Passos apressados, as solas dos sapatos batendo firme nas calçadas. O céu nublado, um prenúncio óbvio de um dia chuvoso. Pessoas sem face, num corre corre diário, corriqueiro de cidade movimentada. Os anônimos invisíveis deitados debaixo das marquises, o cheiro da fome, se confundem com o aroma de ansiedade social dos gigantes sem rosto e sem tempo. Dando um sabor a mais no grande banquete da rotina.
Tanto anseio, visto nos olhos, como um espelho velho. A inocência, a ignorância, a desilusão. Quem me dera ter o julgamento singelo de uma criança. Julgar o belo com um sorriso, a novidade com curiosidade e a crueldade com sólidos soluços mal engolidos.
Como um elo que acorrenta minha alma. Lembranças que evocam dores fantasmas. Mágoas antigas, perdas permanentes.
Quem me dera, ter a astúcia de julgamento corrompida de um adulto, julgar o belo com luxuria, a novidade com lucratividade e a crueldade com mentiras. São mil coisas, mil detalhes passados despercebidos. E se nesse momento fosse escolher uma cena, para começar a contar sobre meus dilemas, seria sábio escolher de início, um término de fim de semana?