Conforme os dias viravam semanas, um novo desafio surgiu no meu caminho, algo que chamei de "o espelho da dúvida". Ao observar as outras garotas ao redor, eu me pegava constantemente comparando. Cada olhar no espelho se transformava em uma avaliação minuciosa, uma busca incansável por semelhanças, por encaixe nos padrões de beleza que pareciam tão distantes.
Os corredores da escola pareciam ter se transformado em passarelas invisíveis, onde a pressão dos padrões de beleza pairava no ar. Eu me sentia como se estivesse tentando alcançar uma meta em constante movimento, uma expectativa inatingível que se esquivava das minhas mãos.
Cada curva, cada marca, cada imperfeição pareciam destacar-se como um farol de insegurança, sussurrando a mim mesma que talvez eu não fosse boa o suficiente. As revistas, os filmes, as redes sociais - todos pareciam ecoar a mesma mensagem implacável, criando um redemoinho de incerteza dentro de mim.
Nas nossas conversas, Emma podia perceber o conflito que se desenrolava dentro de mim, mesmo quando eu tentava esconder. Ela era sensível, tentando ser o pilar de apoio que eu tanto precisava.
No silêncio da noite, quando as sombras dançavam pelas paredes do meu quarto, a batalha continuava. Eu me perguntava se algum dia seria suficiente, se poderia me libertar da prisão dos padrões impostos pela sociedade. Meu reflexo no espelho parecia uma tela em branco, esperando para ser preenchida com aceitação e amor próprio.
Contudo, aos poucos, comecei a perceber que o verdadeiro valor não residia nas curvas ou na simetria, mas na minha essência, nas risadas compartilhadas com Emma, nas lágrimas derramadas e nas pequenas vitórias que celebrávamos juntas. Aprendi que a beleza estava na autenticidade, na coragem de ser quem eu era, sem reservas.
E assim, enquanto o espelho da dúvida continuava a refletir minhas incertezas, comecei a encontrar pequenas faíscas de confiança dentro de mim. Com Emma ao meu lado, desafiaríamos juntas os padrões irreais e construiríamos um mundo onde o valor de uma pessoa não seria medido pela aparência, mas pelo brilho único que emanava de dentro de cada um. Aos poucos, eu comecei a entender que, apesar das pressões e das dúvidas, eu era, e sempre seria, suficiente.