tempo que sai andando dali.

Andando pela floresta, todos percebem que aquela escola parecia maior por dentro do que por fora, todos menos Dark, que foi parar lá pela chaminé. Depois de andarem um tempo, eles chegam até uma grande clareira.

— Incrível, o céu é falso, mas parece tão real! — pensa Aqua ao olhar para cima.

— Muito bem, vocês estão vendo que existem quatro alvos no canto da clareira, vocês vão se dividir em quatro filas, e irão um de cada vez, tentar causar algum dano ao alvo, usando magia, eu irei analisar e decidir quem passou pelo teste.

Então todos rapidamente se dividem do jeito que Takashi falou, e então começam a atacar o alvo. Dark e Aqua vão vendo um por um, ou acertar o alvo com algum tipo de magia, ou a falhar e saírem com uma expressão triste. E então finalmente chega a vez de Aqua.

— Boa sorte aí cara, não que eu ache que você tenha alguma chance — diz Dark dando uma risada.

— Ha ha ha, muito engraçado, você vai ver só uma coisa.

Aqua levanta sua mão em direção do alvo, e começa a fazer força, tanto mental quanto corporal.

— Vai, vai, vai, vamos lá, você consegue Aqua, e só respirar fundo, respire fundo e vai sair algo! — diz Aqua, com sua voz ficando cada vez mais alta.

— Tá bom cara, não vai dar em nada, desiste aí e acaba logo com isso. — diz Dark atrás dele.

— Cala a boca idiota, não me atrapalha, eu vou explodir essa coisa, aaaaaah!

Todos em volta vendo o esforço de Aqua, começam a torcer por ele. Vai, vai, vai, dizem todos juntos.

— É isso ai, energia positiva, aaaaaah! — as veias de Aqua começam a saltar, e ele começa a ficar vermelho — eu vou conseguir!

E então, da mão de Aqua, sai um minúsculo jato d'água, que vai a apenas alguns centímetros.

— É isso?... — pensa Aqua.

Todos começam a rir de Aqua, e ele sai dali em direção dos outros que já fizeram o teste.

— Era menos vergonhoso se não tivesse saído nada — diz Aqua.

— Tudo bem, agora deixa comigo Aqua, eu vou me vingar desse alvo por você, hahahaha — diz dark.

Dark fecha a mão, e levanta o braço, direcionando para o alvo, como se fosse dar um soco, fecha os olhos, e coloca suas pernas em uma posição diferente.

— Preparem-se para serem testemunhas disso, o poder supremo — Dark arregala seus olhos — "Punho Flamejante do Dragão".

Ele lança seu braço na direção do alvo como se fosse um soco, e então, nada acontece.

— An? — diz Dark com uma expressão surpresa.

Um silêncio, acompanhado de um vento nas árvores, varre todo o local, e no meio do silêncio, se ouve uma gargalhada alta e genuína, e essa vinha de Aqua.

— O que você imaginou que iria acontecer!? — diz Aqua para Dark, que vinha em sua direção com uma grande expressão de vergonha.

— Eu pensei que se fizesse igual nós livros que eu via, algo grande ia acontecer — Dark senta na grama — mas eu nunca usei magia, eu sou muito burro.

— Até eu consegui usar magia, e você estava tirando uma comigo hahaha, espero que tenha aprendido sua lição.

— Você vai ver, eu vou te alcançar idiota, não que seja difícil fazer isso, "senhor do jato d'água".

— Esse foi só o meu começo, eu vou ficar forte para alcançar meu objetivo, "senhor do punho flamejante", por sinal, você tá aqui só por que sim, ou você tem algum objetivo de vida?

— Eu tenho vários, mas o principal, é me tornar o guerreiro mais poderoso de todo o mundo!

— Nossa... que objetivo de merda, não tem nada de heróico aí né, o meu é salvar o máximo de pessoas possíveis, e acabar com as guerras.

— Olha quem fala, vai virar herói? Quer sair voando por aí com uma capa?

— Pelo menos eu quero algo de bom pro mundo, e você...

A conversa dos dois, e de todos os outros, e interrompida imediatamente por um clarão vindo da direção dos alvos. E esse veio de uma explosão flamejante, que foi usado por um garoto que estava fazendo o teste naquele momento, todos ficam impressionados com aquele poder, que incinerou o alvo.

— O que foi aquilo, que poder incrível — diz Aqua.

Enquanto Dark observava totalmente parado aquele poder, se lembrava do sonho que teve a algumas noites, e imediatamente, começou a repensar seus objetivos naquela academia.

— Ei, qual o nome dele, isso não está muito forte para um aluno novato não!? — exclama Aqua.

— Eu não sei, aquilo foi tão incrível, é a primeira vez que eu vejo alguém usar uma magia nesse nível, e não Aqua — Dark coloca sua mão no ombro de Aqua — é você que é fraco mesmo.

— Pelo menos saiu algo de mim, e eu não inventei um nome grandioso que não deu nada no final — Aqua dá um sorrisinho para Dark.

— É melhor eu ficar quieto sobre isso, não tenho muito a declarar — diz Dark baixando sua cabeça.

— Muito bem Kaen, você foi ótimo, não precisará passar pelo próximo teste, irá direto para o último, siga o Kiaru por favor.

— Kiaru? — pergunta Kaen confuso.

Então quando Kaen olha para baixo, nota a presença de um cachorro branco, com asas pequenas, que começa a latir para ele.

— Isso estava aí? — pensa Kaen.

— Ele vai te guiar até o último teste, boa sorte, e cuidado com as estacas — diz Takashi com olhar de seriedade — ah, espera.

Takashi olha em volta com decepção, observa sua lista, e percebe que realmente o único que passou direto pro último foi Kaen.

— É isso aí, pode ir, boa sorte.

Kaen caminha junto com Kiaru, e entra por uma porta arredondada atrás de algumas árvores, todos observam, mas não percebem que Takahashi some dali.

— Ei Dark, o esquisito sumiu, ele não estava bem ali? — diz Aqua — ele não cansa de dar susto não?

— Eu acho que você deveria parar de chamar ele de esquisito sabia? Você sabe que ele chega do nada, mas é verdade, onde ele foi de novo?

De repente uma das gargulas da entrada, levanta vôo e pousa bem na frente dos alunos, e com sua voz alta e grossa diz:

— Próximo teste, iniciado! Dica, não se deve abandonar sua base, as árvores devem ser protegidas, começar!

— Mas do que ela... — começa Aqua, mas é interrompido por um barulho alto, que vem de uma porta de pedra gigante se abrindo ao fundo da floresta.

Quando a porta termina de abrir, na escuridão daquele lugar surgem dois olhos vermelhos brilhando forte, e um rugido pode ser ouvido, então das profundezas da floresta surge um grande leão cinza com garras anormalmente grandes, ele corre em direção dos alunos.

— Merda, para as árvores, rápido! — grita Aqua ao mesmo tempo que corre.

Cada aluno corre para um lugar diferente, alguns fogem pelas portas, outros se escondem dentro da floresta, e outros sobem em árvores, o leão não consegue pegar ninguém, quem escapou pelas portas estão seguros, o leão mira seus olhos para Dark e Aqua que estavam correndo para uma árvore alta, mas antes que pudesse correr atrás deles, percebe que uma menina que tentou fugir para a porta caiu.

— Socorro, eu não quero morrer, eu não deveria estar aqui, alguém me ajuda — grita a menina, mas nesse tempo o leão já estava indo em sua direção, e quando ele já estava perto.

— Dark! — grita Aqua, pois Dark estava entre o leão e a menina, com um pedaço de galho em sua mão, e suando bastante.

— Nem deu tempo de criar amizade com ele, vai morrer no primeiro dia, essa escola é correria mesmo! — pensa Aqua olhando pra situação

Na mente de Dark, se passava mil coisas, ele olhava para o leão como se fosse a última coisa que ele veria em vida, mas segurava o galho tão forte, que o suor escorria de dentro de sua mão.

— Quem eu penso que sou? Vou morrer, eu e ela, teria sido melhor só deixar ela morrer, eu tenho algum tipo de complexo de herói? Droga, não vou poder ver minha mãe nunca mais, tudo por burrice!

Todos observam atentamente a situação, em silêncio, prontos para verem o garoto sendo brutalmente devorado, o leão não parava de rugir, esperando o corajoso louco menino largar aquele galho e aceitar a morte, por um momento, podia se ouvir claramente o som do vento nas árvores, e o suor pingando na grama, Dark moveu um pouco sua perna, e do fundo podia se ouvir uma risada.

— Garoto, eu não sei se você é idiota ou tem algum tipo exagerado de coragem, no seu lugar eu não teria feito o mesmo — era a voz de Takashi — o teste está encerrado, pode voltar ao normal Kinare.

O leão vira fumaça, e da fumaça sai Kinare, um dos professores da academia, usa magia animal e é um dos magos não humanos mais fortes do reino, todos olham impressionados, afinal ele é popular.

— Um dos guerreiros da guerra cívil ártica, ele é famoso onde eu moro! — diz um garoto próximo de Aqua.

— Eu nunca ouvi falar desse cara, só pode ser brincadeira ele ser famoso — pensa Aqua.

— Haha, você é corajoso garoto, se não for aceito aqui, o que acha de se tornar meu discípulo? Eu posso fazer de você uma pessoa muito forte, não é esse seu objetivo afinal? — diz Kinare.

— Eu acho que ele não está em condições de responder... — diz Takashi passando a mão na frente do rosto de Dark.

O garoto estava completamente imóvel, suando mais ainda, olhando para o lugar onde anteriormente estava o grande leão, agora revelado como Kinare, em sua cabeça só havia um pensamento:

— Eles são loucos!? — e o pensamento se repetia sen parar.

— Ninguém quer ser seu discípulo, você não perdeu essa mania? Você sabe que mesmo sendo famoso, seus métodos de ensino são meio extremos — diz Takashi ajudando a menina que caiu a levantar.

— Eu não diria isso — retruca Kinare ao olhar em volta — onde estão todos? —atenção, quem permaneceu nessa sala, já na minha frente formando quatro filas!

— Você também garota, e leva o traumatizado com você — diz Takashi.

— Ah, tudo bem, farei isso — a menina pega Dark pela mão e arrasta até a fila o mais rápido que pode.

— Ei, Dark, você vai sobreviver? — diz Aqua que estava na fila ao lado — não morre ainda!

— Eu acho que ele vai ficar bem, ele tentou me salvar, tenho que agradecer — diz a menina.

— Qual é o seu nome? Quase que meu futuro amigo perde seus preciosos membros para te salvar, a mente ele já perdeu...

— Meu nome é Coraline, eu moro na rua da academia, prazer em conhecer você, Aqua certo? Eu vi você conversando com o Dark.

— Eu hein, você é um algum tipo de obcecada em ouvir a conversa dos outros ou algo assim?

— Não! Eu juro, só estava por perto na hora — responde Coraline com o rosto vermelho.

— Ainda é bizarro, você quer fazer alguma coisa com nós dois depois dos testes? Eu quero fazer amigos, viver sem nada para fazer nessa cidade grande é problemático.

— Ele só está falando pelo Dark, eles não eram apenas futuros amigos? — pensa Coraline com uma expressão confusa — vamos na minha casa, não vai ter ninguém lá, nós podemos comer alguma coisa — responde ela.

— Ótimo, só temos que esperar o Dark acordar desse transe traumático dele, era só um leão cara, acorda!

— CALADOS — diz Takashi, fazendo com que todos silenciem na hora — todos vocês passaram no último teste, agora irão para casa, e voltar amanhã para verem seus resultados.

— Espera, isso ficou confuso, eu lembro que teria mais um teste depois desse... — pensa Aqua.

— Pra quem está se perguntando, quem saiu da sala, perdeu, a gargula foi clara, então só vocês, dezoito alunos venceram isso — diz Kinare.

— Na verdade ninguém perguntou — retruca Takashi.

— Não precisa ser tão mal Takashi — diz Kinare com uma voz triste.

— Continuando, vejo vocês, ou não, até mais a todos — diz Takashi acenando.

— E para onde devemos ir... — antes que um garoto pudesse terminar, se abre um buraco abaixo de cada um, e todos eles caem.

Quando Dark percebe, está sentado em uma calçada próxima da academia, com um papel em sua mão, nele dizia: "Volte em dois dias, e vá até a sessão quatro para saber seu resultado, boa sorte".

— Eu perdi alguma coisa? — pensa Dark olhando para o céu.