Entre as muitas coisas da vida diária, os rostos que passam pela gente, são provavelmente a "coisa" mundana mais "esquecível". E entre mortos e feridos, tudo no fim da certo, exceto quando dá tudo errado.
Ser cobrado por algo que escapa das capacidades do nosso consciente é incômodo. Não é como se pudéssemos chegar no nosso cérebro e dizer, "Hey!!! Tente me lembrar quando ver algo que possa me incomodar mais tarde".
Eu tento com frequência me lembrar, não por qualquer motivo, apenas uma auto satisfação, algo como uma graça redentora de tudo aquilo que me incomoda em mim mesmo. Poderia muito bem correr, fingir, ser cruel, mas a solidão não é tão acolhedora após o terceiro dia.
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O corpo pode ser um templo, mas até mesmo um templo pode se vender pra poder comer. Hoje acordei com uma ligação do meu chefe. Claro que havia combinado e concordado antes, mas nunca me passou pela cabeça que teria uma crise de ansiedade na noite anterior, me deixando acordado até às 05:00 AM. Levantando, visto uma calça jeans velha, pego a primeira camisa no guarda roupas, calço um tênis e fui embora. Apesar de ser minha folga, apesar de ter mal dormido não mais do que três horas, fui. Afinal, até templos precisam se vender pra poder comer.
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O problema de conseguir enxergar às próprias pegadas da rotina até mesmo nos momentos de lazer, mostra a fragilidade do mundo moderno perante o que se dá pra chamar de imutável. Os dias parecem eternos quando não se pode quebrar o círculo vicioso do conforto e do medo.
Até ontem era só uma criança cheia sonhos, mas hoje é só engano, um conto de fadas destruído pra virar material de roteiro pra peças teatrais ruins. Os sonhos ainda existem, ainda são os mesmos, apenas mais realistas. O único problema é que não temos mais tempo pra sonhar, acordar não necessariamente é estar saudável, mas também não é como se gritar fosse resolver as contas no começo do mês, precisa-se de um teto, de comida e de tempo pra respirar.
Se mesmo as aranhas tecem teias pra comer, porque iria eu lutar por dignidade? Tudo é falso, mas ao mesmo tempo tudo é real. Podem ser naturais as vozes que escuto durante a noite, os gritos da coruja, ou o silêncio intermitente. Se você acha que falta alguma coisa, pode ser só uma questão de estilo. O minimalismo da solidão ou excentrismo da multidão podem não permitir o vanguardismo do teu navio pirata saqueando as tuas próprias inseguranças.