A cantoria estava boa. Tão boa que poderia ser ouvida de longe os convidados dançavam cantavam se embriagava no melhor vinho da região comiam dos mais variados tipos de especiarias pareciam felizes falava nas expectativas e do Novo reinado a princesa Imperatriz sem perfume uma caixinha de surpresas algumas boas outras Nem tanto mas ela estava alcançando coração de boa parte das pessoas umas mais influentes que outras
O rei August estava pensativo seria mesmo Prudente de sua parte quebraram Andrade Santos pendura por mais de quatro séculos só para agradar sua única filha confessado assim mesmo que nunca foram atencioso amoroso com ela Aine perdeu a mãe aos 11 anos Millane sua esposa sempre fez de tudo pela menina dizia que esta poderia fazer tudo que quisesse por ser quem era e alguns nunca se importou amava as duas queria ver elas felizes entretanto confundiu felicidade com falta de limite e agora lá estava ele, precisando dar um golpe em sua própria família. Golpe esse que nem sabia se funcionaria, mas sabia que se sentiria culpado pelo resto de sua vida.
O rei passou a festa toda à espreita a sobrinha Titânia. Esta no começo foi uma dor de cabeça quando criança sendo um verdadeiro desastre no controle de magia. Conseguiu até mesmo se machucar sozinha, mas em questão de inteligência e negociações se mostrou uma verdadeira gênia e uma excelente estrategista. O reino estaria em boas mãos disso ele tinha certeza, por isso, teria que procurar um bom casamento entre sua filha e algum príncipe que pudesse compensar ausência de Titânia mas teria que ser alguém que pudesse manipular a seu favor enquanto estivesse vivo, alguém que o deixasse comandar por debaixo dos panos e já tinha ideia de quem poderia ser
Em dado momento Titânia subiu no pequeno palco montado para anúncios era seu dever fazer um pequeno discurso em homenagem e agradecimento ao rei como nunca se importou em quebrar protocolos chamou deane para estar ao seu lado. Então começou:
Boa noite a todos! Gostaria de agradecer as vossas presenças. Estamos imensamente felizes com o carinho de todos. Espero que estejam se sentindo confortáveis e acolhidos em nossa casa. Está noite, está sendo especial para nós. Estamos revendo pessoas queridas que estavam longe e retornaram a salvo. Amigos que a alguns anos não víamos pessoalmente. E finalmente, estamos mais perto da maior idade. Dezoito anos é um marco na nossa família. É o momento em que escolhemos nosso destino. O momento em que começamos a trilhar um novo caminho. Minha irmã Diana, vai se juntar a uma das divisões do nosso exército enquanto se prepara para assumir o papel de conselheira real. Eu por outro lado, começo a interagir mais com a política dos reinos. São papéis distintos que ao unirem-se formam uma aliança sólida de muitos aprendizados. Por esses aprendizados, quero agradecer ao nosso rei August, que compartilhou sua sabedoria conosco. E que nos apoiou ao longo dos anos com ideias brilhantes. Nosso rei sempre teve um papel fundamental de guiar o povo. Ele é o escudo mais sólido de nosso reino. Justo e honroso. Como tio e como rei é um homem admirável.
Titânia pediu para que trouxessem o presente para o monarca e solicitou a presença do mesmo no pequeno palco.
Majestade! Estou lhe entregando esse colar para lembrá-lo de nossa gratidão. Espero que seja de vosso agrado.
O rei desfez o embrulho e apreciou a jóia. Titânia sempre tivera bom gosto. E apesar de ser cautelosa no uso de suas palavras, o rei sabia que metade do que ouvira de sua sobrinha era apenas aparência. Claro, a sobrinha sempre fora de poucas palavras com ele e muitas vezes descordará de suas decisões preferindo se manter calada apenas observando. August nunca gostou de ouvir opiniões apesar de ter que ceder em algumas ocasiões para não entrar em conflito com a maioria do Conselho ou até mesmo com os nobres. Afinal, ser rei não significa que poderia fazer tudo o que quisesse sem esperar as consequências de suas ações.
Fico feliz com sua demonstração de carinho minha sobrinha. Com o caminho que as duas escolheram. Mas, deixe-me aproveitar que estamos aqui para comunicar a todos de uma decisão que tomei recentemente.
O rei entregou o presente a um dos servos e pediu que seu irmão, Ricardo, o pai de Titânia também se aproximasse, juntamente com seus conselheiros que tinham voz nas decisões do reino.
Bom, como é de conhecimento de todos, há alguns séculos atrás quando o primeiro monarca destas terras decidiu que era hora de abdicar do trono e passá-lo a um de seus herdeiros, ele propôs uma pequena competição para seus quatro herdeiros. Os quatro jovens teriam que viajar por todos os reinos conhecidos e lhe trazer um presente das terras mais longínquas. A terra dos gigantes. Os rapazes partiram, e pouco mais de dois anos depois um deles voltou com um diamante Ametista. Jóia preciosa encontrada somente naquelas terras. Foi a primeira do reina e por muito tempo a única, pois, todos tinham medo daquele povo. Depois de assumir o trono, o jovem rei decidiu não impor a seus herdeiros o mesmo destino que seus irmãos, os quais nunca voltaram. Hoje, desejo por a prova a valentia de minha sobrinha e herdeira do trono de Amenoi Titânia. Quero que parta em viagem ao amanhecer e explore as terras dos reinos conhecidos. Aliados ou não. Também deverá ir sozinha e não poderá receber ajuda de nossos conhecidos. Deverá me trazer algo que nunca vimos em nossas terras. O objeto deverá ser avaliado por todos os conselheiros. Se conseguir o trono de Amenoi será seu.
Quando o rei finalizou sua sentença, todos estavam boquiabertos. Titânia estava mais pálida que a mais fina das porcelanas. Seu pai Ricardo parecia ter perdido as palavras. Os convidados entraram em um burburinho que só fazia piorar a situação. Já os conselheiros não sabiam o que dizer. Não havia lei que proibisse ou aprovasse aquela decisão. Era algo incomum.
O senhor rei está se referindo a peregrinação? A jornada que ficou conhecida assim por sua dificuldade? Pela crueldade que foi imposta aos irmãos que andaram pelo reino de bruxas, lobos, anões, fadas e sei lá mais o que? Eu já sou a herdeira por direito. Titânia retrucou.
Herdeira por tradição não exatamente por direito. Como rei eu posso impor novas tradições. E se você recusar o trono ficará para minha filha Aine. Claro, se acaso perde-se também.
O rei retrucou com um sorriso vitorioso. Os demais pareciam perplexos demais para falar algo. Até a mãe de Titânia falar:
Minha filha não precisa passar por isso. O senhor é rei mas uma decisão como essa deve passar pelo Conselho. Afinal, tradições não podem ser mudadas ou quebradas assim.
Quando a duquesa Amélia terminou de falar, o príncipe Ricardo pareceu finalmente acordar.
A senhora minha esposa tem razão. Essa decisão deve ser discutida no Conselho.
O rei simplesmente olhou para seus conselheiros presentes e esperou pela resposta. O primeiro a se pronunciar foi Sigfriude.
Tradições se tornam tradições por serem passadas durante as gerações. Mas, não significa necessariamente que não possam ser alteradas até se fixarem. Além disso, se recusar a princesa imperatriz Titânia, estará assumindo seus medos.
E uma regente fraca não pode ser chamada de rainha ou pode?.Completou Joshe.
Melion aproximou-se de Titânia e falou baixo para que somente os mais próximos escutassem:
Princesa Titânia, se não aceitar estará manchando o seu nome, o de sua família e talvez o do reino. Há muitos convidados de Nações vizinhas. Se recuar eles podem tomar isso como um sinal de fraqueza e quando a senhorita assumir, se assumir, eles podem quebrar acordos ou tentar invasões.
Titânia escutou tudo calada. Analisou a situação e percebeu que fora pega em uma armadilha. Se recuar- se, causaria problemas ao reino e provavelmente a sua família. Aine já não gostava muito dela e se assumisse o trono seria capaz de exilá-los. Se aceitasse, viajaria sozinha por terras estrangeiras. Mesmo não estando ansiosa para assumir as responsabilidades de um reino e finalmente com a oportunidade de fugir, ela não poderia deixar aqueles que sempre estiveram ao seu lado na mão. Nem eles, nem o povo que clamava por mudanças. Sem alternativas ela resolveu aceitar. Mas, não poderia aceitar assim, sem ter benefícios também. Não era conhecida como uma boa estrategista gênia em política atoa.
Pois bem! Aceito a proposta. Desde que ao retornar eu possa assumir de imediato o trono. Quero pular absolutamente todas as preparações que deveria fazer pelos próximos três anos. Se eu retornar antes dos vinte e um, quero assumir o trono, fazer mudanças conforme minhas escolhas e ter poder absoluto de decisão, sem interferências do conselho ou do antigo regente.
Quando Titânia terminou de falar, o tio entendeu que ela não jogava para perder. Se voltasse todos estariam em suas mãos. O Conselho não seria o mesmo, pois, era normal mudar de um reinado para o outro. Porém, não seria somente está a mudança. A família real não seria mais a mesma. Amenoi não seria mais o mesmo reino. O rei era bom em manipulação, mas sua sobrinha poderia ser tanto quanto ou mais que ele.
Sem nenhuma observação a mais dos conselheiros, o rei concordou. Tinha certeza de que Titânia não retornaria. Pelo menos ele já tinha garantido isso ao contratar um dos seus escudeiros particulares para "dar um jeito" na sobrinha assim que ela saísse do Reino.
Após o rei dispensar todos e ordenar a continuação da comemoração, Titânia se retirou para o interior do castelo. Foi seguida por Érico que ainda não acreditava no que ouvira. Por mais que tivesse visto e ouvido, o jovem não entendia como uma pessoa poderia fazer isso com um dos seus. A família parecia um termo vago para o rei. Será que ele só pensava em si próprio? Não teria compaixão nem por uma sobrinha imagina por seus aliados. Érico imaginava o porquê disso. Poder. O rei não queria perder o poder que tinha e exercia influência sobre a filha, por isso, a mencionou como sucessora caso Titânia não voltasse ou aceitasse sua proposta.
Titânia entrou em seus aposentos perturbada. Nunca tinha ficado tão furiosa na vida. Se perguntava como? Como tinha sido pega desprevenida? Nem o próprio Conselho havia sido informado de antemão. Nem uma demonstração do que estava por vir. Nada. Repassou os últimos dias em poucos segundos e não lhe vinha nada que pudesse dar- lhe a pista de que isso aconteceria. Saiu de seus pensamentos ao ouvir a porta ser aberta e Érico passar pela mesma.
Sei que está nervosa mais se continuar andando assim vai fazer um buraco no seu lindo tapete de linho….(Risos)
Ora! Gostaria de fazer um buraco em outra coisa. Você viu? Ele por acaso quer me matar? Não seria melhor me acusar de algo e poupar o trabalho de me mandar para longe.
Acho que ele não quer ter brechas para um júri te inocentar. ( Risos)
Também acho. Essa deve ter sido a única opção dele. ( Sorri sem achar graça)
Você foi corajosa em aceitar. Você é corajosa. Apesar de que ele não deu muita opção. Mas, você precisa se acalmar, tá legal. Pare de andar que nem barata tonta está me deixando nervoso.
Sério? Pensei que já estivesse. Afinal, pode perder minha bela companhia.
Titânia fez uma cara engraçada enquanto finalmente sorria. Era difícil vê- la tão séria. Raras vezes o rapaz a vira na verdade.
Observando-a agora, Érico se perguntava quando foi que se apaixonou. Não sabia dizer com exatidão. Conhecia Titânia desde criança. Ela sempre foi linda. Cabelos castanhos quase acobreados com cachos emoldurando o rosto arredondado. Cabelos esses que ficavam mais bonitos refletidos pelo sol. E por falar em sol, os olhos castanhos claros pareciam quase esverdeados durante o final da tarde. E ela sempre usou roupas esquisitas. Cheias de amarras e sempre de corpete marcando a cintura. As roupas nem sempre longas permitiam- o ver o belo par de coxas grossas e torneadas pelos treinos. A maioria dos magos não se preocupava muito em treinar o físico, mas ela sempre fora diferente. E mesmo que não admitisse em voz alta ele sempre gostou de admirá- la.
Se aproximando um pouco mais, Érico tocou o rosto de Titânia. Acariciando por um tempo antes de falar:
Você vai conseguir. Você vai voltar. Titânia, você sempre foi forte e corajosa. Mesmo com todos duvidando você conseguiu superar a falta de controle da magia, as brincadeiras de mau gosto de sua prima, as implicância do seu tio. E você nunca estará sozinha. Você tem amigos.
Eu sei. Só gosto de ficar sozinha mas não gosto de me sentir só.
Eu já disse e vou repetir quantas vezes forem preciso. Você não precisa se sentir só. Eu estou aqui não estou?
Érico apontava para o coração da jovem enquanto não parava de acariciar- lhe o rosto. Quando não obteve resposta ele encostou a testa na dela e olhou dentro dos olhos de Titânia.
Não importa o que aconteça. Não importa quanto tempo passe. Eu sempre estarei do seu lado. Vou estar aqui por você. Apenas por você. Nunca esqueça disso.
Titânia mais calma, fechou os olhos para apreciar a aproximação e as palavras de Érico. Ela sabia que poderia contar com ele. Mesmo com as irônias. Mesmo não estando próximos. Mesmo não falando o que sentiam. Os olhares, os gestos, os toques sutis. Tudo gritava a paixão que eles tinham um pelo outro. Mesmo eles tentando ser apenas amigos. Tentando esconder de todos. Nesse momento ele não podia negar mais.
Eu sei. Você sempre estará aqui comigo. Você já está a muito tempo. E eu sei. Você não quer ser rei. Muito menos de um país que não é o seu.
A questão não é essa. Eu nunca almejei esse posto. E por mais que seja comum casamentos reais, eu não quero construir uma relação sólida tendo como base uma aliança entre reinos. Poderia ser desgastante. E não estou dizendo que não penso no povo. Eu penso.
Eu sei o que pensa. Abrir mão de si mesmo pelo povo é digno de um líder. Você pode ser o próximo general do reino Spart, e ser rei de Amenoi apesar de trazer benefícios também pode causar conflito entre nós. Mas, não acha que as vezes é melhor arriscar? Ou quem sabe pensar um pouco em si? Não me olhe assim, como se estivesse louca. Eu não estou.
Desculpe- me. Só estranhei o fato de você falar para pensar mais em mim quando você sempre pensou no outro. Acho que isso vale para nós dois. Porém, acredito que podemos discutir isso depois. Agora estou interessado em não perder mais tempo, afinal, não sei quando voltará.
Perder tempo? O que pretende?
Nesse momento Diana abre a porta e se surpreende. Nunca pensou em ver Érico tão perto de sua irmã. A moça sentiu-se envergonhada.
Diana? Aconteceu mais alguma coisa?
Não. Só vim ver como estava. O clima lá fora não está mais para festa. Só nossa prima que não percebeu e talvez vossa majestade.
Já era de se esperar. Mas estou bem, não se preocupe. Só vim preparar a bolsa. Não vou levar muita coisa.
Eu sinto muito. Ainda podemos bolar um plano. Você não precisa ir sozinha….
Titânia a interrompeu
Sem planos minha irmã. Eu vou sozinha. E não me olhe como se fosse chorar agora. Você é tão forte quanto eu. Guarde as lágrimas para a minha volta. Ficarei bem.
Se você diz, eu acredito. Boa noite para os dois.
Depois que Diane se retirou, Érico agarrou Titânia pela cintura e a beijou. Um beijo avassalador de tirar o fôlego.
Esperei muito para fazer isso…
Porque quis..
Titânia então, virou e pediu para o rapaz ajudá-la com o corpete. Érico já imaginava o que poderia acontecer, mas mesmo sabendo o quanto era normal para ambos os reinos, ainda não parecia a hora certa. Talvez nunca fosse. Poderia ser torturante tê-la em um momento e no outro nem se quer vê-la mais.
Quando Érico terminou de tirar o corpete, Titânia se virou e começou a beijá- lo de forma afoita. Com necessidade de senti- lo. Precisava saber o que era real. Ouviram batidas na porta. A mãe de Titânia chamava pela filha, mas nenhum dos dois parou. A jovem começou a se despir.
Você tem certeza do que está fazendo? Eu não sou um bom rapaz. Não serei um bom rapaz mesmo com você.
Eu sei. Você não tem cara de romântico. Está mais para "amanhã te tratarei como se nada tivesse acontecido".
Se conseguir. É exatamente o que farei. Ainda sim, não sei se deveria. Depois que se for ficarei apenas com o desejo de tê-la e não poderei sequer vê-la.
Eu também. Mais não é apenas isso que o preocupa. Não estou lhe pedindo para deixar sua terra por mim Érico.
Não. Mesmo assim depois disso, sinto que sou capaz de deixar tudo pelo que tenho batalhado. Meu povo e família esperam muito de mim.
Ao menos esta noite não pense neles. Pense somente em nós. Eu estou aqui na sua frente. Sem arrependimentos.
Ele não esperou mais. Ela tinha razão. O momento era deles. Deveria esquecer tudo e todos. Por isso, a jogou na cama de cedro exageradamente grande e deixou-a levar.
Ambos perderam a noção do tempo. Ignorar todos que baterem na porta como se o mundo do lado de fora não importasse. E quando se deram conta o céu estava arroxeado e a luz da lua já não estava tão presente.
Titânia se levantou dirigindo-se até o outro cômodo, onde guardava suas roupas. Olhou ao redor e pegou uma bolsa pequena demais para alguém que só viajava com no mínimo dois baús. Ela descartou as jóias. De valor mesmo só levaria dinheiro vivo e o colar com pingente de urso cravejado de diamantes onde estava gravado suas iniciais T.E.A.
O urso era o símbolo de sua família. Representava a força, a destreza, o conhecimento e a transformação interior. Tudo que ela precisava ser agora.
Olhou ainda os vestidos caros. Não precisaria de nada chamativo. Na verdade, quanto mais despercebida passasse melhor. Foi aí que surgiu uma ideia. Pegaria algumas roupas de sua dama Noele. Então pegou uma capa totalmente preta de capuz e luvas para o inverno. Iria de botas e se precisasse de outro par, compraria no caminho.
Titânia se assustou quando Érico a surpreendeu ao abraçá-la por trás. Ele jogou os cabelos revoltos da jovem para o lado e passou a inalar seu cheiro.
Achei que não era romântico?
Não sou. Estou apenas aproveitando os últimos momentos. É bom que saia cedo. Vou acompanhá- la até a fronteira.
Certo. Iria até o quanto de Noele. Pedirei umas roupas mais simples.
Depois. Agora vamos para o banho. Venha.
De banho tomado, Titânia se dirigiu para o quarto de sua dama. Precisou chamar apenas duas vezes para moça abrir a porta com o rosto banhado em lágrimas.
Minha amiga! Achei que algo havia lhe ocorrido. Sabe quantas vezes bati em sua porta? Onde estava?
Titânia ficou sem graça.
Ocupada. Com o Érico. Não me olhe com esse espanto. Contarei em outra oportunidade. Agora, quero saber se poderia me dar algo mais simples e decreto para vestir. Que não faça volume, sabe?
Só vou dar porque é minha melhor amiga. Não é justo me deixar na curiosidade. Quando estive com Kil lhe contei até os detalhes.
Titânia gargalhou e prometeu que quando voltasse ela saberia o que quisesse. Mas agora, estava sem tempo para conversas. Pegou três vestidos lisos de cor neutra. Devia ser suficiente.
Ainda na presença da amiga, se dirigiu até a cozinha do castelo. Ao chegar lá, encontrou com Nona a chefe da cozinha. Está assim como Noelle havia chorado. Gostava muito de sua menina e não acreditava no que aconteceu na noite anterior.
Nona não chore. Ficarei bem. É preciso que você também fique. Quando voltar você pode me fazer aquela torta de cacau e cerejas.
Minha menina. Eu não consigo parar. Como ele foi capaz de mandá-la para longe sozinha? Este homem não tem coração?
Este homem ainda é o seu rei Nona. Tome cuidado como fala principalmente no castelo. Não quero que aconteça algo com você. De qualquer forma eu só vim pegar comida, tenho que partir logo.
Nona apenas afirmou com a cabeça. Sabia que sua menina voltaria e deveria estar ali por ela. Nona não teve filhos e a jovem princesa sempre que podia lhe fazia companhia. Além de devorar com gosto seus quitutes. Era quase uma filha.
Depois de se despedir das duas, Titânia seguiu para encontrar Érico. Ao chegar do lado de fora o viu conversando com Sigfriude e Frigfriud, pareciam imersos em uma importante discussão. Não a viram chegar.
Princesas! Pensou que iria sem despedir-se dos amigos?
Sigfriude perguntou bem humorado.
Claro que não. Sabia que uma hora ou outra os encontraria por aí. Gostaria que dessem um recado para Diana e Amélia.
Porque não diz você mesma.
Érico respondeu. Ao virar-se , Titânia se deparou com as duas e seu pai Ricardo. Abraçou a todos e prometeu que voltaria logo.
Promessa é dívida Titânia. Tem que cumprir irmã.
Eu vou sua irritante. ( risos)
Cuide-se, minha filha.
Me cuidarei, senhor Ricardo. Agora preciso ir.
Vamos acompanhá - la até a fronteira princesa.
Frigfriud finalmente se pronunciou. Era um homem de poucas palavras mas um verdadeiro companheiro para a princesa. Por algum tempo foi o guarda que a acompanhava.
Os quatro seguiram para a fronteira enquanto eram observados pela família de Titânia. Mais acima, em uma das sacadas estava o rei com Joshe.
Mande-o atacar após ultrapassar a fronteira. Quando estiver sozinha. E que não tenha falhas.
Sim meu rei.
Logo abaixo na sacada do primeiro andar estava Aine.
Finalmente vou me livrar de você. Só lamento não ter feito antes de você ter ficado com ele. Desgraçada.
No meio do caminho Titânia parou em uma casa. Era a de Tomasio, o tatuador. Quando os quatro entraram, Titânia dirigiu-se a Érico e lhe pediu que fizesse um desenho que a lembrasse dele. O rapaz assim fez, mas no lugar de deixar Tomasio fazer o desenho ele mesmo o fez.
Era uma águia. O desenho foi feito no ombro direito de Titânia para que ela lembrasse que Érico sempre estaria vigiando-a. Ele também resolveu fazer um desenho um pouco maior no abdômen. Um estaria com o outro. Sempre ligados.
Depois disso partiram para a fronteira. A jornada começaria pelo reino das bruxas. A despedida dos quatro foi emocionante, mas Titânia prometeu a si mesma não chorar. Ela iria tirar aprendizados dessa jornada e começaria ali. Com seus companheiros.